sábado, 23 de fevereiro de 2013

Pelo fim do fator previdenciário


A Central Única dos Trabalhadores no Estado de Goiás (CUT-GO) e as demais centrais sindicais e movimentos sociais vão estar juntos no próximo dia 6 de março, na Marcha à Brasília por Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do Trabalho. Foi costurada uma agenda comum para ampliar a pressão sobre o governo federal e o Congresso Nacional pela retomada dos investimentos públicos, em defesa da produção, dos direitos, dos salários e empregos de qualidade. A luta pelo fim do fator previdenciário, que arrocha até 40% dos benefícios de aposentados e pensionistas, é uma das bandeiras que a CUT vem defendendo intransigentemente. Não é de hoje que os representantes dos trabalhadores tentam sentar-se à mesa de negociação com o governo federal, na expectativa de encontrar uma alternativa para esta situação. O fator previdenciário é aplicado para cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição e por idade e, de acordo com a Previdência Social, este mecanismo já gerou para o governo receita de R$ 31 bilhões, mas às custas de um grande prejuízo para os trabalhadores. Temos visto a sistemática adoção de políticas de isenção fiscal para fomentar o mercado interno. Mas nós, da CUT-GO, defendemos que o governo precisa fomentar políticas que cheguem também aos trabalhadores, criando um ambiente favorável ao crescimento e que respeite os direitos dos empregados. Garantir aposentadorias e pensões mais justas é um caminho mais do que viável para alcançarmos essa meta. Agora o governo federal prepara um projeto de lei que substitui o fator previdenciário por uma regra que mescla idade mínima e tempo de contribuição ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) para obter a aposentadoria. Apelidada de "95/105", a fórmula, que entraria em vigor no médio prazo, exige que a soma entre o tempo de contribuição e a idade seja de 95 anos para mulheres e 105 anos para homens. Um senhor me parou hoje na rua e me perguntou se eu era da CUT. Diante da resposta afirmativa, desabafou: disse que não podíamos permitir que essa “malfadada” 95/105 passasse. E declarou: “não estou preocupado comigo, que já estou aposentando, mas com quem ainda vai chegar a essa condição”. Como se vê, a proposta não foi discutida com as centrais sindicais e muito menos com a sociedade. Por outro lado, desde 2009 a emenda “85/95” vem sendo costurada entre parlamentares representantes da classe trabalhadora, dos empresários e das centrais sindicais. Nesta fórmula, se a soma do tempo de contribuição e a idade resultar em 95, para os homens, e 85, para as mulheres, a aposentadoria será integral. Um ponto interessante da emenda “85/95” é que ela estabelece um redutor de 2% para cada ano que faltar até atingir a fórmula e um acréscimo também de 2% para cada ano que o trabalhador permanecer na ativa após cumprir os 30 anos de contribuição pelas mulheres e 35 para os homens ou 60 e 65 anos. Esse projeto vai incentivar o trabalhador a contribuir mais, pois se continuar pagando a Previdência, vai melhorar sua aposentadoria e, por conseguinte o caixa do INSS. A CUT está atenta e mobilizando sua base em Goiás e em todo o País para fazer o enfrentamento com o governo federal e garantir uma aposentadoria decente aos trabalhadores.  

Escrito por: Bia de Lima, presidenta da CUT-GO e tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás  


Em defesa dos direitos, salários e empregos: Todos a Brasília!


As centrais sindicais e movimentos sociais vão estar juntos no próximo dia 6 de março (quarta-feira), em Brasília, na Marcha a Brasília por Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do Trabalho. Clique aqui para ver a convocação da CUT para a Marcha. “Ampliaremos a pressão sobre o governo federal e o Congresso Nacional pela retomada dos investimentos públicos, em defesa da produção, dos direitos, dos salários e empregos de qualidade, garantindo contrapartidas sociais e combatendo a especulação e os abusos do sistema financeiro”, declarou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, conclamando as Confederações, Federações e Sindicatos a jogarem pesado junto às bases para ocupar a Esplanada dos Ministérios. “É hora de fazer frente à desnacionalização e à desindustrialização para potencializar o crescimento do país”, sublinhou o líder cutista, destacando a importância de ampliar a convocação e a mobilização do conjunto das entidades populares, “pois as bandeiras da Marcha dialogam com o conjunto da sociedade”.
AGENDA COMUM - Na pauta comum, ressaltou Vagner, estão a redução da jornada para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, 10% do PIB para a educação, negociação coletiva no setor público, reforma agrária, 10% do orçamento da União para a saúde, combate à demissão imotivada, valorização das aposentadorias e igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, com salário igual para trabalho igual. Nesta sexta-feira (8), em São Paulo, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, participou de uma reunião das centrais em preparação ao dia 6. De acordo com Daniel, “a UNE e o conjunto da juventude brasileira apoiam e participam da agenda de luta dos trabalhadores e centrais sindicais”. “É preciso unir o movimento sindical brasileiro para conquistar a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e 10% do PIB para a educação com recursos dos royalties do pré-sal”, destacou.
REFORMA AGRÁRIA - Para o secretário geral da CUT, Sérgio Nobre, que representou a Central na reunião, “a manifestação será uma forte demonstração da unidade do povo brasileiro na luta por um país mais próspero, soberano e justo”. Bandeiras como a redução da jornada, o  fim do fator previdenciário, que arrocha em até 40% os benefícios dos aposentados e pensionistas, e a reforma agrária, que  “representa justiça no campo e alimento mais barato na cidade”, defendeu Sérgio, tem um alto poder de convocação e mobilização. “No Brasil, apenas 10% dos fazendeiros possuem áreas acima de 200 hectares, controlando 85% de todo o valor da produção agropecuária, destinada à exportação, sem agregar valor, e encarecendo o preço dos alimentos que chegam à mesa do trabalhador. Defendemos o fortalecimento da agricultura familiar – responsável pela produção de mais de 70% dos alimentos em nosso país – e a ampliação e aceleração dos processos de desapropriação para fins de reforma agrária, atendendo emergencialmente as áreas reivindicadas para assentamento das famílias acampadas, com uma meta, a curto prazo, de 200 mil famílias”, defendem as centrais sindicais. Ao mesmo tempo, reitera a convocatória da Marcha, “reivindicamos maior investimento público na assistência técnica e extensão rural , bem como a implementação de ações de combate ao desemprego e à informalidade no campo, assegurando aos assalariados rurais o efetivo acesso aos seus direitos sociais”.
CONTRA AS PRIVATIZAÇÕES – O jornal elaborado pelas centrais sindicais alerta que “os trabalhadores portuários e os petroleiros estão mobilizados em defesa do patrimônio nacional, diante das ameaças de privatização e das concessões em curso”. “Tais medidas governamentais permitem que as transnacionais – vitaminadas com financiamentos públicos via BNDES – avancem sobre setores estratégicos da nossa economia, comprometendo o desenvolvimento soberano do país. Para completar, esses atropelos também comprometem a geração de emprego, salários e a garantia de direitos trabalhistas. Por isso, os trabalhadores se insurgiram e iniciaram um processo de mobilização para deflagrar greves nacionais a fim de garantir suas conquistas e impedir a entrega do patrimônio público à iniciativa privada”, asseveram as centrais.
MULHERES NA LUTA - Na véspera do dia 8 de março, trabalhadoras e trabalhadores também vão reforçar a luta pela igualdade: “A eleição de Dilma Rousseff para a presidência da República não reduziu a exploração a que as mulheres são submetidas na sociedade. O centro da luta ainda é a igualdade de gênero, salário igual para trabalho igual e o fim da violência doméstica contra o sexo feminino. Erradicar toda e qualquer forma de discriminação é avançar rumo a uma sociedade justa, livre da pobreza e com igualdade de oportunidades entre homens e mulheres”. Em 6 de março, centrais sindicais e movimentos sociais vão marchar juntos por Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do Trabalho.

Escrito por: Leonardo Severo  





quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sintepe cobra que governo apresente proposta para o aumento no Piso Salarial


Reunião terminou com a promessa de que uma proposta para o reajuste será apresentada até o próximo dia 13.

Representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) estiveram reunidos, nesta segunda-feira (18), com os secretários estaduais de Administração, Décio Padilha, e de Educação, Ricardo Dantas. O encontro foi resultado de uma primeira reunião realizada no último dia 14 de fevereiro, onde foram apresentadas algumas reivindicações da categoria.
Nesta segunda-feira (18), o encontro foi norteado principalmente pela discussão sobre o reajuste do Piso Salarial dos Professores em Pernambuco. Em janeiro deste ano, o Ministério da Educação divulgou uma portaria onde apresenta o reajuste de 7,97% para o piso em 2013, passando de R$ 1.475,46 R$ 1.566,48.  O objetivo do Sintepe é conseguir um reajuste maior em relação ao que foi apresentado pelo Executivo Federal.
Durante o encontro, os secretários apresentaram dados sobre a arrecadação do Estado em 2012. Segundo eles, houve uma redução na expectativa da arrecadação estadual no ano passado, o que deve refletir na economia local em 2013. Mesmo com o indicativo, o Governo Estadual ficou de apresentar uma proposta até o dia 13 de março. O Sintepe segue na luta para que os professores sejam valorizados como merecem. 

 Escrito por Everson Teixeira

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A igreja, o papa e a democracia


Suzana Singer, a competentíssima jornalista e ombudsman desta Folha, cobrou, na quinta-feira, em sua crítica interna: "Falta tentar mensurar o tamanho do poder do papa. Qual a sua real influência fora do mundo clerical?".
Coincidência, Suzana, mas eu vinha pensando nisso desde a segunda-feira em que a Folha me cortou as férias para cobrir a renúncia de Bento 16. Só sinto que minha soberba ainda não tenha chegado ao ponto de achar que posso responder.
Uma única resposta me parece óbvia: só uma instituição muitíssimo poderosa poderia resistir impávida a dois milênios de história, crises, confusões, guerras, paz e tudo o mais, segurando, hoje, 1,2 bilhão de fiéis. A mensagem, a Palavra, é, pois, tremendamente poderosa, ainda mais se se considerar que Cristo é também o eixo de sustentação de milhões mais que preferem outras denominações, e não a católica.
Mesmo as novas igrejas evangélicas, que estão roubando público do velho catolicismo, o fazem vendendo a sua interpretação da palavra de Deus e o verbo vender vai mesmo sem aspas, que você me entende. Outra coisa, no entanto, é dimensionar "o tamanho do poder do papa". Eu não sei. Talvez nem seja mensurável.
Minha sensação, no entanto, é a de que os papas vêm perdendo apelo contínua e crescentemente. OK, sensações são traiçoeiras, mas já escrevi bastante tempo atrás, em outro espaço desta Folha, que viagens de João Paulo 2º ao Brasil, por exemplo, podem ser um enorme sucesso de público, atos de "pop star", mas seus efeitos desaparecem assim que o papa sobe as escadas do avião para ir-se embora.
Se ele convertesse os não crentes, o número de fiéis subiria no Brasil, em vez de cair, antes e depois das várias visitas do anterior e do atual papa. Por quê? É tema para sociólogos e antropólogos, não para meros repórteres.
A minha sensação e, repito, sensações são traiçoeiras é a de que algo tem a ver com democracia, com a arquicitada frase "Roma locuta est, causa finita est", ou seja, com o espírito predominante na hierarquia católica segundo o qual, se Roma falou, não cabe mais discutir questões doutrinárias.
O avanço da ideia das liberdades públicas tornou obsoleto esse "diktat" imperial, erroneamente atribuído a santo Agostinho. O próprio Bento 16 produziu uma frase, na audiência com os párocos de Roma, na quinta-feira, que renega essa verticalidade tão absoluta: "Nós, cristãos, somos todos o corpo vivo de Cristo".
Corpos vivos querem participar, querem ter voz em tudo o que diz respeito às suas vidas e às de suas comunidades. De alguma forma, o Concílio Vaticano 2º, que está completando 50 anos, abriu a igreja para esse caminho, mas ele foi fechado nas décadas seguintes, especialmente com João Paulo 2º e Bento 16.
Resta saber se o Colégio de Cardeais preferirá a inércia de acreditar que o que durou dois milênios durará para sempre do jeito que está ou reabrirá o caminho para que os fiéis deixem de ser súditos e se sintam de fato parte do "corpo vivo de Cristo".   

Clóvis Rossi   

Clóvisossi

Reuniões com o governo


Excepcionalmente, a coluna semanal será publicada nesta segunda-feira (18), no Jornal do Commercio e no Diario de Pernambuco.  
A primeira reunião com o novo secretário de educação do Estado de Pernambuco, empossado no final de 2012, foi realizada na última quinta-feira (14). A comissão de negociação do SINTEPE, que conta com a participação de diretores do sindicato e de representação da base de nossa categoria, levou para a mesa de discussão os assuntos pendentes e ainda novas reivindicações. No início do encontro, o presidente do SINTEPE apresentou os motivos que levaram o sindicato a solicitar a reunião. O nosso presidente expôs também os eixos gerais que nortearam as discussões ao longo dos trabalhos. A manutenção de um canal específico de negociação permanente com o governo e a possibilidade de cobrança sistemática para maior agilidade na resolução de problemas, que atrapalham e prejudicam o cotidiano profissional dos trabalhadores em educação, é fato que precisa ser considerado. O secretário de educação afirmou ser aquele o primeiro encontro com ele à frente da secretaria. No decorrer da reunião, o secretário fez muitas anotações, apresentou algumas ponderações, levantou questionamentos e disse que as questões de repercussão financeira devem ser tratadas no âmbito da secretaria de administração. Ao final da reunião, manteve aberto o canal de negociação assumindo o compromisso de responder a todas as cobranças feitas pelo SINTEPE. Na perspectiva de evoluir num diálogo produtivo com o governo do Estado, a comissão de negociação do sindicato já tem reunião agendada com o novo secretário de administração. A reunião está marcada para acontecer nesta segunda-feira, 18 de fevereiro. A direção do SINTEPE provocou estas reuniões específicas para discutir questões pedagógicas e questões administrativas, evidentemente e respectivamente, com as secretarias de educação e de administração. A partir daí, os assuntos serão levados ao conhecimento da categoria em duas importantes instâncias do nosso sindicato: o Conselho Estadual de Representantes e a Assembleia Geral. A primeira Assembleia do ano, vai nos permitir, de forma coletiva, fazermos as nossas avaliações e definirmos os nossos encaminhamentos.
É de fundamental importância que todos fiquem atentos e mobilizados. 
Sintepe 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Intuição de Fernando Lyra foi decisiva na redemocratização

Possuía como poucos o dom da intuição infalível e nunca se permitiu que o poder político o afastasse de suas raízes nem o contaminasse com o vírus da vaidade tão comum aos que são comuns. Fernando Lyra não era apenas um homem dedicado à vida pública. Ele possuía um perceptível sentimento de preocupação com a nação e com a elevação da ação política.
Em 1974, em plena efervescência da luta entre uma direita que subestimava os conceitos da democracia e uma esquerda ainda empolgada com um socialismo popular que suprimia a autodeterminação individual das pessoas, Fernando Lyra foi um iluminado. Ele e só ele percebeu que a eleição para o Senado daquele ano tomaria inevitavelmente a forma de um plebiscito nacional em que a sociedade brasileira iria manifestar sua impaciência perante o regime ditatorial que controlava o país havia dez anos.
Messianicamente começou a percorrer o país para convencer as lideranças do seu MDB de que chegara a hora de se iniciar a abertura política pela via da legitimidade do voto direto. E eleição para o Senado, a única de importância nacional atingida apenas em parte pelos atos institucionais que subtraíram uma cadeira de cada estado para nomear os senadores biônicos, configurava oportunidade de a oposição agregar definitivamente o apoio popular e constranger os estrategistas dos rodízios militares.
Ampliar a força do MDB no Congresso Nacional através do Senado era, na abençoada intuição de Fernando Lyra, um passo imprescindível rumo ao enfraquecimento do sistema que não dava sinais de abrir mão do poder em favor da redemocratização. E não foi fácil para ele. A começar pelo seu próprio estado, Pernambuco, onde a figura de Marcos Freire, segundo Fernando Lyra, se ajustava perfeitamente à tese da renovação pela via de novos rostos com bagagem política inclusive oriunda da vida universitária e de conceito inatacável.
Marcos Freire, que foi líder estudantil e membro da UNE, havia disputado a prefeitura de Olinda e considerado um dos melhores deputados federais do país. A tese de Fernando Lyra assustava porque a reeleição de Freire à Câmara Federal era fato resolvido. Trocar o certo pelo duvidoso era temor comum explícito em todas as abordagens que Fernando Lyra passava a fazer intensamente no Recife e no resto do país. Apesar do impacto da proposta, Marcos Freire acatou a candidatura como sendo uma missão de sacrifício porque na verdade, à exceção da intuição que inundava o espírito de Fernando Lyra, poucos acreditavam no êxito da aventura.
Admitia-se até mesmo que, em sendo vitoriosa, a tese de Lyra seria empalada pelos atos institucionais em vigor. Ou seja, os jovens senadores do MDB seriam cassados ou impedidos pelas normas militares de segurança nacional que eram sempre invocadas naquela fase de total ausência do estado de direito. Mas, apesar de tudo isso, qual a surpresa de todos os comuns ao perceberem que Fernando Lyra estava certo. A opinião pública brasileira abraçou com entusiasmo as candidaturas ao Senado pelo MDB e as eleições de 1974 seriam um passo histórico rumo à redemocratização, na medida em firmariam um novo conceito de oposição num Brasil então sufocado por atos institucionais.
O MDB elegeria nada menos do que 16 senadores no país. As repercussões na mídia internacional, os milhares de artigos editados na Imprensa brasileira, as reações positivas de observadores diplomáticos, as dezenas de livros sobre o tema, reforçavam a tese de Fernando Lyra. Ele estava certo.
Fui repórter político naquela fase difícil para todos os brasileiros e tive o privilégio de me tornar próximo a Fernando Lyra. Nunca deixamos de nos falar, muito pelo telefone, e dele recebi uma atenção que me comoveu, numa experiência que vivi em São Paulo. Sua intuição se manifestou igualmente certa, e ao sair ileso do hospital liguei imediatamente para ele, que estava convalescendo de uma cirurgia e mesmo assim se fazia presente na vida dos amigos.
Fernando Lyra cumpriu sua missão ao idealizar sobretudo um modelo de política pública inspirado nos mais elevados interesses do país, na nobreza do debate parlamentar que possa servir de exemplo dignificante a todos os brasileiros e no exercício de poder cujos ciclos democráticos deixem saudades e motivem o permanente aperfeiçoamento das nossas instituições. Quem sabe um dia nos encontramos e possa dedicar-lhe o meu voto mais uma vez. Abraços meu amigo. Que Deus te receba no derradeiro parlamento do Universo. 

Angelo Castelo Branco

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Após cinco anos, Governo implanta horas-aula atividade


Desde a aprovação da Lei 11.738, de 16/7/2008, o SINTEPE vem cobrando ao Governo do Estado de Pernambuco o cumprimento do art. 2º, parágrafo 4º, que estabelece o limite máximo de 2/3 (dois terço) da carga horária para o desempenho de atividades de interação com os educandos.
Em fevereiro de 2012, o Governo do Estado publicou a portaria n. 8.290, em que estabelecia o limite de 24 h/a em regência, exclusivamente para o professor com jornada de 200 h/a, desde que atuando em uma única escola.
O tempo excedente deveria obrigatoriamente ser utilizado para atendimento ao estudante, o que, juntamente com o fato de não atingir a todos os profissionais já descaracteriza o cumprimento das horas-aula atividade prevista na Lei 11.738.
Nesse sentido, a portaria n. 577, de 21 de janeiro de 2013, que estabelece as horas-aula atividade de 35% (trinta e cinco por cento) para o professor com 200 h/a e 33% (trinta e três por cento) para os professores com 150 h/a cumpre o estabelecido na lei do piso salarial do magistério, e a sua aplicação deve ocorrer à luz do que está disciplinado no Estatuto do Magistério – Lei n. 11.329/1996.
Art. 16...
§ 4º - A hora-aula atividade compreende as ações de preparação, acompanhamento e avaliação de prática pedagógica e inclui:
a) elaboração de planos de atividades curriculares, provas e correção de trabalhos escolares;
b) participação em eventos, reflexão da prática pedagógica, estudos, debates, avaliações, pesquisas e trocas de experiências;
c) aprofundamento da formação docente;
d) participação em reuniões de pais e mestres e da comunidade escolar;
e) atendimento pedagógico a alunos e pais.
Comentários: Este parágrafo trata das atribuições do professor nas aulas atividade.
Art. 17 - O professor regente planejará anualmente a utilização de suas horas aula atividade, devendo desenvolvê-las na escola.
Comentários: “A essência desse artigo – planejamento das aulas atividade – tem o objetivo de resgatar o valor pedagógico dessas aulas como espaço e como direito de formação continuada do professor. O planejamento anual, observando a disponibilidade, evita as famosas “janelas” e contribui para agregar professores de uma mesma área de conhecimento para troca de experiências e ações conjuntas, na tentativa de preservar o caráter coletivo do fazer pedagógico. Mediante este planejamento, o artigo prevê, que o desenvolvimento dessas aulas devem se dar na escola, decorrência natural da concepção de aulas atividade como tempo efetivo de trabalho a ser prestado no próprio local de trabalho. Esta discussão, além de sempre ter sido consensual entre nós, é também a posição do movimento no âmbito nacional. Evidentemente que são necessárias condições adequadas para que o professor possa cumprir o que prevê este artigo e a isso se prende o artigo 44 desta lei.”
Art. 44 - Será admitido o desempenho de até 50% (cinqüenta por cento), das horas atividades fora da escola, dos professores localizados em unidades de ensino em que não existam biblioteca, sala de professor e material didático-pedagógico.
Comentários: “Através desse artigo o poder público, admite as precárias condições de trabalho a que estão submetidos os professores da rede pública estadual. A regulamentação das aulas atividade estabelece a manutenção da situação já existente na rede, em relação ao cumprimento dessa parte da carga horária, ou seja, 50% (cinqüenta por cento) das aulas atividade na escola e 50% (cinqüenta por cento) fora da escola, em caráter transitório”.
A luta da categoria, juntos com os demais segmentos da comunidade escolar, exigindo do poder público a implementação de políticas que atendam os direitos da classe trabalhadora poderá reverter às condições precárias da educação em Pernambuco.

Recife, 5 de fevereiro de 2013.
Direção do SINTEPE

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Bento 16 anuncia renúncia; novo papa será eleito em março


O papa Bento 16 anunciou, nesta segunda-feira, que vai renunciar do cargo no próximo dia 28.
Esta é a primeira vez em quase seis séculos que um papa renuncia ao cargo. O último fazer isso foi Gregório 12, em 1415.
O papa disse em um comunicado que está "plenamente consciente da dimensão do seu gesto" e que renuncia do cargo por livre e espontânea vontade.
O porta-voz do Vaticano, Frederico Lombardi, disse que o papa não havia renunciado por "dificuldades no papado" e que a decisão havia sido uma surpresa, indicando que mesmo os auxiliares mais próximos não sabiam que ele estava para deixar o cargo. O papa não teme uma cisão na igreja após sua renúncia, disse o porta-voz.
Ele também explicou que, de acordo com o canon pontificio (normas que regem o exercício do Papa), as condições para deixar o cargo são que o anúncio seja feito de forma livre e que a demonstração seja inequívoca. Ninguém precisa aceitar formalmente a decisão.
Lombardi informou ainda que no mês de março, provavelmente, será anunciado um novo papa. "Para a Páscoa devemos ter um novo papa, essa é a previsão que podemos fazer", disse o porta-voz, explicando sobre a fase de "Sé vacante", que será iniciada às 20h do dia 28 de fevereiro, período que a Igreja terá para anunciar o sucessor de Bento 16. Lombardi afirmou que o papa não irá participar do conclave.
De acordo com o documento, um dos motivos da renúncia seria sua idade avançada. Bento 16 tem 85 anos e sofre de artrite, especialmente nos joelhos, quadris e tornozelo.
Joseph Ratzinger nasceu na Alemanha no dia 16 de abril de 1927 e é o pontífice número 265 da Igreja Católica e o sétimo Chefe de Estado do Vaticano.
O papa viria ao Brasil em julho para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.
Um conclave será convocado para escolher o próximo pontífice. Até que um novo Papa seja escolhido, o posto ficará vago. Lombardi disse que o Vaticano espera escolher o substituto de Bento 16 até o final de março.
Durante o conclave, Bento 16 irá se mudar para a residência de Castel Gandolfo, ao sul de Roma. Após a escolha do novo Papa, ele deve ir para um convento.
Bento 16 foi eleito para suceder João Paulo II, um dos pontífices mais populares da história. Ele foi escolhido em 19 de abril de 2005, quando tinha 78 anos, 20 anos mais idoso que João Paulo II quando foi eleito.
COMUNICADO
Leia abaixo a íntegra do comunicado do Papa Bento 16:
"Queridíssimos irmãos,
Convoquei-os a este Consistório, não só para as três causas de canonização, mas também para comunicar-vos uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.
Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando.
No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.
Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, desde 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Queridíssimos irmãos, lhes dou as graças de coração por todo o amor e o trabalho com que levastes junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos.
Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice. Quanto ao que diz respeito a mim, também no futuro, gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.

Vaticano, 10 de fevereiro 2013."

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS 

Em defesa dos direitos, salários e empregos: Todos a Brasília!


As centrais sindicais e movimentos sociais vão estar juntos no próximo dia 6 de março (quarta-feira), em Brasília, na Marcha a Brasília por Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do Trabalho. Clique aqui para ver a convocação da CUT para a Marcha.
“Ampliaremos a pressão sobre o governo federal e o Congresso Nacional pela retomada dos investimentos públicos, em defesa da produção, dos direitos, dos salários e empregos de qualidade, garantindo contrapartidas sociais e combatendo a especulação e os abusos do sistema financeiro”, declarou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, conclamando as Confederações, Federações e Sindicatos a jogarem pesado junto às bases para ocupar a Esplanada dos Ministérios.
“É hora de fazer frente à desnacionalização e à desindustrialização para potencializar o crescimento do país”, sublinhou o líder cutista, destacando a importância de ampliar a convocação e a mobilização do conjunto das entidades populares, “pois as bandeiras da Marcha dialogam com o conjunto da sociedade”.
AGENDA COMUM -Na pauta comum, ressaltou Vagner, estão a redução da jornada para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, 10% do PIB para a educação, negociação coletiva no setor público, reforma agrária, 10% do orçamento da União para a saúde, combate à demissão imotivada, valorização das aposentadorias e igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, com salário igual para trabalho igual.
Nesta sexta-feira (8), em São Paulo, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, participou de uma reunião das centrais em preparação ao dia 6. De acordo com Daniel, “a UNE e o conjunto da juventude brasileira apoiam e participam da agenda de luta dos trabalhadores e centrais sindicais”. “É preciso unir o movimento sindical brasileiro para conquistar a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e 10% do PIB para a educação com recursos dos royalties do pré-sal”, destacou.
REFORMA AGRÁRIA -Para o secretário geral da CUT, Sérgio Nobre, que representou a Central na reunião, “a manifestação será uma forte demonstração da unidade do povo brasileiro na luta por um país mais próspero, soberano e justo”. Bandeiras como a redução da jornada, o  fim do fator previdenciário, que arrocha em até 40% os benefícios dos aposentados e pensionistas, e a reforma agrária, que  “representa justiça no campo e alimento mais barato na cidade”, defendeu Sérgio, tem um alto poder de convocação e mobilização.
“No Brasil, apenas 10% dos fazendeiros possuem áreas acima de 200 hectares, controlando 85% de todo o valor da produção agropecuária, destinada à exportação, sem agregar valor, e encarecendo o preço dos alimentos que chegam à mesa do trabalhador. Defendemos o fortalecimento da agricultura familiar – responsável pela produção de mais de 70% dos alimentos em nosso país – e a ampliação e aceleração dos processos de desapropriação para fins de reforma agrária, atendendo emergencialmente as áreas reivindicadas para assentamento das famílias acampadas, com uma meta, a curto prazo, de 200 mil famílias”, defendem as centrais sindicais. Ao mesmo tempo, reitera a convocatória da Marcha, “reivindicamos maior investimento público na assistência técnica e extensão rural , bem como a implementação de ações de combate ao desemprego e à informalidade no campo, assegurando aos assalariados rurais o efetivo acesso aos seus direitos sociais”.
CONTRA AS PRIVATIZAÇÕES –O jornal elaborado pelas centrais sindicais alerta que “os trabalhadores portuários e os petroleiros estão mobilizados em defesa do patrimônio nacional, diante das ameaças de privatização e das concessões em curso”. “Tais medidas governamentais permitem que as transnacionais – vitaminadas com financiamentos públicos via BNDES – avancem sobre setores estratégicos da nossa economia, comprometendo o desenvolvimento soberano do país. Para completar, esses atropelos também comprometem a geração de emprego, salários e a garantia de direitos trabalhistas. Por isso, os trabalhadores se insurgiram e iniciaram um processo de mobilização para deflagrar greves nacionais a fim de garantir suas conquistas e impedir a entrega do patrimônio público à iniciativa privada”, asseveram as centrais.
MULHERES NA LUTA -Na véspera do dia 8 de março, trabalhadoras e trabalhadores também vão reforçar a luta pela igualdade: “A eleição de Dilma Rousseff para a presidência da República não reduziu a exploração a que as mulheres são submetidas na sociedade. O centro da luta ainda é a igualdade de gênero, salário igual para trabalho igual e o fim da violência doméstica contra o sexo feminino. Erradicar toda e qualquer forma de discriminação é avançar rumo a uma sociedade justa, livre da pobreza e com igualdade de oportunidades entre homens e mulheres”. 

Escrito por: Leonardo Severo



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pesquisador afirma que estrutura das escolas adoece professores


"O ambiente escolar me dá fobia, taquicardia, ânsia de vômito. Até os enfeites das paredes me dão nervoso. E eu era a pessoa que mais gostava de enfeitar a escola. Cheguei a um ponto que não conseguia ajudar nem a minha filha ou ficar sozinha com ela. Eu não conseguia me sentir responsável por nenhuma criança. E eu sempre tive muita paciência, mas me esgotei."
O relato é da professora Luciana Damasceno Gonçalves, de 39 anos. Pedagoga, especialista em psicopedagogia há 15 anos, Luciana é um exemplo entre milhares de professores que, todos os dias e há anos, se afastam das salas de aula e desistem da profissão por terem adoecido em suas rotinas.
Para o pesquisador Danilo Ferreira de Camargo, o adoecimento desses profissionais mostra o quanto o cotidiano de professores e alunos nos colégios é "insuportável". "Eles revelam, mesmo que de forma oblíqua e trágica, o contraste entre as abstrações de nossas utopias pedagógicas e a prática muitas vezes intolerável do cotidiano escolar", afirma.
O tema foi estudado pelo historiador por quatro anos, durante mestrado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Na dissertação O abolicionismo escolar: reflexões a partir do adoecimento e da deserção dos professores , Camargo analisou mais de 60 trabalhos acadêmicos que tratavam do adoecimento de professores.
Camargo percebeu que a "epidemia" de doenças ocupacionais dos docentes foi estudada sempre sob o ponto de vista médico. "Tentei mapear o problema do adoecimento e da deserção dos professores não pela via da vitimização, mas pela forma como esses problemas estão ligados à forma naturalizada e invariável da forma escolar na modernidade", diz.
Luciana começou a adoecer em 2007 e está há dois anos afastada. Espera não ser colocada de volta em um colégio. "Tenho um laudo dizendo que eu não conseguiria mais trabalhar em escola. Eu não sei o que vão fazer comigo. Mas, como essa não é uma doença visível, sou discriminada", conta. A professora critica a falta de apoio para os docentes nas escolas.
"Me sentia remando contra a maré. Eu gostava do que fazia, era boa profissional, mas não conseguia mudar o que estava errado. A escola ficou ultrapassada, não atrai os alunos. Eles só estão lá por obrigação e os pais delegam todas as responsabilidades de educar os filhos à escola. Tudo isso me angustiava muito", diz.
Viver sem escola: é possível?
Orientado pelo professor Julio Roberto Groppa Aquino, com base nas análises de Michel Foucault sobre as instituições disciplinares e os jogos de poder e resistência, Camargo questiona a existência das escolas como instituição inabalável. A discussão proposta por ele trata de um novo olhar sobre a educação, um conceito chamado abolicionismo escolar.
"Criticamos quase tudo na escola (alunos, professores, conteúdos, gestores, políticos) e, ao mesmo tempo, desejamos mais escolas, mais professores, mais alunos, mais conteúdos e disciplinas. Nenhuma reforma modificou a rotina do cotidiano escolar: todos os dias, uma legião de crianças é confinada por algumas (ou muitas) horas em salas de aula sob a supervisão de um professor para que possam ocupar o tempo e aprender alguma coisa, pouco importa a variação moral dos conteúdos e das estratégias didático-metodológicas de ensino", pondera.
Ele ressalta que essa "não é mais uma agenda política para trazer salvação definitiva" aos problemas escolares. É uma crítica às inúmeras tentativas de reformular a escola, mantendo-a da mesma forma. "A minha questão é outra: será possível não mais tentar resolver os problemas da escola, mas compreender a existência da escola como um grave problema político?", provoca.
Na opinião do pesquisador, "as mazelas da escola são rentáveis e parecem se proliferar na mesma medida em que proliferam diagnósticos e prognósticos para uma possível cura".
Problemas partilhados
Suzimeri Almeida da Silva, 44 anos, se tornou professora de Ciências e Biologia em 1990. Em 2011, no entanto, chegou ao seu limite. Hoje, conseguiu ser realocada em um laboratório de ciências. "Se eu for obrigada a voltar para uma sala de aula, não vou dar conta. Não tenho mais estrutura psiquiátrica para isso", conta a carioca.
Ela concorda que a estrutura escolar adoece os profissionais. Além das doenças físicas – ela desenvolveu rinite alérgica por causa do giz e inúmeros calos nas cordas vocais –, Suzimeri diz que o ambiente provoca doenças psicológicas. Ela, que cuida de uma depressão, também reclama da falta de apoio das famílias e dos gestores aos professores.
"O professor é culpado de tudo, não é valorizado. Muitas crianças chegam cheias de problemas emocionais, sociais. Você vê tudo errado, quer ajudar, mas não consegue. Eu pensava: eu não sou psicóloga, não sou assistente social. O que eu estou fazendo aqui?", lamenta. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Presidente da CNTE esclarece os motivos da greve nacional dos professores


Professores da rede pública realizarão uma greve nacional entre os dias 23 e 25 de abril. A paralisação, que foi anunciada antecipadamente pelo Brasil de Fato, ocorre durante a Semana Nacional de Educação. O encontro faz parte do calendário de mobilização da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que agrega 44 entidades de todo o país.
O objetivo é defender a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação pública e também discutir uma alteração na Medida Provisória (MP) 592, para que os royalties do pré-sal sejam destinados apenas ao setor.
O texto do Plano Nacional da Educação (PNE) diz que serão utilizados 50% dos recursos do pré-sal, incluídos os royalties, diretamente em educação. Hoje, os recursos que vão para a área não chegam a 20%.
No entanto, diante da precariedade no setor, o presidente da CNTE, Roberto Leão, esclarece que o problema da educação no Brasil será resolvido apenas com uma luta empenhada por toda a sociedade. Ele ressalta ainda que o diálogo com os pais e alunos para explicar os motivos da greve deve ser permanente.
"Fazemos reuniões, esclarecemos a real situação da educação pública brasileira, levamos os pais para verificar em que condições seus filhos estão tendo aula, enfim, debatemos que na verdade essas mobilizações têm o objetivo de melhorar a qualidade da educação pública."
Piso
O reajuste do piso salarial do magistério, anunciado pelo Ministério da Educação, no início do ano, foi de 7,97%. Cada professor da rede pública passará então a receber R$ 1.567.00 por uma jornada de 40 horas, o menor índice dos últimos três anos.
A CNTE, entretanto, entende que o artigo 5º da Lei que criou o Piso estabelece que, se o custo-aluno está sendo reajustado em 20,16% - de acordo com o crescimento da receita consolidada pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) - esse deveria ser o reajuste.
"Nós dependemos que a política do Fundeb tenha credibilidade e que realmente corrija as extorsões na política educacional brasileira. É necessário que existam mecanismos que garantam efetivamente o custo-aluno", ressalta Leão.
10% do PIB
Frente à pressão de diversos movimentos sociais e educacionais, o Plano Nacional de Educação (PNE) foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara no dia 16 de outubro do ano passado.
O PNE prevê a aplicação em até dez anos de 10% do PIB na área da educação. O texto foi encaminhado para votação no Senado. Se aprovado pelos senadores sem alterações, o texto vai para sanção presidencial. Atualmente, União, estados e municípios aplicam juntos cerca de 5% do PIB no setor por ano.
(Brasil de Fato)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Em discurso, Henrique Alves faz promessas incômodas ao Planalto


Candidato do PMDB à presidência da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) usou um discurso corporativista e com ideias populistas entre os parlamentares para buscar os votos dos colegas na eleição que acontece nesta segunda-feira (4).
O peemedebista afirmou que, se eleito, cada veto presidencial será discutido pelo Congresso.
"Assumiremos posições. Faço mea-culpa por todos nós termos nos omitido e deixado 3.000 vetos sem ser apreciados. Vamos corrigir o erro. A partir de agora o veto não pode ser, não vai mais ser, a última palavra da ação legislativa." A fala motivou aplausos entre os deputados.
Ele reclamou da edição de medidas provisórias. "Essa Casa é sufocada pelas medidas provisórias. Vamos tornar essa Casa um palco de debates."
O deputado ainda prometeu criar uma comissão especial para reformular o sistema de pagamento de emendas parlamentares, para os deputados não ficarem dependendo da liberação do Executivo.
Ele ainda saiu em defesa da imagem da Casa, dizendo que o Legislativo é o mais "criticado" por ser o mais transparente e por serem eleitos pelo povo, o que não ocorre com ministros do Supremo e com ministros de Estado.
"Se esta Casa é a mais injustiçada dos poderes, e é, se é a mais criticada dos poderes, e é, não é pelos seus defeitos é por ela se expor, ser transparente, ser verdadeira."
O peemedebista reforçou sua promessa de ampliar a atuação da TV Câmara, para mostrar o trabalho dos parlamentares ao fim de semana em seus redutos eleitorais.
"A TV Câmara tem que ser mais Câmara do que TV. Não quero mais ver aquela imagem do plenário vazio. Aquilo era sempre uma segunda ou sexta-feira. Uma imagem de que o deputado não trabalha. Vou dizer à TV Câmara: 'seja mais Câmara e menos TV", afirmou.
O deputado ainda criticou a imprensa. "Agora de repente, no período eleitoral, aparece isso, aparece aquilo. São labaredas que não chamuscam o alicerce de uma vida inteira que construí com trabalho, com coerência e com lealdade", disse.
Primo do peemedebista, o ministro Garibaldi Alves (Previdência) acompanha a eleição em plenário. "Eu não posso votar, mas vim pedir votos".

MÁRCIO FALCÃO
ANDREZA MATAIS
ERICH DECAT

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Revisão de estudos aponta mitos da obesidade


Um artigo publicado no "New England Journal of Medicine" que elenca mitos e fatos sobre obesidade e emagrecimento está causando controvérsia nos EUA.
David Allison, diretor do centro de pesquisas de nutrição e obesidade da Universidade do Alabama, e colegas apresentam uma lista com sete mitos, seis pressupostos não comprovados e nove fatos sobre a obesidade.
Editoria de Arte/Folhapress
Entre os mitos e conceitos não provados estão as ideias de que aulas de educação física têm efeito no emagrecimento de crianças obesas, de que amamentação evita o problema e que os obesos devem evitar dietas radicais.
Entre os fatos está o poder de remédios emagrecedores, cirurgias bariátricas e de programas que oferecem refeições prontas ou substitutos na perda de peso.
Os especialistas em obesidade aplaudiram esse esforço de desfazer confusões em torno da obesidade. Para eles, essa área vem se tornando um atoleiro.
O pesquisador de obesidade Jeffrey Friedman, da Universidade Rockefeller, disse: "A meu ver, há mais desinformação fazendo-se passar por verdade neste campo que em qualquer outro".
Mas pesquisadores independentes dizem que, apesar de apontarem informações válidas, os autores têm ligações financeiras com empresas de alimentos, bebidas e fabricantes de produtos para emagrecer.
A lista de declaração de conflito de interesses ocupa quase meia página do artigo.
"Isso levanta dúvidas sobre o propósito do artigo e se ele mira a promoção de medicamentos, produtos que substituem refeições e cirurgias bariátricas como a solução", afirmou Marion Nestle, professora da Universidade de Nova York.
"A grande questão na perda de peso é como você muda o ambiente ligado à comida para que as pessoas façam escolhas saudáveis."
MÉTODO
David Allison queria saber o que já está comprovado em relação à obesidade.
Uma ideia tida como verdadeira, por exemplo, é que as pessoas que tomam café da manhã são mais magras.
Editoria de Arte/Folhapress
Mas essa noção é baseada em estudos feitos com pessoas que já tomavam café da manhã. Dois estudos que separaram as pessoas em grupos e avaliaram o impacto de comer ou não de manhã não mostraram o efeito emagrecedor da primeira refeição.
Portanto, indaga Allison, por que os pesquisadores continuam fazendo estudos que se limitam a relacionar magreza e café da manhã?
"Todo esse tempo e esforço são desperdiçados."
Outro problema com as pesquisas sobre obesidade é que elas tendem a assumir como verdadeira a opção que parece ser mais razoável.
Um exemplo disso é a ideia de que as pessoas que seguem programas de emagrecimento se saem melhor quando definem metas conservadoras em vez de tentar perder um percentual grande do peso corporal.
Mas, quando ele examinou os estudos sobre emagrecimento, não achou nenhum vínculo consistente entre o grau de ambição da meta e quanto peso foi perdido, nem por quanto tempo a perda de peso tinha sido mantida.
Para Allison, cabe aos cientistas mudar seus hábitos. "Precisamos fazer estudos rigorosos", afirmou.
"Eu nunca disse que temos que aguardar até termos o conhecimento perfeito", ele concluiu. Mas, nas palavras de John Lennon, "me dê alguma verdade". 

DO "NEW YORK TIMES"
Tradução CLARA ALLAIN 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Balança comercial tem deficit de US$ 4 bi, pior resultado em 20 anos


A balança comercial brasileira apresentou deficit recorde em janeiro, de US$ 4,035 bilhões. Trata-se do pior resultado já registrado num único mês considerando a série histórica iniciada em 1993.
O saldo negativo da balança, que mostra a diferença entre as importações e as exportações brasileiras no período, é três vezes maior que o apurado no mesmo período do ano passado, quando o deficit foi de US$ 1,292 bilhões.
As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (1) pelo Ministério do Desenvolvimento.
O deficit histórico foi impulsionado pelo aumento significativo das importações que, no período, alcançaram US$ 20 bilhões, alta de 14,6% frente a janeiro de 2012. Por outro lado, as exportações apresentaram queda 1,1% para US$ 15,968.
Matéria da Folha do dia 22 de janeiro mostrou que a balança comercial caminhava para o pior resultado mensal da história. Nos 20 primeiros dias de janeiro, o deficit já atingia US$ 2,7 bilhões.
O FATOR PETROBRAS
Segundo o governo, o principal fator para a alta expressiva das importações no período deve-se ao atraso no registro de compras feitas pela Petrobras no ano passado e que só agora começaram a aparecer nos cálculos da balança.
A demora ocorreu por conta de uma mudança nas regras da Receita Federal, que estipulou um prazo maior para a declaração das operações de importação.
Isso fez com que, apenas em janeiro, houvesse um acréscimo de US$ 1,6 bilhão no volume total de importações do país. O montante refere-se a compras realizadas pela estatal no terceiro trimestre de 2012.
Segundo o ministério, há ainda US$ 2,9 bilhões de "estoque" de operações da Petrobras a serem contabilizadas. Elas aparecerão nos cálculos da balança em fevereiro e março.
Segundo a secretária de comércio exterior, Tatiana Prazeres, por conta disso, é possível que o saldo da balança volte a ficar no vermelho nos próximos meses.
Para ela, o deficit registrado em janeiro é "expressivo" em termos absolutos, mas é preciso comparar seu peso a outros resultados negativos já registrados.
"O comércio internacional do país cresceu muito nos últimos anos. Este deficit é equivalente a um quarto do que exportamos no período. O segundo maior deficit [de dezembro de 1996] representou metade das exportações do país naquele mês", afirmou.
IMPORTAÇÕES
As importações de combustíveis e lubrificantes tiveram alta de 55,7% frente ao janeiro de 2012 na média diária. Em seguida, vieram os bens de capital (14,6%) e os bens intermediários (7,9%). As importações da categoria de bens de consumo foram as únicas que apresentaram retração, de 2,1%.
Em janeiro, foram importados US$ 4 bilhões de reais em combustíveis e lubrificantes, frente a US$ 2,6 bilhões em dezembro e em janeiro do ano passado.
EXPORTAÇÕES
A queda exportações no período foi conseqüência principalmente da redução do volume de vendas de produtos básicos, que caíram 5,9% na média diária. Dentre eles, destacam-se petróleo bruto (- 69,5%), algodão em bruto (-46,7%), motores para veículos (-49,7%) e minério de ferro (-27%).
As vendas de semimanufaturados apresentaram aumento de 6,6% em relação a janeiro de 2012, impulsionados pelo comércio de ferro fundido (65%), açúcar (45%) e alumínio (33%).
BALANÇA EM 2012
No ano passado, o superávit da balança comercial, de US$ 19,4 bilhões, foi o mais baixo desde 2002.
Frente a 2011 a queda registrada foi de 34,8%, pela média diária --quando o superavit registrou recorde, ficando em US$ 29,7 bilhões.
O resultado da balança comercial vinha se mantendo positivo, sempre acima dos US$ 20 bilhões, desde 2002 quando o superávit foi de US$ 13,195 bilhões.
As exportações somaram US$ 242,6 bilhões, queda de 5,3% frente a 2011. Até setembro, o governo trabalhava com uma meta de US$ 264 bilhões. Antevendo que o resultado não seria cumprido, resolveu abandoná-la.
As importações, por sua vez, caíram 1,4% de 2011 para 2012.
Segundo o governo, a queda nas exportações foi consequência da crise mundial, da retração de mercados importantes e a multiplicação de barreiras comercias no mundo.

RENATA AGOSTINI

Com 56 votos, Renan Calheiros é eleito presidente do Senado


Denunciado pela Procuradoria-Geral da República por três crimes, Renan Calheiros (PMDB-AL) é o novo presidente do Senado. Foi eleito na manhã desta sexta-feira (1º) em votação secreta por seus pares, com 56 votos.
O outro candidato foi o senador Pedro Taques (PDT-MT), que recebeu 18 votos. Dois senadores votaram em branco e outros dois, nulo.
Taques havia recebido apoio público de bancadas de oposição como a do PSDB e a do DEM, e da governista do PSB. Mas as promessas de manutenção de cargos na Mesa Diretora falaram mais alto.
Os crimes que o Ministério Público Federal atribui a Renan levaram ele a renunciar à presidência do Senado, cargo que ocupava desde 2005, em 2007.
Senadores de oposição criticaram a manutenção da candidatura de Renan, mas já consideravam sua eleição uma inevitabilidade.
Como disse Álvaro Dias (PSDB-PR), não havia fatos novos para o "público interno" governo e Senado.
Em entrevista ontem à Folha, Renan disse estar confortável em assumir a presidência do Senado mesmo sob suspeita, por considerar que a ação da procuradoria era motivada politicamente.
A denúncia do procurador-geral, Roberto Gurgel, ocorreu na semana passada, e hoje cedo a revista "Época" divulgou o teor da acusação: falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato.
O senador é acusado de pagar despesas pessoais com dinheiro de Cláudio Gontijo, que trabalha para a empreiteira Mendes Júnior.
Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos, Renan apresentou documentos e afirmou que tinha ganhos com a venda de gado. O senador pagava uma pensão mensal à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.
A denúncia também aponta o peculato decorrente do desvio da verba indenizatória do Senado. Renan, diz a procuradoria, desviou recursos da Casa para uma locadora de carros que pertence a um laranja do senador.
SILÊNCIO
Em seu discurso antes da votação, Taques disse que a eleição de Renan acontece em meio ao "silêncio dos covardes". A declaração foi dada ao final de sua fala, quando houve um momento de breve silêncio.
"Eu peço o voto de cada senador. Peço silêncio aos senhores. Ouçam esse silêncio. Esse silêncio é o silêncio do covarde. É o silêncio de quem tem medo. Sintam esse silêncio. Esse é o silêncio de quem aceita, de quem não resiste. Expresso a vossa excelência, senador Renan Calheiros, meus respeitos pessoais", afirmou o senador.
Já Renan, em seu discurso como candidato, deu um recado aos chamados "independentes" ao dizer que a ética é uma "obrigação de todos nós".
"A ética não é objetivo em si mesmo. O objetivo em si mesmo é o Brasil, o interesse nacional. A ética é meio, não é fim. É obrigação de todos nós, responsabilidade de todos nós e dever desse Senado Federal", afirmou. Em sua fala, Renan evitou comentar a denúncia da procuradoria.

GABRIELA GUERREIRO
ANDREZA MATAIS
ERICH DECAT