segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Professor de nível médio receberá R$ 1.187


O novo salário anunciado nesta quinta-feira (24), pelo ministro da Educação, Fernando Haddad é de R$ 1.187, 97. Os professores da rede pública com ensino médio e 40 horas semanais receberão um aumento equivalente a 15,84%, mesmo assim, Pernambuco continua sendo o Estado que pior paga ao professor.
O ministro também deixou claro que será divulgada uma instrução que flexibiliza critérios para liberação de recursos federais as cidades que não tem condições de cumprir a Lei do Piso. O reajuste segue a variação do custo anual mínimo por aluno no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Depois de três anos em vigor, a lei ainda causa confusão na interpretação. Especialistas na área educacional dizem que falhas na formulação da lei e ações na Justiça somadas a revisão para baixo das receitas tributárias de Estados e Municípios são responsáveis pelas dúvidas. O assessor de financiamento da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Araújo considera que a Lei do Piso é um avanço, porém "as regras apresentam vazios legislativos importantes. Como fazem uma Lei sem indicar quem decreta o reajuste?", questiona. Segundo Araújo, a Lei não segue uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que é garantir reajustes ao Magistério de modo a equiparar o ganho dos professores à referência salarial de outras categorias do serviço público.
O Sintepe é a favor do cumprimento da Lei, que garante R$ 1.597,87.
Abaixo uma breve entrevista com o presidente do sindicato Heleno Araújo.
Sintepe - Esse reajuste atendeu às expectativas dos trabalhadores em educação? Por quê?
Heleno Araújo - Não. Entendemos que em janeiro de 2011 o Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) teve o terceiro reajuste, logo seu valor correto são R$ 1.597,87. De acordo com o estabelecido no artigo quinto e seu parágrafo único da lei federal n. 11.738/08.
Sintepe - De que maneira esse aumento contribui (ou não) para a categoria?
Heleno - Contribui por garantir 15,84% de reajuste no salário, mas é pouco, porque com este valor continuamos com o pior salário do país.
Sintepe - O valor se enquadra com a realidade pernambucana? Haverá alguma mobilização pelo Piso?
Heleno - Hoje, Pernambuco paga o pior salário do país, com este valor continuamos na mesma situação, logo o valor se enquadra com a realidade pernambucana, o que é diferente com o valor da Lei, defendido pela CNTE de R$ 1.597,87, este sim é um valor acima da realidade do Estado. Haverá mobilização no Estado e em Brasília.

Sintepe

Sem rumo!



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Último recurso!



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O navio abandona o rato!



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'Dilmadrinha' de bateria!



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Governo Federal, país rico é país sem pobreza



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Boca Extra!



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Bissexto é isso aí

Mal deu tempo para se pegar pé e prumo em 2011 quando tudo começou a acontecer. De bissexto a bizantino passando por bizarro. Lá para as bandas das primeiras páginas dos jornalões, blogs e informatecões.
Quem estava no bem-bom, como a maior parte de nós, das classes médias ascensionais de países que vão "bem, muito obrigado", com presidente ou presidenta, tem assunto que não acaba mais.
Um ano verdadeiramente revolucionário ainda a mugir e já tentando dar seu salto mortal e tentar cair de pé.
Egito. Sol quente queimando a nossa cara. Quem diria? Aqueles camelos ruminantes com cara de serem os únicos a conhecerem o verdadeiro segredo da múmia continuam a parecer serenos e pensativos.
Mas, ah!, a tempestade interior que por eles passa e deixa apenas, atrás de si, na areia, bolotas negro-esverdeadas como se dando a dica para o que a esfinge da direita queria dizer. Maktoub! Como nas histórias em quadrinhos.
Com essa ninguém contava. Nem mesmo o o bom Hosni Mubarak, que se mandou de pronto e 25 jatos repletos de tesouros para a cidade balneária de Sharm el-Sheik, onde ainda se encontra, talvez, à espera de um convite de Tony Blair, talvez de seu parente distante Obama.
Agora que foi uma revolução, foi. E na base do twitter e dos celulares garante-me a imprensa informática e a outra também.
Não sou um dos 500 mil seguidores de ninguém no Facebook. Rede Social, para mim, ainda é aquela grandona, na fazenda, onde rapaz eu me espichava junto com uma moça e tome ferro.
Agora é mania que virou filme e, vai por mim, ainda vai pegar Oscar paca. Sou mais O Discurso do Rei, mas a zebra tem seu dia de manduricá, conforme dizíamos no norte, lá na Paraíba, e quem viveu viu.
Se quebrei a cara, foi menos, bem menos do que muito tunisiano. Twittaram lá também. A turma foi para as praças, berrou, pegou sereno, agitou, e ainda acabou muita gente boa, ou mais para lá do que para cá, se enfiando numas barcaças indo pegar uma pizza fria em Lampedusa, ilha italiana onde já teve um Leopardo famoso. Agora, exibem tunisianos.
Sem bissextismos mesmo, só mesmo os irlandeses que compareceram em massa, 70%, ao sufrágio universal na esmeraldinha ilha. E ficou tudo como estava, pois esse o sentido oculto das eleições em ordem.
E terremoto na Nova Zelândia? Esse foi só para ver se o resto do mundo estava acordado ou fingindo de morto.
Bissextando ainda, e com o cheiro de revolução no ar, com um soupçon de sangue, lá estão outros países da África do Norte e adjacências, o Maghreb.
A África do Norte é pródiga em adjacências. Trata-se de seu grande produto de consumo interno. Bahrein, Iêmen, Argélia, Jordânia, mais pra cima um tico, todos esses países de repente, sem um Nostradamus que os guiasse, se amotinaram, se amotinam e botam pra quebrar.
Líbia. Disputou no fim-de-semana, pau a pau, o Oscar de "torta de flato" (que história é essa de "torta de amora"? É gíria na base da rima cockney, e veio de cá, uai!, raspberry tart. É o Prêmio Pum, pomba! Raciocinem, lembrem, adaptem bonitinho. Brraaap!). Vexame dos bons, mortandade pra valer é com os líbios, regidos por Muammar, O Louco, e seus vários filhos de aspecto quase, quase normal. Gaddafi, com suas várias ortografias (Quaddafi e por aí afora) fez ouvidos de marceneiro líbio às sanções que as Nações tentavam lhe empurrar e resistirá, diz ele, até o último burro de carga líbio.
Depois, claro, como todos os outros ditadores assassinos irá passar o resto de sua vida com seus seus muitos milhões, falam em bilhões, num desses valorosos países do continente africano.
Bom, aliás, não esquecer a Somália. Há anos se fantasiam de pirata, sem perna de pau, mas com cara de mau, e fazem refém, ou desfazem-nos, conforme o lança-perfume que andaram cheirando, e gritam obscenidades do alto da popa.
Gaddafi, para mim, acaba indo numa dessas. Reescrevendo seu livro de contos Fuga do Inferno. Aquele mesmo que teve prefácio elogioso de Pierre Salinger, ex-assessor de imprensa do nunca assaz pranteado presidente John Kennedy.
Por falar em pirata. O único Cisne Negro que vale alguma coisa mesmo é aquele com o Tyronne Power e o Laird Cregar.
Isto, claro, depois de, segundo suas palavras, deixar seu adorado país num carnaval de sangue.
Falar de carnaval agora, mesmo anêmico, não dá certo. Veremos na quarta, que já é março, volta às aulas, talvez a bissextice inesperada e pouco querida dê uma travada e volta todo mundo a fazer de per si suas besteiras de sempre. Mas mais inofensivas.

Ivan Lessa

Maconha dá lição de jornalismo

Para ilustrar como está mudando o jeito de produzir e disseminar informações, um professor mostrou numa aula de jornalismo aqui em Harvard um site que, na prática, é uma bolsa de valores da maconha. Lá tem o preço da erva em centenas de cidades americanas, com uma divisão com base na qualidade. Essa "bolsa" só é possível porque milhares de pessoas voluntariamente decidiram cooperar.
A aula não era obviamente para estimular ninguém a fumar maconha, mas discutir como se lidar com novas tecnologias, que permitem a cada um publicar qualquer coisa. O relevante, agora que vemos como a internet é um dos ingredientes por trás das revoltas no Oriente Médio.
Estão surgindo projetos pela internet que deixam os poderes, qualquer poder, mais transparentes. Gostaria de compartilhar com você, leitor, alguns desses projetos que eu conheci e permitem acesso a formidáveis fatos.
É possível, por exemplo, acompanhar em tempo real uma votação ou discussão parlamentar e ver na tela todos os interesses de parlamentar e dos governantes que se relacionam com aquele assunto. Dá para ver quem dá dinheiro na campanha, quem deu presentes, quem são os lobistas envolvidos, e por aí vai.

Gilberto Dimenstein

sábado, 26 de fevereiro de 2011

China e Brasil: quem com ferro fere...

Está na hora de o governo brasileiro mudar sua estratégia (ou criar uma) para lidar com a China. O caso da Embraer é emblemático.
A Embraer está prestes a fechar sua fábrica na China. A fábrica de Harbin fazia o ERJ-145, um avião de 50 lugares, para o qual não há mais demanda. Falta entregar uma aeronave, o que deve ocorrer em março ou abril, e depois não há mais nenhuma encomenda pra esse avião.
A Embraer pediu para montar lá o Embraer 190, para 100 pessoas. Trata-se do carro-chefe da empresa, usado pela Azul e Webjet. Mas a Avic (Corporação de Indústria da Aviação da China) está desenvolvendo um avião semelhante, ARJ21-900, com capacidade para 110 passageiros, em parceria com a canadense Bombardier, concorrente da Embraer. Por isso, o governo chinês está resistindo a conceder à Embraer autorização para produzir o 190, para evitar concorrência.
A empresa espera que o governo chinês dê a autorização durante a visita da presidente Dilma Rousseff ao país, no dia 14 de abril, como um gesto de boa vontade.
Não é só a Embraer que enfrenta dificuldades de acesso ao mercado chinês. Empresas brasileiras que tentavam participar de um centro de distribuição de minério na China não receberam autorização chinesa até hoje. O caso da Marcopolo é bem parecido com o da Embraer, a empresa queria aumentar o escopo da produção, mas não consegue autorização do governo chinês.
A China é o maior mercado do mundo e ninguém quer sair de lá. As empresas sabem que precisam estar presentes na China.
E é aí que entra a estratégia do governo afinal, para lidar com um capitalismo de Estado, é preciso falar de governo para governo.
O Brasil está estudando um novo marco regulatório para mineração no país. Existe uma certa preocupação com a possibilidade de a China adotar um estilo "colonialista na África" por aqui e começar a retirar os minérios do subsolo brasileiro e embarcá-los para China, sem agregar valor. Portanto, o Brasil poderia adotar algum tipo de cláusulas de componente nacional, como fez a Petrobras com fornecedores das plataformas, na exploração dos minérios no país.
Ou não. Ou o Brasil pode deixar os chineses investirem livremente e terem acesso a preciosas matérias-primas brasileiras. Tudo depende da boa vontade dos chineses para deixar empresas brasileiras operarem livremente na China, sem sofrerem com regras que discriminam contra estrangeiros.
É a hora de barganhar, de governo para governo.

Patrícia Campos Melo

Doutrina de choque, dessa vez nos EUA

Eis uma ideia: talvez Madison, Wisconsin, afinal não seja o Cairo. Talvez seja Bagdá especificamente, Bagdá em 2003, quando o governo Bush colocou o Iraque sob o controle de subordinados selecionados por sua lealdade e confiabilidade política, e não pela experiência e competência.
Como muitos leitores talvez recordem, os resultados foram espetaculares no mau sentido. Em lugar de concentrarem suas atenções nos problemas urgentes de uma economia e sociedade dilaceradas, que não demorariam a decair a uma sangrenta guerra civil, os indicados de Bush tinham a obsessão de impor uma visão ideológica conservadora. De fato, com os saqueadores ainda no controle das ruas de Bagdá, L. Paul Bremer, o vice-rei norte-americano no Iraque, declarou em entrevista ao jornal "Washington Post" que uma de suas maiores prioridades era "corporatizar e privatizar empresas estatais" -- nas palavras de Bremer, não do repórter e "ensinar as pessoas a deixar de lado a ideia de que o Estado sustenta tudo".
A história da Autoridade Provisória da Coalizão e sua obsessão por privatizações serviu como peça central a "The Shock Doctrine", um best seller de Naomi Klein, e a autora argumentava no livro que a situação era parte de num padrão mais amplo. Desde o Chile nos anos 70, ela sugeria, ideólogos de direita vêm explorando crises para promover uma agenda que nada tem a ver com a solução dos problemas, e tudo com a imposição de sua visão quanto a uma sociedade mais áspera, mais desigual e menos democrática.
O que nos conduz a Wisconsin em 2011, onde a doutrina do choque está sendo usada em sua plenitude.
Nas últimas semanas, o Wisconsin vem sendo cenário de grandes manifestações contra a proposta orçamentária do governador, que negaria aos funcionários públicos estaduais o direito de negociar salários e contratos de trabalho coletivamente. O governador Scott Walker alega que precisa aprovar seu projeto para poder enfrentar os problemas fiscais do Estado. Mas seu ataque aos sindicatos nada tem a ver com o orçamento. Na verdade, os sindicatos já indicaram que estão dispostos a realizar concessões financeiras substanciais uma oferta que o governador rejeitou.
O que está acontecendo no Wisconsin é, na verdade, uma manobra de força uma tentativa de explorar a crise fiscal a fim de destruir o último grande contrapeso ao poder político das grandes empresas e dos norte-americanos ricos. E essa campanha vai além da destruição dos sindicatos; a proposta tem 144 páginas de extensão, e há algumas cláusulas extraordinárias ocultas nas profundezas do texto.
Por exemplo, a proposta inclui cláusulas que permitiriam que funcionários estaduais apontados pelo governador promovessem cortes abrangentes nos serviços de saúde fornecidos a famílias de baixa renda sem que isso precisasse passar pelo processo legislativo normal.
E há também o seguinte: "Não obstante o disposto em ss. 13.48 [14] [am] e 16.705 [1], o departamento poderá vender qualquer instalação de aquecimento, refrigeração ou geração de energia controlada pelo Estado, ou fechar contrato com uma empresa privada para a operação dessa instalação, com ou sem concorrência, pelo montante que o departamento determine melhor servir ao interesse do Estado. Não obstante o disposto em ss. 196.49 e 196.80, não será necessária aprovação ou certificação pela comissão de serviço público para que uma empresa pública de infra-estrutura adquira, ou feche contrato para a operação de, instalações desse tipo, e quaisquer aquisições dessa ordem serão consideradas como de interesse público e como enquadradas aos critérios de certificação de um projeto nos termos de s. 196.49 [3] [b]".
Do que se trata? O Estado de Wisconsin controla algumas instalações que oferecem serviços de aquecimento, refrigeração e energia para organizações operadas pelo Estado (por exemplo a Universidade de Wisconsin). O texto na prática permitiria que o governo estadual privatizasse qualquer uma ou todas essas instalações sem consultar pessoa alguma. Não só isso como o governador poderia vendê-las sem promover concorrência, a quem quer que escolha. E perceba que qualquer venda como essa seria considerada, por definição como "de interesse público".
Se isso lhe parece um esquema perfeito para o compadrio e a realização de lucros indevidos lembra dos bilhões desaparecidos no Iraque?, bem, você não está sozinho. De fato, muita gente em Wisconsin tem fortes suspeitas, o que levou a Koch Industries, controlada pelos irmãos bilionários que desempenham papel central nos esforços de Walker para destruir os sindicatos, a negar publicamente qualquer interesse pela compra desse tipo de autarquia. Você acredita?
A boa notícia vinda de Wisconsin é que a indignação pública cada vez mais intensa ajudada pelas manobras dos democratas no Senado estadual, que se ausentaram das deliberações para negar quorum aos republicanos está pelo menos atrasando a trapaça. Se a ideia de Walker era pressionar e aprovar a proposta antes que alguém percebesse seus verdadeiros objetivos, o plano fracassou. E os acontecimentos em Wisconsin podem fazer com que outros governadores republicanos hesitem; de fato, alguns deles parecem estar recuando de posturas semelhantes.
Mas não espere que Walker ou o restante de seu partido mude de objetivo. Destruir sindicatos e promover privatização continuam a ser prioridades republicanas, e o partido manterá seus esforços para contrabandear essas prioridades, camufladas como medidas de equilíbrio orçamentário.

Paul Krugman

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fenômeno!



Blog de Josias de Souza

Sob nova direção!



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Corte e costura!



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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

'Fiat Luxla'!



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Efeito faraó!



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Mãos de Tesoura!



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Comendo o futuro

Na sexta-feira, os republicanos da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos lançaram sua proposta de corte imediato dos gastos federais. Estranhamente, não acompanharam a proposta de um slogan chamativo, e por isso aproveito a oportunidade para sugerir "coma o futuro".
Explicarei abaixo. Primeiro, vamos conversar sobre o dilema que o Partido Republicano enfrenta.
Os líderes republicanos gostam de alegar que a vitória na eleição do ano passado lhes dá o direito de cortar pesadamente o gasto do governo. Alguns de nós acreditam que o resultado da eleição teve menos a ver com os gastos do que com o desemprego persistentemente elevado, mas isso não importa. O ponto crucial a compreender é que, embora muitos eleitores digam desejar gastos menores, basta pressioná-los um pouco sobre a questão e surge a revelação de que só desejam cortes nos gastos que beneficiam a terceiros.
Essa é a lição de uma nova pesquisa do Pew Research Center, na qual os norte-americanos foram perguntados se favoreciam gastos mais altos ou mais baixos em diversas áreas. E a verdade é que eles desejam mais, e não menos, gastos na maioria das coisas, entre as quais educação e o programa federal de saúde Medicare. Quanto a gastos de assistência aos desempregados e -- surpreendentemente -- a defesa, as opiniões favoráveis e desfavoráveis se equilibram.
O único corte que claramente desejam é na assistência internacional, que a maioria dos norte-americanos acredita, erroneamente, responder por larga proporção do orçamento federal.
O Pew também perguntou aos entrevistados como gostariam de ver os Estados reduzir seus deficit orçamentários. Preferem cortes na educação ou saúde, as duas maiores despesas estaduais? Não. Querem aumentos de impostos? Não. A única medida de redução de deficit que conta com apoio significativo é a redução nas aposentadorias dos funcionários públicos e mesmo assim, as respostas positivas e negativas estavam em equilíbrio quanto a isso.
A moral da história é evidente: os republicanos não têm a obrigação de reduzir gastos, e sim a obrigação de revogar as leis da aritmética.
Como é que os eleitores podem estar tão mal informados? Em defesa deles, é preciso levar em conta que têm empregos, filhos para criar e pais para cuidar. Não têm tempo ou incentivo para estudar o orçamento federal ou os orçamentos estaduais (que de qualquer modo são em larga medida incompreensíveis). Por isso, precisam se basear naquilo que ouvem de pessoas que supostamente sabem do que estão falando.
E têm ouvido desde a era de Ronald Reagan que o dinheiro suado que ganham é desperdiçado pelo governo, e paga os salários de vastos exércitos de burocratas inúteis (os salários respondem por apenas 5% dos gastos federais) e pelos benefícios de pessoas que mamam na Previdência mas ainda assim dirigem carros de luxo. Como podemos esperar que os eleitores levem em conta a realidade fiscal quando os políticos a representam de modo indevido o tempo todo?
O que me conduz de volta ao dilema republicano. A nova maioria da Câmara prometeu produzir US$ 100 bilhões em cortes de gastos e seus integrantes enfrentam a perspectiva de contestação nas primárias por parte de membros do movimento Tea Party, caso não os realizem. Mas o público se opõe a cortes nos gastos com programas que aprecia e quase todos os programas são apreciados. O que um político pode fazer?
A resposta, se você pensa a respeito, se torna óbvia: sacrificar o futuro. Os cortes serão concentrados em programas cujos benefícios não são imediatos; basicamente, a ideia é comer as sementes que deveriam ser plantadas para safras futuras. O pagamento por isso será imenso, no futuro mas, por enquanto, será possível manter as bases contentes.
Quem não compreende essa lógica pode se intrigar diante de muitas das cláusulas da proposta republicana na Câmara. Por que cortar US$ 1 bilhão de um programa de grande sucesso que oferece suplementos nutricionais a mulheres grávidas, bebês e crianças pequenas? Por que reduzir em US$ 648 milhões as verbas das atividades de combate à proliferação nuclear? (Basta uma bomba nuclear, montada por terroristas com base em material físsil ex-soviético que escape a fiscalização, para arruinar o dia de muita gente). Por que reduzir em US$ 578 milhões o orçamento de fiscalização da Receita? (Permitir que os sonegadores de impostos ajam com mais liberdade não é a melhor maneira de reduzir o deficit.)
Mas assim que você começa a levar em conta os imperativos que os republicanos enfrentam, tudo passa a fazer sentido. Ao cortar programas cujos benefícios serão sentidos no futuro, o partido se torna capaz de produzir os cortes de gastos que o Tea Party exige agora, e sem impor sofrimento demasiado aos eleitores.
E quanto aos custos que esses cortes acarretarão no futuro uma população prejudicada pela subnutrição na infância, uma chance aumentada de ataques terroristas, um sistema de arrecadação tributária prejudicado por sonegação crônica, bem, amanhã é um novo dia.
Em um mundo ideal, os políticos falariam com os eleitores como se estes fossem adultos. Explicariam que certos gastos optativos pouco têm a ver com o equilíbrio de longo prazo entre receitas e despesas. Em seguida, explicariam que a solução do problema de longo prazo requer duas coisas principais: conter os custos da saúde e, em termos realistas, elevar os impostos a fim de custear os programas que os norte-americanos realmente desejam.
Mas os líderes republicanos não podem agir assim, claro: recusam-se a admitir que impostos precisam ser aumentados, e passaram boa parte dos últimos dois anos gritando "painéis da morte!" em resposta até mesmo aos mais sensatos esforços para garantir que as verbas do Medicare sejam bem gastas.
E por isso tinham de apresentar algo como a proposta da sexta-feira: um plano que economiza muito pouco dinheiro mas causa grande estrago.

Paul Krugman

Um fenômeno mal explicado

Pausa nas "janelas" sobre a crise no Oriente Médio, para tomar fôlego e também para falar do fato mais espetacular do dia, o anúncio oficial de que Ronaldo Nazário de Lima deixa o futebol.
Não, não vou falar do jogador. Todo leitor que não tenha ojeriza a futebol conhece o jogador e terá a sua opinião sobre ele (majoritariamente favorável, suspeito, como a minha o é).
Gostaria de entender melhor o ser humano. Ronaldo não é apenas um talento extraordinário com a bola nos pés. Tive o prazer de participar de uma sabatina com ele organizada pela Folha. Foi uma das mais agradáveis das muitas que enfrentei, quase todas com personalidades do mundo político, em tese mais educados (do ponto de vista formal, não da civilidade) do que Ronaldo.
O jogador mostrou-se inteligente, articulado e informado. E, melhor ainda, sincero. Nunca esperava ouvir de um jogador ainda na ativa e, portanto, ainda com perspectivas, mesmo que remotas, de voltar à seleção, criticar o todo-poderoso Ricardo Teixeira, presidente da CBF.
Como é que uma pessoa com esse teor de lucidez comete a bobagem de esconder um problema --o hipotireoidismo-- que foi responsável pela única mancha na sua carreira em campo?
Explico melhor: a única coisa que se pode criticar no jogador Ronaldo é o excesso de peso. Parecia relaxamento, uma combinação de excesso de farras com escassez de treinamento.
Todo o mundo lembra que a outra crítica a um poderoso feita por Ronaldo (ao então presidente Lula) se deveu precisamente ao problema do peso. Lula falou da gordura de Ronaldo, que devolveu, intempestivamente, com o suposto hábito de Lula de beber.
O próprio Ronaldo, na entrevista-despedida, cutucou jornalistas presentes, ao dizer que mais de um deles havia ironizado a sua gordura, sem saber que se tratava de uma doença de difícil tratamento para quem, como ele, não pode tomar os remédios recomendáveis porque seria apanhado no exame anti-doping.
Também é preciso lembrar que a crise final no seu relacionamento com a torcida corintiana girou em torno do peso. O grito de guerra era "Ronaldo, gordão/fora do Timão".
Por quê, então, esconder o hipotireoidismo? Diminuiria a estatura de Ronaldo confessar que sofre de um mal que não pode combater adequadamente? Ou, ao contrário, ganharia a compreensão pelo menos de uma parcela da torcida, aquela capaz de, digamos, fanatismo humanizado, se é que existe tal coisa?
Ah, a mente humana é um aparelho demasiado complicado mesmo quando seu portador é um fenômeno.

Clóvis Rossi

História com "h" minúsculo

Há tempos me intriga a presença, no meio das listas de livros mais vendidos, do "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", do jornalista Leandro Narloch (editora Leya). Num país desinteressado, de um modo geral, pela história, é no mínimo curioso que uma obra com esse tema atinja a marca de 100 mil exemplares vendidos. Agora, o "guia" ganha uma versão ampliada com novos capítulos temáticos.
Vejo algo de muito positivo na iniciativa de Narloch. Afinal, os velhos manuais de história com os quais estudamos na escola estão cheios de erros, versões unilaterais de determinados episódios e ideias datadas. Não são atualizados nem sequer pelos novos autores de livros do gênero.
E Narloch realmente consegue trazer coisas muito interessantes à tona, com base em pesquisas recentes e novos trabalhos acadêmicos. Há que se destacar, por exemplo, o capítulo sobre a Guerra do Paraguai, que desmonta a versão ideologizada que muitos ainda têm do período. Como base, ele usa o excelente estudo de Francisco Doratioto ("Maldita Guerra").
O mesmo acontece com o capítulo dedicado a Aleijadinho. Nele, usou o estudo da filósofa mineira Guiomar de Grammont ("Aleijadinho e o Aeroplano"), para mostrar como o mito foi sendo construído, como muitas coisas atribuídas ao artista mineiro não lhe pertencem e como outras gerações se apoderaram do ícone. Diz Narloch: "O grande ponto fraco do dispositivo retórico dos modernistas foi o anacronismo. Eles escreveram sobre um escultor barroco como se ele fosse um artista romântico ou integrante das vanguardas modernas do século 20."
Também é de se elogiar o modo irônico como trata os historiadores marxistas mais radicais que viram em Zumbi um símbolo da resistência anti-imperialista. "É difícil acreditar que, no meio das matas de Alagoas, Zumbi tenha se adiantado ao espírito humanista europeu ou previsto os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa."
Infelizmente, devo encerrar meus elogios por aqui. Narloch, em linhas gerais, propõe um "guia" para "reler" a história do Brasil sem, aparentemente, nem sequer tê-la lido bem. Me causou espanto, por exemplo, não detectar na bibliografia consultada nem nas notas de rodapé do jornalista os nomes de Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior ou Fernando Novais, entre os historiadores mais famosos e importantes do país.
Com relação a negros e índios, Narloch usa uma visão bastante distorcida de uma certa escola carioca de interpretação da história. Nela, os brancos não teriam sido assim tão maus e a colonização resultara boa para todos. Diz Narloch dos indígenas, por exemplo: "queriam mesmo era ficar com os brancos, misturar-se a eles e desfrutar das novidades que traziam". Ou: "Perceberam que muitos nativos se mudaram para vilas por iniciativa própria, provavelmente porque se sentiam ameaçados por conflitos com os brancos ou cansados da vida do Paleolítico das aldeias".
Narloch faz generalizações rasas sobre o que identifica como alma dos países. Algo um tanto quanto infantil e banalizante, para concluir que o Brasil é um país "bipolar" em crise com sua identidade. Anota ele: "Haveria aquele país que mal notaria a existência dos outros, como a França, talvez os Estados Unidos. A Alemanha se seguraria calada, sofrendo de culpa, desconfortável consigo e com os colegas ao redor. Uma quarentona insone, em crise por não ser tão rica e atraente quanto no passado, representaria muito bem a Argentina. Claro que haveria também países menos problemáticos, como o Chile ou a Suíça, contentes com a sua pouca relevância. Não seria o caso do Brasil, paciente que sofreria de diversos males psicológicos. Bipolar, oscilaria entre considerações muito negativas e muito positivas sobre si próprio." E conclui: "a identidade nacional foi sempre um problema psicanalítico no Brasil".
Mais à frente, surge outra pérola: "Existem muitos lugares irrelevantes pelo mundo como Porto Rico, a Bélgica, o Paraná-- o que não chega a ser um problema."
Em outro momento infeliz, compara o nacionalismo de Mário de Andrade aos de Hitler e Stálin. Só porque o modernista publicou obras "sobre modinhas do tempo do império, folclore, música popular, música de feitiçarias e danças dramáticas".
O momento mais delicado, obviamente, é aquele em que trata da ditadura. É cada vez mais comum que novos estudos promovam uma releitura menos ideologizada do período e que cada vez menos se fale em "mocinhos" e "bandidos", como sugere Narloch. Mas o rapaz toma tão claramente um só partido da dicotomia que diz tentar combater que fica até feio. Chega a dizer coisas duvidosas, que qualquer estudioso sério da ditadura ao menos relativizaria, do tipo: "Qualquer notícia de movimentação comunista era um motivo justo de preocupação. A experiência mostrava que poucos guerrilheiros, com a ajuda de partidários infiltrados nas estruturas do Estado, poderiam sim derrubar o governo."
Não sou da opinião de que a história só pode ser escrita por historiadores das universidades. No Brasil mesmo há ótimos exemplos de trabalhos de divulgação científica (gênero ainda muito recente por aqui) feitos por autores que não são historiadores de formação. O melhor deles é Laurentino Gomes, com seus bons livros "1808" e "1822", ambos sucessos de vendas. Infelizmente, o que Narloch faz não se enquadra nisso. Apesar de partir de uma boa ideia, caiu em armadilhas e chegou a um resultado lastimável.

Sylvia Colombo

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Lei do Piso estabelece R$ 1.597,87 para professor com Magistério



De acordo com a Lei do Piso Profissional Nacional, a 11.738, os salários dos professores com Magistério devem ser reajustados a cada janeiro.
Este ano, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) o valor que deve ser pago é R$ 1.597,87.
O artigo 5° da Lei assegura o reajuste. "O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009". No parágrafo único da mesma Lei está explícito: A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-se o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007.
Na opinião do presidente do Sintepe, Heleno Araújo “A valorização do profissional passa necessariamente pelo reajuste salarial. Continuaremos pressionando os representantes políticos para que a Lei seja cumprida”, pontuou.
No último dia 3 de janeiro, o Diário Oficial da União estabeleceu o valor anual que é investido no aluno, através do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Para 2011, à quantia é de R$ 1.722,05.

Sintepe

Secretário de educação comparece a debate e professores acreditam no diálogo



Há cinco anos os trabalhadores da educação não sabiam o que era dialogar com o secretário da pasta. Na tarde desta quinta-feira (10), o atual representante da educação no Estado, Anderson Gomes esteve presente no auditório do Sintepe.
Entre as reivindicações estavam: professores que tiveram turmas fechadas receberão salários, sem descontos, trabalhadores devem ficar tranqüilos (sic) que em breve sairá um ofício confirmando em quais escolas serão colocados. O secretário ainda garantiu que a discussão do Plano de Cargos e Carreira foi reaberta.
As primeiras palavras do secretário fizeram com que a categoria acreditasse ser possível outros debates iguais ao desta quinta no sindicato. “Espero que seja o primeiro de muitos. Vocês me dirão as feridas para gente colocar os dedos nelas”, sublinhou.
Em seguida, o presidente do Sintepe, Heleno Araújo expôs alguns pontos da instrução normativa publicada no Diário Oficial do dia 29 de janeiro que assegura as normas para implantação das matrizes curriculares a partir de 2011, “Garante no *7° artigo que os gestores devem lotar os professores efetivos nas escolas”, destacou o sindicalista.
Outro artigo comentado foi o 11º, que traz autorização para o exercício da jornada de docentes efetivos em programas de correção de fluxo. O gestor da GRE é responsável e só poderá fazê-la mediante comprovação de ausência de lacunas nas disciplinas da Educação Básica.
A vice-presidente do Sintepe, Antonieta Trindade falou do processo de democratização das escolas e disse que a disciplina de Educação Física deve ser integrada ao horário das outras aulas e caso acontecesse, diminuiria as faltas. “O diálogo está aberto e devemos continuar na luta pela valorização dos trabalhadores em educação”, lembrou.
Repassada algumas reivindicações estava aberto o debate. O professor Leonardo enfatizou a postura da Secretaria de Educação com a categoria. "É um rolo compressor, passa por professores, sindicato e não escuta ninguém”, definiu. Segundo Maria Albênia, as escolas estão em um desmando geral, o LDB está destruído e o Estatuto do Magistério perdido.
O diretor do Sintepe e secretário geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Paulo Rocha deixou claro as imposições do governo, por exemplo, a implantação unilateral da proposta salarial, o sindicalista citou o caso de escolas de Petrolina que fechou turmas e turnos. “O governo pode ser espelho de outra forma, cumprindo a Lei do Piso e respeitando as relações de trabalho”, finalizou.
O secretário de Educação, Anderson Gomes, garantiu que procurará implantar algumas sugestões de imediato e disse que voltaria a conversar com os profissionais daqui a dois meses, no Sintepe. O representante governamental garantiu mandar inspetores as 47 escolas que fecharam turnos e turmas, disse ainda que os professores avisem-no se souberem de alguma turma com alunos sem aula "Recursos para salário, talvez em abril tenhamos um horizonte melhor", sublinhou Gomes. Por último, escreveu o e-mail, andersongomes@educacao.pe.gov.brEste endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. entregando aos trabalhadores para que enviem sugestões e críticas e garantiu voltar ao Sintepe daqui a dois meses.
"Da portaria 397, no artigo 7°, está claro “Compete aos gestores das GRE’s lotar todos os professores efetivos nas escolas estaduais sob sua jurisdição observando a adequada correspondência entre a habilitação do docente e a disciplina ou área de conhecimento".

Sintepe

Após reunião com secretário, professores falam em "novo patamar de diálogo"

O presidente do Sintepe, Heleno Araújo Filho, deixou o auditório do sindicato, agora há pouco, com otimismo.
Segundo Heleno, a reunião com o secretário de educação, Anderson Gomes, teve "resultado positivo". Ainda de acordo com Heleno, as 24 reinvidicações feitas pelos sindicalistas foram ouvidas atentamente por Gomes.
Entre aquelas, a garantia de que os professores que tiveram suas turmas fechadas vão continuar recebendo o salário, sem descontos. Heleno afirma que o secretário desfez um ruído: gerentes regionais de ensino e diretores de escolas teriam dito que os professores sem turma ficariam sem receber, o que não deve proceder.
Já a vice-presidente do Sintepe, Antonieta Trindade, menciona outros avanços que devem se consolidar em breve. Trindade citou uma mudança na grade curricular (pela qual a disciplina de Educação Física seria integrada ao horário das outras aulas, o que reduziria as faltas).
Trindade também fez coro com Heleno e citou o reordenamento da rede (que deve realocar os professores sem turma) como uma medida razoável.
Outra reunião nestes moldes está prevista em dois meses. Já na semana que vem, diretores do Sintepe esperam se reunir com Gomes de novo, para esboçar um plano de ação.
Medidas à parte, vice e presidente mostraram entusiasmo com a abertura de um canal de diálogo - foi a primeira vez que um secretário de educação do governo estadual se reuniu com a categoria, de acordo com Heleno: "Sempre convidamos secretários que nunca apareceram", sublinhou, para em seguida completar: "Esse é um novo patamar de diálogo, que pode trazer negociações positivas".
Entre as medidas a serem adotadas pelo secretário estaria a implantação de uma central de atendimento, exclusiva para os professores.

Sintepe

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Geometria Analítica

Equação Geral da Reta

Aprendendo matrizes

Estudantes do Meu Brasil

Estudo do Ponto

Geometria Analítica

Trevas e luzes!



Blog de Josias de Souza

Indilma Jones!



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A grande chance de Dilma

A nova nova ordem mundial está tomando forma. Esse acelerado rearranjo geoeconômico e geopolítico é a maior oportunidade para o Brasil se colocar no centro do poder mundial pela primeira vez na história deste país. E esse pode ser um dos maiores legados do governo Dilma.
É um momento definidor para a nossa diplomacia, e, alívio geral, ela parece estar mudando rapidamente sob Dilma e o chanceler Patriota.
A crise econômica global foi muito mais do Hemisfério Norte capitalista. O dinamismo e a resistência dos "emergentes" (termo antigo, já emergimos) após o colapso de Wall Street apressou o futuro, escreveu o colunista do "Financial Times" Martin Wolf.
Mas se há oportunidades nesse cenário, há também riscos.
Em artigo na revista "Foreign Affairs" intitulado "O Mundo do G Zero", o economista Nouriel Roubini, sempre pessimista, e Ian Bremmer, da consultoria Eurasia Group, afirmam que o novo concerto das nações regido pelo fragmentado G-20 deve gerar muito mais conflito do que cooperação global.
Eles sustentam que nenhum país ou grupo de países têm apetite ou poder suficientes para criar/impor consensos e harmonia. Caminhamos para o G-Zero.
Os EUA ainda estão atordoados pela crise, a Europa tenta salvar o euro, o Japão está paralisado política e economicamente.
Já China, Índia e Brasil estão tão focados em seu desenvolvimento interno que sobra pouca energia para o xadrez global.
E um G-2, com China e EUA definindo rumos, esbarraria nessa aversão de Pequim em assumir o fardo da liderança global.
Nessa fértil confusão, e diante de uma revolução econômica e tecnológica que sobrepassa fronteiras e acelera a globalização, a diplomacia é mais fundamental.
Dilma percebeu a camisa-de-força que a troika lulo-petista (Celso Amorim-Samuel Pinheiro Guimarães-Marco Aurélio Garcia) enfiou no país. Antes mesmo de assumir, ela destruiu o inexplicável alinhamento brasileiro com a teocracia iraniana e acenou com a transformação das relações com os EUA.
Maturou o Brasil, mudaram os EUA. O enfraquecimento político e econômico do país e o aumento da influência chinesa na América Latina forçaram Washington a olhar para a região e as possibilidades de uma renovada aliança com o Brasil.
Sob Lula, esse avanço bilateral óbvio ficou inviável por causa do ideologismo retrô que levou o presidente e seu governo a cutucarem os EUA até os 48 minutos do segundo tempo.
A poucos dias de deixar o cargo, Lula chegou a dizer que era "gostoso terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise".
A posse de Dilma possibilita uma transformação radical. Sua discrição de resultados será mais adequada do que o posturismo estéril do modelo anterior.
Não é à toa que porta-vozes da administração Obama falam abertamente de um novo momento bilateral. O presidente Barack Obama finalmente visitará o Brasil, em março. Seu secretário do Tesouro, Tim Geithner, esteve aqui preparando uma agenda comum com seu colega e até então desafeto ministro Guido Mantega. Isso tudo em menos de 40 dias no cargo.
Onde Lula preferia criar dissenso, colocando a espinhosa questão cubana no centro das relações bilaterais, por exemplo, Dilma busca acordo, resultado.
A agenda comum é abrangente e convergente: câmbio chinês, desenvolvimento global e regional, estabilidade regional, defesa da democracia nas Américas, combate ao narcotráfico, biocombustíveis, regulação de commodities.
Os cabos do Wikileaks revelam que Dilma é especialmente entusiasta de uma parceria EUA-Brasil para implantar o etanol na América Central e possivelmente na África.
É uma boa idéia.
Países centro-americanos gastam parte substancial do PIB importando energia. O etanol pode ser a saída, com apoio de EUA e Brasil, os dois maiores produtores mundiais, interessados em sua internacionalização.
O projeto aumentaria nossa projeção hemisférica e diminuiria a influência de Hugo Chávez, que subsidia petróleo para atrair países como República Dominicana, Nicarágua e El Salvador.
As possibilidades bilaterais são enormes, inclusive um acordo aduaneiro.
Os EUA são o país mais parecido conosco, pois Portugal que não o seria. O Brasil também pode reivindicar excepcionalidade entre as nações. Também somos caldeirão de culturas e circunstâncias únicas. Também somos capitalistas diante de um país imenso e cheio de oportunidades.
Renovando a aliança com nossos tradicionais aliados americanos e europeus, o Brasil será a melhor ponte entre o Norte e o Sul.
Ficamos muito tempo caolhos, só olhando para um lado do globo. Abrimos o segundo olho, finalmente.
Estamos no início do nosso salto. Se fizermos alianças corretas, iremos muito mais longe. A crise econômica derrubou as peças do tabuleiro: é hora de se mexer.

Sérgio Malbergier

Ditadura e religião

Não vejo mais como me furtar a um comentário sobre o Egito. A confusão ali, afinal, pode virar do avesso a geopolítica do Oriente Médio e, por extensão, a do globo.
Comecemos pelos consensos. Existe uma unanimidade no mundo árabe. É a de que os valores ocidentais não podem ser simplesmente importados e implantados sem tradução. Por isso, os países árabes precisam encontrar seu próprio caminho, que deve culminar na união de todas as nações da região. Em minha modesta interpretação, isso tem a ver com a noção de "umma". Modernamente, a palavra pode ser traduzida como "nação". Seu significado primordial, contudo, é o de "comunidade", que idealmente engloba todo o islã e à qual todo bom muçulmano deve submeter-se, sem dissenso (ou quase). O termo, que aparece 64 vezes no Alcorão, é derivado da palavra "umm", que significa "mãe". Uma alternativa de tradução à caetano Veloso seria "mátria". A concórdia para nessa ideia de diferença em relação ao Ocidente e união entre os árabes.
Para lograr esse objetivo, uma parte se voltou para o nacionalismo secular. É dessa tradição que Hosni Mubarak é herdeiro, muito embora o pan-arabismo já tenha contado com representantes mais populares, notadamente Gamal Abdel Nasser (1918-70).
O outro ramo é o dos que apostaram na religião como força unificadora. É aí que se encaixa a Irmandade Muçulmana ("al Ikhuan"). Fundada em 1928, é a primeira representante do pan-islamismo.
No Egito, os nacionalistas seculares, liderados por um grupo de jovens oficiais das Forças Armadas que incluía Nasser e Anuar al Sadat (1918-81), chegaram ao poder através do golpe de Estado que derrubou o rei Faruk 1º em 1952. O pretexto para a deposição foi a derrota dos árabes para Israel na guerra de 1948.
Explorando a ordem mundial imposta pela Guerra Fria, Nasser, que assumira a Presidência em 1956, estabeleceu uma cooperação com os soviéticos e foi incorporando elementos socialistas em sua retórica. A relação do Egito e dos árabes com a URSS, entretanto, sempre foi ambígua e cheia de idas e vindas. Uma das primeiras medidas dos jovens oficiais depois que derrubaram o rei foi eliminar os comunistas egípcios.
O próprio socialismo árabe ("al ishtirakia al arabia"), em parte abraçado por Nasser e, em maior grau, pelo partido Baath (ressurreição), forte na Síria e no Iraque, precisa ser colocado em perspectiva. Era um socialismo adaptado às necessidades, que não incluía, por exemplo, nenhum elemento de ateísmo e não buscava eliminar a propriedade privada. A ideia é que o socialismo não deveria contrapor-se aos valores tradicionais. Um socialismo nesses termos não era estranho à "umma".
Seguindo o projeto pan-árabe, Nasser ensaiou uma união com a Síria em 1958. O "novo" país se chamava República Árabe Unida. A Síria levou três anos para descobrir que tinha virado um feudo do Egito e pular fora.
Mesmo sem grandes sucessos a exibir, Nasser continuava a entusiasmar as massas árabes, no Egito e fora dele. Essa situação durou até a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando os exércitos árabes sofreram uma segunda e ainda mais humilhante derrota para os israelenses.
Nasser ameaçou renunciar, mas a multidão foi às ruas no Cairo para pedir que ficasse. Ficou, mas sem o brilho de antes. O pan-arabismo já entrava em decadência.
Depois da morte de Nasser, em consequência de um ataque cardíaco, em 1970, a Presidência do Egito foi ocupada por Sadat. Ele lançou mais uma guerra contra Israel a de 1973, perdeu e, seis anos depois, sob os auspícios dos EUA, assinou uma paz em separado com os inimigos. Em 1981, Sadat foi assassinado por radicais religiosos ligados ao Jihad Islâmico.
Nesse processo, porém, lançou as bases da cooperação com os norte-americanos. A aproximação com os soviéticos e a retórica inflamada do pan-arabismo foram paulatinamente substituídos pela substancial ajuda militar dos EUA, que hoje ultrapassa a marca do US$ 1 bilhão anuais.
Foi nesse contexto, em especial a partir dos anos 80, que a Irmandade e outros grupos religiosos ganharam espaço. Aliás, a "ameaça fundamentalista" é uma das razões a justificar o auxílio norte-americano. Por paradoxal que pareça, é um acerto que agrada a todos: os EUA podem dar dinheiro a um ditador aliado, o ditador recebe a grana com a qual satisfaz os apetites das Forças Armadas, que o mantêm no cargo, e a Irmandade, discretamente tolerada, se consolida como verdadeira oposição, tanto à ditadura como aos EUA e, por extensão, a Israel.
Voltemos, porém, às origens da Irmandade. Seu fundador, Hassan al Banna (1906-49), tinha claro quais eram seus propósitos: "Alá é nosso objetivo; o Alcorão é nossa constituição; o Profeta é nosso líder; 'Jihad' é nosso caminho; e morrer por Alá, a mais alta de nossas aspirações".
Também em seus primórdios, a Irmandade esteve associada aos nazistas. Era uma chance de combater de uma vez seus dois piores inimigos, os ingleses e os judeus que iam se fixando na Palestina.
De 1928 para cá, porém, as coisas ficaram um pouco mais complicadas. Para começar, a Irmandade cresceu. E cresceu muito. Hoje ela existe em mais de 15 países, atuando como um misto de movimento religioso, partido político e organização de auxílio aos necessitados o que ajuda a explicar seu sucesso.
Ela existe até em Israel, onde está representada na Knesset (Parlamento). No Egito, embora tecnicamente ilegal, é bastante forte. No pleito legislativo de 2005, membros que concorreram como "independentes" obtiveram 88 cadeiras (20%) no Parlamento.
Seu braço nos territórios palestinos é o Hamas, que controla Gaza. É o único lugar onde seus representantes assumiram de fato o poder. Não chegaram a promulgar uma república islâmica, mas impuseram uma série de restrições religiosas, em especial contra as mulheres.
A questão fundamental agora é descobrir quais são os objetivos atuais da Irmandade, pois, se houver eleições livres no Egito, eles teriam grandes chances de vencer uma disputa para o Executivo e/ou de conquistar um naco substancial do Legislativo.
Parte dos analistas estima que o movimento vem passando por um processo de moderação. Eles seriam hoje como as democracias cristãs europeias na década de 70 ou como o Partido do Desenvolvimento na Turquia, originalmente religioso, mas que parece ter incorporado a democracia em seu DNA.
A favor dessa tese está o fato de que em diversas ocasiões, como o 11 de Setembro, o grupo condenou a violência (mas em muitas outras, aprovou, em especial os ataques suicidas contra israelenses). Além disso, um dos principais inimigos da Irmandade hoje é a Al Qaeda, a organização jihadista capitaneada por Ossama bin Laden.
Não obstante a recente desavença, a Irmandade, através de um de seus principais ideólogos, Said Qutb (1906-66), autor de uma obra com fortes traços antiamericanos, influencia a Al Qaeda até hoje. Seus militantes são por vezes chamados de qutbistas.
Outra parte (menor) dos analistas, porém, diz que a contenção que a Irmandade exibe atualmente é calculada e desaparecerá depois que chegarem ao poder, quando tentarão restaurar o califado.
O mais provável é que a própria organização esteja dividida em relação a seus objetivos finais. Se você entrevistar um dos porta-vozes encarregados de manter contatos com a mídia estrangeira, certamente encontrará a face moderada do movimento. Se for conversar com um pregador de rua em Ismaília, provavelmente vai se deparar com uma outra Irmandade. Resta saber qual ala prevalecerá.
De qualquer forma, não há nenhum motivo para o Egito (e os demais países árabes) não tentar instituir uma democracia autêntica, que não chega a ser incompatível com a "umma" (talvez o seja com a "sharia", a lei islâmica, e outros pontos da religião, mas não com a noção de comunidade). Não estamos, afinal, falando de tribos indígenas perdidas na Amazônia, mas de sociedades razoavelmente industrializadas, letradas e que já foram, num passado meio longínquo, o farol da humanidade. Não será, por certo, um processo fácil, como o demonstram Iraque, Líbano e territórios palestinos, os países árabes em que a população pode pelo menos expressar-se livremente nas urnas. Mas depender de ditaduras mais ou menos selvagens para conter os religiosos não é exatamente o que eu chamaria de negócio tentador.

Hélio Schwartsman

Faça a coisa certa

Nasce um jovem em um bairro pobre com altos índices de violência e resiste à pressão para se marginalizar. Não se torna drogado, assaltante ou auxiliar de traficante. Não se evade da escola. Estuda duro e fica sempre entre os cinco melhores alunos da classe.
Deixa a mãe feliz. Mas não terá muitas oportunidades para ganhar mais que três salários-mínimos, quando entrar no mercado de trabalho. Ele não chegará a uma boa faculdade ou sequer ao terceiro grau, pois não terá o mesmo nível educacional da classe média. E não terá acesso a quem dirige as empresas.
Não há política pública específica que o apoie por se destacar. Ele está praticamente só.
Quase não temos políticas que estimulem quem faz a coisa certa. Há muitos projetos para quem entra no desvio: o egresso da prisão, o drogado, aquele que se atrasou na escola. Está certo. Mas, se o cidadão realizou o que a sociedade esperava dele, nada.
A meritocracia é valor importante. De uma forma ou outra, é aplicada em muitas empresas. Na universidade, há poucos programas de incentivo para quem se destaca. Porém, os melhores alunos acabam nos melhores empregos. Os melhores do Capão Redondo, da Vila Cruzeiro, da favela de Salvador, não.
Dizer que quem faz a coisa certa apenas cumpre com a obrigação é papo- furado. Todo o mundo precisa de reconhecimento, carinho e incentivo pelos gols marcados. Ainda que naturais.
No mundo de hoje, carente de indivíduos honestos e dedicados, repleto de frustrações com a ética, por que não incentivar quem faz a coisa certa?
O jovem dos Jardins que se destaca na escola é premiado pela família ou por cursinhos ávidos em propagandear o índice de sucesso na aprovação em faculdades de grife. Por que não dar bolsa para curso pré-vestibular aos que se destacam nas escolas públicas em regiões carentes? Por que não bancar bolsa completa para a faculdade aos primeiros colocados dessas escolas?
O mesmo ocorre com quem paga impostos. Os sonegadores sempre têm um perdão e um Refis (Programa de Recuperação Fiscal) à disposição. Os que pagam impostos em dia não recebem qualquer desconto. Desconto que seria crescente se continuassem a pagar em dia, tornando-se um investimento do Estado nos bons pagadores.
Mas não. Para eles, só a lei dura e crua. Se atrasarem uma prestação, multa. Se passarem mais dez anos em dia, nada.
O Estado é pai para transgressores e padrasto para quem é correto. E seguimos a lamentar os malfeitos que jorram pelo noticiário.
Não faz sentido. Está na hora de premiar os que se destacam pela virtude. Principalmente os mais pobres.

PROPOSTA DE POLÍTICA: MILHAGEM DA FAMÍLIA

Pesquisas de opinião pública ressaltam: cada vez mais, o lugar sagrado de refúgio para as pessoas é a família.
É a reação ao mundo hostil.
A família deve ser a base prioritária de programas que incentivem quem faz coisas certas. Ir ao encontro do movimento natural das pessoas garante raízes mais profundas. Com isso, certeza de continuidade.
Proponho um programa do tipo milhagem, de companhias aéreas. Coordenado pela mãe, sempre a âncora mais provável na estabilidade da casa.
Conforme os membros da família, em especial os filhos, forem realizando ações que o Estado tenha interesse em estimular, receberão pontos. O acúmulo de pontos dará direito a produtos concretos para a educação das crianças. A mãe escolhe livremente aquele que quiser.
O que daria pontos? Vacina, atenção à saúde, frequência e desempenho escolares,pagamento em dia de impostos, por exemplo.
Com X pontos, a mãe ganharia uma bolsa para o cursinho vestibular do filho, um computador pessoal ou livros. Conforme os pontos, as crianças alcançariam, no futuro, bolsas parciais ou integrais, em boas faculdades privadas. E outras tantas coisas que estimulem sempre uma educação melhor.
Uma família de classe média pode fazer poupança e investir na formação do filho, como reservar dinheiro para um MBA no exterior. Pobres, não. Eles se sentem impotentes. Têm que ralar única e exclusivamente para a sobrevivência. Se, com ações do cotidiano, puderem investir nos filhos, irão se sentir com poder e felizes.
Existe política melhor?
A ideia pode ser aprimorada. Se os governos a adotarem, irão fazer um bem danado a quem precisa.

DICAS PARA LEITURA

Para quem gosta de planos: textos sobre o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, cujo lema era '50 anos em cinco'. No Google.
Para quem gosta de metodologias, ferramentas e programas de qualidade: livro "Excellence in Government", de David K.Carr e Ian D. Littman (Library of Congress Catalog Number 90-084020 - Coopers & Lybrand). Para saber, pode verificar pelo Google.
Para quem gosta de textos mais acadêmicos: "Burocracia e Elites Burocráticas no Brasil", de Gilda Portugal Gouvêa, que com modificações foi tese de doutorado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Editora Paulicéia.

SUGESTÕES DOS LEITORES

Entre várias contribuições, relaciono:
Mauro Silveira -RJ - sobre Gestão Transversal, destacando a falta de transversalidade nos programas de governo. Discutirei mais adiante.
Augusto Souza -SP - com várias sugestões sobre transporte público e engenharia de tráfego.

José Luiz Portella

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nuvens negras para professores

Nem tudo foram flores, no início do ano letivo, anteontem, nas escolas da rede estadual.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), pelo menos 47 unidades do Grande Recife e do Interior, fecharam turmas da noite, do 1º ano do Ensino Médio e do Programa Educação para Jovens e Adultos (EJA).
O presidente Heleno Araújo lembra que são pendências do ano passado. O Sintepe diz ainda que a situação também provocou outro desconforto para os professores que, após retornarem de férias, descobriram que não tinham as turmas para dar aulas.
“Muitos professores dessas turmas e também do Projeto Travessia, receberam o aviso de que deveriam ir até às Gerências Regionais de Ensino (GREs) para procurar outra localização”, denuncia a vice-presidente do Sintepe, Antonieta Trindade.
Já a Secretaria de Educação (Seduc) negou a decisão de fechar as turmas e assegurou que esse tipo de medida só é adotada sob consulta da comunidade escolar. De acordo com o órgão, os gestores das GREs interpretaram equivocadamente o procedimento de matrícula.
Sem resposta - Apesar de ter se comprometido em resolver o problema, pais e representantes setoriais do Sintepe denunciaram que os diretores se negaram a matricular alunos nessas turmas.
“A Secretaria prometeu que, até o dia 30 de dezembro passado, as GREs seriam orientadas corretamente quanto à matrícula, mas até agora não tivemos resposta”, alertou Antonieta Trindade.
Desrespeito ao estatuto - A vice-presidente do Sintepe, Antonieta Trindade, ainda destacou que os docentes podem ter o salário bloqueado caso não consigam a lotação.
“Vários diretores estão desrespeitando o artigo 18 do Estatuto do Magistério e devolvendo os professores mais antigos das escolas. E há casos onde os contratados temporários estão permanecendo nas unidades em detrimento dos professores efetivos”, explicou.

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Gangs do Planalto!



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Assembléia do PR tinha três ‘escutas’ e um ‘grampo’



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Obscurantismo!



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Pagando a dívida com milho

Na parede de um dos amplos terraços internos do Malba (Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires) vê-se com destaque três imagens da divertida fotoperformance "El Pago de la Deuda Externa Argentina con Maíz" (o pagamento da dívida externa argentina com milho). Nela, vê-se a artista argentina Marta Minujín oferecendo espigas de milho ao norte-americano Andy Warhol. Os dois estão sérios, e até parece que, naquele instante solene de 1985, estavam realmente resolvendo os dramas econômicos da Argentina.
A obra é parte de "Marta Minujín - Obras 1959-1989", que o museu portenho exibe até o próximo fim de semana. No último sábado, com a capital argentina fervendo a 32 graus no começo da tarde, turistas e locais disputavam espaço para ver os últimos dias da exposição, que já atraiu 80 mil pessoas. Marta Minujín é uma artista de obra datada. Seus melhores trabalhos se resumem ao recorte da exposição. Mas nem por isso deixa de refletir aspectos da realidade argentina em diversos momentos e hoje. Por isso, talvez, chame a atenção de tanta gente.
Em entrevista ao repórter Silas Martí, às vésperas da última bienal de São Paulo (leia aqui a reportagem, só para assinantes), Minujín, hoje com 69 anos, disse que faz arte "invisível, impossível, efêmera". A partir daí, é possível imaginar as dificuldades que os curadores tiveram em reunir peças para uma mostra. Muito do que Minujín fez foi passageiro, desmontado, destruído ou incendiado depois de "consumido". Mas sobraram registros em filmes e fotos. E com estes foi possível reunir ou reconstituir mais de 100 obras.
Na primeira sala da mostra estão trabalhos mais "comportados" da artista, pinturas, colagens feitas com papelão e montagens com colchões. Datam do começo da década de 60. São mostradas imagens dos trabalhos que Minujín fez quando vivia entre Paris e Buenos Aires. Numa delas, está seu próprio colchão, deformado e misturado a objetos que coletara na rua. Noutra, botas que representavam uma cisão no exército argentino, então, entre "azules" e "colorados".
Esta seção encerra-se com um filme feito numa tarde de junho de 1963, em Paris, quando Minujín chamou colegas artistas que a ajudaram a queimar vários de seus trabalhos e culminou com a chegada dos bombeiros. "La Destrucción" ficou conhecido como seu primeiro "happening". Depois deste, seguiram-se vários, na França, nos EUA e na Argentina, entre outros lugares.
Há, na sequência, um vídeo que mostra como foi, por exemplo, "La Menesunda". O título da obra vem do lunfardo [espécie de gíria ligada ao tango] e quer dizer, basicamente, "desordem". Foi montada no Instituto Torcuato di Tella, em Buenos Aires, em 1965, e tratava-se de um labirinto de 16 partes em que as pessoas passavam por ambientes diferentes, com luzes, ruídos e ventiladores jogando papel picado para confundir a percepção. Numa das salinhas, um casal de verdade trocava carícias numa cama.
Outra de suas obras famosas foi remontada no Malba, chama-se "Minuphone", originalmente feita em Nova York em 1967. A princípio, é uma cabine telefônica clássica. Só que, uma vez dentro dela, a pessoa começa a ser atormentada por sua própria imagem vista numa tela de televisão no chão, enquanto, ao marcar números, ouve sons e vê luzes diferentes.
No fim dos 60 e princípio dos 70, Minujín entrou em contato com Andy Warhol e os artistas hippies. Realizou, então, importantes mostras e "happenings" ao ar livre, como "Imago Flowing" (1974), no Central Park.
No final da década de 70 e nos anos 80, já numa Argentina vivendo em regime ditatorial, Minujín fez trabalhos irônicos e críticos com relação a essa realidade. O mais conhecido deles é o famoso "Obelisco de Pan Dulce" (1978), em referência ao famoso Obelisco no centro da capital portenha. A artista fez nada menos que uma réplica do famoso monumento, com pão doce, e o deixou na rua, com a sua assinatura, para que fosse devorado.
Saindo da exposição, passo por uma sala montada com colchões, inspirada em uma de suas obras famosas. Um garoto comenta com a mãe: "Era aqui que ela se escondia da polícia?". A mãe ri e responde "não, era aqui que ela transformava a realidade", e enfia o garoto dentro da obra de arte. Que aprenda por si mesmo, parece dizer.

Sylvia Colombo

O troco virá?

Brasília vive um momento diferente na política. Não diria que se trata de uma transformação total, porque ainda não é. Mas alguns novos ventos começam a soprar por aqui. A dúvida é se teremos uma troca verdadeira de estação ou apenas um ensaio. O fato é que, por conta dessa mudança de ares, o que mais se pergunta em Brasília é se o troco virá. Explico.
Dilma Rousseff decidiu enfrentar um grupo do PMDB. Basicamente aquele ligado ao líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do deputado Eduardo Cunha (RJ). Não comprou briga com todos peemedebistas. Tanto que, na hora de barrar os pedidos de Alves e Cunha sobre o comando de Furnas, alojou na presidência da estatal um técnico com bom trânsito entre os peemedebistas do Senado.
Flávio Decat, o novo presidente de Furnas, foi escolha direta da presidente Dilma. Decisão tomada depois de ouvir relato de sua equipe sobre as ameaças feitas por Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, que desejavam manter influência na estatal. Quem estava na sala diz ter ouvido da presidente que os dois deputados "não mandavam no governo" e que ela iria nomear Decat e ponto final. Ainda houve uma tentativa de negociação. Dilma disse que topava adiar um pouquinho o anúncio do nome de Flávio Decat para que a turma de bombeiros entrasse em ação, mas que não recuaria de sua decisão.
Bem, decisão tomada, agora, como disse acima, a dúvida é se o troco virá. Na eleição das presidências da Câmara e do Senado tudo correu como previsto pelo governo. Mas a crise com os deputados peemedebistas ainda não havia acontecido. Agora, o governo tem pela frente a votação do salário mínimo. A equipe de Dilma vai, com certeza, trabalhar para isolar os peemedebistas descontentes e evitar uma derrota na Câmara na primeira votação importante de um projeto do novo governo.
Um aliado de Dilma acredita que o governo terá sucesso na empreitada. Ele lembra quando Antonio Carlos Magalhães, o todo poderoso senador baiano do então PFL, decidiu bater de frente com Fernando Henrique Cardoso. Na época, depois de tolerar inúmeras bravatas do baiano, FHC decidiu dar um basta, rompeu com ACM e demitiu ministros ligados a ele. O mundo na política parecia que ia cair na cabeça do tucano. Não foi o que aconteceu. Agora, lembra esse dilmista, são dois deputados que não têm nem de perto a força política de ACM. Além disso, lembra esse governista, Dilma manteve os canais azeitados com os peemedebistas do Senado.
Enfim, apostas e lances feitos, agora é esperar o Congresso voltar a funcionar normalmente para checar como se comportará a base aliada de Dilma Rousseff. Ela busca impor uma nova forma de se relacionar com os congressistas, mas ainda não se trata de uma grande reformulação no mundo da política. Tanto que, como ressaltado acima, ela enfrentou deputados, mas agradou senadores peemedebistas. Ou seja, esticou a corda, mas não a ponto de ela rebentar.

Valdo Cruz

Islã não pode ser o judeu do século 21

O maior erro que o Ocidente poderia cometer, em função das revoltas no mundo árabe/muçulmano, é transformar o islamismo no século 21 nos judeus do século 20, vítimas de um processo de aniquilação que é uma das grandes manchas da história da humanidade.
Cada vez há mais análises dizendo que "essa gente" não tem direito a querer a democracia porque basta que a tenham para que votem, por exemplo, no Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), que controla hoje a faixa de Gaza.
Na superfície dos fatos, é até verdade: o Hamas de fato ganhou as eleições, não na primeira mas na segunda oportunidade que tiveram para disputá-las em Gaza. Mas qualquer análise honesta teria que fazer a pergunta seguinte: por quê o Hamas ganhou?
Por quê todos os habitantes de Gaza são terroristas em potencial? Se o fossem de fato, Israel provavelmente já teria sofrido dores muito mais profundas.
O Hamas ganhou porque oferece serviços sociais e um mínimo de horizonte a uma população confinada a um gueto.
É o que oferece também a Irmandade Muçulmana no Egito, o mais antigo movimento islâmico do planeta.
Cobrem, ambos, carências (ou inexistência) dos Estados, inclusive o de Israel, que se recusa a permitir que os palestinos tenham um país minimamente viável.
Além disso, há vozes, no Ocidente, que lamentam que "uma das mais mal-relatadas histórias do século 20 é a enorme penetração das melhores ideias políticas do Ocidente --democracia e liberdade individual-- na consciência muçulmana".
Autor da frase, em artigo para o "NY Times", Reuel Marc Gerecht, pesquisador-sênio da Fundação para a Defesa das Democracias e ex-especialista nas missões clandestinas da CIA no Oriente Médio.
Mais: "Homens e mulheres de fé, que celebram (ainda que nem sempre sigam rigorosamente) a Sharia [lei islâmica] abraçam crescentemente a subversiva ideia de que só é legítima a liderança política eleita".
Parece muito mais sensato dar uma chance, que a revolta egípcia oferece, a uma confluência de civilizações do que promover um "pogrom" anti-islâmico que tornaria a ideia reacionária de "choque de civilizações" uma profecia que se auto-cumpre.

Clóvis Rossi

O aumento da criminalidade violenta no Nordeste

"Apesar da melhoria da condição socioeconômica no Nordeste, a maioria dos estados nordestinos mostra crescimento da criminalidade violenta, o que sugere a atuação das políticas públicas em segurança como fator fundamental no controle da violência homicida".
A constatação encontra-se no trabalho intitulado "Os homicídios no Nordeste Brasileiro", de José Maria Nóbrega Júnior, professor da Universidade Federal de Campina Grande e Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco.
O estudo foi reproduzido no blog do jornalista pernambucano Jamildo Melo (*): "Em artigo, pesquisador da UFPE diz que violência em Pernambuco sofreu processo de interiorização".

Jamildo destaca dois cenários do estudo, que não são excludentes:

a) a violência sofreu um processo de interiorização

b) a redução da criminalidade no estado se concentrou na Região Metropolitana do Recife, o que fez os municípios do interior desapontarem como mais violentos.

Frederico Vasconcelos

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Secretário de Educação promete valorizar professor

Os alunos da rede pública estadual voltam às aulas nesta quarta-feira (2). Para o ano letivo de 2011, a Secretaria de Educação do Estado informou que foram investidos R$800 mil na compra de kits de microfone.
Os equipamentos serão usados pelos professores, que terão acompanhamento de fonoaudiólogos para evitar problemas com a voz.
De acordo com o secretário de Educação Anderson Gomes, o Governo mudará o foco nos investimentos nos próximos quatro anos. No primeiro mandato a preocupação estava em recuperar a estrutura física, fazer reformas e montar laboratórios. Agora as atenções se voltam mais para a qualidade do ensino e a valorização do servidor.
“A valorização do professor será o nosso principal investimento. Queremos que nossos alunos tenham melhores resultados, como aconteceu com recentemente com vestibular da federal, e isso só é possível com professores bem remunerados e satisfeitos”, afirmou Anderson Gomes. Ele também garantiu que todas as escolas da rede estadual vão cumprir os 200 dias letivos em 2011.
Outra preocupação de quem assume a educação no Estado é a segurança. “Criaremos um pacto pela educação quem que estará presente a segurança. Vamos começar com o projeto Escola Legal, que vai criar um conselho específico para tratar da segurança em cada escola. Começaremos com 50 unidades mais afetadas por esse problema”, explicou o secretário.
Nas cidades atingidas pelas chuvas do ano passado, o governo ainda se comprometeu a construir 42 escolas ao longo do ano. Serão seis escolas estaduais e 36 municipais.

Sintepe

Senadossauro!



Blog de Josias de Souza

Dos 513 deputados, 59 respondem a ações judiciais



Blog de Josias de Souza

O Egito é aqui!



Blog de Josias de Souza

Empurrõezinhos

A pedidos, ignoro o Egito e continuo falando de felicidade. Mas, antes de saltar para Jonathan Haidt e Barry Schwartz, como sugeri que faria na coluna da semana passada,
acho importante dar algum conteúdo prático a esse gênero de estudos. Para isso, recorro a Richard Thaler (Universidade de Chicago) e Cass Sunstein (Chicago e Harvard), autores de "Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth and Happiness". O livro foi traduzido para o português com o título "Nudge: O Empurrão para a Escolha Certa".
Thaler é um economista comportamental. Depois de Daniel Kahneman (Nobel de 2002) é provavelmente o nome mais conhecido nesse campo. Já Sunstein é constitucionalista. É um dos proponentes do minimalismo judiciário.
Em "Nudge" eles advogam pelo que chamam de "paternalismo libertário". A ideia básica é que seres humanos são tudo menos os agentes racionais e bem informados imaginados pelos manuais clássicos de economia. No mundo real, as pessoas frequentemente tomam as piores decisões possíveis em relação a seu futuro. Fazem-no em grande parte devido a vieses cerebrais que são não apenas previsíveis como também quantificáveis.
O que Thaler e Sunstein propõem é que utilizemos uma outra característica do mundo real, a inevitabilidade de fazer determinadas escolhas, para, sem nenhuma espécie de autoritarismo, empurrar ("to nudge") as pessoas na direção certa.
O exemplo com o qual abrem o livro é eloquente: imagine Carolyn. Ela é diretora de alimentação de um grande distrito escolar. Isso significa que ela organiza e administra os vários refeitórios nos quais milhares de alunos se alimentam diariamente. Um dia, jantando com seu amigo Adam, estatístico e consultor de negócios para supermercados, eles têm a ideia de fazer alguns experimentos heterodoxos. Querem descobrir se, sem alterar o menu das cafeterias, apenas a disposição da comida no balcão, conseguem fazer os estudantes mudarem seus hábitos alimentares. São decisões simples, do tipo vamos colocar a salada ou a sobremesa no início do balcão? Os vegetais ficarão à altura dos olhos ou um pouco mais escondidos? Pelo menos para Adam, não foi surpresa nenhuma descobrir que esse tipo de manipulação podia fazer o consumo de um determinado item aumentar ou diminuir em até 25%.

A pergunta é, como Carolyn deve dispor a comida:

1 - De modo a deixar os alunos na melhor situação possível;

2 - Por sorteio, para não favorecer nenhum fornecedor;

3 - Para maximizar os lucros (nos EUA, a maioria paga pela merenda).

A maioria de nós não hesitaria muito antes de optar por 1. Thaler e Sunstein concordam. Para eles, é legítimo manipular a colocação dos alimentos tendo como critério a saúde dos alunos (paternalismo), desde que nenhum deles seja forçado a consumir o que não deseje (libertário).
As pessoas que, como Carolyn, respondem pela forma como decisões serão tomadas são os arquitetos de escolhas. Os autores sustentam que uma melhor arquitetura de escolhas, que leve em conta as falhas no projeto de nossos cérebros, traria grandes benefícios a custos mínimos.
Um exemplo quase escatológico é o do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã. Como em qualquer lugar de alta rotatividade, era difícil manter o banheiro masculino limpo. Aparentemente, a maioria dos homens não tem boa mira ou não presta muita atenção na hora de urinar. Foi aí que o economista Aad Kieboom, responsável pelas obras de expansão do aeroporto, teve uma ideia revolucionária. Mandou pintar uma mosca no fundo de cada urinol. Tendo um alvo preciso, a pontaria masculina melhorou enormemente. Após uma série de testes, Kieboom e sua equipe de funcionários concluíram que o índice de derramamento de urina caiu em 80%. A mosca é um autêntico "nudge", um empurrãozinho não autoritário que leva as pessoas a fazer o que é melhor para elas e/ou para a sociedade. Colocar as frutas num lugar privilegiado conta como "nudge"; banir a "junk-food", não.
Essa teoria se aplica a vários campos. Problemas de autocontrole? De fato, o cérebro conta com dois "sistemas" para reagir ao mundo, um automático e outro reflexivo. Este último é lento e pouco eficiente. Mas é também o único capaz de fazer contas e planejar o futuro. É ele, por exemplo, que nos leva a querer ser magros para prevenir doenças. O problema é que, quando comemos, nos deixamos levar pelo sistema automático. E ele só para quando o prato (ou a despensa) acabam.
Num experimento genial bolado por Brian Wasnick, os pesquisadores produziram pipocas especialmente intragáveis (estouradas cinco dias antes e conservadas em lugar inadequado) e as deram para voluntários numa sessão de cinema. Metade deles recebeu o pacote grande e metade o médio. Os que foram premiados com o grande comeram 53% mais, mesmo negando a possibilidade de se deixarem enganar por um truque tão bobo. Um bom começo para o seu regime pode ser comprar um jogo de pratos menores.
Outro bom "nudge" dietético é sentar-se com o sujeito mais magro que estiver no refeitório na hora do almoço. Nossa tendência a mimetizar comportamentos das pessoas com as quais nos relacionamos torna fenômenos como obesidade, vício em drogas e gravidez precoce contagiosos.
O terreno mais propício para plantar "nudges" é o das decisões complexas e raras, que tomamos poucas vezes na vida, como a escolha do plano de aposentadoria, de saúde e o regime de casamento. Aqui, a chave para evitar más escolhas é criar um bom "default". Isso porque nós humanos temos o que os psicólogos chamam de viés da inércia e do "statu quo". Traduzindo: adoramos não mexer em decisões passadas. A prova cabal é que assinamos revistas uma vez na vida e seguimos por anos a fio na renovação automática, mesmo que já não tenhamos interesse na publicação. Aqui, a arquitetura (a renovação automática) favorece enormemente os editores. Se o "default" fosse "a assinatura só é renovada se o cliente pedir", vender revistas seria um negócio bem mais difícil.
Thaler e Sunstein defendem, por exemplo, que um contrato de trabalho típico inclua como "default" a entrada do empregado no fundo de pensão da empresa. Como o hoje a norma nos EUA é o não ingresso, muitos norte-americanos estão desprezando agora dinheiro de graça (a contrapartida da empresa) que certamente lhes fará falta no futuro.
Os autores sugerem mecanismos semelhantes para a definição do plano de saúde e para programas de investimento. Em relação ao casamento, são mais radicais. Defendem que o Estado saia desse negócio. Oficialmente, só existiriam uniões civis, que são contratos entre duas (e eventualmente mais) pessoas de qualquer sexo. Como no Brasil, elas nem precisam ser registradas. Valem a partir do momento em que existem. E aí, o casamento vira um negócio eminentemente privado. Qualquer um poderá celebrá-lo, de igrejas a associações de mergulhadores. Mais importante, cada qual poderá seguir suas próprias regras. Se a religião A diz que casamento é só entre homem e mulher, não está obrigada a unir homossexuais. Já os mergulhadores poderão fazê-lo, até debaixo d'água. Cada um faz o que quer e todos ficam felizes.
"Nudges" também resolvem um problema que me foi proposto algumas vezes por leitores libertários: a exigência do cinto de segurança não é uma intromissão ilegítima do Estado na vida do cidadão? Bem, nessa filosofia "nudgística" podemos imaginar um sistema no qual o cinto é normalmente exigido, sob pena de multa. Quem não concordar pode ir ao Detran e assinar uma série de formulários, pelos quais se compromete a pagar do próprio bolso despesas médicas decorrentes de uma batida e isenta de responsabilidade civil e penal (vamos fingir que a legislação brasileira o permite) quem com eles colida. Esse sujeito ficaria então livre de multas por conduzir sem sinto. Como o viés de inércia é forte, o mais provável é que um número reduzidíssimo de libertários obstinados assinasse a papelada. As virtudes públicas da obrigatoriedade do cinto seriam conservadas, e a liberdade (inclusive a de errar) preservada.
A beleza dos "nudges" na forma como Thaler e Sunstein os propõem é que eles nos permitem seguir operando com os conceitos liberais e democráticos do Iluminismo (que pressupõem agentes racionais) mesmo reconhecendo que o homem é no mais das vezes irracional, ou melhor, previsível e quantificavelmente irracional.

Hélio Schwartsman

Espiritismo galopante

Talvez por excesso de otimismo, tendo a encarar a proliferação de filmes, livros e minisséries de TV sobre espiritismo e Chico Xavier como frutos maduros do oportunismo comercial. A credulidade do homem comum, afinal, precisa ser reavivada de tempos em tempos pela indústria cultural com novas doses de vampiros e zumbis, premonições e psicografias.
Surge agora a dúvida: quando produtores culturais mais "sérios" e reconhecidos também sucumbem às forças do além, haverá aí um fenômeno mais profundo da época, digno da atenção de ateus, céticos e admiradores das ciências naturais? Uma pergunta para Clint Eastwood e Alejandro González Iñárritu.
Aproveitando um raro fim de semana em São Paulo, no meu programa estava uma dose dupla de cinema: "Além da Vida", de Eastwood, e "Biutiful", de Iñárritu. Resultou numa dose dupla de espiritismo. No primeiro caso, pelo menos, era óbvia --a começar pelo título-- a vinculação com a morte.
Eastwood dispensa apresentações e elogios. É daquelas coisas da vida que ficam melhores quanto mais envelhecem. Seu filme anterior, "Gran Torino", é cativante. Mas até os melhores vinhos podem estragar-se com o correr do tempo, e uma ou outra garrafa termina com gosto de rolha ("bouchonné").
O sabor de rolha, revela investigação química, pode originar-se tanto da própria quanto dos tonéis em que o vinho envelhece. Nem sempre é possível separar uma coisa da outra. No caso de "Além da Vida", Eastwood assumiu o risco de avinagrar o filme com dois supostos fenômenos paranormais de uma vez: experiências de quase morte e comunicações com os mortos.
O primeiro garante o entrecho mais interessante do filme: jornalista francesa tem sua vida virada de ponta-cabeça depois de quase empacotar num tsunami e ter visões intrigantes --luzes intensas, experiência extracorpórea etc. --nos instantes em que se equilibrava entre viver e morrer. Nada implausível. Nada que contrarie o bom senso e não seja em princípio investigável pela neurociência.
Já há até livro sobre o assunto: "The Spiritual Doorway in the Brain" (A Porta Espiritual no Cérebro), do neurologista Kevin Nelson, de quem a Folha publicou uma entrevista recente. Ele entrevistou 55 pessoas que passaram por essas vivências limítrofes e alega ter descoberto nelas uma fronteira mais permeável entre sonho e vigília.
Eis como Nelson começa a explicar, neurologicamente, a experiência de quase morte: "Se o fluxo sanguíneo está diminuindo na região da cabeça, diminui também nos olhos, deixando a visão borrada nas bordas e criando a impressão de que há um túnel com luzes. Já quanto às experiências extracorpóreas, sabe-se que ao 'desligar' a região temporoparietal do cérebro, ligada à percepção espacial, podemos tirar a pessoa do seu corpo. Essa é a mesma área do cérebro que é 'desligada' durante o REM [fase do sono em que ocorrem os sonhos]."
O problema com "Além da Vida" está no personagem de George Lonegan, vivido por Matt Damon. Trata-se de um vidente recalcitrante, que tenta deixar de exercer o dom de passar a falar de imediato com o morto que o cliente tem em vista, ao tocar suas mãos. Eis aí um fenômeno inabordável pela pesquisa científica. Nem mesmo para documentação (quanto mais explicação), porque ocorre na esfera indevassável da experiência mental subjetiva.
Uma coisa é enxergar luzes, sombras, túneis, silhuetas ou faces --e atribuí-las a vivos e mortos, presentes ou futuros; as ocorrências visuais podem ao menos ser investigadas por seus correlatos físico-químicos no tecido cerebral. Outra, muito diversa, é "falar" com determinada pessoa morta e receber dela informações precisas, opiniões, juízos de valor, admoestações. Não há como registrá-los objetivamente, é preciso confiar em testemunhos. Só candidatos a um prêmio IgNobel se arriscariam.
Apesar disso, a fita de Eastwood põe um arremedo de explicação científica na boca de Lonegan, uma baboseira sobre febre na infância seguida de cirurgia da qual alguma ligação cerebral resultou embaralhada na cabeça do vidente. Um dos pontos mais baixos nas carreiras de Matt Damon e Clint Eastwood.
Também parece supérflua a atribuição de similar aptidão comunicativa além-túmulo a Uxbal, personagem encarnado por Javier Bardem em "Biutiful", de González Iñárritu. Ajudou a compor uma das cenas mais belas do filme, a do velório de três meninos, mas não chega a justificar a normalização cinematográfica dessa crendice sem pé nem cabeça.
Para dar vazão a esse lixo ocultista, bastam a TV e o rentável nicho de mercado em que pululam pescoços pálidos e sublimação de atos sexuais em mordidas vampirescas. Há gosto para tudo. De Eastwood e Iñárritu se espera biscoito mais refinado, livre do espessante espírita.

Marcelo Leite

Chuvas de verão

Em 2010, o Brasil gastou no combate às enchentes R$ 70 milhões com prevenção e R$ 2 bilhões com emergências. Vivemos 37 desastres desse tipo desde 2000. Foram sete em 2009 e quatro em 2008. O maior risco é que essa conversa toda se transforme em chuva de verão. Que dá e passa.
Logo as águas de março fecham a estação e desaparece a revolta da sociedade. Lá se vão as promessas e providências novamente apresentadas.
O grande desafio das políticas públicas é a continuidade. Implantar tem custo e trabalho. Dar continuidade é muito mais difícil. É raro. Manter a escola com piscina funcionando, livros na biblioteca, bons professores motivados é que são elas.
Continuidade é realizar as tarefas anunciadas e assegurar a qualidade do que já foi feito. Manter. Para não rolar encosta abaixo.
Não adianta, agora, escolher o culpado-mor. Um Judas, uma Geni, para ter um alvo para satisfazer nossa indignação. Esse processo leva à desastrosa repetição no ano seguinte. Alguém apanha mais e o resto sai costeando o alambrado.
A primeira coisa é ter um conceito. Saber o significado do que se quer. E ter uma utopia compartilhada entre governo e sociedade. Depois, ter um projeto integrado. Não basta listar ações isoladamente procurando responder com quantidade. É preciso sinergia entre os projetos.
Parece simples. Todavia, mesmo depois de tudo o que ocorreu, não há um projeto juntando as ações da União, Estados e municípios com as respectivas responsabilidades, metas e datas de entrega. Relatório da ONU mostra que, mesmo após as calamidades, não há um sistema de prontidão relacionado para qualquer hospital ou escola nas zonas de risco.
Também é necessária a definição de quem comanda. Ter um gerente-geral para responder pelo todo. Cada esfera de poder segue com a sua parte. Se não há um comando, fica fácil jogar a culpa no outro.
Para concluir, é preciso um acompanhamento mensal que gerencie a evolução de todos os projetos do Plano Integrado. O ano todo.
A imprensa e a sociedade devem controlar metas parciais. Por que não perguntar antes sobre os trabalhos? Por que elidir o assunto no outono e só retornar no verão com a desgraça repetida? Acompanhar é prever.
Quem não pertence ao poder público deve mudar os processos de cobrança. As mais recentes eleições para prefeito, governador e presidente não discutiram o assunto. Engolimos, passivamente, aqueles debates repetitivos e tediosos.
A solução é mudar de atitude. Não deixarmos as chuvas de janeiro virarem "chuvas de verão".

José Luiz Portella

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011