quinta-feira, 29 de março de 2012

Corpo do escritor Millôr Fernandes é cremado no Rio


A cerimônia para cremar o corpo do escritor Millôr Fernandes teve início por volta das 15h no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio. Apenas amigos e familiares estão presentes.
O velório, que foia berto ao público, terminou poucos minutos antes. Millôr morreu na noite de terça, aos 88 anos, em sua casa no Rio. De acordo com a família, ele sofreu falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.
Hélio Fernandes, 90, irmão de Millôr, afirmou, na saída do velório, que o convívio entre os dois era extraoridnário.
"Posso falar como o amigo mais antigo de Millôr, ele foi um gênio completo. Da mesma forma como Chico Anysio, Millôr reacende a polêmica sobre duas palavras: gênio insubstituível. Os dois foram. O Millôr foi o gênio mais eclético que eu conheci porque não teve nenhum setor que ele não descobrisse e não fosse fantástico. Todos o respeitavam porque ele era muito sincero", afirmou Hélio.
O cineasta Silvio Tendler, que também esteve no velório, afirmou que aprendeu com o Millôr a ser contestador. "Ele foi uma das cabeças mais brilhantes que eu conheci, sempre com humor e inteligência. A relação dele com o cinema foi de muita paixão. Não só foi roteirista, como foi ator também. Era apaixonado por literatura, poesia, era completo. A grande lição que aprendi com ele é a de ser contestador, não se pode ser acomodade."
Hubert, integrante do programa "Casseta & Planeta" da TV Globo, disse que Millôr foi o sujeito que mais e melhor exerceu a liberdade de expressão.
"Ele falava sobre tudo, você ficava até meio humilhado. A gente usa só 10% da capacidade do nosso cérebro, ele usava muito mais. Vamos usar as frases dele daqui uns 100 anos."
Em fevereiro do ano passado, Millôr Fernandes sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico. Em novembro de 2011, ele recebeu alta após uma temporada de quase cinco meses internado na Casa de Saúde São José, em Botafogo, zona sul do Rio.
Millôr deixa dois filhos, Ivan e Paula, frutos de seu relacionamento com Wanda Rubino. Dois de seus irmãos são vivos: Ruth, que mora no Equador, e Hélio, proprietário do jornal "Tribuna da Imprensa".

BIOGRAFIA

Nascido no bairro do Méier, no Rio, Millôr nasceu Milton Fernandes em 23 de agosto de 1923, mas foi registrado em 27 de maio de 1924. Anos mais tarde, ao ler sua certidão de nascimento percebeu que o "T" se assemelhava a um "L" e o "N", inconcluso, parecia um "R", sugerindo a grafia Millôr em vez de Milton. Assumiu-se, então, Millôr.
Millôr perdeu os pais ainda criança o pai morreu de intoxicação quando ele era bebê e a mãe, vítima de câncer, quando ele tinha dez anos.
Em 1938, aos 14, Millôr entrou no Liceu de Artes e Ofícios e começou a trabalhar profissionalmente na revista "O Cruzeiro". Naquele momento, se tornaria um dos principais nomes do jornalismo e das artes no Brasil. Registros constatam, inclusive, que, no período em que ele ficou no "Cruzeiro", as vendas subiram de 11 mil para 750 mil exemplares.
Foi também um dos criadores do jornal "PifPaf". Apesar de ter durado apenas oito edições, considera-se que a publicação deu início à imprensa alternativa no Brasil. Ele foi ainda um dos colaboradores de "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar.
Com diversas aptidões para o desenho, a prosa, a poesia, o teatro, a literatura e a tradução, raramente se sentia frustrado. Foi premiado como desenhista (dividiu com seu ídolo Saul Steinberg [1914-1999] o primeiro lugar na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires, em 1955) e requisitado como tradutor (de Shakespeare, Molière, Sófocles, Bernard Shaw).
Também escreveu peças célebres como "Liberdade, Liberdade" (1965), em parceria com Flávio Rangel, e que se tornou uma das obras pioneiras do teatro de resistência ao regime militar. A montagem foi encenada pelo Grupo Opinião, com Paulo Autran e Tereza Rachel no elenco.
Millôr Fernandes publicou mais de 50 livros a partir de 1946, boa parte compilando textos humorísticos e desenhos feitos para a imprensa. Entre eles, "Fábulas Fabulosas" (1964) e "A Verdadeira História do Paraíso" (1972). Veja outras de suas publicações "[aqui]".http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1068385-veja-cronologia-e-algumas-obras-de-millor-fernandes.shtml.
Entre os múltiplos talentos de Millôr também estava o de roteirista. Foram mais de dez roteiros criados para o cinema, individualmente "Modelo 19" (1952, mais conhecido como "O Amanhã Será Melhor"; "Amor para Três" (1960), "Ladrão em Noite de Chuva" (1960); "Esse Rio que Eu Amo" (1962), "Crônica da Cidade Amada" (1965), "O Menino e o Vento" (1967) e "Últimos Diálogos" (1995) ou em parceria, como "O Judeu" (1995), com Geraldo Carneiro e Gilvan Pereira, e "Mátria" (1998), com Carneiro e Jom Tob Azulay. Em "Terra Estrangeira" (1995), dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, participou com diálogos adicionais.
Millôr foi uma das primeiras personalidades brasileiras a ter espaço na internet, inaugurando seu site, que segue no ar até hoje, no ano 2000 (www2.uol.com.br/millor). No Twitter, tem mais de 368 mil seguidores.

POLÍTICA E JORNALISMO

Seu humor crítico e inclemente lhe traria problemas também com governantes, desde o presidente Juscelino Kubitschek (que censurou seu programa "Treze Lições de um Ignorante", na TV Tupi Rio, após uma piada com a primeira-dama) até os militares que atacaram "O Pasquim" jornal que ele ajudou a criar durante a ditadura.
A política também causaria o fim de seu primeiro período como colaborador da revista "Veja" (1968-1982), quando se negou a cessar o apoio público a Leonel Brizola nas eleições para governador do RJ em 1982.
Em setembro de 2004, voltaria à "Veja", mas sairia cinco anos depois seu contrato não seria renovado após Millôr questionar (a princípio extrajudicialmente) a publicação de suas colunas antigas na edição digital da revista.
Na Folha, Millôr Fernandes assinou uma coluna semanal, no caderno dominical "Mais!", entre julho de 2000 e agosto de 2001.
Foi neste período que escreveu texto que lhe rendeu processo do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), após dizer que seu projeto de restringir termos estrangeiros na língua portuguesa era "uma idioletice".

DIANA BRITO

Cidadão brasileiro!



Blog do Josias

Ministro da Justiça diz que denúncias contra Demóstenes são graves

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou nesta quinta-feira (29) que são "graves em todas as dimensões" os fatos colhidos pela Polícia Federal nas investigações que resultaram na Operação Monte Carlo e defendeu a legalidade das provas, inclusive as conversas telefônicas em que aparecem o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
"A Polícia Federal cumpriu seu papel rigorosamente. Todas as provas coletadas foram feitas a partir do que a lei determina. Temos a consciência tranquila", disse o ministro, ao ser questionado sobre o argumento da defesa de Demóstens que as escutas são nulas, pois o monitoramento do senador não poderia ter ocorrido sem autorização do Supremo Tribunal Federal, local onde ele responde criminalmente.
O senador aparece em conversas telefônicas, interceptadas com autorização judicial, que ele teve durante meses como empresário do ramo de jogos Carlinhos Cachoeira. Era o seu telefone que foi grampeado pela Polícia Federal e não o do político.
"Os fatos que estão relatados ali em todas as dimensões são graves e se espera que efetivamente a Justiça, apreciando as provas e dando oportunidade de defesa, possa dar a prestação jurisdicional que seja a expressão daquilo que a nossa lei determina", concluiu Cardozo.

FELIPE SELIGMAN

Brasil é denunciado na OEA por caso Vladimir Herzog


O Brasil foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) por não apurar as circunstâncias da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nas dependências do Exército, em São Paulo, em 1975.
Segundo a denúncia, o "Estado brasileiro não cumpriu seu dever de investigar, processar" e punir os responsáveis pela morte de Herzog.
O caso foi levado ao organismo internacional, que já condenou o Brasil por omissões nos crimes da ditadura militar (1964-85), por entidades de direitos humanos, como Cejil (Centro pela Justiça e o Direito Internacional), FIDDH (Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos), Grupo Tortura Nunca Mais e Instituto Vladimir Herzog.
O caso Herzog voltou a ser discutido no início de fevereiro, após a Folha revelar em reportagem a identidade de Silvaldo Leung, fotógrafo que foi usado pela ditadura para registrar a morte do jornalista.
Segundo depoimento de Leung, a cena do suicídio foi forjada. O fotógrafo, então aluno da Academia da Polícia Civil de São Paulo, disse que não teve liberdade para fotografar o cadáver do jornalista, como normalmente fazem os peritos fotográficos, e alega que foi perseguido.
Após a revelação da Folha, autoridades do governo envolvidos com o tema, como é o caso do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), defenderam que o assunto fosse novamente investigado.
Apresentado como suicida pelo Exército, a versão começou a ser contestada logo no dia da morte de Vlado, como o então diretor de jornalismo da TV Cultura era chamado.
Segundo testemunhas, após comparecer espontaneamente no DOI-Codi de São Paulo para prestar depoimento, Herzog morreu após ser barbaramente torturado. Depois, os agentes da repressão armaram a cena para tentar simular o suicídio.
Um inquérito militar instaurado ainda em 1975 confirmou que o jornalista se matou. Mas em 1978 a Justiça condenou a União pelo assassinato de Vladimir Herzog.
Nos últimos 20 anos, contudo, duas ações foram propostas para apurar as circunstâncias do assassinato, mas em ambos os casos a Justiça arquivou as investigações com base na Lei da Anistia e no argumento de que o crime prescreveu.
O argumento das organizações de direitos humanos para o caso ser investigado, baseado na própria jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, diz que "são inadmissíveis as disposições de anistia, as disposição de prescrição e o estabelecimento de excludentes de responsabilidade, que pretendam impedir a investigação e punição" de quem cometeu graves violações aos direitos humanos, como torturas e assassinatos.
Após análise da comissão e da manifestação do Estado brasileiro, o caso provavelmente será levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, instância superior que poderá condenar o Brasil como o fez em dezembro de 2010 por causa dos mortos e desaparecidos na guerrilha do Araguaia.

LUCAS FERRAZ

Ministro diz que novas nomeações só serão feitas após Funpresp

O ministro Garibaldi Alves Filho (Previdência) afirmou que as nomeações de novos servidores públicos só devem acontecer após a criação do novo regime previdenciário dos três Poderes.
A Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal) foi aprovada ontem no Senado e agora aguarda sanção presidencial. Após a sanção o fundo tem um prazo de 180 dias para ser criado.
Segundo o ministro, o Executivo deixa de ter a "preocupação" de preencher vagas no serviço público com funcionários selecionados segundo regimes diferentes de previdência.
"Acredito que o ritmo de realização de concursos tende a se normalizar. Naturalmente que não é apenas a Funpresp que está condicionando a realização dos concursos, pois a administração tem sua própria dinâmica. Mas é claro que o fato de a Funpresp não ter sido aprovada antes colaborou [para o travamento dos concursos e nomeações]. Havia uma preocupação de que tivéssemos já um novo regime em função dos novos concursos", afirmou o ministro.
Garibaldi Alves afirmou também que a redução do déficit da previdência nos cofres públicos só será sentida no longo prazo.
Segundo ministro, a expectativa é de que nos primeiros 30 anos haja uma redução do déficit e, a partir daí, uma eliminação progressiva.
"É do nosso conhecimento que o deficit não será reduzido de imediato, até pelas obrigações novas que o governo vai assumir, além de manter as antigas, porque nenhum servidor do atual regime será alcançado", afirmou.

PRISCILLA OLIVEIRA

segunda-feira, 26 de março de 2012

A felicidade dos ridículos

Quando há dois anos se propôs no Congresso projeto prevendo que o direito à felicidade fosse incluído na Constituição, alguns políticos, especialmente o senador Cristovam Buarque, viraram motivo de deboche nacional, chamados de ridículos e alvos dos linchadores digitais. E assim a ideia foi desprezada em muitos lugares. Esse caso mostra a importância dos ridículos.
Apesar de debochada, a ideia consegue agora, no Brasil, ganhar status acadêmico o que significa que vai, mais cedo ou mais tarde, virar política pública. A Fundação Getúlio Vargas decidiu criar um índice batizado de Felicidade Interna Bruta, que vai além dos critérios convencionais, que pouco medem sobre como as políticas públicas estão relacionadas à satisfação dos cidadãos.
A ideia da felicidade, como eixo de políticas públicas, foi lançada num movimento (também debochado por muitos intelectuais e formadores de opinião) chamado Mais Feliz. Não bastam só os números frios do crescimento econômico.
Estamos discutindo uma sofisticação de medida de riqueza, além do concreto, abrangendo o subjetivo a sensação de segurança, por exemplo. É uma mudança e tanto do jeito de olhar indicadores econômicos. É aquela letra da música: a gente não quer só emprego.
Não raros são os ridículos, sem medo de serem ridículos, que desafiam o senso comum e anunciam o futuro.
Na era do tempo real, cada vez menos gente tem coragem de desafiar o senso comum, sempre olhando na aprovação imediata.

Gilberto Dimenstein

10% dos casos no Supremo estão parados há mais de 2 anos

Existem hoje no STF (Supremo Tribunal Federal) cerca de 7.500 processos que há mais de dois anos ainda não tiveram nenhuma decisão.
Neste universo, que representa mais de 10% dos casos em tramitação, encontram-se ações ou recursos que aguardam um posicionamento da corte desde a década de 80.
Folha obtém a íntegra de 258 processos contra políticos; consulte
Falhas e omissões atrasam processos contra políticos
O acúmulo de processos e a morosidade do Poder Judiciário são conhecidos. Mas, a partir de hoje, é possível qualificar a realidade do tribunal.
Por iniciativa do presidente do STF, Cezar Peluso, e aprovação de seus colegas, o Supremo decidiu se adiantar à Lei de Acesso a Informações, que entra em vigor em maio, e passa a divulgar dados estatísticos sobre os processos que tramitam na corte.
Pela primeira vez, o STF a quantidade de processos no gabinete de cada ministro, quantos aguardam parecer da Procuradoria-Geral da República ou a data em que foram protocolados. As informações estarão disponíveis em www.stf.jus.br.
"Isso facilitará o trabalho de gestão do tribunal. É possível saber, por exemplo, quantos processos o Supremo deve julgar para zerar a quantidade de casos que chegaram antes de 1990", diz Maria Cristina Petcov, secretária-geral da presidência.
A Folha teve acesso a todas essas informações, que serão atualizadas diariamente. Cerca de 63 mil casos estavam tramitando no Supremo até a última quinta-feira.
Apenas 28% deles são ações iniciadas diretamente no STF por serem de competência exclusiva do tribunal. O restante chegou de instâncias inferiores. Deste total, quase 40% constam como "sem nenhuma decisão", mas a maioria deu entrada na corte nos últimos dois anos.
No mês passado, a Folha publicou o caderno "A Engrenagem da Impunidade", revelando que uma série de erros e omissões de magistrados, procuradores e policiais federais é o motivo pelo qual nunca chegam ao fim os processos criminais contra políticos brasileiros.
Desde então, o jornal divulga a íntegra desses inquéritos ou ações penais, iniciativa que faz parte do projeto "Folha Transparência".
No caso do STF, as informações são estatísticas e dizem respeito a todo o tipo de processo, não só os criminais.
Os dados mostram, por exemplo, que mais de 4.000 processos aguardam a análise do procurador-geral da República para que possam ter andamento no tribunal.

MINISTROS

Essa sobrecarga acontece até mesmo quando os ministros anunciam que estão prontos julgar os processos.
Em outubro de 2000, o ministro Marco Aurélio Mello avisou que um recurso vindo de São Paulo poderia ser levado ao plenário. Até hoje isso não aconteceu.
Esse e outros 658 casos estão liberados para serem incluídos na pauta, mas aguardam na fila de julgamentos.
As informações também revelam que o ministro com o maior acervo de processos é Marco Aurélio, com 9.003 casos. Ele, no entanto, é um dos únicos que não aceita convocar juízes auxiliares para o ajudar na análise dos casos.
Em seguida estão José Antonio Dias Toffoli (8.523) e Joaquim Barbosa (8.247). Já os ministros com menos processos em seus gabinetes são Ricardo Lewandowski, com 2.882, e Carmen Lúcia, que tem um acervo de 2.872.

FELIPE SELIGMAN
LUCAS FERRAZ

sábado, 24 de março de 2012

Cinzas de Chico Anysio serão espalhadas no Projac e em Maranguape (CE)


As cinzas do humorista Chico Anysio, morto na última sexta-feira (23), serão divididas e cada metade deve ser espalhada em uma floresta atrás do Projac e na cidade em que nasceu, Maranguape (CE). Segundo a assessoria de imprensa da TV Globo, o comediante havia deixado instruções por escrito.
O velório do artista acontece neste sábado (24), no Theatro Municipal do Rio e foi aberto ao público às 14h. Segundo familiares, o corpo do humorista será cremado no domingo (25), no Cemitério do Caju, em cerimônia restrita à família.
O humorista morreu aos 80 anos na sexta-feira (23) à tarde, após 112 dias internado no Hospital Samaritano, no Rio. Boletim médico informou que o paciente não resistiu a uma parada cardiorespiratória e a morte ocorreu por conta de falência múltipla dos órgãos decorrente de choque séptico causado por infecção pulmonar.

CARREIRA

Um dos principais nomes do humor no Brasil, criador de inúmeros personagens e bordões célebres, o cearense Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho construiu uma carreira de mais de seis décadas como radialista, escritor e ator de teatro, cinema e televisão.
Continuou trabalhando mesmo após o longo período de internação entre dezembro de 2010e março de 2011, quando retirou parte do intestino grosso, fez uma angioplastia e teve sucessivos problemas cardiorrespiratórios que o deixaram em estado grave -chegou a entrar em coma por três vezes.
Quando teve alta, em abril do ano passado, voltou a gravar o programa semanal "Zorra Total", da Rede Globo, interpretando Salomé.
Chico era casado com a empresária Malga di Paula (seu sexto casamento) e teve oito filhos (um deles adotivo) --Lug de Paula, Nizo Neto, Rico Rondelli, André Lucas, Cícero Chaves, Bruno Mazzeo, Rodrigo e Vitória-- com cinco mulheres, entre elas a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, com quem teve seus caçulas.
Era irmão da atriz Lupe Gigliotti (morta enquanto ele estava internado, em dezembro de 2010, vítima de um câncer de pulmão), do cineasta Zelito Vianna e do empresário (e seu parceiro em diversos roteiros para TV) Elano de Paula.

INTERNAÇÃO

Chico Anysio deu entrada no mesmo hospital em novembro de 2011 devido a uma infecção urinária. Após ser tratado com um ciclo de antibióticos, recebeu alta para passar o Natal com a família, mas voltou a ser internado no dia seguinte com hemorragia digestiva.
Após alguns dias internado na UTI, Chico apresentou, também, um quadro de pneumonia e passou a respirar com a ajuda de aparelhos durante quase todo o período que esteve internado.
No início de janeiro, apresentou leve melhora na infecção pulmonar e os médicos iniciaram o processo de retirada do respirador.
No dia 14 de janeiro, o estado de Chico piorou e ele foi submetido a uma laparotomia exploradora (cirurgia abdominal para determinar os motivos do sangramento no intestino, retirando um segmento do intestino delgado que tinha sofrido uma perfuração por isquemia intestinal).
Em fevereiro, Chico apresentou discreta melhora no quadro clínico e as sessões de hemodiálise foram suspensas, assim como a redução dos medicamentos para controlar a pressão arterial.
Ainda segundo o hospital, o humorista estava lúcido, permanecia algumas horas do dia sem ajuda do suporte mecânico para respirar e passava diariamente por sessões de fisioterapia respiratória e motora.
No fim do mês, Chico foi diagnosticado com um novo quadro de pneumonia, passou a fazer uso de antibióticos e voltou a respirar com ajuda de aparelhos.
Ele permaneceu com o mesmo quadro clínico até meados de março. No dia 21, apresentou piora no quadro cardiocirculatório com queda da pressão arterial e falência dos rins. Voltou a respirar com ajuda de aparelhos durante todo o dia e foi submetido a sessões de hemodiálise.
Malga Di Paula, atual mulher do artista, fez campanha contra o cigarro no Facebook na semana passada. "[Chico] é uma das vítimas de uma geração desinformada, que usava o cigarro por uma questão de charme", publicou ela na rede social.

HISTÓRICO MÉDICO

Chico Anysio já havia passado três meses no mesmo hospital no início de 2011, quando deu entrada com falta de ar e foi detectada uma obstrução de artéria coronariana. Ele foi submetido a uma angioplastia, procedimento que desobstrui as artérias.
No período pós-operatório, o humorista passou por diversas complicações, como tamponamento cardíaco e pneumonia. Ele precisou de auxílio de máquinas para respirar em vários momentos da internação, e foi submetido ainda a uma traqueostomia.
O humorista esteve internado em outras duas ocasiões em 2010: em maio e agosto. Na primeira, teve de tratar uma infecção respiratória.
Na época, escreveu em seu blog: "Estou vivo e paciente, esperando a cada telefonema que seja alguém da Globo, vestido de azul marinho, dizendo que alguém da mesma cor quer me ver novamente na telinha".
Já a segunda internação, em agosto, ocorreu por causa de uma hemorragia digestiva e ele passou por duas cirurgias no intestino. A recuperação foi rápida e, em setembro, Chico voltou aos palcos ao lado de Tom Cavalcanti no espetáculo "Chico.Tom".
Sua saúde foi se debilitando ao longo da última década. Em 2000, Chico Anysio foi internado com dores no peito. No ano seguinte, teve problemas pulmonares. Em 2006, foi internado duas vezes: primeiro, teve uma infecção respiratória, em seguida, sofreu uma queda em casa na qual fraturou uma vértebra.
Em 2009, o artista fez uma participação na novela "Caminho das Índias", como o trambiqueiro Namit, pai de Radesh (Marcius Melhem). No ano passado, recebeu o prêmio especial do júri no Festival de Cinema do Rio por sua atuação no filme "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", dirigido por Vinicius Coimbra.

Folha de São Paulo

quinta-feira, 22 de março de 2012

Ministro francês confirma morte de suspeito em Toulouse


O ministro francês do Interior, Claude Guéant, confirmou nesta quinta-feira a morte de Mohammed Merah, 23, suspeito por sete mortes na região de Toulouse, quatro delas em uma escola judaica, onde morreram três crianças. Ele morreu após resistir durante a invasão das forças especiais da polícia francesa, pondo fim a um cerco que durou mais de 30 horas.
"No momento em que enviamos uma câmera de vídeo ao banheiro [onde Merah estava escondido], o assassinou saiu e começou a disparar com extrema violência", explicou Gueánt aos jornalistas, conforme relato da Reuters. "No final, Mohamed Merah se atirou pela janela com uma pistola enquanto continuava disparando. Depois, encontramos o corpo morto no chão".
Merah, um francês de origem argelina que alega ter ligações com Al Qaeda, estava sitiado em seu apartamento há mais de 30 horas. Nesta manhã, uma força de elite da polícia francesa entrou na residência, quando foram ouvidos disparos.
Gueánt também confirmou que três policiais foram feridos na operação, sendo um gravemente. Merah, segundo o ministro francês, teria declarado preferir morrer "de armas na mão".
O assalto começou às 11h 30 (7h30 em Brasília), após várias horas de negociação com o assassino confesso de três militares, três crianças de origem judaica e o pai de uma deles em Toulose e na cidade vizinha de Montauban.

CERCO

Por volta das 21h (18h em Brasília) de ontem, a luz do bairro foi cortada. O ministro Géant havia declarado que o suspeito tinha afirmado aos negociadores que pensava em se "entregar em breve".
O acusado afirma que se recusou a fazer um ataque suicida, de acordo com Géant. Segundo ele, Merah diz ter recebido instruções da Al Qaeda durante estadia no Paquistão, e foi levantada a possibilidade de uma ação suicida, proposta que teria sido rejeitada.
Merah é suspeito de matar três crianças e um professor em uma escola judaica na última segunda-feira. Em outros dois ataques na semana passada, ele teria atirado contra três soldados em Montauban, próximo a Toulouse, que também morreram.
Nascido em 10 de outubro de 1988 em Toulouse, ele é francês de origem argelina e possui antecedentes criminais. O suposto atirador esteve no Paquistão e no Afeganistão e se declara jihadista da Al Qaeda.

A FRANÇA 'DE JOELHOS'

Merah prometeu se render por várias vezes ontem, enquanto a Raid (unidade de elite da polícia) realizou "várias tentativas de entrar" no apartamento de Toulouse, mas a cada tentativa era atacada a tiros, conforme relatou o procurador de Paris, François Molins.
Ainda segundo Molins, nas conversas com os policiais, o suspeito "não manifesta arrependimento algum", a não ser por "não ter feito mais vítimas", e se vangloria de ter "colocado a França de joelhos".
Merah pretendia assassinar "dois membros da polícia, particularmente conhecidos na comunidade" de Toulouse, assim como um militar nesta quarta-feira, disse ainda o procurador.

MAIS ATAQUES

Ontem mais cedo, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou a representantes da comunidade judaica que o suspeito pretendia executar um novo ataque.
Nicole Yardeni, delegada local do Crif (Conselho Representativo de Instituições Judaicas), afirmou que Sarkozy fez a revelação durante uma reunião com representantes das comunidades religiosas em Pérignon, perto do local onde o suspeito está cercado pela polícia.
"Ele tinha um plano para matar na manhã desta quarta-feira", disse Yardeni.
Fontes policiais informaram, um pouco antes, que haviam encontrado explosivos no carro de um dos irmãos de Mohamed Merah, 23, o suspeito dos assassinatos em Toulouse.

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Fábula fabulosa!



Blog do Josias

Por que defendo Thor

Thor é o tipo de jovem que eu desprezo. É um garoto mimado que, com seus carros de corrida, coloca a vida dos outros em risco, como mostra o histórico de sua carteira de habilitação.
Sempre deve ter se achado impune, confiando no poder do pai, cuja meta, como ele diz, é ser o homem mais rico do mundo --o que acho de uma mediocridade existencial estupenda.
Por causa da influência do pai, tenho dificuldade de acreditar na isenção do inquérito policial. Tendo a achar que o ciclista é vítima de um jovem irresponsável, desses que infestam nossas cidades. No íntimo, fico torcendo que ele seja mesmo culpado e leve uma lição para o resto da vida --e sirva de lição para os outros.
Confesso que, olhando o que sinto, já condenei Thor, sem chance de defesa.
Por isso, defendo Thor. Por mais que acredite que ele seja culpado, a partir de seu histórico, estamos julgando além do acidente.
Está sendo julgado por ser rico, ter um carro de três milhões, ser filho de um homem invejado num país desigual e onde não se confia na polícia. E onde somos vítimas diárias da barbárie no trânsito. Somos, acima de tudo, o país da impunidade para gente como Thor.
Mas o óbvio é que ele deve ser julgado pelos fatos. E, por enquanto, só temos indícios.
Continuo desprezando Thor, desconfiando da polícia, mas obrigado a defender a acusação apenas com provas e não com emoções.

Gilberto Dimenstein

Eike contrata ex-ministro da Justiça para defender o filho Thor



O empresário Eike Batista contratou o ex-ministro da Justiça Marcio Tomaz Bastos para defender seu filho, Thor Batista, 20, que atropelou e matou o ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30, no último sábado (17), na rodovia Washington Luis, no Rio.
Questionado por um internauta sobre a necessidade da contratação de Bastos, especialista em direito criminal conhecido por cobrar um dos honorários mais caros do país, Eike defendeu-se em seu twitter: "só contrato o melhor algum problema?".
Mais cedo, Thor foi ouvido pelo delegado Mario Roberto Arruda, em Xerém, na Baixada Fluminense.
"Eu lamento profundamente pela perda do Wanderson. Respeito a dor da família. Mesmo convicto da minha inocência vou prestar toda a assistência a família", disse o rapaz, que deixou a delegacia escoltado por seguranças. Mais cedo, foi ouvido Vinícius Balian Racca, que estava com Thor no momento do acidente.
O conteúdo dos depoimentos não foi informado. O advogado de Thor, Celson Vilardi, porém, voltou a afirmar que Wanderson estava no meio da pista quando foi atingido pelo carro. "A versão de trafegar no acostamento não existe. Testemunhas já prestaram depoimento sobre isso", afirmou ele.
No início da semana, o advogado Cléber Carvalho, que representa a família do ciclista, tinha dito ter testemunhas de que Wanderson trafegava no acostamento quando foi atropelado. Segundo ele, moradores afirmam que Thor tentava cortar um ônibus quando perdeu o controle do veículo e atingiu Santos.
O advogado de Thor afirmou que houve sim uma ultrapassagem, mas que ela ocorreu antes do momento do atropelamento.
Já quanto aos 51 pontos que teriam acumulado na carteira de habilitação do rapaz, Vilardi disse que Thor anda com seguranças e motoristas e um levantamento será feito para determinar quem teria praticado as infrações.
Ele disse ainda que é "incontroverso" o fato de que o rapaz poderia estar dirigindo apesar disso. "Ele não tinha ciência desse número de pontos", completou.
Parte das multas teria sido aplicadas entre dezembro de 2009 e dezembro de 2010, quando Thor cumpria período probatório. Por lei, deveria perder a CNH, mas devido à lentidão no registro das multas o sistema não as mostrou e Thor retirou a carteira definitiva.

PAULA BIANCHI

segunda-feira, 19 de março de 2012

Custódia/PE, na música, entre os melhores do brasil

Parabéns, ao cantor e compositor, Plínio Fabrício de Custódia/PE, por ter a música de sua autoria: Brilho de Lampião, classificada dentre as 20 (vinte) músicas, que vão participar do II Festival de Músicas do Cangaço/2012. Que será realizado em: 28/04/2012, na Estação do Forró, em Serra Talhada/PE; boa sorte e sucesso, são esses talentos que enriquecem a nossa cultura e divulga o nosso município para o resto do brasil.
E devemos também dar todo o apoio necessário, para que ele possa ser o vencedor nesse festival de caráter nacional, elevando pernambuco através de sua cultura e ampliando as informações sobre a história de lampião através de seu museu no município de Serra Talhada. E contemplando a riqueza cultural do município de Custódia/PE, e suas riquezas naturais, desejo ao Plínio Fabrício, tudo de bom e toda sorte possível, para que ele possa com seu talento e sua música, abrir espaços no cenário nacional afim de sustentar de vez a cultura popular custodiense.

Venâncio Izidro de Oliveira

Custódia, Saudades e Lembranças - Plínio Fabrício

sábado, 17 de março de 2012

Gurgel envia à Procuradoria no DF ação contra Mantega na ‘denúncia’ sobre a Casa da Moeda


O procurador-geral da república Roberto Gurgel enviou para o Ministério Público Federal no Distrito Federal, nesta sexta (16), a representação formulada por seis senadores contra o ministro Guido Mantega (Fazenda).
Na petição, Mantega é acusado de improbidade administrativa por ter mantido Luiz Felipe Denucci na presidência da Casa da Moeda mesmo depois de ter sido informado de que o subordinado era suspeito de corrupção. Demitiu-o somente depois que o caso escalou as manchetes.
No seu despacho, Gurgel explica que, em casos de improbidade administrativa, a decisão não cabe ao procurador-geral. A competência para decidir se a investigação deve ou não ser aberta é dos procuradores que atuam na primeira instância do Judiciário.
Por quê? Segundo Gurgel, o STF já decidiu que autoridades como ministros de Estado só dispõe de prerrogativa de foro nos processos de natureza criminal. Casos de improbidade devem ser tratados por juízes de primeiro grau, não pelo Supremo.
Gurgel anotou: “Não detém o procurador-geral da República atribuição para a análise desta representação, uma vez que a presente iniciativa não veicula pretensão de natureza criminal mas exclusivamente de enfoque civil, sob a perspectiva da improbidade administrativa.”
Assim, se julgarem que a representação tem procedência, os procuradores da República lotados no DF terão de denunciar Mantega perante a Justiça Federal de Brasília. Gurgel deu ciência de sua decisão aos autores da representação.
Assinam o pedido de investigação contra Mantega senadores de oposição e governistas “independentes”. São eles: Demóstenes Torres (DEM-GO), Álvaro Dias (PSDB-PR), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Pedro Taques (PDT-MT), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Randolph Rodrigues (PSOL-AP).

Josias de Souza

Duplo atentado causa morte de pelo menos 27 pessoas na Síria



Pelo menos 27 pessoas morreram neste sábado após um duplo atentado a dois edifícios de segurança do Estado, na capital Damasco, segundo a televisão estatal síria, que citou o ministro de Saúde do país, Wael al Halki.
Outras 140 pessoas ficaram feridas na ação. A agência oficial de notícias Sana informou que dois carros-bomba explodiram hoje em Damasco, em ações qualificadas de "terroristas" pelo meio estatal.
Entre as vítimas fatais há civis e membros de segurança, segundo confirmou a televisão síria, que mostrou imagens de corpos carbonizados e diversos destroços materiais, além de grandes colunas de fumaça no lugar dos atentados.
O chanceler da frança, Alain Juppé, condenou os ataques em Damasco, que foram chamados de terrorista e deu suas condolências às vítimas. "A França condena todos o atos de terrorismo que não podem se justificar sob circunstância alguma".

EXPLOSÕES

O primeiro dos ataques teve como alvo a sede da Inteligência aérea, situada no norte da capital síria, enquanto uma segunda explosão foi ouvida por volta das 7h40 locais (2h40 de Brasília) em um edifício da Segurança Criminal, no oeste da cidade.
"Minha família está bem, mas as janelas da minha casa ficaram totalmente destruídas. A explosão foi terrível", disse uma mulher que vivia na praça Tahrir, perto do complexo de segurança.
Nesta região, um médico da Cruz Vermelha que pediu anonimato assegurou que pelo menos 40 pessoas ficaram feridas, algumas delas com gravidade.

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Superbactéria pode ter causado duas mortes em Fortaleza

Duas pessoas morreram em Fortaleza com suspeita de infecção pela superbactéria KPC. As vítimas estavam internadas no Instituto do Câncer do Ceará, que não divulgou a data das mortes.
A Secretaria de Saúde do Estado informou que os casos foram classificados como "possivelmente positivos" -um exame detectou a infecção pela bactéria resistente a antibióticos, mas a confirmação deve ocorrer após um novo teste, mais sofisticado.
Segundo o hospital, outras cinco pessoas podem estar infectadas pela superbactéria. Elas foram isoladas, apesar de não apresentarem sintomas. O resultado dos exames deve sair na semana que vem.
O hospital está funcionando normalmente e informa que não há risco para os pacientes que se tratam ali.
A Secretaria de Saúde diz que não há surto, mas que o caso é "preocupante" devido às mortes. "Todos os procedimentos-padrão do hospital vão ser investigados", disse o coordenador de promoção e proteção à saúde da secretaria, Manoel Fonseca.
Ele destacou, porém, que a presença da KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) é normal em hospitais que tratam de pacientes crônicos e com doenças graves.
Segundo ele, foram registrados 25 casos "possivelmente positivos" no Estado neste ano, que ainda aguardam confirmação. No ano passado, foram 150 casos, mas ninguém morreu.
Fonseca diz que os dados estão dentro da média, de um a dois casos por mês, em hospitais grandes com UTI.
A infecção ocorre quando uma bactéria naturalmente presente no corpo sofre mutação e passa a ser resistente a antibióticos. Em pessoas com a saúde debilitada, ela ela age como uma bactéria oportunista e causa infecções graves. Há tratamento, mas com antibióticos mais fortes.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse que, neste ano, não houve notificação de surto de KPC. Segundo a agência, entre 2009 e 2010 foram notificados cerca de 250 casos.

LUIZA BANDEIRA

Tarso enfrenta protestos de professores e policiais no RS

Policiais civis e professores estaduais promovem passeatas nesta sexta-feira (16), em Porto Alegre, em protesto contra o governo de Tarso Genro (PT).
As manifestações foram organizadas separadamente, mas praticamente se encontraram nas proximidades do palácio do governo, no centro da cidade, no começo da tarde.
Os professores participam de paralisação nacional desde a última quarta-feira pelo pagamento do piso federal da categoria. Hoje, o salário mais básico no Rio Grande do Sul está em R$ 791 por 40 horas semanais.
Segundo o sindicato dos professores, até ontem 95% das escolas da rede estadual tiveram algum tipo de paralisação. O governo diz que metade dos colégios parou totalmente ou parcialmente.
O Estado apresentou uma proposta de aumentos periódicos até 2014, que não é aceita pela categoria.

POLÍCIA

O Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores rejeitou nesta sexta-feira proposta do Estado que sugeria mais do que dobrar o salário básico da categoria, hoje em R$ 2.200, até 2018.
Em protesto, cerca de 2.000 policiais participaram de passeata pelas ruas da capital gaúcha, segundo a entidade. Os sindicalistas pretendem paralisar as atividades por dois dias na semana que vem.

FELIPE BÄCHTOLD

Aliados pedem ajuda a Lula para resolver crise na base


A crise política entre o governo e a base aliada no Congresso, que se agravou nesta semana com a troca de líderes no Senado e na Câmara e ameaças de rebelião, levou aliados do Palácio do Planalto a procurarem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em busca de ajuda, informa reportagem de Valdo Cruz e Simone Iglesias, publicada na Folha deste sábado (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi a São Bernardo do Campo anteontem à noite encontrar o petista, num momento em que a cúpula do seu partido está incomodada com o tratamento que tem recebido da presidente Dilma Rousseff.
Nos últimos dias, Lula falou ainda com o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que o visitou ontem no Hospital Sírio-Libanês, e com o governador Eduardo Campos (PSB-PE) e com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), muito próximo a ele.
Ontem, o ex-presidente terminou o tratamento contra uma infecção pulmonar que o deixou internado por uma semana.
A crise na base aliada chegou ao momento mais explícito nesta semana e levou o Planalto a trocar os líderes na Câmara e no Senado.
Políticos que apoiam a presidente disseram que a troca dos líderes do governo põe em risco votações de interesse do governo e antecipa o debate sobre a sucessão no comando das duas Casas.
Segundo aliados, a troca não irá resolver a crise iniciada na semana passada com um manifesto da bancada do PMDB na Câmara se não houver mudanças na articulação política do Planalto.

Valdo Cruz e Simone Iglesias

EUA mostram fotos de militar acusado de morte de civis no Afeganistão


Autoridades dos Estados Unidos revelaram na noite de sexta-feira as fotos do sargento da Marinha Robert Bales, 38, acusado de ser o atirador que disparou contra civis no Afeganistão, causando a morte de 16 pessoas em um vilarejo da província de Candahar, no sul do país.
Pouco antes, a Marinha dos Estados Unidos havia identificado o sargento, que tem 11 anos na Marinha e é lotado na cidade de Seattle, no nordeste americano.
Ele saiu nesta sexta de uma base americana no Kuait, para onde havia sido transferido na terça (13), para o centro de detenção militar de Fort Leavenworth, no Kansas, na região central dos Estados Unidos.
Segundo o jornal "New York Times", a transferência súbita para solo americano se deve a uma nova tensão diplomática com o país árabe, que descobriu que o soldado tinha chegado ao recinto americano em seu território por parte da imprensa, antes de aviso de Washington.
Bales é o principal suspeito de atirar contra um grupo de civis na vila de Panjwai, na madrugada de domingo, causando a morte de 16 afegãos. Fontes militares afirmam que ele teria bebido pouco antes do incidente e se rendeu após a ação.
De acordo com a agência de notícias Reuters, ele também teria um dano cerebral em decorrência de ferimentos em sua segunda incursão ao Iraque, em 2010, provocados quando o veículo em que viajava capotou.

ADVOGADO

Na quinta, o advogado de defesa do sargento, John Henry Browne, afirmou que o militar não queria ir ao Afeganistão, após ser ferido duas vezes em outras missões no Iraque.
"Ele relutava em ir a outra missão. Disseram que ele não voltaria, mas depois falaram que teria que ir", afirmou Browne, relatando que o soldado foi enviado à missão afegã em dezembro.
O advogado disse que foi convidado para ser o representante do militar enquanto era levado para a prisão. Browne é de Seattle, no noroeste dos Estados Unidos, no mesmo Estado em que está lotado o militar de 38 anos.
Ele também declarou que esteve na família do sargento e, apesar do retorno do militar à base Lewis-McChord nos próximos dias, encontrará o cliente enquanto estiver em custódia.

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Estudante financiado paga mais por curso


Um dos maiores grupos de ensino de São Paulo, a Uniesp tem assinado convênios em que se compromete a pagar um dízimo a igrejas que lhe indicarem universitários. A verba provém de repasses dos governos federal e estadual, informa reportagem de Vanessa Correa e Fábio Takahashi, publicada na Folha desta sexta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
No contrato, obtido pela Folha, a Uniesp diz que repassará 10% do que receber do Fies (financiamento federal estudantil) por aluno indicado que aderir ao programa da União. Além de igrejas, podem participar assembleias e congregações.
De acordo com a própria Uniesp, 2.000 estudantes já foram matriculados por meio desse convênios. No total, 12,5 mil dos 65 mil estudantes do grupo têm o Fies.
A instituição afirma que faz convênios com igrejas para criar envolvimento com essas entidades, o que ajudará a chamar alunos pobres.

Vanessa Correa e Fábio Takahashi

Parcerias Público Privadas pode viabilizar a reciclagem de lixo no país

O modelo das Parcerias Público Privadas (PPPs) pode viabilizar a reciclagem de lixo no país, diminuindo gastos para as prefeituras e gerando oportunidades para empresas. Pela sistemática defendida por especialistas, como o presidente do Instituo Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni,o modelo de centrais de reciclagem poderia ser implantado na maior parte do país, até 2014. O prazo é o mesmo estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para o fim dos lixões.
Com as PPPs, as prefeituras cederiam apenas o terreno próximo às cidades, onde os resíduos seriam tratados em até 24 horas. As centrais seriam montadas e administradas pela iniciativa privada. "Você não vai eliminar totalmente os custos, mas vai criar uma sistemática de aproveitamento desses materiais e gerar receita, empregos, benefícios para a saúde publica e o meio ambiente. Se o governo não consegue se organizar para isso, transfira a questão para o setor privado, se desonere e crie vantagens para todos", disse o economista.
A proposta é tratar todo o resíduo em até um dia, com isso, segundo Calderoni, não existe necessidade de grande distância dos centros, já que não há exposição da população aos riscos à saúde. "Você economiza cerca de 90% com transporte, evita poluição com tráfego e acidentes, e ainda você não paga para alguém receber em aterros e usa uma área pequena", declarou.
Nas centrais de reciclagem, o lixo orgânico, que representa quase 60% do material domiciliar, seria tratado e separado. A parcela sólida poderia ser aproveitada energeticamente, assim como o lixo de banheiro (fraldas, absorventes e papel higiênico), ou usada como fertilizante. A outra metade do lixo orgânico domiciliar, que é composta por água, teria um tratamento específico. "Eu estou transportando, hoje, para longe [aterros], água, a um custo proibitivo, quando eu poderia, em um pátio, fazer com que essa água escorresse por uma canaleta, e tratasse essa água, sem que virasse chorume e causasse doenças quando lançadas em poços e rios".
Calderoni ainda acrescenta que o entulho da construção civil poderia ser aproveitado em obras públicas. "Nem tudo é ferro e lage. Tem muita terra, madeira, carpete, móveis. São muitos materiais que podem ser transformados em energia elétrica, mas, também, na construção de boca de lobo, mesas e bancos para praças, vigas e colunas para túneis".
Segundo o economista, com a determinação de extinção dos lixões até 2014, de acordo com a Política de Resíduos Sólidos, "vamos ter que recorrer ao aterro, que não pode receber material sem processamento prévio. Isso vai forçar a implantação de centrais de reciclagem".
Mas a adesão ao modelo de centrais de reciclagem pode demorar mais do que o desejado pelo economista. As prefeituras ainda mantém contratos com aterros sanitários. Esses acordos costumam ter vigência de 15 a 20 anos e, dificilmente, são rompidos.

AGÊNCIA BRASIL

Zagueira!



Blog do Josias

quinta-feira, 15 de março de 2012

23 estados e o DF param no primeiro dia da greve


No primeiro dia da greve nacional da educação, escolas das redes estaduais e municipais de 23 estados e do Distrito Federal paralisaram suas atividades. A mobilização foi intensa não só nas capitais, mais em muitos municípios do interior, onde as prefeituras não cumprem a Lei Nacional do Piso do Magistério. Os atos públicos reuniram professores, alunos, além de parlamentares e trabalhadores de outras categorias, que apoiam o movimento. Em Pernambuco, a mobilização atingiu 85% da rede de ensino municipal. No Paraná, mais de 70% aderiu à greve. Em alguns municípios gaúchos, a paralisação atingiu 100% das escolas.

Veja o balanço do primeiro dia da greve em alguns estados.

ALAGOAS

Assembleia unificada abre greve da Educação
Centenas de trabalhadores da educação estiveram reunidos em frente à Secretaria de Estado da Educação na manhã da quarta-feira (14), para discutir a pauta nacional e local de luta da educação, e definir os direcionamentos da categoria para 2012. As reivindicações eram a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) com destinação de 10% do PIB do país para a educação; a aplicação da lei do piso na sua integralidade, além do cumprimento de 1/3 da carga horária dos professores para formação e planejamento fora de sala de aula, que já é lei reconhecida pelo STF. A mobilização também protestou contra a terceirização, considerada mais uma armadilha contra a classe trabalhadora, e em defesa da realização do concurso público.

AMAZONAS

Professores fazem protesto na ALEAM
Professores e alunos de escolas públicas da capital tomaram as ruas no entorno da Bola do Eldorado, no bairro Parque Dez, zona Centro-Sul. Eles caminharam até a sede da Assembleia Legislativa do Estado (ALEAM) para reivindicar melhorias nas condições de trabalho na educação.
O presidente da ALEAM, deputado Ricardo Nicolau, recebeu os representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (SINTEAM) e ouviu a pauta de reivindicação da categoria. Os deputados José Ricardo, Conceição Sampaio, Josué Neto, Sinésio Campos e Sidney Leite também acompanharam a reunião.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (SINTEAM), Marcus Libório, o presidente da ALEAM se comprometeu em realizar uma audiência pública para tratar dos problemas da educação no Estado. "Esperamos que não seja apenas uma audiência, já que o assunto não se esgota em uma única conversa", disse. De acordo com Libório, o principal tema da audiência será o piso salarial dos professores, que em muitos municípios do Amazonas não é cumprindo, como Apuí e Borba.

DISTRITO FEDERAL

Ato público reúne milhares em Águas Claras
Milhares de professores do Distrito Federal, em greve desde o último dia 12, participaram na manhã da quarta-feira (14) de ato público em frente à residência oficial do governador, em Águas Claras. Além de protestar contra o descaso do governo do DF em relação à Educação e pelo cumprimento dos compromissos assumidos com a categoria, o ato político-cultural também lembrou os 33 anos de luta do Sindicato dos Professores (SINPRO). Estudantes de várias regionais e líderes do movimento estudantil participaram ativamente da manifestação, onde apresentações musicais, de literatura de cordel e declamações de poesia se entremearam com informes sobre a greve.

GOIÁS

Educadores estaduais em greve param a BR-153
Parados desde o dia 6 de fevereiro, educadores estaduais de Goiás decidiram continuar a greve após assembleia realizada na quarta (14) pela manhã. Eles seguiram em carreata do Jóquei Clube de Goiás até a BR-153, onde realizaram ato público que interrompeu a circulação de carros por quase uma hora. O objetivo foi chamar a atenção da sociedade para o descaso do poder público com a Educação. A atividade demonstrou a disposição da categoria, que luta pelo retorno da gratificação de titularidade, um direito conquistado em anos de luta e extinto pela atual política do secretário estadual de Educação, Thiago Peixoto, com a aprovação da lei 17.508/11. Além do prejuízo aos educadores, o fim da gratificação de titularidade gera reflexos negativos para a qualidade do ensino na rede estadual.
Além da carreata, a direção do Sintego e profissionais das escolas públicas se reuniram na Assembleia Legislativa para pressionar os deputados estaduais a se manifestarem em defesa dos educadores. E hoje (15), uma Tenda da Educação foi montada na Praça do Bandeirante, onde serão coletadas assinaturas de apoio da sociedade às lutas da categoria.

MATO GROSSO

Cresce mobilização das escolas públicas no interior de Mato Grosso
No primeiro dia da greve nacional, escolas das redes estadual e municipais de Mato Grosso paralisaram suas atividades, para protestar contra o descaso de grande parte dos gestores públicos em não cumprir a Lei Nacional do Piso do Magistério. Em Várzea Grande, o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) realizou manifestação em frente à Câmara de Vereadores, em defesa do cumprimento do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS).
Em Rondonópolis, a 218 km da capital Cuiabá, foram realizadas diversas atividades nas escolas. Na Reserva do Cabaçal, os diretores dos colégios públicos das redes estadual e municipal realizam reunião com os vereadores e Secretaria Municipal, atendimento à comunidade escolar, fixação de faixas e panfletagem nas ruas da cidade. Em Rio Branco, a 367 km da capital, foi realizado ato público. Em Juruena, os trabalhadores realizaram assembleia. Também houve intensa programação em Rosário Oeste, Alto Paraguai, Diamantino, Nobres, Nova Maringá, São José do Rio Claro, Nova Mutum e Santa Rita do Trivelato.
Muitos municípios mato-grossenses estão organizando caravanas para participarem do ato público que será realizado na sexta-feira (16), em frente à Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).

MATO GROSSO DO SUL

Trabalhadores participam de sessão na Assembleia Legislativa
No primeiro dia da greve, a FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação) participou de sessão na Assembleia Legislativa. O presidente da entidade, Roberto Botarelli, fez discurso ressaltando a importância da vontade política para que os educadores tenham os seus direitos garantidos e consigam construir uma educação pública de qualidade. "Solicitamos aos deputados estaduais que intercedam junto ao governador e aos gestores públicos municipais e nos ajudem a fazer a Lei do Piso valer em nosso Estado, na sua íntegra, com o valor do salário para início de carreira de R$ 1.451 e um terço de hora-atividade para o planejamento de aula", afirmou.
Também no primeiro dia da greve, pela manhã, cerca de 400 professores das redes estadual e municipal de ensino estiveram na sede da ACP, debatendo com os vereadores membros da Comissão de Educação da Câmara, Cristóvão Silveira e Profª. Rose, sobre a situação da aplicação da lei do piso e as metas do PNE em Campo Grande. "O momento de mobilização foi bom e adquirimos o compromisso por escrito da Comissão de Educação da Câmara em discutir a aprovação do PNE e estar ao lado dos trabalhadores para a aplicação da lei do piso", afirma o presidente da ACP, Geraldo Alves Gonçalves.

MINAS GERAIS

Greve paralisa metade da rede em Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, 56% das 225 escolas estaduais aderiram à greve, o que significa 128 unidades. Em todo o estado de Minas Gerais, a adesão foi de 35%. Entre as redes municipais que paralisaram as atividades escolares estão Contagem, Betim, Juiz de Fora, Ipatinga, belo Horizonte,entre outras.

PARANÁ

Mais de 70% das escolas municipais aderiram à greve
Em mais de 70% das 182 escolas da rede municipal paranaense, as professoras e professores paralisaram seu trabalho. Mesmo cientes da possibilidade de cortes e descontos no salário, eles foram às ruas mostrar que educação de qualidade depende da valorização e capacitação dos trabalhadores. Uma passeata em direção à Prefeitura reuniu mais de cinco mil pessoas. Os trabalhadores da Educação carregavam cartazes e faixas e conversaram com a população, para coletar assinaturas para um abaixo-assinado em favor da incorporação do Programa de Produtividade e Qualidade (PPQ) e a ampliação da hora-atividade ainda em 2012.
A pressão surtiu efeito. A prefeitura de Curitiba garantiu que, caso a greve fosse suspensa, apresentaria uma resposta sobre como incorporar o valor do PPQ aos salários até a próxima quarta-feira (21). Também houve um primeiro compromisso concreto em relação ao cumprimento dos 33,33% de hora-atividade, ainda em 2012. A prefeitura se comprometeu a contratar todos os professores aprovados no concurso de março para atender à demanda.
Depois da Mesa de Negociação, ocorreu assembleia para avaliar o processo de negociação. A maioria dos professores presentes decidiu manter a greve por entender que a administração municipal deve ainda se posicionar sobre os demais itens da pauta de reivindicações, como a aceleração dos crescimentos vertical e horizontal, valorização por tempo de serviço, revisão da portaria de dimensionamento e diminuição do número de alunos por turma.

PERNAMBUCO

85% das escolas estaduais aderiram à greve
Em Pernambuco, 85% das escolas estaduais aderiram ao movimento e cerca de 800 mil estudantes ficaram sem aulas. No dia da paralisação, a primeira atividade em Recife foi realizada pela manhã, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). À tarde, a atividade aconteceu na Assembleia Legislativa (Alepe), com cerca de dois mil educadores estaduais e municipais. Na ocasião, parlamentares estiveram presentes para dar apoio à categoria.
Finalizando o ato deste primeiro dia de paralisação, o secretário de assuntos educacionais da CNTE e presidente do Sintepe, Heleno Araújo, pediu o apoio a sociedade para que os filhos não se dirijam às escolas nos dias da paralisação. Ele reafirmou a necessidade do reajuste do piso continuar tendo como base o custo-aluno do Fundeb como referência, e não a inflação, como querem alguns políticos.
Jaboatão dos Guararapes
Em Jaboatão dos Guararapes, 90% das escolas aderiram à greve. Os(as) professores(as)e trabalhadores(as) do Grupo de Apoio ao Magistério de Jaboatão estiveram presentes na tarde da quarta-feira (14), em frente à assembleia legislativa, reivindicando o cumprimento da lei do piso nacional do magistério, o investimento de 10% do PIB para a educação e aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE).
O SINPROJA foi representado pela presidenta Maristela Ângelo, que parabenizou a todos (as) pela união das centrais por uma educação de qualidade. No decorrer da passeata, vários (as) trabalhadores (as) do sindicato deram seu pronunciamento sobre o movimento.

RIO GRANDE DO SUL

Escolas atendem chamado para a paralisação nacional
No Rio Grande do Sul, a adesão à greve nacional foi maciça em diversos municípios. Veja a seguir como foi a parada das redes municipais:
• Alegria, Horizontina, Dr. Maurício Cardoso, São Martinho e Nova Candelária, Três de Maio – Paralisação de 100%
• Bagé, Cachoeira do Sul, Santo Ângelo, São Gabriel e Guaporé – paralisação de quase 100%.
• Quaraí e Pelotas – paralisação de 95%
• Santana do Livramento, Porto Alegre, Rio Grande , Cerro Largo, Palmeira das Missões, São Leopoldo e Gravataí – paralisação de 90%
• Osório , Frederico Westphalen, Feliz, Dois Irmãos, Campo Bom, Novo Hamburgo, Vale Real, Ivoti e São Sebastião do Caí – paralisação de 80%
• São Luiz Gonzaga paralisação total em 70% das escolas e parcial em outras 20%
• Rosário do Sul – paralisação de 50%
Em Porto Alegre, várias escolas estão com atividades suspensas. É o caso das escolas Humaitá, Florinda Tubino Sampaio, Cristóvão Colombo, Rodolfo Ahrons, José Feijó, Alcides Cunha, David Canabarro, Erico Varissimo, Ivo Corseuil, Itamarati, Rio Grande do Sul, 20 de Setembro, Daltro Filho, Oswaldo Vergara, Ernesto Dornelles, Dom Diogo, Júlio Brunelli, Alvarenga Peixoto, Porto Alegre, Japão, Baltazar de Oliveira Garcia, Almirante Barroso, Instituto de Educação e Júlio de Castilhos.
Escolas das cidades de Dom Pedrito e Aceguá também aderiram ao movimento. Em Lavras do Sul, houve caminhada para cobrar a implementação do piso. Em Caçapava do Sul, foi realizada uma panfletagem à tarde. Em Erechim, no primeiro dia da paralisação nacional os educadores fizeram uma concentração denominada de "acampamento dos sem piso", nas proximidades da Coordenadoria Regional de Educação.
Em Santa Maria, o Sindicato dos Professores Municipais promoveu ato público pela valorização dos professores na Praça Saldanha Marinho. Durante o evento, uma comissão representante da categoria foi recebida pelo Gabinete do Prefeito. Sem proposta definida, a categoria terá assembleia no dia 19 para debater novas ações.
A manifestação reivindicou o pagamento do reajuste de 22% previsto pela atualização do Piso Nacional do Magistério. Apesar de o percentual ter sido anunciado pelo Ministério da Educação no dia 27 de fevereiro, a Prefeitura Municipal ainda não repassou a atualização para os professores da Rede.

SÃO PAULO

30% dos professores paulistas aderem à greve
No estado de São Paulo, informações preliminares dão conta de que 30% dos professores aderiram à greve no primeiro dia de paralisação nacional. A mobilização continua nesta quinta e na sexta-feira, quando haverá uma grande assembleia a partir das 14h no Palácio dos Bandeirantes. (CNTE, com informações dos sindicatos filiados, 15/03/12)

CNTE

segunda-feira, 12 de março de 2012

E agora, 2 salários mínimos...

Salve Pernambuco!!! Os professores estão em êxtase. Afinal, um salário de R$1.451,00 (pouco mais de 2 salários mínimos) é realmente um “grande” valor a ser pago pelos nossos serviços. Uma conquista, sem dúvida, mas a meu ver, apenas a ponta do iceberg. Passada a euforia, nos daremos conta dos aumentos no FUNAFIN, no Imposto de Renda, no Vale Transporte, no SASSEPE, etc. O ganho real líquido no nosso contracheque ainda deixará muito a desejar. E, aproveitando o ensejo, cabe aqui uma indagação: as melhorias na educação se resumem apenas à questão salarial, por sinal ainda muito mal resolvida e injusta? Acredito sinceramente que um professor comprometido com a causa não se satisfaz com tão pouco e nem se ilude com a cifra dos 22,22%.
Eu, enquanto profissional da educação, gostaria de conhecer as melhorias educacionais que as autoridades tanto pregam. A realidade está muito além das estatísticas e do que sai na imprensa. E aqui me pergunto: como trabalhar de forma saudável e qualitativa em um ambiente sem segurança, sem educadores pedagógicos, sem porteiros, sem pessoal administrativo, sem pais comprometidos com a educação dos seus filhos?
Como trabalhar conteúdos pedagogicamente válidos com boa parte da clientela apresentando sérios problemas de aprendizagem? Muitos analfabetos, de fato ou funcionais. Como lidar com tantos problemas sociais envolvendo as crianças e os adolescentes (tão protegidos pelo ECA) sem nenhum suporte técnico, psicológico ou de assistência social? Como trabalhar conteúdos e ainda ensinar boas maneiras, falar sobre drogas, sexualidade, bulliyng, meio ambiente, cidadania, desenvolver atividades culturais, e também exercer, inúmeras vezes, funções que não condizem nem com nossas habilidades profissionais e nem com o concurso que prestamos?
Fala-se tanto em inclusão digital, mas onde está a internet wi-fi prometida para todas as escolas? Quando teremos laboratórios de informática equipados e em perfeito funcionamento? Vale dizer que os equipamentos até existem, mas e a manutenção? E profissionais específicos para trabalhar nesses ambientes onde estão? Ou será que a SEE-PE acredita que os equipamentos se auto mantêm? Falando em inclusão, como lidar com tantos alunos com deficiências múltiplas dentro das escolas regulares? Acredito plenamente que a inclusão é uma ideia excelente e em perfeito ordenamento com uma política voltada para o desenvolvimento dos diferentes aspectos da cidadania. Mas como essa inclusão está sendo feita? Está sendo viável? Ela existe de fato ou é apenas um engodo? Algum professor recebeu treinamento específico para essa mais nova função?
Vale dizer que com a crescente demanda dos alunos especiais nas salas regulares, as dificuldades, além de todas as outras já velhas conhecidas, foram aumentadas. Ocorreu um aumento natural da carga de trabalho, adaptações terão que ser feitas nos conteúdos e em toda a didática das aulas e, com qual tempo? Como propiciar a tão falada inclusão social sem estarmos “fazendo de conta”? Juridicamente falando, faz parte das minhas obrigações enquanto, oficialmente, professora de Geografia atender as necessidades desses alunos no que se refere à minha disciplina? Essa demanda extra de trabalho não exigiria uma gratificação? Algo além do meu salário normal? Até quando a classe docente ficará de braços cruzados diante de um contínuo aumento de trabalho e responsabilidades sem uma remuneração justa para isso?
Quem dos meus colegas professores se sente preparado para trabalhar com tantos menores infratores e/ou em liberdade assistida sem qualquer auxílio do Poder Público? Existe algum núcleo de assistência social que dê algum suporte às escolas? O que fazer diante de tantos casos de violência que nossos alunos sofrem ou praticam? A quem recorrer? Quem se sente efetivamente seguro trabalhando diariamente com presidiários ou ex-presidiários, uma vez que muitos (não todos, obviamente) representam um perigo em potencial à segurança nossa, dos outros alunos e da escola em geral? O Estado está perfeitamente correto em garantir a ressocialização dos que precisam. Mas, e as minhas condições de trabalho? Quem garante? Posso afirmar que, em muitas situações, estamos arriscando a vida por R$ 1.451,00.
Impossível listar aqui os tantos problemas vivenciados por quem trabalha dentro de uma escola pública. Impossível traçar nessas linhas os anseios e angústias de uma categoria que tem nas costas o peso de “salvar” uma parcela considerável da sociedade, parcela essa que quase sempre é excluída por muitos e só costuma ser lembrada em anos eleitorais. E ainda carregamos o peso de governantes omissos, que fazem da educação apenas uma escada para suas ambições políticas. Impossível também descrever minha tristeza com muitos colegas que se apegam à cifras tão pequenas em seus contracheques e esquecem de todas as outras dificuldades do cotidiano.
Acredito firmemente que não devemos nos apegar somente aos aspectos negativos da situação, mas reclamar, argumentar e questionar os fatos, ainda é a melhor maneira de se se batalhar por melhorias e de se tentar superar a barreira dos dois salários mínimos... FÉ!

Maria Freitas
Professora da Rede Estadual de Ensino

domingo, 11 de março de 2012

Marco Maia criará comissão para discutir piso salarial do professor

O presidente da Câmara, Marco Maia, disse na quinta (1°) que criará uma comissão para discutir o piso salarial do professor. O anúncio foi feito a representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e a deputados da Frente Parlamentar em Defesa do Piso dos Professores, que se reuniram com Maia.
De acordo com a coordenadora da frente, deputada Fátima Bezerra (PT-RN), a ideia é que a comissão consiga construir um acordo entre magistério, prefeitos, governadores e Governo Federal, para só então o Plenário da Câmara poder votar a proposta que muda o cálculo do reajuste anual do piso (PL 3776/08). O projeto prevê que o reajuste passe a ser feito pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para medir a inflação.
O presidente da CNTE, Roberto Leão, argumenta, no entanto, que o aumento pelo INPC não traria ganho real aos salários. Leão acredita que a comissão a ser criada por Marco Maia será capaz de encontrar um meio termo que valorize o magistério e, ao mesmo tempo, permita o equilíbrio orçamentário de prefeituras e estados.
Atualmente, a legislação determina que o piso dos professores deve ser corrigido de acordo com o percentual de crescimento do valor mínimo anual por aluno do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Entre 2011 e 2012, esse aumento foi de 22%. Em razão disso, o piso também foi corrigido pelo mesmo patamar, passando de R$ 1.187 para R$ 1.451.

JORNAL DA CÂMARA

“A valorização do professor começa pelo piso”, diz Mercadante

Em entrevista ao iG, o ministro da Educação, Aluízio Mercadante, afirmou que o reajuste do piso tem amparo legal. Ele também defende que os recursos do pré-sal devem ser usados para auxiliar os municípios. Segundo Mercadante, valorizar os professores brasileiros é meta fundamental para o País, e cumprir o piso salarial do magistério deve ser a primeira medida de Estados e municípios para promover essa valorização.
Em entrevista ao iG, ministro afirma que reajuste tem amparo legal e defende recursos do pré-sal para auxiliar municípios
Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, valorizar os professores brasileiros é meta fundamental para o País. Desde que assumiu o comando do ministério, ele anunciou a distribuição de tablets para os docentes do ensino médio, programas de formação, bolsas de estudo. Mas admite que cumprir o piso salarial do magistério deve ser a primeira medida de Estados e municípios para valorizar esse profissional.
Em entrevista ao iG, Mercadante afirmou que essa não é uma tarefa fácil e que há um limite de contribuição do ministério nesse sentido. "Temos outras responsabilidades a cumprir no apoio às prefeituras", lembra. Garantir recursos do pré-sal para a educação, na opinião dele, pode ser uma boa solução para auxiliar os gestores municipais e estaduais a garantir melhores salários aos educadores.
Durante a conversa de quase uma hora, o ministro ressaltou que os cálculos feitos pelo MEC para reajustar o valor do piso são baseados em determinações legais – rebatendo de forma discreta as críticas feitas pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, de que o ministro teria "opinião furada" sobre esse assunto.
Em pouco mais de um mês à frente do MEC – cujo orçamento é dez vezes maior do que o da Ciência, Tecnologia e Inovação, antigo cargo de Mercadante –, o ministro se diz maravilhado com o desafio. "É um ministério complexo, com uma agenda dinâmica, dimensões imensas. Eu considero o maior desafio estratégico do Brasil ter uma educação de qualidade para todos", afirma.
Nos próximos meses, Mercadante espera anunciar novos projetos para a alfabetização e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Um novo programa para a educação no campo será anunciado ainda este mês. Confira os principais trechos da entrevista:

iG: Ministro, quais serão suas prioridades à frente do Ministério da Educação?

Aloizio Mercadante: Nosso primeiro esforço é acelerar o programa de creches e pré-escolas. Nós estamos contratando 1,5 mil creches por ano, no entanto, as prefeituras só estão conseguindo construir as creches num prazo de dois anos e meio. Montamos uma força-tarefa para, nos próximos 60 dias, verificarmos quais as medidas complementares podemos oferecer aos prefeitos e estamos terminando um estudo com o Inmetro para oferecermos serviços de engenharia de novos métodos construtivos, tipo estruturas pré-moldadas e novas tecnologias para acelerarmos isso. A deficiência é grande. Na pré-escola, estamos com 80% dos alunos matriculados, mas na creche temos em torno de 26% de cobertura.
A segunda grande prioridade é alfabetizar na idade certa. Essa eu diria que é uma das grandes prioridades dessa gestão, porque nós temos uma disparidade muito grande. Só 4,9% das crianças do Paraná não são alfabetizadas até os 8 anos de idade. Em Santa Catarina, 5,1%, para darmos bons exemplos. Quando você vai para o Nordeste, em Alagoas, 35% das crianças não são alfabetizadas na idade certa. Quando há creche e pré-escola, você tem mais chance de alfabetizar na idade certa, por isso esse nosso esforço. Nós temos de formar os professores de forma continuada; ter material pedagógico consistente e disponível; precisamos motivar os professores, premiando e valorizando os resultados que venham a ter e temos de avaliar as crianças.

iG: O programa alfabetização na idade certa vai incluir todas essas ações? Quando ele começará a funcionar?

Mercadante: Todas. É um projeto bem completo. Analisamos as melhores experiências do Brasil para formatar esse projeto. Nesta quinta-feira, vou participar do encontro do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e quero discutir o projeto com eles. É importante ouvir deles contribuições, esse tem de ser um grande pacto nacional. Nós vamos disponibilizar recursos, materiais, formação para os professores e motivá-los no programa. O melhor instrumento para isso é um novo programa, o Escola sem Fronteiras, que promoverá estágios desses professores nas melhores escolas do Brasil e do exterior. O pessoal da Capes está estudando as modalidades possíveis, mas estamos pensando no período das férias.

iG: O programa também prevê a oferta de bônus financeiro aos professores que tiverem bons resultados?

Mercadante: Até agora, a forma que achamos mais consistente de estimular os professores é com a bolsa do Escola sem Fronteiras. Também tem de dar algum estímulo para escola. Ela também tem de ser valorizada pelos resultados. Nós vamos discutir com os secretários de Educação para concluirmos o desenho desse programa em parceria, de forma consistente.
Nós estamos lançando também ainda agora em março, o Pronacampo. Só 15,5% dos jovens do campo estão no ensino médio. No campo, 23,2% de todas as pessoas com mais de 15 anos não estão alfabetizadas. O campo precisa ter um outro olhar por parte do Estado.

iG: O senhor poderia adiantar quais serão as ações práticas desse programa?

Mercadante: Toda a produção de material didático vai ser nova, focada no campo. Vamos oferecer também um programa de formação de professores voltado para isso; construir novas escolas, inclusive escolas com alojamentos. Nos últimos sete anos, tivemos mais de 30 mil escolas fechadas no campo. Estamos fixando também que, para fechar uma escola, a prefeitura ou Estado seja obrigado a consultar os conselhos estaduais e municipais de educação. Vamos estabelecer alguns critérios para o fechamento de escolas acontecer. Às vezes, é necessário, mas tem havido uma política de reduzir despesas, transferindo o ônus para o aluno. É muito mais fácil e barato para uma prefeitura, em vez de ter uma escola no interior, comprar um ônibus e fazer o aluno andar 100 km pra ir e mais 100 pra voltar.
No ensino médio, o que nós identificamos é uma evasão escolar muito alta. Uma parte é por causa da defasagem idade-série que vai se acumulando e se manifesta no ensino médio com o abandono da escola. A outra é que, para grande parte dos alunos, é preciso associar trabalho e educação, o que vamos fazer com o Pronatec. Além disso, a escola precisa ficar mais interessante. Um dos instrumentos mais importantes e rápidos nesse sentido é a distribuição do tablet com projetor digital, para que o professor melhore e crie um ensino interativo na sala de aula. Estamos distribuindo lousa digital, vamos dar toda a produção do Khan Academy, traduzida em parceria com a Fundação Lemann, e o Portal do Professor já tem 15 mil aulas prontas. Esse material vai dar um salto de qualidade na sala de aula.

iG: O senhor acredita que distribuir esse material muda a divisão cultural entre professores e alunos no que diz respeito à tecnologia?

Mercadante: O arranjo social da escola é do século 18. Os professores são do século 20 e os alunos, do século 21. Eles são nativos digitais. Temos que chegar no aluno. Começando pelo professor, a gente chega mais seguro. É inimaginável um professor do século 21 não poder entrar no Google. Isso vai mudar. Nós já vamos até aumentar a distribuição. Além de dar o tablet aos professores do ensino médio, vamos estender o programa para todos os alunos que participam do Programa Institucional de Iniciação à Docência (Pibid). Os universitários que estão se formando e fazendo estágio na escola pública vão ter o equipamento, para que eles cheguem na escola preparados para trabalhar novas tecnologias para a educação. Fizemos um seminário com 27 grupos de pesquisa do País na semana passada e a avaliação da inclusão digital na escola é excelente. Estamos montando um relatório completo agora. Todos têm a avaliação de que o processo gera motivação, criatividade, interatividade. É uma mudança de paradigma, que o Brasil tem de enfrentar.

iG: O senhor falou da importância de valorizar o professor, dar estímulos, oferecer tecnologia e formação para que eles trabalhem melhor. Mas não é preciso dar melhores salários e carreira para que essa valorização ocorra?

Mercadante: Não há nenhuma tecnologia que possa substituir a relação professor-aluno, agora essa relação pode melhorar com boas tecnologias educacionais. A primeira forma de valorizarmos o professor hoje é cumprir o piso. Eu reconheço que é um reajuste forte e que há dificuldades reais. Agora, nós estamos falando em pouco mais de dois salários mínimos. Se nós quisermos ter professores de qualidade no Brasil, é preciso oferecer salários atraentes. Se não, tudo o mais que estamos falando não vai acontecer a médio prazo. Além disso, há a discussão da jornada, que deve ser um objeto de ampla negociação com os professores e entidades sindicais. A hora-atividade não pode ser tratada como uma questão trabalhista, desassociada de uma dimensão pedagógica.

iG: O MEC pode ajudar mais as prefeituras e os Estados a cumprir o pagamento do piso?

Mercadante: Nós repassamos, no mínimo, 60% do Fundeb para pagamento de salário. Tivemos um aumento significativo de repasse do MEC para Estados e municípios. O crescimento do orçamento do MEC foi exponencial nesses anos. Tudo isso é repassado na ponta. Temos de ter um pacto federativo em torno desse caminho. Temos outras responsabilidades a cumprir no apoio às prefeituras, como, por exemplo, as creches, a alfabetização na idade certa, o Pronacampo. Os investimentos tem de ser mantidos.

iG: O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, deu uma declaração polêmica sobre a opinião do senhor sobre o piso...

Mercadante: A regulamentação do piso salarial foi votada por unanimidade pelo Congresso Nacional em 2008. Depois, o Supremo Tribunal Federal julgou uma ação confirmando a legalidade da lei do piso. Os parâmetros que o MEC utilizou para calcular o reajuste nesses três anos estão na lei aprovada, amparados por um parecer técnico da Advocacia Geral da União. Eu reconheço que há dificuldades para cumprir o piso, em grande parte dos casos por causa da estrutura da carreira, mas a maioria dos Estados já encontrou caminhos para resolver. Acho que os recursos dos royalties do pré-sal podem ser uma boa saída para nos ajudar nesse sentido.

iG: O senhor acredita que com a proposta atual do relator do Plano Nacional de Educação no Congresso de investir 8% do PIB em educação essas contas fechariam?

Mercadante: Precisamos votar logo o PNE, agora, para mim, a discussão mais relevante, além da fixação desse patamar, é associarmos o pré-sal à educação. Pelo menos 30% dos royalties. A gente poderia começar com participação maior e diminuir ao longo do tempo, fixar durante um período da história do Brasil, depois podemos cuidar de outros temas.

iG: Existem propostas para federalizar a carreira do professor? O senhor acredita que essa seja uma boa opção para alavancar a valorização desse profissional?

Mercadante: O Brasil tem o território do tamanho que tem, porque construiu um pacto federativo continental. Há um comando constitucional de que a educação é feita em regime de cooperação, de complementação. O papel do MEC é de assessoria técnica e financiamento. Os professores dos municípios e dos Estados são concursados, têm direitos adquiridos, têm uma carreira em andamento, o que nós temos é que trabalhar em parceria. Ter um grande pacto e trabalharmos na mesma direção.

iG: O senhor havia falado em criar equipes de professores que visitassem as casas das crianças dentro do programa alfabetização na idade certa. Isso se mantém?

Mercadante: Nossa expectativa – mas essa definição será feita em cada município – é de que os bolsistas do Pibid, que chegarão a 45 mil este ano, possam fazer visitas domésticas, como se fosse um médico da família. Em vez de Saúde da Família, teríamos um Educação na Família. Visitar, conhecer o ambiente ajudariam esses universitários a saberem das dificuldades dos alunos quando entrarem na profissão. E poderia reforçar o acompanhamento pedagógico das crianças. Essa experiência foi muito exitosa onde já foi feita, como no Uruguai.

iG: O senhor já definiu mudanças para o Enem? Há uma meta de ampliação do banco de itens para este ano? E o que vai mudar na redação?

Mercadante: Na semana passada, 24 universidades estiveram trabalhando online, inclusive no final de semana, para reforçar o banco de itens e foi um sucesso espetacular. Reforçamos muito o banco. Vai dar muito mais segurança ao processo. Nossa meta é chegar ao padrão americano, com 100 mil itens. Eles demoraram 85 anos, nós temos de chegar antes, mas o número de itens é uma informação reservada do Inep para a segurança do sistema. Nós vamos mudar a correção da redação. Não temos ainda uma posição fechada. Criamos um comitê de governança do Enem, com participação das universidades e um comitê técnico-científico, com avaliadores convidados e a equipe do Enem. Eles estão discutindo algumas alternativas para dar mais segurança à correção e diminuir a dispersão das notas, além de fortalecer os corretores. A redação sempre tem alguma subjetividade, então estamos aguardando os estudos para poder bater o martelo.

iG: O senhor assumiu o ministério com uma denúncia revelada pelo iG sobre irregularidades no Prouni e determinou mais transparência à divulgação de preços e descontos. O MEC vai fiscalizar o cumprimento da portaria?

Mercadante: Fizemos uma reunião com todas as associações e entidades do setor privado e eles se comprometeram em autorregular o padrão de fixação das normas exigidas pela portaria. Vamos fiscalizar e exigir. É muito importante dar transparência ao pagamento de matrículas, com esses dados disponibilizados para darmos mais segurança aos estudantes. Eles têm direito à informação. Antes de pensar em penalidades, o que nos interessa é assegurar que isso seja implementado.

CNTE

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Blog do Josias

quarta-feira, 7 de março de 2012

Educadores recebem tabela salarial na assembleia


Os trabalhadores em educação lotaram o Teatro da Boa Vista para a primeira assembleia de 2012. Na tarde desta terça-feira (6), os educadores escutaram a pauta da campanha salarial, informes e a paralisação dos dias 14, 15 e 16 de março.
Como é de costume, o presidente do Sintepe, Heleno Araújo abriu o diálogo com os participantes desejando boas vindas. Em seguida, o dirigente expôs a tentativa de alguns prefeitos e governadores em desmanchar o reajuste dos 22%, através de um projeto de Lei. Para combater essa prática, a categoria deve permanecer vigilante, além de participar das mobilizações. O Projeto de Lei alterava o 5º artigo, no ponto que dá base ao percentual de reajuste que não seria baseado no custo aluno qualidade, mas no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). "Estamos de parabéns pela e que a primeira assembleia nos ajude a construir um calendário de mobilização", sublinhou Araújo.
Os informes começaram a ser dados pelo diretor do Sintepe e membro do Fórum dos Servidores do Estado (FSE), Paulo Rocha. Segundo ele, os servidores que tinham débito desde maio de 2009 poderão pagar as dívidas em 120 meses e os juros oscilarão entre 0,5% a 2,5%. Estima-se que 20 mil servidores estejam com dívidas. Sobre o Serviço de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos de Pernambuco (Sassepe), o FSE tem pedido mais atenção porque o governo contribui com R$ 2 milhões, enquanto os servidores com R$ 14 milhões. Rocha enfatizou "Devido à falta de paridade, o Sassepe tem uma dívida de R$ 20 milhões, o que traz uma série dificuldade em reajustar convênios e contratar serviços".
A vice presidente do Sintepe, Antonieta Trindade relembrou a trajetória da portaria 8.290 que estabelecia o reordenamento da rede e que limitava o número de professores readaptados por escola. Trindade fez questão de pontuar "Encaminhamos um ofício contrário à portaria e exigimos a reunião com os elaboradores do documento e no dia 2de fevereiro foi publicada uma nova portaria com o fim da exigência dos números de readaptado por escola e cada professor terá no máximo 12 turmas".
Segundo o presidente do sindicato, Heleno Araújo a entidade convocou uma reunião com o secretário de educação, Anderson Gomes, na segunda quinzena do mês de janeiro para questionar a implantação do reajuste do Piso, no momento o gestor da pasta disse que iria esperar o anúncio do Ministério da Educação (MEC). "A Lei é auto aplicável, não tem que esperar anúncio nenhum e na mesa de reunião, dissemos que não aceitaríamos nenhum cenário que não fosse 22%", esclareceu. Em seguida, Araújo apresentou os candidatos que foram eleitos para o Conselho Nacional das Entidades da CNTE, João Alexandrino, Dilson Marques, Valéria e na suplência, Severina Porpino, Jair Cavalcanti e William Menezes. Além de mencionar os cinco pontos da campanha salarial de 2012, reformulação do PCC, elaboração de uma nova lei sobre os profissionais em educação, criação de uma lei sobre eleição direta para diretor, saúde dos trabalhadores e exigência de concurso para educação.
O sindicalista ainda fez referência ao ato público do dia 7 de março, em frente a Assembleia Legislativa, às 15h. A atividade é para cobrar às autoridades um posicionamento rígido em relação a violência contra a mulher, especificamente o caso da professora Izaelma Cavalcanti, morta pelo ex-marido, no último dia 2 de dezembro. No dia 8 de março, representantes do Sindicato estarão no Parque 13 de Maio, no centro do Recife, durante o “Dia na Praça”. O evento irá orientar a população quanto aos diretos das mulheres. Além de repassar informações, a Secretaria de Assuntos de Gênero do Sintepe pretende colher assinaturas para um abaixo-assinado que será entregue às autoridades competentes.

Categoria vota no calendário de mobilização

Nos dias 14, 15 e 16 de março a proposta aprovada em assembleia é fechar as escolas e participar das atividades convocadas pela CNTE e Sintepe. No primeiro dia de paralisação, haverá um debate na OAB, às 9h, sobre a Lei do Piso. À tarde uma passeata tomará conta das ruas de Recife e a saída será em frente a Assembleia Legislativa.
Nos dias 15 e 16, as atividades serão nos Núcleos Regional e Municipal com carro de som e panfletagem. Na noite do último dia, no Sindicato dos Bancários o lançamento do livro, Latifúndio Midiota, do jornalista Leonardo Severo. Estava aberto o microfone para categoria fazer avaliação.
Abaixo, você acompanha na tabela salarial o seu salário a partir de março. Lembrando que, este mês o trabalhador em educação receberá também o reajuste referente a janeiro, e em abril, ao mês de fevereiro.

Anna Maria Salustiano
Sintepe

segunda-feira, 5 de março de 2012

Novo Código Florestal deve anistiar 75% das multas milionárias


A aprovação do novo Código Florestal, prevista para esta semana, deve levar à suspensão de três em cada quatro multas acima de R$ 1 milhão impostas pelo Ibama por desmatamento ilegal, informa reportagem de Lúcio Vaz e João Carlos Magalhães, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
A Folha obteve a lista sigilosa e atualizada das 150 maiores multas do tipo expedidas pelo órgão ambiental e separou as 139 que superam R$ 1 milhão. Dessas, 103 (ou pouco menos que 75%) serão suspensas, se mantido na Câmara o texto do código aprovado no Senado. Depois, segue para a sanção da presidente Dilma Rousseff.
Pelo texto, serão perdoadas todas as multas aplicadas até 22 de julho de 2008, desde que seus responsáveis se cadastrem num programa de regularização ambiental. As punições aplicadas depois disso continuarão a valer.

Lúcio Vaz e João Carlos Magalhães

Pedidos de falência têm 2ª alta seguida, aponta Serasa

Os pedidos de falência em todo o país chegaram a 152 em fevereiro, com elevação ante o mês anterior (124) e em relação a dezembro (120), com a segunda alta mensal consecutiva. No mesmo mês do ano passado, haviam sido 134 requerimentos.
De acordo com o indicador da Serasa Experian divulgado nesta segunda-feira, desse total, 79 foram de micro e pequenas empresas, 46 de médias e 27 de grandes.
Segundo os economistas da Serasa, o aumento da inadimplência das empresas, sobretudo via protestos, indica que o requerimento de falências vem sendo utilizado como forma de cobrança.
Essa prática foi comum antes da nova lei de falências, em vigor desde 2005, que estabelece que apenas dívidas superiores a 40 salários mínimos podem fundamentar pedidos de falência de um negócio.
Os analistas ressaltam que a inadimplência das empresas vem subindo em razão da menor capacidade de gerar receitas para pagar as dívidas assumidas, consequência da baixa atividade econômica e dos juros ainda elevados. Além disso, a inadimplência do consumidor também influencia diretamente no caixa dos negócios.

Folha de São Paulo

Política externa da nova classe

A nova classe trabalhadora brasileira transformou a vida pública no país. Responsável pelo dinamismo da economia, atraiu para sua órbita os interesses do capital industrial e financeiro. Maioria absoluta da população, passou a ditar os termos da competição eleitoral.
A trajetória ascendente dessa nova classe pressiona todas as políticas públicas, e a política externa não é uma exceção.
Por isso, a diplomacia precisa adaptar-se à nova tendência. No passado, ela serviu a banqueiros e grandes exportadores da Primeira República; ao projeto de modernização conservadora do Estado Novo; à industrialização nos anos cinquentas; ao autoritarismo anticomunista nos sessentas; à marcha forçada do nacional-desenvolvimentismo nos setentas; e, nos oitentas, à gestão do endividamento externo e da abertura política.
Com Fernando Henrique e Lula, normalizou as relações com o mundo, assegurou a sobrevida do Plano Real, pôs o país no mapa geopolítico e começou a internacionalizar o capitalismo brasileiro.
Agora, a política externa é pressionada para atender a um novo imperativo os interesses da massa de cidadãos recém incorporada ao espaço da política e do mercado.
O que pode fazer a diplomacia por operadores de telemarketing, maquinistas, feirantes, empregadas domésticas, motoristas ou pequenos produtores rurais país afora?
Muito. Trata-se de debelar os obstáculos externos que dificultam o pertencimento desses brasileiros a uma nova classe social em expansão. A lista de exemplos é vasta. Inclui medidas como a adoção de práticas comerciais para o benefício do consumidor de baixa renda. A proteção consular a quem deixa o país temporariamente em busca de oportunidades. A redução de empecilhos para o jovem que, munido de Bolsa Família e ProUni, sonha em estudar no estrangeiro pelo Ciências Sem Fronteiras.
Nenhuma dessas áreas exige a reinvenção da roda e há indícios de que a política externa já pende nessa direção há algum tempo. Basta lembrar de como a universalização do acesso a remédios virou emblema nacional, levando nossos agentes diplomáticos a uma batalha global pelo licenciamento compulsório de patentes da indústria farmacêutica. Exemplos como esse serão cada vez mais comuns.
Hoje, contudo, as iniciativas existentes ainda são poucas e não estão unificadas sob um conceito estratégico comum. Ainda não constituem um projeto.
O governo que fizer os ajustes necessários poderá atuar à frente de seu tempo, inaugurando pela primeira vez uma estratégia internacional a serviço daqueles que batalham por uma vida mais digna e são maioria no país.
Uma política externa assim orientada buscará acelerar o processo de redução de assimetrias entre ricos e pobres, nossa mais perversa característica. A desigualdade, com toda sua injustiça e violência, é hoje o fator que mais limita nosso poder, prestígio e influência no mundo.
Organizar a política externa nesses termos não será fácil nem livre de conflitos. Não é necessário ser marxista para entender que o crescimento de uma classe colide com os interesses de outra. Ou para ver que o preconceito de classe ainda impregna as instituições, o debate público e até mesmo aquilo que nossa imaginação considera possível.
Mas a nova tendência está dada e veio para ficar. Maior e melhor desafio diplomático não há.

Matias Spektor

Lula é internado com infecção pulmonar



Uma infecção pulmonar levou o ex-presidente Lula de volta ao hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, neste domingo (4).
Segundo boletim médico, Lula foi internado após apresentar febre baixa. Constatou-se, então, infecção pulmonar de leve intensidade.
O político, em luta contra um câncer na laringe, está sendo tratado com antibióticos, via endovenosa.
Ele havia encerrado o tratamento contra o tumor no dia 17 de fevereiro. Na semana anterior, um exame havia apontado sumiço do tumor.
Lula deverá ficar internado pelos próximos dias.
O ex-presidente foi levado ao hospital no início desta tarde. Os médicos estavam monitorando o estado de Lula pelo telefone. Com as queixas de febre leve, decidiram internar o ex-presidente para facilitar a medicação.
O paciente será submetido a exames entre hoje e amanhã para diagnóstico mais preciso da gravidade da infecção pulmonar.
Diagnosticada em outubro, a doença não impediu que Lula continuasse a cumprir agenda política. Na semana passada, ele teve encontro com sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, que durou três horas.
"Ele é um animal político", já resumiu o presidente do Instituto Lula e sócio do ex-presidente, Paulo Okamotto.

Folha de São Paulo