quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Inimigos da semana

No futebol, o ideal é que a rivalidade fique restrita aos gramados. Mas todos nós sabemos que os duelos, principalmente os dos últimos anos, também acontecem com alfinetadas que provocam discussões muito antes de uma partida e se prolongam até muito depois que o árbitro apita o final do tempo regulamentar.

Segue algumas disputas que aqueceram o mundo do futebol na última semana:

Corinthians x São Paulo - É notório que a troca de farpas entre corintianos e são-paulinos tem sido intensa nos últimos anos. Mas na semana em que os dois times se enfrentam as provocações aumentam ainda mais. É preciso dizer que essa briga ocorre porque um clube passou a se interessar em ter o que o outro tem de mais forte.
Por exemplo, nos últimos tempos o Corinthians tenta transformar a imagem de seu clube. Sem perder a fama de time popular, o clube quer conquistar uma faixa de público mais abonado financeiramente. Por isso, lança sempre ações de marketing para atrair essa faixa de torcida. O São Paulo, por sua vez, tenta fazer o caminho inverso e procura atingir uma massa de torcedores pertencente às camadas sociais mais baixas ou à nova classe média. O time do Morumbi sabe que vai ter de acabar de vez com a fama de "clube da elite" para conseguir esse tipo de torcedor.
Há ainda o esforço de o Corinthians demonstrar que é um time que está organizado, com as construções de estádio e CT de treinamento e o estatuto que prevê a constante troca de poder práticas que sempre foram associadas ao São Paulo. Já o time do Morumbi tenta provar que não foi ultrapassado pelo Corinthians nas ações de marketing e traça novas estratégias para dar mais visibilidade ao clube.
Resumindo: a briga entre São Paulo e Corinthians está no fato de o Corinthians querer ser um pouco o São Paulo e vice-versa.
Tite x Corinthians - Apesar de a diretoria afirmar que não vai mandar embora seu treinador, é preciso dizer que Tite ainda não foi dispensado porque a direção do clube não achou um nome de peso no mercado que possa substituí-lo na reta final do Campeonato Brasileiro. Há uma grande simpatia por Ney Franco, mas este parece não querer desfazer seu contrato com a CBF que garante ao treinador emprego até os Jogos Olímpicos de 2016.
Mano Menezes x seleção - Infelizmente não vejo Mano Menezes como o técnico ideal para montar nossa seleção para a Copa de 2014. Acho que, com pouco mais de um ano no cargo de treinador, ele mudou muito suas convicções apenas para se manter no cargo. A prometida renovação não aconteceu pois na primeira sequência de resultados ruins ele já chamou jogadores veteranos, entre eles Ronaldinho Gaúcho. Também mudou muito rápido o estilo de jogo. Ele que prometia resgatar o futebol ofensivo do Brasil, logo se agarrou a um time repleto de volantes. Mano é um técnico com bons conhecimentos de futebol, mas chegou muito cedo à seleção.
Palmeiras x Palmeiras- Poderia ser Felipão x Frizzo, Situação x Oposição, Jogadores x Jogadores, Felipão contra as torcidas organizadas..., pois é incrível o caos que vive o clube. Não passamos uma semana sem que não estoure uma crise no clube. O Palmeiras subverteu a ordem do futebol e entra em crise até quando o time consegue vitórias importantes. Não existe no nosso futebol outro clube com tanto poder de autodestruição quanto o Palmeiras. O que o clube precisa é de um grupo de dirigentes fortes, que blindem o departamento de futebol das pressões. Esse vácuo na direção faz sempre alguém querer ser dono do time, agora quem faz esse papel é o técnico Luiz Felipe Scolari, talvez o único que tenha competência ou saiba o que é dirigir um time de futebol.
Luxemburgo x Forças Ocultas - Ainda considero Vanderlei Luxemburgo um dos melhores treinadores do país, mas está na hora de ele parar de pensar que existe uma grande conspiração para diminuir sua capacidade. Nos últimos anos, é só o time treinado por ele viver um mau período para ele culpar árbitros, gramados e até jornalistas pelos maus resultados. O declínio de Luxemburgo tem início quando ele começou a se preocupar mais em calar aqueles que o criticam de maneira pesada do que em fazer seu trabalho em campo. Por exemplo: faz tempo que o treinador não apresenta nenhuma novidade tática - ou até mesmo uma substituição que surpreenda o adversário e dê realmente resultado.
Práticos x Teóricos - A argumentação mais ridícula que um jogador faz quando não quer aceitar uma crítica é dizer que jornalistas nunca pisaram num gramado para dar uma opinião. Desculpe, mas não é preciso estar mil partidas em campo para saber distinguir, por exemplo, o que é falta ou não, ou descobrir como um time se organiza taticamente. Com certeza, há jornalistas que vivem mais o futebol que muitos atletas, que por vezes não sabem nem as regras do esporte que praticam.

DESTAQUE
Para o Vasco, que se mantém entre os líderes do Campeonato Brasileiro. Passei a considerar o time, o atual campeão da Copa do Brasil, como candidato ao título quando seu treinador, Ricardo Gomes, que felizmente está se recuperando de um AVC, disse a seguinte frase: "Para nós, é o título ou nada". E o time está seguindo o que o treinador disse. O mérito do Vasco é ter o que é chamada de "espinha dorsal de um time" muito forte, com grandes jogadores em posições estratégicas, como Fernando Prass (goleiro), Dedé (zagueiro), os veteranos Juninho Pernambucano (na armação), Eder Luís (atacante velocidade) e Diego Souza (um meia-atacante que decide muitas partidas em jogadas individuais).

ERA PARA SER DESTAQUE
Enquanto o já citado Ricardo Gomes saiu do hospital e Sócrates vai se recuperando, é bom lembrar os momentos difíceis que passa Escurinho, que marcou época jogando no Internacional. Na grande equipe que a equipe gaúcha teve na primeira metade da década de 1970, ele sempre entrava quando o time estava em dificuldades. Com boa estatura e muito bom no jogo aéreo, ele se transformava em uma grande opção para receber cruzamentos. Com suas cabeçadas precisas, tanto na finalização quando na preparação de jogadas - veja esse lance espetacular em http://youtu.be/tPibYLOKbmo -, o Internacional virou muitas partidas nas campanhas dos títulos brasileiros de 1975 e 76. O jogador ainda teve uma boa passagem pelo Palmeiras, fez parte do time que foi vice-campeão brasileiro em 1978 e no time paulista até jogou no gol, quando, na primeira partida da decisão contra o Guarani, entrou no lugar de Leão, que foi expulso.

HUMBERTO PERON

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