terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quadro de Ricardo Gomes permanece estável e uma nova cirugia é descartada


O técnico Ricardo Gomes vem se recuperando bem da cirurgia feita no domingo para drenar o sangue derramado e controlar a pressão sanguínea no cérebro do treinador, que sofreu um acidente vascular encefálico hemorrágico durante o clássico entre Vasco e Flamengo no domingo , no Engenhão. Um novo boletim médico divulgado nesta terça-feira mostrou evolução no quadro clínico de Gomes, que permanece estável.
Os médicos do Hospital Pasteur, no Méier, fizeram nesta terça-feira uma angiotomografia computadorizada cerebral, que afastou a possibilidade de um aneurisma e qualquer outra má formação no cérebro. Com isso, foi evitada a possibilidade de uma nova cirurgia. Na quarta-feira, os médicos devem começar a suspender os sedativos do treinador.
O quadro clínico permanece estável. Não tivemos nenhuma complicação até o momento e todos os sinais estão absolutamente normais. Ele está tendo uma boa evolução, mas ainda inspira cuidados - disse o clínico geral, Fábio Guimarães de Miranda, em entrevista coletiva nesta terça-feira.

PACTO PELA VIDA: Vasco se une pela recuperação de Ricardo Gomes

CORRENTE: Na internet, união e pensamento positivo pela recuperação do técnico

APOIO: Auxiliar pede apoio à torcida no jogo do Vasco

RETORNO IMPROVÁVEL: Médicos descartam volta ao trabalho neste ano

O técnico passou a noite desta terça sem sofrer qualquer tipo de intercorrência. Ele permanece em coma induzido e respirando com o auxílio de aparelhos desde que terminou a cirurgia de domingo.
Ricardo Gomes passou mal durante o segundo tempo do clássico no Engenhão. Levado por uma ambulância, ele chegou no Hospital Pasteur desorientado e apresentando alguns sintomas decorrentes do AVE: não conseguia mexer o lado direito do corpo (nem braço nem perna) e estava com pitose palpebral (olho caído). Sua pressão chegou a subir para 19 por 12. O normal é 12 por 8. Houve um derrame de cerca de 70ml de sangue do lado direito do cérebro, consequência do rompimento de um vaso sanguíneo. Com a operação, a hemorragia foi estancada e a circulação restabelecida.

Cristóvão e Gaúcho comandam treino

Sem Ricardo Gomes, o treino do Vasco nesta terça-feira foi comandado pelo auxiliar-técnico Cristóvão Borges e pelo também auxiliar Gaúcho. Na ausência do treinador, eles vão responder pelo time.
Os jogadores vieram para o campo por volta de 9h e começaram um aquecimento antes de serem chamados para uma reunião no centro do gramado. Gaúcho conversou por cerca de dez minutos com os jogadores e em seguida os atletas voltaram para o aquecimento.
Na sequência, houve um treino recreativo, mas sem a presença de Juninho, que deu voltas em torno do campo.
O auxiliar não deu pista dos possíveis substitutos de Fágner e Jumar, suspensos por terem recebido o terceiro amarelo. O mais provável é que Allan entre na lateral-direita enquanto Márcio Careca volte para o lado esquerdo da defesa no jogo contra o Ceará, nesta quarta-feira, em São Januário.

O Globo

domingo, 28 de agosto de 2011

Rebaixado para tempestade tropical, Irene começa a inundar ruas de NY



Mesmo após ser rebaixado de furacão para tempestade tropical pelo Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), o Irene trouxe chuvas intensas a Nova York, causando a elevação do nível de rios que transbordaram e passaram a inundar ruas na região sul da cidade. O túnel Holland, que liga Manhattan a Nova Jersey, foi fechado como medida preventiva.
Conforme o centro da tempestade começa a passar sobre Manhattan com mais intensidade, as ruas das áreas que integram a zona de retirada de cerca de 370 mil moradores começam a ser inundadas.
Autoridades municipais informam que as chuvas que atingem Nova York desde a madrugada deram início aos alagamentos que foram piorados na manhã deste domingo pelo transbordamento de rios.
As águas já invadem a região do Battery Park e em bairros mais distantes, como na península de Rockaways, no Queens, os alagamentos são mais graves.
No Brooklyn, ruas de Coney Island já estão submersas, e em alguns pontos de Long Island também há inundações.

EFEITOS

O Irene chegou a Nova York na manhã deste domingo após deixar nove mortos e mais de três milhões de pessoas sem energia elétrica, informa a emissora CNN. Embora ainda cause transtornos, a tempestade chegou à cidade mais enfraquecida do que o previsto. A principal preocupação no momento é o potencial de alagamentos das chuvas que devem continuar ao menos pelas próximas 12 horas e a possibilidade de formação de tornados.
O Irene está percorrendo uma rota sentido norte-nordeste ao longo da costa norte-americana e deve continuar sendo considerado um furacão enquanto atinge Estados do país neste domingo, embora seu gradual enfraquecimento indique que ele possa ser reduzido para a categoria de tempestade tropical.
Mais cedo, o presidente dos EUA, Barack Obama, declarou estado de emergência em toda a costa leste do país, orientando os serviços de resgate e urgência a prestar socorro nas áreas mais afetadas.
Na região, as cidades de Boston, Nova York, Filadélfia e Nova Jersey continuam em esquema emergencial, com os transportes públicos interrompidos e aeroportos fechados. Muitos bairros lidam com quedas de energia e pontos de alagamento isolados.
Obama assinou nas últimas horas uma série de ordens a respeito, uma para cada Estado afetado, desde Virgínia até Massachusetts, passando por Maryland, Nova Jersey, Nova York, Connecticut e Rhode Island, informou a Casa Branca em comunicado.
As medidas autorizam que o Departamento de Segurança Interna e a Agência para a Gestão de Emergências (Fema) coordenem as operações emergenciais na região.
"O furacão se encontra finalmente sobre nós", disse o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, em uma ainda na noite de sábado. "Não saiam às ruas, fiquem em suas casas ou nos refúgios", completou.

PREPARAÇÃO

Na noite de sábado (27), Bloomberg alertou que o momento de retirada das pessoas "já passou", e agora elas devem sair das ruas e permanecerem em lugares seguros.
O prefeito de Nova York disse que foram tomadas nos últimos dias medidas "exaustivas" para se preparar para "o que for". Assim, o prefeito fez de novo uma advertência aos nova-iorquinos que não seguiram as advertências das autoridades. "Deveriam ter ido embora antes, mas se não o fizeram, nosso conselho é que permaneçam onde estão", disse.
Bloomberg aconselhou a população a não sair à rua, permanecer no interior de suas casas e longe das janelas, encher as banheiras de água caso haja cortes de provisão, preparar-se para possíveis blecautes de luz e "dormir bem esta noite".

RETIRADA

Até a noite de sábado o furacão já tinha forçado a retirada de 2,3 milhões de pessoas. Em Virgínia, perto de 200 mil pessoas foram submetidas ao processo de retirada forçada, e outras 65 mil estão sem energia elétrica.
Em uma coletiva no centro de operações de emergência, o governador da Virgínia, Robert McDonnell, além de dizer que um grupo de 40 pessoas da Agência Federal de Administração de Emergências está a caminho do Estado, aconselhou as pessoas a não "baixar a guarda" devido às reportagens que asseguram o enfraquecimento do furacão.

VOOS

Todos os aeroportos de Nova York ficarão completamente fechados a partir deste sábado (27) às 22h00 locais (23h00 de Brasília) diante da ameaça do furacão Irene, anunciaram as autoridades aeroportuárias locais.
Companhias aéreas do mundo inteiro cancelaram ou adiaram hoje os voos com destino à costa leste dos Estados Unidos devido à aproximação do furacão Irene.

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Cordel Encantado desta segunda-feira

Em Cordel Encantado, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 121, segunda-feira, 29 de agosto – Ternurinha ouve Patácio contar para Nidinho que é seu pai. Antônia e Inácio decidem ficar juntos. Felipe decide mostrar a Dora que pode conquistá-la. Timóteo ordena que Zóio-Furado prepare seus capangas para capturar Jesuíno no acampamento de Herculano. Dora fica confusa quanto a seus sentimentos por Felipe. Herculano decide levantar acampamento. Nidinho se entristece por Patácio não aceitá-lo como filho e Batoré o conforta. Açucena tem um pesadelo com Timóteo e acorda assustada. Inácio pede para Miguézim abençoar sua união com Antônia. Úrsula pede que Timóteo a leve para sua fazenda. Zenóbio vai embora e Florinda ordena que Petrus saia de sua casa. Jesuíno manda dizer a Augusto que aceita ser o rei de Seráfia.

Globo

Cabra cega!



Blog Josias de Souza

Mandioca, o pão do Brasil

Originária do continente americano, a mandioca (Manihot utilissima Pohl, Manihot esculenta Crantz) é um dos pilares da alimentação brasileira desde os tempos mais remotos. Cozida, frita e assada, em farofas, paçocas, pirões, mingaus ou cremes, transformada em tapiocas e polvilhos, a mandioca é o verdadeiro pão do Brasil. A variedade de sinônimos regionais da mandioca é tão rica quanto as designações da cachaça no país: candinga, castelinha, macamba, maniva, moogo, mucamba, uaipi, xagala.
Muitos estudiosos acreditam que as primeiras raízes foram encontradas em nosso território, no sudoeste amazônico. Considerando as variações que sobre ela atuam em diferentes climas, altitudes e solos, acredita-se que existam cerca de 200 variedades no país. De modo geral, as variedades são classificadas em bravas ou mansas (estas últimas, recebem popularmente o nome de aipim ou macaxeira), conforme o teor de ácido cianídrico que contêm.
Da mandioca extrai-se a fécula ou amido. O amido é obtido da massa de mandioca já ralada, misturada à água e filtrada (num saco de algodão, por exemplo). O caldo obtido é rapidamente mexido e decantado, obtendo-se um pó alvo e fino que, depois de seco e tratado, será transformado em polvilho doce ou azedo, sagu (amido umedecido novamente e granulado em esferas), goma e tapioca. Esta última pode ser recheada e enrolada, ou misturada ao açaí, outro preparo emblemático do Norte.
A variedade de tratamentos dados à mandioca é particularmente grande na região amazônica. Lá utiliza-se, por exemplo, as folhas (maniva) num preparo conhecido como maniçoba — um caldo feito à base da maniva, com carne de porco e temperos (como a pimenta-de-cheiro), típico dos festejos do Círio de Nazaré, a maior manifestação católica do Brasil, que acontece em Belém. O prato cozinha lentamente, e leva dias para ficar pronto.
Mas são as farinhas, produzidas a partir das mandiocas mansas e bravas, a principal utilização desta raiz. A massa da raiz da mandioca — descascada, lavada e ralada — é prensada, às vezes peneirada, e torrada em tachos ou chapas de ferro sobre fornos. A farinha, portanto, não é “crua”, como se costuma dizer por aí. Essa última etapa, segundo os conhecedores do assunto, é a parte que exige maior experiência, pois detalhes como a intensidade de calor, a quantidade de massa e a rapidez com que é mexida alteram profundamente a qualidade do produto final.
Na região da Amazônia, é muito comum o consumo da farinha-d’água ou farinha puba, que é feita da massa de mandioca fermentada e adquire um gostinho ácido bastante característico. Com ela, fazem-se bolos, cuscuz e pirões. Uma das mais apreciadas na região é a farinha de Uarini ou ovinha, de grãos ovalados, dourados e resistentes, acompanhamento ideal para moquecas e caldos, principalmente os feitos com o tucupi.
O tucupi é o líquido da mandioca espremida, fermentado depois que se retira dela o amido. Obtido das mandiocas amarelas, as variedades comuns na Amazônia, ele possui toxinas e precisa de uma longa fervura para eliminá-las. É um ingrediente tão importante quanto a farinha na região. Nos fins de tarde, é comum encontrar manauenses e paraenses em busca de uma cuia de tacacá, vendida em estabelecimentos ou mesmo nas ruas. O tacacá é um delicioso caldo feito com o tucupi, a goma da mandioca, camarões secos e jambu, uma planta amazônica que tem a propriedade de amortecer a língua.
A mandioca e suas farinhas foram, a partir do século 16, o principal alimento destacado por cronistas e viajantes estrangeiros que visitaram o Brasil, como Pero de Magalhães Gândavo, Fernão Cardim e Gabriel Soares de Souza.Em sua passagem pelo Pará, os naturalistas Spix e Martius fazem uma descrição detalhada da extração do tucupi: método que se manteve praticamente inalterado passados 200 anos. Contam os naturalistas alemães na obra Viagem pelo Brasil (1817-1820): “Um cesto cilíndrico (chamado tipiti), cheio de mandioca ralada e, em sua parte inferior, carregado com uma pedra, pende de uma das travessas da choça. Deste modo simples, o suco venenoso das raízes frescas é espremido e cai num recipiente. Esse suco, engrossado ao fogo e misturado com pimenta (Capsicum) seca, produz o tucupi, tempero usual de todos os pratos de carne do qual os paraenses fazem uso”.
É preciso, entretanto, ficar atento às designações. Muitas vezes, a mesma farinha ganha nomes diferentes dependendo da região — como a farinha de copioba, feita na Serra de Copioba, na Bahia. A farinha polvilhada, também chamada de gomada, significa a mesma coisa: uma farinha rica em amido, que confere liga aos pratos de que participa.

Cristiana Couto

Melhor lutador de vale-tudo, Anderson Silva faz Rede TV empatar com Globo

A disputa pelo título de campeão dos médios no UFC, que acabou por volta da meia-noite de sábado e deu o título à Anderson Silva, fez a Rede TV empatar em 13 pontos no Ibope com a Rede Globo.
Na maior parte do tempo a Globo dominou a audiência, mas a transmissão da Rede TV começou tímida e foi lentamente crescente até empatar durante o pico da luta.
A prévia da audiência aponta uma média entre as 22h e as 00h, período da transmissão da luta, em que foi registrado 20, 5 pontos para a Globo, 10 pontos para a Record e 9 para a Rede TV.
A Folha apurou que a programação havia sido oferecida à Globo há cerca de 1 ano. Os representantes da Cia de Lutas não foram recebidos por um executivo da emissora.
A luta foi definida no segundo assalto. Tratou-se de uma revanche, já que Yushin Okami, seu adversário, havia vencido um primeiro duelo.
O UFC planeja fazer pelo menos 4 eventos por ano no Brasil.

EDUARDO OHATA

Rebeldes avançam para Sirte, cidade natal de Gaddafi


Os rebeldes líbios se aproximavam de Sirte neste domingo e afirmaram estar a apenas 30 km ao oeste e a 100 km ao leste do reduto dos partidários de Muamar Gaddafi. Esles prometem tomar a cidade à força caso as negociações não tenham sucesso, e seus líderes descartaram qualquer possibilidade de diálogo com o líder deposto, a não ser que seja para a sua rendição.
Os inimigos de Gaddafi estão avançando até a cidade de Sirte, que fica no meio da rodovia costeira leste-oeste, mas um comandante afirmou que "libertar" a cidade pode demorar mais de dez dias.
"No leste conquistamos Ben Jawad, a 140 quilômetros de Sirte, e ao oeste outros combatentes rebeldes estão a 30 km desta cidade", declarou Mohamed al-Fortiya, comandante das forças rebeldes que atuam na região.
"Estamos negociando com as tribos da região para que Sirte se renda pacificamente", completou.
No sábado, as forças leais a Kadhafi ainda resistiam em Ben Jawad, depois do bombardeio de rebeldes bloqueados em Ras Lanuf, 20 quilômetros ao leste.
Os rebeldes assumiram na sexta-feira o controle da principal passagem de fronteira com a Tunísia e prosseguiram com o avanço no sábado.
No Cairo, o presidente do conselho executivo (governo) do CNT (Conselho Nacional de Transição, órgão político da rebelião), Mahmud Jibril, liderou pela primeira vez no sábado a delegação líbia em uma reunião extraordinária da Liga Árabe para discutir a situação na Síria e na Líbia.
O número dois da rebelião destacou que o CNT precisa com urgência de ajuda financeira. Ele advertiu que pode existir "instabilidade" no país caso os rebeldes não consigam pagar os salários dos funcionários nem restabelecer os serviços básicos à população.
Os ministros árabes pediram à comunidade internacional a revogação da decisão de bloquear os fundos e os bens do Estado líbio. Também pediram que o CNT tenha permissão para ocupar a vaga da Líbia na ONU e em suas diversas organizações.
Oito dias depois do início da ofensiva militar rebelde contra a capital foram registrados novos incidentes na noite de sábado em Trípoli, onde se ouviram explosões isoladas e rajadas de tiros. Mas não foi possível determinar se eram festejos ou tiroteios.
Os rebeldes anunciaram no sábado controlar "totalmente" o aeroporto internacional de Trípoli, assim como o bairro vizinho que era controlado por forças de Kadhafi.
Em Benghazi, o chefe do CNT, Mustafa Abdel Jalil, pediu uma ajuda humanitária urgente para a capital, onde são necessários "medicamentos, produtos de primeiros auxílios e material de cirurgia", assim como alimentos de primeira necessidade.
Um rebelde celebra a captura do posto de controle em Ras Jdir, na fronteira com a Tunísia, por onde poderia escapar Gaddafi
Em Trípoli, a vida volta aos poucos ao normal e algumas lojas abriram as portas, mas a falta de alimentos e produtos básicos provoca um aumento de preços. A gasolina, por exemplo, custa 20 vezes mais que antes da insurreição e o leite vale o dobro.
Após alguns tiroteios e explosões na capital durante a madrugada, as ruas de Trípoli estavam calmas hoje. A cidade ainda está traumatizada pelas evidências de muitas mortes que ocorreram durante as batalhas da última semana, que tiraram Gaddafi de cena.
Mas alguns moradores se aventuraram ao deixar suas casas para buscar água, alimento e combustível, que são escassos. Na Praça dos Mártires, conhecida como Praça Verde na época de Gaddafi, a polícia reapareceu em uniformes brancos, conduzindo carros em meio a um mar de cápsulas de balas.
"Voltei a trabalhar na sexta-feira. A vida está começando a voltar ao normal", afirmou um policial, Mahmoud al-Majbary, de 49 anos.
Perguntado se os rebeldes estão obedecendo a polícia, ele disse: "Ainda não. Estamos conseguindo isso lentamente. Estamos aqui mais para assegurar para as pessoas que elas estão seguras".
Os líbios continuarão temerosos enquanto o homem que os dominou com suas vontades durante 42 anos permanecer livre.
Gaddafi, de 69 anos, conseguiu escapar de ser preso, talvez tentando liderar uma insurgência contra seus opositores, ainda mal-agrupados sob o CNT (Conselho Nacional de Transição).
"Não está ocorrendo negociação alguma com Gaddafi", afirmou à Reuters Ali Tarhouni, autoridade do CNT para o petróleo e as finanças. "Se ele quiser se entregar, então negociaremos e o capturaremos."
O porta-voz de Gaddafi, Moussa Ibrahim, disse à agência Associated Press que o líder deposto ainda está na Líbia e quer discutir a formação de um governo de transição com o CNT.
Autoridades do conselho dizem que a guerra continuará até que Gaddafi seja morto ou preso e insistem que ele, seu filho Saif al-Islam e seu chefe de inteligência devem ser julgados na Líbia, embora sejam procurados pela Corte Criminal Internacional por crimes contra a humanidade

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Embaixada brasileira em Washington foi grampeada

Telegramas inéditos, mantidos sob sigilo por mais de uma década, revelam que foram tensas e conflituosas as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos logo depois da redemocratização brasileira.
As reportagens disponíveis na Folha deste domingo, assinadas por Rubens Valente e Fernanda Odilla, ocorrem a partir de despachos guardados há mais de uma década e liberados pelo Itamaraty após pedido da Folha.
Entre as informações que a Folha publica neste domingo está que a embaixada brasileira em Washington foi grampeada o embaixador brasileiro à época, Rubens Antonio Barbosa, relatou interceptação em telefones em despacho de 2001. Segundo Barbosa, a situação foi passada ao Departamento de Estado americano, mas não houve reação.
Produzidas entre 1990 e 2001, as 261 mensagens confidenciais trazem acusações de espionagem, violação de correspondência e de bagagens de diplomatas, além de críticas à política norte-americana, assuntos abordados na edição de amanhã.

FOLHA TRANSPARÊNCIA

Esses despachos integram um arquivo de 1 milhão de páginas trocadas entre o Itamaraty e as embaixadas do Brasil no exterior. Depois de um pedido da Folha, o governo liberou acesso aos papéis. Por seis semanas, o jornal pesquisou o acervo, guardado em 650 caixas no subsolo do prédio do Itamaraty, em Brasília.
A divulgação desse conteúdo, que está disponível em transparencia.folha.com.br, faz parte da nova etapa do projeto Folha Transparência para dar publicidade a documentos que, apesar de públicos, não podem ser acessados livremente.

Rubens Valente e Fernanda Odilla

sábado, 27 de agosto de 2011

Governados por cegos e irresponsáveis

Afunilando as muitas análises feitas acerca do complexo de crises que nos assolam, chegamos a algo que nos parece central e que cabe refletir seriamente. As sociedades, a globalização, o processo produtivo, o sistema econômico-financeiro, os sonhos predominantes e o objeto explícito do desejo das grandes maiorias é: consumir e consumir sem limites. Criou-se uma cultura do consumismo propalada por toda a midia. Há que consumir o último tipo de celular, de tênis, de computador. 66% do PIB norteamericano não vem da produção, mas do consumo generalizado. As autoridades inglesas se surpreenderam ao constatar que entre os milhares que faziam turbulências nas várias cidades não estavam apenas os habituais estrangeiros em conflito entre si, mas muitos universitários, ingleses desempregados, professores e até recrutas. Era gente enfurecida porque não tinha acesso ao tão propalado consumo. Não questionavam o paradigma do consumo, mas as formas de exclusão dele.
No Reino Unido, depois de M.Thatcher e nos EUA depois de R. Reagan, como em geral no mundo, grassa grande desigualdade social. Naquele país, as receitas dos mais ricos cresceram nos últimos anos 273 vezes mais do que as dos pobres, nos informa a Carta Maior de 12/08/2011. Então, não é de se admirar a decepção dos frustrados face a um “software social” que lhes nega o acesso ao consumo e face aos cortes do orçamento social, na ordem de 70%, que os penaliza pesadamente. 70% do centros de lazer para jovens foram simplesmente fechados.
O alarmante é que nem o primeiro ministro David Cameron nem os membros da Câmara dos Comuns se deram ao trabalho de perguntar pela razão dos saques nas várias cidades. Responderam com o pior meio: mais violência institucional. O conservador Cameron disse com todas as letras: “Vamos prender os suspeitos e publicar seus rostos nos meios de comunicação sem nos importarmos com as fictícias preocupações com os direitos humanos”. Eis uma solução do impiedoso capitalismo neo-liberal: se a ordem, que é desigual e injusta, o exige, se anula a democracia e se passa por cima dos direitos humanos. Logo no país onde nasceram as primeiras declarações dos direitos dos cidadãos.
Se bem repararmos, estamos enredados num círculo vicioso que poderá nos destruir: precisamos produzir para permitir o tal consumo. Sem consumo, as empresas vão à falência. Para produzir, elas precisam dos recursos da natureza. Estes estão cada vez mais escassos e já dilapidamos a Terra em 30% a mais do que ela pode repor. Se pararmos de extrair, produzir, vender e consumir, não há crescimento econômico. Sem crescimento anual, os países entram em recessão, gerando altas taxas de desemprego. Com o desemprego, irrompem o caos social explosivo, depredações e todo tipo de conflitos. Como sair dessa armadilha que nos preparamos a nós mesmos?
O contrário do consumo não é o não consumo, mas um novo “software social”, na feliz expressão do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima. Quer dizer, urge um novo acordo entre consumo solidário e frugal, acessível a todos e aos limites intransponíveis da natureza. Como fazer? Várias são as sugestões: um “modo sustentável de vida” da Carta da Terra, o “bem viver” das culturas andinas, fundada no equilíbrio homem/Terra, economia solidária, bio-sócio-economia, “capitalismo natural” (expressão infeliz), que tenta integrar os ciclos biológicos na vida econômica e social e outras.
Mas não é sobre isso que falam os chefes dos Estados opulentos quando se reúnem. Lá, se trata de salvar o sistema que vêem dando água por todos os lados. Sabem que a natureza não está mais podendo pagar o alto preço que o modelo consumista cobra. Já estão a ponto de pôr em risco a sobrevivência da vida e o futuro das próximas gerações. Somos governados por cegos e irresponsáveis, incapazes de dar-se conta das consequências do sistema econômico-político-cultural que defendem.
É imperativo um novo rumo global, caso quisermos garantir nossa vida e a dos demais seres vivos A civilização técnico-científica que nos permitiu níveis exacerbados de consumo pode pôr fim a si mesma, destruir a vida e degradar a Terra. Seguramente, não é para isso que chegamos até a este ponto no processo de evolução. Urge coragem para mudanças radicais, se ainda alimentamos um pouco de amor a nós mesmos.

Leonardo Boff
Teólogo e filósofo, autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Ecologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos

STF publica acórdão sobre piso salarial do magistério


A decisão (acórdão) do Supremo Tribunal Federal, publicada no Diário da Justiça de 24 de agosto de 2011, sobre o julgamento de mérito da ação direta de inconstitucionalidade (ADIn 4.167), torna inconteste qualquer opinião que desafie a constitucionalidade e a aplicação imediata da Lei 11.738 (Piso do Magistério), sobretudo quando observados os esclarecimentos do Tribunal na ementa da decisão, assim dispostos:

1. Perda parcial do objeto desta ação direta de inconstitucionalidade, na medida em que o cronograma de aplicação escalonada do piso de vencimento dos professores da educação básica se exauriu (arts. 3º e 8º da Lei 11.738/2008).

2. É constitucional a norma geral que fixou o piso dos professores do ensino médio com base no vencimento, e não na remuneração global. Competência da União para dispor sobre normas gerais relativas ao piso de vencimento dos professores da educação básica, de modo a utilizá-lo como mecanismo de fomento ao sistema educacional e de valorização profissional, e não apenas como instrumento de proteção mínima ao trabalhador.

3. É constitucional a norma geral que reserva o percentual mínimo de 1/3 da carga horária dos docentes da educação básica para dedicação às atividades extraclasse.
Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. Perda de objeto declarada em relação aos arts. 3º e 8º da Lei 11.738/2008.

Em suma: o acórdão declara a Lei do Piso totalmente constitucional e reforça as orientações da CNTE condizentes à sua correta aplicação, recentemente divulgadas no jornal mural especial sobre o PSPN..
Sobre a possibilidade de, nos próximos cinco dias, algum gestor público interpor embargos de declaração à decisão do STF, alegando possíveis obscuridades, contradições ou omissões no acórdão, a CNTE esclarece que essa ação (muitas vezes protelatória, e única possibilidade de recurso ao julgamento) não suspende a eficácia da decisão. Ou seja: a Lei 11.738 deve ser aplicada imediatamente.
Importante reforçar que, para quem deixar de vincular (no mínimo) o piso nacional aos vencimentos iniciais de carreira, os sindicatos ou qualquer servidor deverão ingressar com Reclamação no STF, bem como denunciar os gestores, descumpridos da Lei, por improbidade administrativa.
Em relação à hora-atividade, a falta de eficácia erga omnes e de efeito vinculante à decisão não dispensa o gestor público de observá-la à luz do parágrafo 4º do art. 2º da Lei 11.738, uma vez que o dispositivo foi considerado constitucional pelo STF. Nestes casos, a cobrança do cumprimento da Lei deverá ocorrer perante o judiciário local.
Após quatro meses do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.167, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a legalidade da Lei do Piso na sua íntegra, o Supremo publicou nesta quarta-feira, 24 de agosto, o acórdão sobre esse julgamento. A decisão do STF, tão aguardada por milhões de trabalhadores em educação, torna incontestável qualquer opinião que desafie a constitucionalidade e a aplicação imediata da Lei 11.738 (Piso do Magistério). Agora não há mais motivos para que a Lei do Piso não seja cumprida imediatamente em todo o Brasil.
O Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) foi aprovado em julho de 2008 e é uma conquista para milhões de educadores e estudantes brasileiros. Porém, o que parecia ser uma garantia de estabilidade salarial trouxe preocupação, pois muitos prefeitos e governadores insistem em não cumprir o que está na lei e pagar valores abaixo do estabelecido pelo MEC, que é de R$ 1.187,08 (para a CNTE o valor correto é de R$ 1.597,87). A Lei do Piso é clara e afirma que o Piso é vencimento inicial, sem acréscimo de gratificações e é destinado para uma carga horária de, no máximo, 40 horas semanais.
O presidente da CNTE, Roberto Leão, diz estar confiante e espera que nenhum governador ou prefeito encontre mais argumentos para não cumprir o que está estabelecido na Lei que criou o PSPN. “Eu espero que definitivamente eles entendam que desde o Parlamento até a Corte Suprema do País, todos entendem que a Lei é plenamente constitucional e cabe aos gestores aplicá-la como ela foi aprovada”, afirma.
Leão ressalta que a CNTE vai trabalhar baseada nesse acórdão. “Nós vamos incentivar nossos sindicatos para que continuem o que já faziam antes: cobrar dos governadores e prefeitos o cumprimento da Lei. Muitos governos, como o de Minas Gerais, dizia que era necessário esperar o acórdão e tava fazendo uma queda de braço infeliz que só prejudica a educação. Espero que agora eles tenham finalmente acordado para o fato de que o que nós dizíamos era verdade. Eles têm um papel a cumprir na sociedade: orientar o cumprimento das leis que são aprovadas no Congresso Nacional”, destaca.
O presidente da Confederação informa, ainda, que a jornada dos trabalhadores em educação continua. “Agora estamos mais fortalecidos. Esperamos que todos os nossos sindicatos andem com o acórdão nas mãos e cobrem de maneira bastante firme e incisiva o cumprimento da Lei, porque isso é uma aula de democracia. Os nossos sindicatos, ao exigir o cumprimento da Lei, estão dizendo aos nossos alunos que as leis são feitas para serem cumpridas, principalmente quando traz benefícios ao povo, como é dessa Lei”, finaliza Leão.
Com acórdão do STF, Lei do Piso deve ser imediatamente aplicada em todo o país.

CNTE

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Para perder a fé na humanidade

Desenvolvo hoje um matéria publicada na última segunda, mas que, por imposições do espaço físico, saiu num tamanho muito menor do que o ideal. A ideia era mostrar alguns experimentos que, tomados pelo valor de face, nos fazem perder a fé no gênero humano. Eles revelam fraquezas fatais da espécie, vieses constrangedores e ilusões cognitivas comprometedoras.
Antes, porém, de concluir pela inviabilidade do Homo sapiens, vale lembrar que também seria possível levantar experiências que sugerem, à maneira de Rousseau, uma natureza humana boa, capaz de altruísmo autêntico, de transcendência e de produzir conhecimento. O problema é que, entre os "bugs" implantados em nosso cérebro, está um que nos impele a ver o mundo como uma sucessão de dicotomias somos bons ou maus?, a vida tem ou não um propósito?, somos só bichos ou ultrapassamos a animalidade?, quando a realidade é mais bem descrita num "continuum", que admite o convívio de nossas falhas e virtudes.
Meus amigos do caderno Ciência fizeram o que era possível para adequar as copiosas descrições que eu lhes enviara aos parâmetros do jornal que, receio, sacrifique cada vez mais os textos em favor de imagens e outras firulas. Mas, como eu acho que frequentemente a genialidade de um experimento está em seus detalhes, volto à carga, trazendo mais casos (não couberam todos) e seus às vezes indispensáveis pormenores. Prometo, porém, que vou poupar o leitor das tecnicalidades mais aborrecidas. Divirtam-se.

1. Stanford Prison Experiment (SPE)

O que importa é o caráter das pessoas, certo? Talvez não. Em 1971, o psicólogo Philip Zimbardo estava interessado em descobrir se traços de personalidade de prisioneiros e guardas explicavam situações abusivas nas cadeias. Para tanto, decidiu criar um simulacro de xadrez no porão do Jordan Hall (sede do Departamento de Psicologia da Universidade Stanford).
Recrutou 24 voluntários em perfeita saúde mental. Num sorteio, parte do grupo ficou com o papel de guarda, e o restante, com o de prisioneiros. Estes receberam um uniforme e um número, pelo qual passaram a ser chamados. Os guardas ganharam vestes militares, óculos escuros e um cassetete. Foram instruídos a assustar os presos, mas jamais usar força física contra eles.
Rapidamente as coisas saíram de controle. Os guardas começaram a mostrar-se cada vez mais cruéis para com os prisioneiros, que, depois de uma tímida tentativa de rebelar-se, foram aceitando docilmente as humilhações a eles impostas. Eram forçados a participar de contagens e a fazer exercícios como sanções disciplinares. O próprio Zimbardo se deixou absorver pela situação e pelo papel de superintendente. Foi só depois que sua namorada visitou o local e constatou que limites éticos haviam sido rompidos, que o psicólogo começou a questionar a moralidade da situação. No sexto dia, o experimento, concebido para durar duas semanas, foi interrompido (e sob os protestos dos guardas).
A moral da história é que o comportamento dos participantes foi em larga medida ditado pela situação em que se encontravam, com papéis que lhe foram aleatoriamente atribuídos, e não apenas por traços de sua personalidade. É um "insight" para compreender situações como Abu Ghraib e até fenômenos sociais como o nazismo.

2. Milgram

Na mesma linha do SPE, mostra que, quando a situação o exige, pessoas normais são capazes de coisas terríveis. Em 1963, Stanley Milgram, da Universidade Yale, descreveu experimentos nos quais voluntários são convidados por um pesquisador a aplicar choques elétricos num ator como punição por respostas errada num teste de memória. O voluntário, é claro, não sabe que seu companheiro é um ator e que a máquina de choque é falsa. Não obstante, quando instados pelo pesquisador a aumentar a voltagem dos choques falsos, 65% obedeceram até chegar à carga máxima de 450 volts, apesar dos gritos do ator.

3. "Political junkies", o prazer com a contradição

Ao decidir o voto, colocamos a razão a serviço do bem comum, como quer a turma do politicamente correto, ou de nossos interesses, na versão cínica. Esqueça. Isso é bobagem. O psicólogo Drew Westen (Universidade Emory) mostrou que, também na política, as emoções falam mais alto que a lógica. Ele enfiou 15 eleitores do Partido Republicano e 15 do Partido Democrata num aparelho que monitorava a atividade de seus cérebros enquanto seus candidatos do coração apareciam em situação desfavorável. A cada um dos participantes foram apresentadas seis situações fictícias que mostravam flagrantes contradições de John Kerry (candidato democrata), seis de George W. Bush (republicano). Ao final de cada situação, o participante tinha de dar uma nota, indicando se achava que o candidato havia caído em contradição e em que grau, de 1 (discorda fortemente) a 4 (concorda fortemente).
Como previsto, os eleitores não tiveram dificuldade para perceber a contradição do candidato a que se opunham, colocando a avaliação média perto de 4. Já as contradições dos postulantes de sua preferência receberam nota próxima a 2. Analisando as imagens do "scanner", os cientistas puderam reconstituir os passos da razão eleitoral de suas cobaias. Quando os eleitores foram confrontados com informação potencialmente ameaçadora a suas convicções, foram ativadas redes de neurônios associadas a estresse. O cérebro percebe o conflito entre os dados e o desejo e começa a procurar meios de desligar o interruptor que deflagrou a emoção negativa. Em seguida, os circuitos ligados à regulação de estados emocionais recrutam crenças capazes de eliminar o estresse. É por isso que a contradição é apenas fracamente percebida. Os circuitos normalmente envolvidos no raciocínio lógico quase não são ativados.
A surpresa foi constatar que esse processo de relativização das contradições não se limita a desligar as emoções negativas. Ele também dispara emoções positivas, acionando circuitos do sistema de recompensa, que em grande parte coincidem com as áreas ativadas quando viciados em drogas tomam uma dose de manutenção.

4. Professor Fox

O importante é ter conteúdo. Essa é outra balela. Aparências são muito mais importantes. Em meados dos anos 70, psicólogos da Universidade da Califórnia criaram o Dr. Myron L. Fox. Ele era uma fraude. Não havia nenhum Dr. Fox e seu currículo foi completamente inventado. Para representá-lo, contrataram um ator charmoso que deu uma aula sobre "teoria dos jogos matemática aplicada à educação física". A aula não passava de um amontoado de bobagens sem sentido, repleta de frases de duplo sentido, contradições e neologismos. Mas o ator era bom e dizia essas coisas com clareza, confiança e autoridade.
A plateia, composta por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, adorou. Na hora de avaliá-lo, deu-lhe notas positivas, incluindo 100% de aprovação no quesito "estímulo ao pensamento".
Vídeos da aula do Dr. Fox foram exibidos a outros públicos, incluindo um formado por professores e administradores de cursos de pós-graduação. E o Dr. Fox recebeu excelentes notas de todas as audiências.

5. Mentirosos compulsivos

A honestidade, pelo menos, continua sendo um valor. A maioria das pessoas é honesta. Será? O psicólogo Robert Feldman gravou secretamente várias conversações entre duas pessoas em ambientes naturais (lojas, universidade etc.). Depois, as convidou a revisar o vídeo, apontando as "inexatidões" em que haviam incorrido. Detalhe importante, os participantes não sabiam que o pesquisador estava interessado em mentiras.
A conclusão básica de Feldman é que, no curso de uma conversação de meros dez minutos em que dois adultos se apresentam, eles mentem uma média de três vezes cada, podendo chegar a 12 nos casos mais extravagantes.

6. Eles estão loucos

Tudo bem que temos todos a tendência de mentir, de nos tornar torturadores e que a política e a educação podem não passar de uma fraude, mas pelo menos ainda conseguimos distinguir a sanidade da insanidade. Nem isso. Num célebre experimento de 1973, o psicólogo David Rosenhan e sete associados, todos sãos, apareceram em diferentes hospitais psiquiátricos queixando-se de estar ouvindo vozes. sete deles foram internados com o diagnóstico de esquizofrenia. O oitavo, segundo os médicos, sofria de psicose maníaco-depressiva (doença que hoje leva o nome de transtorno bipolar).
Uma vez internados, eles passaram a agir normalmente e de forma colaborativa, afirmando que as vozes tinham sumido. Mas sair era mais difícil do que entrar. A estadia média foi de 19 dias (variando de 7 a 52), durante os quais os pseudopacientes receberam drogas (no total, 2.100 pílulas, das quais apenas duas foram ingeridas).
A parte mais divertida, porém, é que, embora nenhum dos médicos e enfermeiros tenha notado que os pesquisadores não estavam doentes, 35 de um total de 118 pacientes perceberam. "Você não é louco. É jornalista ou professor", disse um dos internos.
E as coisas não acabam aqui. Ao tomar conhecimento de que Rosenhan preparava seu artigo, representantes de um hospital lhe escreveram dizendo que jamais cairiam num truque barato desses. Rosenhan aceitou a provocação e escreveu de volta propondo um desafio. Nos três meses seguintes, ele enviaria ao hospital um ou mais pseudopacientes, que a instituição deveria identificar como tal. Dos 193 pacientes admitidos no hospital no período, 41 foram classificados como impostores e 42 como possíveis fraudes. Só que Rosenhan blefara e não havia mandado nenhum pseudopaciente.
"Está claro que não conseguimos distinguir os sãos dos insanos em hospitais psiquiátricos", concluiu o pesquisador.

7. O gorila invisível

Já que o mundo que nos rodeia é insano, a solução é voltarmo-nos para dentro de nós mesmos. Complicado, porque nosso cérebro também nos prega peças. Um experimento seminal de 1999 conduzido pelos psicólogos Christopher Chabris e Daniel Simons traduz com muito bom humor o tamanho da encrenca. Eles fizeram um vídeo no qual seis pessoas (três vestindo camisetas brancas, e três, pretas) trocam passes com duas bolas de basquete. Participantes da pesquisa são instruídos a contar mentalmente os passes do pessoal de branco enquanto assistem ao vídeo. A uma dada altura, um sujeito fantasiado de gorila entra em cena, encara a câmara, bate no peito e se retira. Ele aparece na tela por 9 segundos.
Você o notaria? A esmagadora maioria das pessoas responde com um sonoro "sim". Como não perceber um gorila que fica em cena por quase 10 segundos? Mas não interessa muito o que imaginamos, o fato é que 50% das cobaias simplesmente não veem o símio, porque estão ocupadas contando. O experimento, que rendeu a seus autores o prêmio IgNobel de 2004, foi repetido com diferentes públicos em diferentes países com resultados sempre semelhantes.
A ideia básica é que, embora imaginemos que podemos enxergar tudo o que aparece à nossa frente, só temos consciência de uma pequena porção das coisas que estão em nosso campo visual. Em geral, vemos aquilo que o cérebro já espera encontrar.

8. Carteira escocesa

Talvez nossa boia seja a bondade alheia. Mas mesmo as boas intenções são moldadas por preferências irracionais. O psicólogo Richard Wiseman, da Universidade de Hertfordshire, resolveu espalhar 240 carteiras pelas ruas de Edimburgo. Elas não continham dinheiro, apenas documentos de identidade, cartões de fidelidade, bilhetes de rifa e fotografias pessoais. A única variação eram as fotos. Algumas das carteiras não tinham foto nenhuma (era o grupo controle) e outras traziam imagens que podiam ser de um casal de velhinhos, de uma família reunida, de um cachorrinho ou de um bebê.
A meta do experimento era descobrir se a fotografia afetaria a taxa de devolução das carteiras. Num mundo perfeitamente racional, a imagem seria irrelevante. Devolve-se o objeto perdido porque é a coisa certa a fazer. O trabalho de colocá-lo numa caixa de correio não é tão grande assim e é o que gostaríamos que os outros fizessem, caso fôssemos nós que tivéssemos perdido os documentos.
É claro, porém, que as fotografias influíram nos resultados. Foram devolvidas apenas 15% das carteiras sem foto, pouco mais de 25% das que traziam a imagem dos velhinhos, 48% das da família, 53% das do filhotinho e 88% das do bebê.

9. Libet

OK. Não podemos confiar em nenhuma instituição, pessoa, nem nos nossos sentidos e em partes de nosso cérebro, mas ainda temos o livre-arbítrio, não é mesmo? Provavelmente não. Num experimento seminal dos anos 80, Benjamin Libet, da Universidade da Califórnia, ligou seus alunos a aparelhos de eletroencefalograma e demonstrou que a atividade cerebral inconsciente que faz alguém mover o braço, por exemplo, precede em pelo menos meio segundo a "decisão consciente" de mexer o braço.
A partir daí, neurocientistas desenvolveram vários experimentos semelhantes, obtendo a corroboração dos resultados. Hoje são mais ou menos unânimes em afirmar que o livre-arbítrio não é mais do que uma ilusão, um efeito colateral de vários sistemas cerebrais ligados em rede, que nos leva sinceramente a crer que nossas decisões brotam da mente consciente. Pensando bem, isso talvez não seja um problema, pois há vários experimentos fortemente sugestivos de que também a consciência não passa de uma ilusão.

Fontes: "The Lucifer Effect", "Political Brain", "Future Babble", "The Moral Landscape", "The Believing Brain", "The Invisible Gorilla", "The Liar in Your Life", "Self Comes to Mind"

Hélio Schwartsman

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Em nova mensagem, Gaddafi pede à população que "limpe" Trípoli dos rebeldes


O ditador líbio, Muammar Gaddafi, disse na madrugada desta quarta-feira, em uma nova mensagem de áudio transmitida pela emissora do Kuwait Al Rai TV, que a população de Trípoli deve "limpar" a capital do país da presença dos rebeldes, informou a agência Reuters.
"Todos os líbios devem estar presentes em Tripoli. Jovens, homens e mulheres tribais devem varrer Trípoli e limpá-la dos traidores", disse o líder líbio.
"Eu tenho saido um pouco em Trípoli discretamente, sem ser visto pelas pessoas, e não senti que Trípoli estava em perigo", acrescentou.
Esta foi a segunda mensagem de Gaddafi desde a tomada por parte dos rebeldes na tarde de ontem do complexo de Bab al Aziziya, quartel-general do ditador líbio em Trípoli. Mais cedo ele havia dito que abandonou sua fortaleza na capital como parte de uma retirada tática e jurou "morte ou vitória" contra os rebeldes.

EXPLOSÕES

Duas fortes explosões foram ouvidas na madrugada desta quarta-feira em Tripoli, enquanto a aviação da Otan continua sobrevoando a capital líbia, informou a agência France Presse.
Disparos e explosões esporádicas foram ouvidas durante praticamente toda a noite em Trípoli, onde os rebeldes ainda não conseguiram derrotar todas as forças leais ao regime de Gaddafi.
"Francoatiradores estão escondidos na estrada que leva ao aeroporto", disse à France Presse o chefe de um grupo de combatentes rebeldes.

REBELDES SINALIZAM VITÓRIA

As supostas mensagens de Gaddafi chegam após a tomada do complexo nesta terça-feira, quando os rebeldes líbios anunciaram também que devem transferir o quartel-general da revolução da cidade de Benghazi, no leste do país, para a capital, Trípoli, em até dois dias, segundo informou Ahmed Bani, um dos porta-vozes militares dos insurgentes, à rede de TV Al Jazeera.
Mais cedo, Mahmoud Jibril, um dos líderes do CNT (Conselho Nacional de Transição), o órgão político dos rebeldes, comentar os últimos desdobramentos da revolução no país durante uma entrevista coletiva em Doha, no Qatar, classificando a tomada do complexo residencial do ditador Muammar Gaddafi como uma "importante vitória" após seis meses de intensos combates.
"A transição começa imediatamente" para a construção de uma "nova Líbia", anunciou. "Construímos agora uma nova Líbia, com todos os líbios como irmãos por uma nação unida, civil e democrática", acrescentou Jibril.
O líder agradeceu o apoio do Qatar e dos EUA, que auxiliaram as lutas dos rebeldes com apoio logístico para exportação de petróleo e com ajuda financeira, respectivamente.
Para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Gaddafi já é "parte da história" e esta terça-feira representa uma importante vitória rebelde, embora a comunidade internacional ainda hesite em dar como totalmente vencida a guerra, já que o paradeiro do ditador permanece indeterminado.
No Qatar, sinalizando o início de um futuro político pós-Gaddafi, Jibril disse que a Alemanha foi um dos primeiros países a adiantar uma linha de financiamento para ajudar o governo rebelde.
O líder comentou ainda os controversos relatos de prisão de um dos filhos de Gaddafi, Saif al Islam, que ontem (22) reapareceu em Trípoli e desmentiu ter sido detido pelos insurgentes.
Para Jibril a polêmica foi uma tentativa desesperada de Gaddafi para obscurecer os êxitos da revolução dos rebeldes.
"Foi um ato cinematográfico, ele apareceu diante da mídia internacional", disse Jibril ao falar sobre o assunto, criticando a aparição do herdeiro do ditador no hotel onde os jornalistas internacionais estão sendo mantidos, no centro de Trípoli, ainda na noite de ontem (22).
Segundo o líder, os relatos obtidos inicialmente eram de que ele havia, de fato, sido detido. Jibril citou ainda as fontes do TPI (Tribunal Penal Internacional), que também divulgou, durante o fim de semana, que Saif havia sido preso.

TOMADA DO QUARTEL-GENERAL

Os rebeldes oposicionistas da Líbia entraram na casa de Muammar Gaddafi, depois de avançarem sobre um dos portões do complexo militar de Bab al Aziziya, um conjunto de edifícios fortificados que é considerado o quartel-general do ditador.
Ahmed Omar Bani disse que os rebeldes não encontraram nenhum sinal de Gaddafi ou de seus filhos.
"Bab al Aziziya está completamente sob nosso controle, o coronel Gaddafi e seus filhos não estavam no lugar", disse. "Ninguém sabe onde estão", completou.
O paradeiro de Gaddafi é desconhecido dos rebeldes e da comunidade internacional. Apesar de rumores de que teria viajado à vizinha Tunísia ou até mesmo à Venezuela, o Pentágono diz acreditar que ele ainda está na Líbia.
A conquista do complexo é vista por muitos como o golpe final contra o regime, mas a prisão de Gaddafi seria um fim simbólico ao regime de 42 anos.

FIM DA RESISTÊNCIA

Os rebeldes disparavam tiros para o ar em comemoração após entrarem na fortaleza do ditador, disse um repórter da Reuters no local. O combate mais violento começou nas primeiras horas desta terça-feira. Forças pró-Gaddafi tentaram defender o complexo, mas a resistência acabou.
Segundo relatos da correspondente da rede de TV americana CNN, alguns choravam de alegria por terem vencido a resistência, e rebeldes mostravam documentos com estampas oficiais do governo para mostrar que estavam dentro do gabinete de Gaddafi. "Eles conseguiram pegar algumas das armas que estavam com as forças de Gaddafi", disse.
Os rebeldes ainda se organizavam para fazer a segurança do local e se defender de um eventual contra-ataque.
As forças rebeldes avançam também no leste do país, fora da capital. Segundo a Al Jazeera, os rebeldes controlaram o porto de exportação de petróleo de Ras Lanuf e agora avançam rumo a Bin Jawad.
O correspondente do canal de TV na Líbia disse ainda que as tropas de Gaddafi estão recuando da cidade natal do ditador, Sirte, no que seria uma conquista muito simbólica para os oposicionistas.

Folha de São Paulo

Audiência Pública discute fiscalização e controle da merenda escolar


A CNTE participou de Audiência Pública sobre merenda escolar, realizada hoje (23) na Câmara dos Deputados. O objetivo foi discutir formas de melhorar a fiscalização e o controle social do uso dos recursos da merenda, como explica a deputada Fátima Bezerra, presidente da Comissão de Educação e Cultura. “O Ministério da Educação repassa o dinheiro, mas o controle e a fiscalização ocorrem lá na ponta, nos municípios e nos estados, por meio dos conselhos de alimentação”. O debate foi proposto por ela e pela deputada Professora Dorinha Seabra Rezende, com base em denúncias do programa Fantástico, da Rede Globo.
O programa foi ao ar em maio deste ano e denunciou a falta de higiene, prazo de validade vencido, superfaturamento e alimentação nada nutritiva oferecida pelas escolas públicas brasileiras.
Heleno Araújo, secretário de Assuntos Educacionais da CNTE, esteve presente na audiência representando a Entidade. Para ele, três fatores são importantes para resolver as irregularidades na merenda escolar. “O primeiro é o concurso público para rede pública da educação básica no país. É costume haver indicação política para ocupar as funções administrativas dentro das escolas da educação básica. Com isso, o compromisso não é com o serviço público, mas com quem o indicou; o segundo é da formação continuada, como o Profuncionário, que estimula e dá condições para os profissionais concluírem o ensino médio; o terceiro é a gestão democrática na escola e no sistema”, ressaltou o professor.

Orçamento
Atualmente, a União repassa a estados e municípios, dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), R$ 0,30 por dia para cada aluno matriculado em turmas de pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos. As creches e as escolas indígenas e quilombolas recebem R$ 0,60 por aluno e as escolas de ensino integral, R$ 0,90.
O orçamento do programa para este ano é de R$ 3,1 bilhões. O objetivo é beneficiar 45,6 milhões de estudantes da educação básica e de jovens e adultos. Desse valor, 30% devem ser investidos na compra direta de produtos da agricultura familiar.
O investimento dos recursos deve ser acompanhado pela sociedade, pelos conselhos de alimentação, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e pelo Ministério Público.

CNTE

Cordel Encantado desta sexta-feira

Em Cordel Encantado, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 119, sexta-feira, 26 de agosto – Augusto se decepciona quando Jesuíno se recusa a ser rei de Seráfia. Damião destrata Galego, que é amparado por Amália. Cícero vai atrás de Rosa depois de conversar com Herculano. Vicentina se interessa por Farid. Zenóbio diz a Petrus que vai viajar para que Florinda decida o que sente pelo duque. Um dos homens de Timóteo segue Jesuíno até o acampamento de Herculano. Vicentina vai à casa de Bartira para falar com Farid. Ternurinha ouve Patácio contar para Nidinho que é seu pai. Antônia e Inácio decidem ficar juntos. Felipe decide mostrar a Dora que pode conquistá-la.

Globo

Empresária brasileira reinventa lojas

Se a experiência der certo, a empresária Luiza Helena Trajano terá ajudado inovar o jeito como funcionam não só suas lojas, mas o varejo em geral e, mais uma vez, mostro aqui como as redes sociais estão mudando o capital humano, democratizando possibilidades (o detalhamento está no www.catracalivre.com.br).
Ela vai convidar parentes dos funcionários e, depois, clientes a abrirem uma loja de sua rede varejista numa rede social como Orkut ou Facebook. Os produtos serão selecionados a partir dos amigos. Os lojistas virtuais terão uma comissão na venda sem sair de casa. E a rede varejista terá, quem sabe, centenas de milhares de vendedores.
É daquelas ideias simples que, se pegam, viram cases de inovação, repetidos por todos. Vemos assim como o mundo físico está sendo cada vez mais desafiado pelas redes sociais, obrigando a uma reciclagem permanente.

Gilberto Dimenstein

A senha

A equipe da presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto anda agoniada nos últimos dias. Busca uma forma de retirar a senha passada à imprensa pela presidente de que estava totalmente liberada a temporada de caça às bruxas.
Desde que determinou uma faxina geral no Ministério dos Transportes, Dilma passou a assistir a uma corrida da imprensa para investigar irregularidades praticadas por seus ministros e auxiliares.
Resultado: mais um ministro caiu, outros dois estão balançando e passou a reinar um clima de insegurança na Esplanada dos Ministérios. A pergunta que mais se ouve nos gabinetes ministeriais e do Congresso é "quem será o próximo da fila?"
Foi o suficiente para mudar o ânimo dentro do Palácio do Planalto. O que até então era comemorado pela equipe de Dilma como algo positivo para o governo passou a ser visto como uma ameaça, diante do clima geral de insatisfação gerado na base aliada. Daí que a presidente, nos últimos dias, não se cansa de repetir que não será pautada pela imprensa.
O fato é que ela pode até não ser pautada pela imprensa, mas o acúmulo de notícias negativas sobre determinado ministro acaba levando à sua saída do governo. Foi o que aconteceu com o ministro Wagner Rossi (Agricultura), que não aguentou, nem tinha como aguentar, a pressão e entregou o cargo.
É bom lembrar e destacar que essa onda de depuração é positiva para o país. Claro que já passamos por outras e, depois de um tempo de recolhimento, os malfeitores sempre voltam a agir. Agora, porém, parece que essa onda é mais forte e temos uma presidente que, ao contrário dos antecessores, é menos condescendente. O que gera esse temor na sua própria equipe e deve, pelo menos, fazer esse pessoal a pensar duas vezes antes de botar a mão no dinheiro público.
Só que a própria presidente parece ter enxergado que há limites, infelizmente, nesse tipo de ação e comportamento. Tanto que, dependesse apenas de sua vontade, o peemedebista Wagner Rossi teria resistido e ficado no governo. Afinal, não dá para brincar com fogo e pôr em risco o apoio do PMDB ao governo.
Resumindo: a partir de agora a ordem dentro do Planalto é retirar a senha passada à imprensa e torcer para que volte a reinar o clima de paz na base aliada. Quem sabe mais um ou dois ministros até possam cair, mas agora muito mais por conta do fogo amigo dentro dos próprios partidos.
Só que, gostem ou não, a imprensa seguirá no seu papel de fiscalizar as ações do Poder Público e informar seus leitores o que se passa nos gabinetes oficiais. Quanto ao destino de ministros e servidores metidos em falcatruas, a palavra final será de quem manda neles. E o julgamento deve ser dos eleitores.

Valdo Cruz

Um refúgio para Gaddafi!



Blog Josias de Souza

Organizando o espaço do disco rígido


Se o espaço livre do disco rígido de seu notebook ou desktop parece estar chegando ao fim, é hora de fazer uma limpeza e remover pastas ou arquivos que não são mais necessários.
Programas como o CCleaner fazem a limpeza de arquivos de trabalho e arquivos temporários.
O problema maior são os arquivos que você criou e que esses programas de limpeza não manipulam. Pode ser que existam pastas consumindo muitos Gbytes de espaço que você nem se lembra mais que estão no disco.
Com o programa FolderSizes, você pode fazer uma análise dos discos do seu equipamento e encontrar aquelas pastas que estão ocupando muito espaço.
O programa é shareware e funciona plenamente por 15 dias, prazo mais do que suficiente para que você faça todas as análises de que precisar sobre o conteúdo do disco.
O funcionamento é extremamente simples. Quando o programa é executado, ele faz uma leitura do disco e mostra uma interface que lembra o Windows Explorer.
Na parte esquerda, um painel mostra uma árvore de diretórios. No canto direito da tela você vê graficamente a ocupação das pastas (na parte de baixo) e, no painel superior, o conteúdo delas.

José Antonio Ramalho

Sibéria

De repente, deu branco. Naquela vastidão gélida e sem contraste, o frio terrível de estar perdido, o medo, a claridade cegante. E um fio sinuoso de neve correndo ao capricho do vento e acima dos sólidos gelados por invernos passados. Estava perdido. Precisava de tempo para recompor um roteiro de possíveis escapes. Pouco a pouco, as ideias se ordenariam, mas o momento era de angústia e paciente espera. Sem certeza alguma. Apenas uma espera, com a vista turva precisando entrar em foco.
Penso até que era um vício estimulado pela urgência. As vertigens e desesperos voltam em ciclos. Acontece quando menos se espera. Mas a cegueira siberiana não é apenas um mal que perturba associada a temperaturas baixas. Afeta a todos diante do direito e da razão. Pela turbulência dos processos sólidos para os líquidos. Sem que isso seja garantia de temperaturas mais amenas. É como uma esperança de diluir o branco e reverter as trilhas do degelo.
Não tem nada a ver com alucinações. Há tempos que um título de filme não sai da cabeça. É velho, de 1971, datado, faz muito tempo que o vi. Ele sempre pareceu melhor do que o próprio filme "O Medo do Goleiro Diante do Pênalti", de Wim Wenders. Wim Wenders também tem títulos ótimos em sua filmografia. O temor do goleiro na frente do gol é um deles e não parece uma maldição exclusiva de jogadores de futebol. É de novo o branco da cegueira, a plenitude enganosa, o conflito abissal, os fantasmas brancos.
O gol seria apenas um pleonasmo, uma redundância, que vai da euforia à frustração de uma cobrança mal feita. Gol é um ponto que se alcança de cada vez. O medo dos goleiros diante do pênalti é inevitável em qualquer partida. Só passa depois do alívio do tento. Ou não passa, dependendo de uma cobrança mal feita. Ainda tem a carga dessa maldição. Pode continuar zero a zero.
Nunca estive na Sibéria. Ainda não tive motivos para lá ir. Só se fosse por solidariedade aos povos das tundras, mas não me parece o suficiente. Penso sempre que o cinema, com todos os sacrifícios, já cumpre esta missão em nosso lugar. O cinema, ao final, presta-se a dar conta desta carência por imagens imperativas. Seja por pela força ou obstinação.Temos a Sibéria pelos terríveis relatos de Aleksandr Soljenitsin, em que não se acreditava por razões estúpidas da Guerra Fria. Pois é, ainda temos a literatura. Nunca será tarde para resgatar na preguiça de um velho livro, recuperado na estante, o que este senhor implorava para que lhe dessem razão.
Aí está também um novo filme, "Povo Feliz", que veremos na seleção da próxima Mostra. Levou um ano inteiro para ser rodado com intervenções e aquela voz pontuada e metálica inconfundível de Herzog, com a paciência perene dos ciclos que se repetem. Mesmo que as águas corram abaixo das correntes gélidas do palo Ártico e pareçam invisíveis. O filme é produzido de novo pelo visionário Werner Herzog e aparece um colaborador, Dmitry Vasyukov, para dirigi-lo. É o sacrificado, o residente, o guarda-costas. O câmera que segue o ser solitário em busca de suas caças congeladas e disformes pelo gelo patético e impiedoso, geralmente pequenas lontras que servirão mais tarde para fazer peles de abrigo ou para o comércio.
Desde vez, ao invés dos índios peruanos Aguaruna (Awájun), que juraram de morte ao ator Klaus Kinski durante as filmagens em plena selva amazônica.
"Povo Feliz" segue a pequena comunidade dos Bakhtia, de apenas 300 habitantes, perdida na vasta região do Ural, com população espalhada na vasta região do Ural, com 38 milhões de habitantes. Um sul próspero em contraste com regiões quase abandonadas e inabitadas. É este o cinema que fascina Herzog. O deserto humano. Um território de fantasmas, de vastidão branca, onde só se conta com a comovente solidariedade e lealdade de huskys siberianos. Há apenas duas possibilidades de se chegar ao lugar. Uma por helicóptero, a outra de barco.
Werner Herzog apresenta agora um duro documentário sobre a vida do povo que vive no coração da Taiga Siberiana. A câmera segue a maior parte do tempo um caçador. Não há como se comunicar por telefone, não há água corrente ou recursos médicos. O povo fica por conta do próprio destino. Os seus habitantes, com rotinas diárias que nunca foram mudadas através dos séculos, seguem rituais e tradições culturais milenares. Se a civilização humana acabar um dia eles irão sobreviver. Graças aos conhecimentos herdados pelos seus ancestrais. E a esperança sempre renovada pelas trilhas do degelo.

Leon Cakoff

Dilma suspende faxina para conter aliados insatisfeitos



O Palácio do Planalto comunicou aos partidos aliados ao governo que a presidente Dilma Rousseff só mexerá novamente na sua equipe se eles pedirem, numa tentativa de conter a insatisfação crescente da base governista com as mudanças no ministério, informa reportagem de Natuza Nery e Maria Clara Cabral, publicada na Folha desta quarta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Após perder quatro ministro em oito meses de governo, outros dois ministros entraram na linha de tiro nos últimos dias por conta de suspeitas de irregularidades: Pedro Novais, indicado pelo PMDB para o Turismo, e Mário Negromonte, nome do PP nas Cidades.
Ontem, em depoimento no Senado, Novais se defendeu das acusações na pasta, alvo de operação da PF, e disse que as irregularidades apontadas até agora são das gestões anteriores. Segundo ele, sua permanência no cargo tem o apoio de caciques do PMDB.
Negromonte, por outro lado, está órfão de padrinhos influentes, após perder o comando do PP na Câmara.
O PP está rachado na Câmara há duas semanas, desde que o grupo ligado ao ex-ministro da pasta Márcio Fortes assumiu a liderança da bancada.
O grupo destituiu da liderança o deputado paranaense Nelson Meurer e emplacou o nome do paraibano Aguinaldo Ribeiro, aliado do ex-ministro Márcio Fortes.

Natuza Nery e Maria Clara Cabral

domingo, 21 de agosto de 2011

Juíza morta no Rio era considerada rígida e impulsiva



Quando ouvia comentários sobre a criação de um novo Tribunal do Júri em São Gonçalo, a juíza Patrícia Lourival Acioli, torcia o nariz.
Único tribunal da cidade, é o que mais faz júris no Estado o dobro de alguns da capital. Mesmo assim, ela achava que nenhum outro magistrado se empenharia como ela nos processos.
Dedicada, a juíza morta com 21 tiros no dia 11 tinha relação quase pessoal com os processos que conduzia. Era considerada centralizadora e, para alguns, se excedia ao inquirir os réus.
A principal suspeita para o crime é que Patrícia, 47, tenha sido assassinada pelo que, formalmente, não fazia: condenar grupos de extermínio, milícias e quadrilhas formadas por policiais.
No Tribunal do Júri, o futuro dos réus não dependia dela, mas sim dos jurados. O responsável por colocá-los naquela situação é o Ministério Público, que os denuncia. Na teoria, a ela caberia apenas aplicar a pena.
Por ser a única juíza, personificou as condenações numa das cidades mais violentas do Rio. Definiu a pena de cerca de 70 policiais nos 12 anos que ficou à frente da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Recebeu mais de 30 informes sobre ameaças.
"Ela gostava muito do trabalho", conta o enteado de 20 anos, que conviveu com ela desde os três anos. Ele também decidiu cursar direito, apesar da resistência dela. "Ela dizia: 'Não faça, que você vai sofrer'."

TEMPERAMENTO FORTE

Obsessiva com o trabalho, chegava cedo e não tinha hora para sair, conta o técnico Claudio Castro, que trabalhava em seu gabinete.
"Ela estaria de férias neste mês, mas, pela segunda vez no ano, quis continuar no trabalho", diz Castro.
Em audiências, por vezes, ameaçou prender testemunhas, réus e até peritos quando suspeitava que estivessem mentindo. Para alguns advogados, cometia "abuso de poder". Para colegas, ela "não aceitava ser enrolada". Mas sempre evitava deixar o réu com algemas no tribunal.
O temperamento forte também se manifestava fora da corte. Ao ver um namorado ser ameaçado de morte durante uma festa de rua, perseguiu o algoz até sua casa e chamou a polícia para prendê-lo em flagrante. Após um tempo de discussão, desistiu da medida.
Foi repreendida pelo então presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Luiz Zveiter, por supostamente "pegar testemunhas, levar para uma sala e determinar o que deveriam dizer". Não aceitou a bronca.
Patrícia se envolvia pessoalmente com os casos que julgava. Quando defensora pública, adotou informalmente três adolescentes que atendera. Durante o jogo entre Brasil e Chile no Maracanã em 1989, atracou-se com um PM que agredia um jovem. Acabou na delegacia.

ANTES DO TRIBUNAL

Para colegas de faculdade, a juíza mantinha a determinação com que lutava por seus ideais na faculdade: "defender os pobres contra a injustiça social".
Participou do centro acadêmico da Faculdade de Direito da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Com colegas, expulsou um professor da sala de aula por discordar de seus métodos.
Gostava de andar "à vontade": usava calça jeans, blusinha de malha, sandália rasteira ou sapatilha.
"Nunca conheci uma pessoa que não se importasse com consumismo como ela. Nunca vi Patrícia usando joias, sapato alto ou bolsa de grife. Gostava só de brincos, cuidar dos cabelos e um batonzinho", lembrou a amiga Rosana Chagas, juíza.
Flamenguista, Patrícia gostava de esportes radicais. Escalou a pedra da Gávea e queria saltar de parapente.
Casou-se com Wilson Júnior em 1993. Eles se conheceram em Volta Redonda, onde iniciara a magistratura. Ficaram juntos por 11 anos.
Em 2004, iniciou relacionamento com o cabo Marcelo Poubel, que fazia sua segurança. Mantiveram o namoro até fevereiro, e o haviam retomado recentemente.
Em razão das ameaças, a juíza mantinha uma pistola em casa. Treinava tiro, mas não a levava ao trabalho.

POLICIAIS

Após passar por varas da Infância e da Juventude, assumiu em 1999 a 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, a segunda maior cidade do Estado. O município convive com disputa entre milícias, grupos de extermínio, máfia de vans e traficantes. Por comandar o único Tribunal do Júri da cidade responsável por julgar crimes contra a vida, Patrícia participava de todos esses processos.
Fez pós-graduação em justiça criminal e segurança pública na UFF (Universidade Federal Fluminense). Numa das aulas, discutiu com um major que defendia a política de confronto. E desabafou sobre uma das suas atividades: julgar PMs.
"[Prender PM] é o que eu faço todo dia. Justamente por isso, eu fico muito mal. Muitas vezes, eu vejo um policial sentado... Um homem honrado, uma pessoa de bem tomando 40 anos de prisão porque ninguém do Estado vai lá para dizer que foi ele que deu essa orientação."

DIANA BRITO
ITALO NOGUEIRA
MARCO ANTÔNIO MARTINS

Rebeldes líbios preveem queda iminente do regime de Gaddafi


O Conselho Nacional de Transição na Líbia, órgão político dos rebeldes no país, anunciou neste domingo que o fim do regime de Muammar Gaddafi está "muito próximo", pois os combatentes do movimento insurgente já chegaram à capital, onde iniciaram a chamada "operação para a libertação de Trípoli".
"Temos contatos com os íntimos do coronel Gaddafi e tudo indica que o fim está muito perto. Este fim poderia resultar catastrófico para ele e seus seguidores, o que significa que ele seria capaz de criar uma situação de anarquia em Trípoli", declarou o presidente do CNT, Mustafa Abdel Yalil.
Essas palavras foram pronunciadas na cidade de Benghazi, considerada a capital dos revolucionários líbios, poucas horas antes dos primeiros combates entre os insurgentes e as forças leais a Gaddafi dentro de Trípoli.
Um dos rebeldes, que se identificou como Abu Bakr el Misrata, declarou à emissora de televisão "Al Jazeera" que o levante em Trípoli começou na noite de sábado "no coração da cidade", diante da iminente chegada das forças rebeldes.
O representante rebelde destacou que os primeiros combates entre os insurgentes e as brigadas fiéis ao regime já ocorreram em vários bairros. "Houve troca de fogo de armas leves e lança-granadas durante toda a noite e até o início da manhã de hoje", afirmou.
Segundo ele, os enfrentamentos armados tinham ocorrido sobretudo nos bairros de Tajura e de Souk al Jumah.
Já o porta-voz da Aliança de 17 de Fevereiro, Mohammed Abderaman, informou sobre combates em sete bairros da capital e afirmou que os rebeldes haviam conseguido tomar a base aérea de Matica.

AVIÕES

A "Al Jazeera", citando fontes rebeldes, informou que os insurgentes tinham capturado membros das forças do regime vivos durante a noite, antes de assumir o controle total de Tayura, na periferia oriental da capital.
A emissora de televisão árabe também anunciou que, após os primeiros combates, os aviões militares da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) fizeram ataques contra determinados alvos em Trípoli, mas não mencionou quais eram eles.
O porta-voz do governo líbio, Moussa Ibrahim, minimizou a importância dos incidentes deste fim de semana ao afirmar neste sábado à noite que os combates eram apenas "pequenos enfrentamentos entre pequenos grupos, que duraram somente meia hora".
Ibrahim indicou que as forças do regime, com o apoio de "voluntários", conseguiram vencer e ressaltou que a capital permanece "totalmente segura". "Alguns combatentes estrangeiros recrutados pelos rebeldes foram capturados vivos", acrescentou.
Pouco depois, o ditador Gaddafi voltou a acusar a Otan de querer controlar o petróleo da Líbia. Em mensagem de áudio emitido nesta madrugada pela televisão líbia, o líder pediu ao povo uma contraofensiva para expulsar os rebeldes.
"É preciso pôr fim a esta farsa. Vocês devem marchar por milhões para libertar as cidades destruídas", exclamou Kadafi, que chamou os rebeldes de "ratos" e "agentes do Ocidente". "(Os rebeldes) perderam, gastaram tudo e seu último recurso é sua campanha de mentiras", acrescentou.
Mais tarde, o filho mais velho do líder, Seif al Islam Gaddafi, fez declarações à televisão estatal líbia nas quais pediu novamente a abertura de um diálogo entre o governo e os rebeldes, mas descartou que o regime "levante a bandeira branca da rendição".
"Se vocês querem a paz, estamos preparados, mas saibam que jamais abandonaremos a luta", declarou Saif em seu discurso televisivo.
Mas o presidente do CNT, Mustafa Abdel Yalil, longe de mostrar algum interesse quanto a uma solução negociada, convocou as forças insurgentes a se prepararem para "a última batalha".
Com a expectativa de que a capital da Líbia seja dominada pelos rebeldes em breve, Abdel Yalil pediu aos combatentes que não realizem saques em Trípoli e que se comprometam a proteger os bens públicos e privados, além das instituições.

EFE

Cordel Encantado desta segunda-feira

Em Cordel Encantado, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 115, segunda-feira, 22 de agosto – Açucena hesita em ir embora com Jesuíno. Timóteo avisa a Nicolau, Baldini e Zóio-Furado que mandou seus homens obrigarem Miguézim a dizer o paradeiro do tesouro. Um dos jagunços teme em cumprir as ordens do coronel contra o profeta e vai à Vila da Cruz denunciar a situação. Açucena desiste de se casar e vai atrás de Jesuíno. Padre Joaquim revela para Setembrino e Quiquiqui que Patácio é o verdadeiro pai de Nidinho. Augusto decide voltar para o Brasil. Setembrino e Quiquiqui contam para Cícero que Rosa é apaixonada por ele. Herculano chega com seus homens à fazenda de Timóteo para resgatar Miguézim.

Globo

Classe C eleva lucro de banco, mas toma empréstimo em loja

Enquanto o número de contas-correntes praticamente duplicou nos últimos oito anos, impulsionado pela ascensão da classe C, a oferta de produtos e serviços no setor bancário se concentrou em poucas instituições.
Juntos, os cinco grandes bancos que operam no varejo hoje são maiores do que eram as 50 principais instituições em funcionamento no final de 2002.
Eles têm 70% a mais em dinheiro e em bens para administrar e somam 17 mil agências, total que os 50 maiores bancos tinham há oito anos.
Apesar da concentração, o que diminui a concorrência, o maior problema dessa expansão bancária, na avaliação de especialistas, é a falta de conhecimento dos bancos sobre os costumes da nova clientela -que ainda prefere tomar empréstimo em loja.
Segundo pesquisa do instituto Data Popular, 58% da classe C tomaria crédito pessoal prioritariamente em lojas populares, mesmo que a taxa de juros fosse 5% maior.
Para Renato Meirelles, sócio do instituto, a pesquisa feita com 5.000 consumidores em todo o país mostra que "o sistema financeiro não está preparado para atender essas pessoas".
Na avaliação do pesquisador, esse desconhecimento explica a busca dos grandes bancos por parcerias com as redes de varejo. "Os bancos estão, na verdade, comprando o relacionamento das lojas com esse público."

DESCONFIANÇA

Estagiária de administração, Rayane Cristina da Silva abriu sua primeira conta em 2010 e usa o cartão do banco só para débito. Quando quer comprar, prefere o financiamento de lojas populares.
"O banco me liga oferecendo serviços e nem entendo. Dizem que querem aumentar o limite, mas não sei", conta, desconfiada.
Segundo o Data Popular, a classe C já representa cerca de 55% dos clientes bancários e mais de 40% deles dizem ter dificuldade para entender as finanças bancárias.
"Essa classe tem mais dificuldade porque foi incluída há pouco tempo [no sistema bancário]", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora do ProTeste, entidade de defesa do consumidor.
Mesmo sem entender os bancos, clientes como Rayane ajudam a engordar o lucro dessas instituições ao usar uma conta-corrente e pagar tarifas.
Somente no ano passado, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander lucraram R$ 43 bilhões, quase o dobro do valor estimado pelo governo para as obras da Copa do Mundo de 2014.
Em oito anos, foram cerca de 64 milhões de novas contas-correntes, de acordo com a Febraban (entidade que representa os bancos).
Ao mesmo tempo, as fusões acentuaram a concentração da oferta de serviços.
Das dez instituições que estavam no topo do ranking em dezembro de 2002, três foram compradas pelos concorrentes maiores. O BB adquiriu a Nossa Caixa, o Itaú comprou o Unibanco, e o Santander levou o ABN Amro.

SHEILA D'AMORIM
FLÁVIA FOREQUE

Prato do Dia!



Blog Josias de Souza

Grafite, o filho bastardo da liberdade e do caos

Surgido no começo da década de 1970, numa Nova York alquebrada financeiramente e sem perspectivas para a juventude do subúrbio, o grafite conquistou paulatinamente respaldo da crítica e espaço em galerias de arte.
Recém-lançado nos EUA, o livro "The History of American Graffiti" (Harper Design, 400 págs., R$ 89,30) recupera a evolução dessa manifestação, tecendo um mosaico que inclui mais de 500 entrevistas.
Em reportagem publicada na Ilustríssima de 21/8, Francisco Quinteiro Pires mostra que, apesar do status adquirido, o grafite ainda é visto por parte da América como atividade de vândalos. Há registros em vários Estados de endurecimento do combate à prática, com prisões e multas pesadas.
Parte da imprensa também torce o nariz para a arte de rua. Em editorial, o "New York Daily News" atacou a exposição "Art in the Streets", que aportaria no Brooklyn Museum no ano que vem, depois de uma bem-sucedida temporada na Califórnia. A itinerância nova-iorquina acabou cancelada.

Folha de São Paulo

Câncer!



Blog Josias de Souza

Perda de peso é novo alvo de empresas


Companhias estão levando ao pé da letra a expressão "cortar gordura". O termo, que define redução de gastos no mundo corporativo, agora também refere-se a programas de emagrecimento.
O Vigilantes do Peso Empresarial registrou alta de 185% da clientela no último ano. Hoje atende a 37 empresas do país que têm de 100 a 110 mil funcionários. No mesmo período de 2010, eram 13. O Leve na Boa, programa de orientação nutricional da Omint, companhia de saúde corporativa, teve adesão de seis empresas no primeiro semestre de 2011 -durante todo o ano de 2010, foram oito.
O aumento da obesidade no trabalho segue o ritmo observado no país. Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, 48,1% dos brasileiros eram obesos ou tinham sobrepeso. Em 2006, o índice era 42,7%.
A analista de recursos humanos Danielle Shibayama, 30, pediu para participar do programa oferecido pela empresa de software em que trabalha, Totvs. Estava "insatisfeita" com os 63 kg em 1,58 m e com a "autoestima baixa".
Em dois meses e meio, perdeu 6,2 kg. Recuperou a confiança e diz estar mais disposta. O programa, avalia, é melhor do que dietas que fez sozinha, pois, na empresa, ela "compartilha experiências".

MARCOS VASCONCELLOS

Há os indignados e há os bananas

O Brasil e a Índia têm nota igualmente baixa, aliás próximas uma da outra, no IPC, o Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional, respeitada ONG que mede não a corrupção propriamente dita, porque é "imedível", mas como ela é percebida em cada país.
A nota do Brasil, no IPC mais recente, foi 3,7; a da Índia, 3,3. Ambos os países a anos-luz da Dinamarca e seus 9,3, a primeira colocada em limpeza.
Se a percepção é parecida no Brasil e na Índia, então a reação em cada país também é parecida, certo? Errado, completamente errado. Na Índia, Anna Hazare, militante anti-corrupção, está iniciando nesta sexta-feira uma greve de fome em um parque público, acompanhado por milhares de seguidores.
No Brasil, o pessoal manda cartas indignadas para os jornais, mas não tira o traseiro da cadeira para se manifestar.
A repercussão das diferentes atitudes é inexoravelmente diferente: o movimento de Hazare está em todos os meios de comunicação de respeito no mundo todo, Brasil inclusive. Já a passividade do brasileiro ganhou uma perplexa coluna de Juan Arias, notável jornalista espanhol (um respeitado "vaticanólogo", aliás), hoje correspondente de "El País" no Brasil.
Arias se perguntava porquê não havia no Brasil nada nem remotamente parecido com o movimento dos "indignados" que não sai das ruas da sua Espanha (sólido crítico do Vaticano, aposto que Arias, se estivesse em Madri, estaria nas ruas agora, ao lado dos que protestam contra o que consideram gastos excessivos para receber o papa Bento 16, em um momento de aperto orçamentário generalizado).
O que chama a atenção, na comparação Brasil x Índia, é o fato de que os escândalos mais recentes no gigante asiático têm pontos de contato com o noticiário brasileiro.
Há, por exemplo, fundadas suspeitas de gastos abusivos para organizar os Jogos da Commonwealth, a comunidade de países que foram colônias britânicas. No Brasil, a organização da Copa do Mundo-2014 está cercada de temores, mas ninguém, até agora, fez qualquer protesto público parecido com o da Índia.
Nesta, há também suspeitas sobre negociatas no setor de telecomunicações. No Brasil, uma empresa do ramo comprou outra, o que era proibido por lei. A empresa foi punida? Não, a lei foi modificada (no governo Lula), para permitir o negócio. Você ouviu falar de alguma manifestação a respeito?
Se você preferir outra comparação, mudemos de continente e fiquemos aqui nas imediações: os estudantes chilenos, como os indignados espanhóis, não saem das ruas, exigindo educação pública e de qualidade. Preciso dizer que, em todas as avaliações internacionais comparativas, o Brasil fica sempre nos últimos lugares? Os estudantes brasileiros se mobilizam? Sim, para exigir meia entrada nos cinemas, atitude positivamente revolucionária.
Difícil escapar à constatação de que não somos indignados e, sim, bananas.

Clóvis Rossi

Dilma corta gastos de ministros aliados e poupa áreas do PT

O controle de gastos promovido pelo governo Dilma Rousseff poupou ministérios controlados pelo PT e atingiu com mais força os que estão nas mãos dos outros partidos que apoiam o governo, contribuindo para alimentar a tensão na base de sustentação do Palácio do Planalto, informa reportagem de Gustavo Patu publicada na Folha deste domingo (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Uma análise detalhada das contas do Tesouro Nacional mostra que, nas dez pastas entregues no início do governo a PMDB, PR, PSB, PP, PDT, e PC do B, os investimentos caíram 4,8% no primeiro semestre deste ano.
O desempenho contrasta com o dos 13 ministérios da cota petista: em conjunto, eles investiram 13,7% a mais do que na primeira metade do ano eleitoral de 2010, sem considerar as cifras modestas do apartidário Itamaraty e das secretarias especiais vinculadas à Presidência.

ELOGIOS

Apesar da discrepância, a cúpula do PMDB avalia que o relacionamento do partido com a presidente Dilma passou pelo seu principal teste, depois de colecionar atritos desde o início do ano.
Nesta semana, líderes peemedebistas elogiaram o comportamento da presidente no episódio que levou à demissão do ministro Wagner Rossi (Agricultura), indicado pelo vice-presidente Michel Temer. A presidente, na visão de líderes do PMDB, seguiu o manual da boa convivência.
Os peemedebistas destacaram que Dilma não ouviu ninguém ao nomear Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Paulo Sérgio Passos (Transportes), mas entregou ao PMDB a indicação do substituto de Rossi.

ROMPIMENTO

O anúncio de que o PR estava deixando a base do governo foram feitos no início da semana pelo presidente da sigla e senador Alfredo Nascimento (AM). Ele deixou o ministério dos Transportes na esteira de denúncias de irregularidades na pasta e no Dnit (departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes), até então comandados pelo PR.
Em um encontro fora da agenda oficial, Ideli se reuniu na sexta-feira (19) com o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (PR), e o vice-líder do governo na Câmara, Luciano Castro (PR-RR), para discutir a relação do governo com o PR.
Segundo os dois parlamentares, a ministra fez um apelo para que o partido volte à base aliada do governo. Segundo Portela, o pedido "não pode ser respondido rapidamente" porque precisa passar pelas "bases do partido".

Gustavo Patu

Brasil vence na prorrogação e fatura título do Mundial sub-20


Desde 2003 o Brasil não era campeão mundial de nenhuma categoria de futebol principal, de base ou feminino. O jejum era de 18 torneios sem conquistas. O incômodo período sem gritar é campeão terminou na noite deste sábado, quando a equipe bateu Portugal na prorrogação por 3 a 2, na reedição da final do Mundial de 1991 quando os lusos venceram nos pênaltis.
Agora o Brasil chega ao seu quinto título, diminuindo assim a distância para a Argentina. Depois de sair na frente, a seleção tomou a virada, empatou quase no fim do segundo tempo e marcou seu gol do título com Oscar, autor dos três tentos brasileiros, aos 7min do tempo extra.
O Brasil começou o jogo tentando cadenciar a partida através do toque de bola. Portugal, defesa que não havia sido vazada até então, ficava especulando na zaga, à espera de um contra-ataque para abrir o marcador. Mas um lance fortuito seria o responsável pelo primeiro gol da final.
Oscar cobrou falta de muito longe, a defesa portuguesa não cortou, o goleiro Mika vacilou e a bola entrou. 1 a 0 aos 5min. Mas a vantagem brasileira durou pouco. Exatos quatro minutos.
Em uma saída rápida pela direita, Nelson Oliveira disparou, foi à linha de fundo e cruzou para a área. Alex apareceu às costas da zaga brasileira e só teve o trabalho de empurrar para o fundo das redes. 1 a 1 aos 9min.
Um minuto após sofrer o empate, o Brasil quase voltou a ficar na frente. Depois de uma lambança do goleiro Mika, a bola bateu duas vezes na trave, mas não entrou. A partir daí, Portugal reforçou sua marcação, bloqueando a entrada da área, dificultando as ações da equipe brasileira.
Sem criatividade, estático, o time era uma presa fácil para os lusos. Para dar mais dinamismo ao time, o técnico Ney Franco colocou Allan e Negueba nos lugares de Gabriel Silva e Willian, respectivamente.
As alterações até deram certo no início, com o Brasil sendo mais incisivo. Mas o time não conseguiu superar o seu vício de tentar sempre afunilar as jogadas de ataque. Isso facilitava o trabalho do time português. E assim a equipe conseguiu a virada.
Em uma quase repetição do primeiro gol, Nelson Carvalho disparou pela direita, ganhou na corrida de Juan, invadiu a área e chutou. O camisa 7 contou ainda com a colaboração do goleiro Gabriel, que demorou a cair. 2 a 1 Portugal, aos 14min.
Em uma tentativa de mudar o jogo, o treinador brasileiro colocou o atacante Dudu no lugar de Philiipe Coutinho. A intenção de Ney Franco era abrir a defesa lusitana, com Negueba pela direita e Dudu na esquerda.
Mas o time dependia muito de Oscar. Nelson Carvalho, camisa 7 às costas, como um ponta de antigamente, levava a zaga brasileira à loucura. Especialmente Casemiro e Juan, improvisados na zaga e na lateral esquerda desde as substituições do intervalo.
O Brasil então copiou Portugal. Em uma das raras vezes em que jogou pelo lado do campo, a equipe empatou. Dudu deu belo drible em Pelé e chutou. Mika deu rebote e Oscar chutou para as redes vazias. 2 a 2 aos 32min.
Depois de igualar o marcador, o Brasil voltou a ter confiança e pressionou Portugal, mas não teve chances claras para marcar e evitar a prorrogação. No tempo extra, a partida continuou extremamente equilibrada.
No primeiro tempo a melhor chance foi de Portugal, quando Caetano aproveitou mais uma falha da defesa improvisada do Brasil, saiu na cara de Gabriel e tentou o toque por cobertura. Mas o arqueiro brasileiro se redimiu da falha no segundo gol português e evitou o que seria o terceiro tento lusitano.
Aos 7min do segundo tempo da prorrogação, Oscar, mais uma vez em um lance fortuito, marcou o gol do título brasileiro. O meia tentou cruzar, mas a bola foi direto para o gol e entrou no ângulo de Mika. Brasil 3 x 2 Portugal.
O time canarinho, mostrando que gosta de fortes emoções, perdeu a chance de matar a partida aos 13min. Dudu avançou pela esquerda e serviu Henrique, mas o camisa 19, um dos artilheiros do torneio, com cinco gols, desperdiçou uma oportunidade incrível, cara a cara com o goleiro Mika. Mas esse vacilo não impediu que o time alcançasse o quinto título da Copa do Mundo sub-20.

THIAGO BRAGA

Só por hoje

Só por hoje tratarei de viver exclusivamente este dia, sem querer resolver o problema de minha vida todo de uma só vez.

Só por hoje, terei o máximo cuidado com o meu modo de tratar as outras pessoas, vou controlar minhas maneiras, não criticarei ninguém e não pretenderei melhorar, nem disciplinar ninguém, a não ser a mim mesmo.

Só por hoje, sentir-me-ei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz. Não só em outro mundo, mas também neste. Vou parar de arrumar desculpas para que eu não possa encontrar-me com a felicidade.

Só por hoje, adaptar-me-ei as circunstâncias sem pretender que as circunstâncias se adaptem a todos os meus desejos.

Só por hoje, dedicarei dez minutos to meu tempo a uma boa leitura, lembrando-me de que assim como é preciso comer para sustentar o meu corpo, assim também a leitura é necessária para alimentar a vida de minha alma.

Só por hoje, praticarei uma boa ação sem contá-la a ninguém, pelo simples fato de poder ajudar alguém.

Só por hoje, farei uma coisa de que não gosto, e se for ofendido em meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba.

Só por hoje, far-me-ei um programa bem completo do meu dia. Talvez não o execute perfeitamente, mas em todo o caso, vou fazê-lo.

E guardar-me-ei de duas calamidades: Pressa e Indecisão

Só por hoje, ficarei bem firme na fé de que a divina providência se ocupa de mim mesmo como se só existisse eu no mundo, ainda que as circunstâncias manifestem o contrário.

Só por hoje, não terei medo de nada, em particular, não terei medo de gostar do que é belo, e não terei medo de crer na bondade, principalmente de acreditar que eu posso ser feliz.

Portal Angels

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

FGV foi usada para fraudar licitação na Agricultura

O nome da FGV (Fundação Getúlio Vargas) foi usado indevidamente no ano passado para fraudar uma licitação do Ministério da Agricultura que terminou com a vitória da fundação mantenedora da PUC de São Paulo, informa reportagem de Andreza Matais e José Ernesto Credendio publicada na Folha desta sexta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
O contrato está no centro de um dos episódios que levaram nesta semana à queda do ministro Wagner Rossi (PMDB), que pediu demissão quarta-feira em meio a uma onda de denúncias de irregularidades no ministério.
Nesta semana, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar as denúncias de suposta corrupção no ministério. Há suspeitas de direcionamento de licitação e pagamento de propina.
No lugar de Rossi, o Planalto confirmou ontem a indicação do deputado gaúcho Mendes Ribeiro (PMDB-RS), indicado pelo seu partido.

OUTRO LADO

A Fundasp (Fundação São Paulo), mantenedora da PUC (Pontifícia Universidade Católica), informou por meio de nota que sua participação no processo de contratação seguiu todos os trâmites legais e que o serviço vem sendo prestado normalmente.
O Ministério da Agricultura informou ter enviado toda a documentação do processo de licitação para a CGU (Corregedoria-Geral da União).
Além disso, a pasta afirmou, em nota, que pretende colaborar no inquérito da Polícia Federal para apurar suspeitas de irregularidades no contrato da Fundasp.

Andreza Matais e José Ernesto Credendio