terça-feira, 31 de maio de 2011

Tarde demais para Assad

Perfeita a reação da oposição síria ao anúncio do presidente Bashar al Assad de uma anistia ampla: "Pouco demais, tarde demais", disparou Abdel Razak Eid, ativista da "Declaração de Damasco", grupo reformista lançado em 2005, portanto seis anos antes da atual onda de protestos contra a ditadura.
Em outro momento, a anistia até seria festejada, ainda mais que inclui expressamente o grupo "Irmãos Muçulmanos", quando até este 31 de maio pertencer a essa corrente acarretava pena de morte, ainda que nunca tenha sido efetivamente levada a cabo.
Agora, no entanto, a sociedade síria quer muito mais do que a liberdade. Quer mudar o regime. Ponto.
A anistia, portanto, é pouco e é também tardia porque as manifestações de protesto, ainda que duramente reprimidas, já alteraram a cena política de maneira irreversível.
Escreve, por exemplo, Nathan J. Brown, professor de Ciência Política e Assuntos Internacionais da George Washington University:
"A mudança tem agora lugar permanente na agenda [do Oriente Médio]. Muitos governantes podem até sobreviver às rebeliões em curso, mas todos serão sacudidos e mesmo os sobreviventes terão que recolocar seu domínio de alguma maneira (para melhor ou para pior)".
A questão seguinte inevitável é, pois, saber se Assad estará ou não entre os sobreviventes. Hoje por hoje é impossível responder com alguma segurança. Mas parece óbvio que os dois movimentos desta terça-feira indicam fragilidade. Além do anúncio da anistia, o número dois do partido Baath, no poder desde 1963, Mohammed Said Bkhetan, antecipou também a convocação de um diálogo nacional. "O comitê para o diálogo será composto por todas as correntes políticas e por pessoas tanto da vida política como da econômica e da sociedade em geral", anunciou Bkhetan.
Governos que se sentem fortes preferem o caminho da repressão pura e simples. Era precisamente o que vinha sendo trilhado por Assad até esta terça-feira. Agora, sem desmontar a repressão, acena com anistia e diálogo.
É razoável supor que, também sobre o diálogo, a oposição dirá que é pouco. Afinal, Bkhetan fez questão de deixar claro que o diálogo não inclui discutir o artigo oitavo da Constituição, que dá ao Baath o papel de único líder do Estado e da sociedade.
Como é óbvio, não há democracia em que um só partido se diga dono do país.
Reforça a sensação de que o regime está ficando mais e mais isolado o fato de que a oposição está reunida justamente na vizinha Turquia para uma assembleia de três dias.
Acontece que a Turquia vinha sendo um dos únicos amigos da Síria no período de isolamento que se seguiu à invasão do Iraque, em 2003, e ao assassinato do primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em 2005, em atentado atribuído ao Hezbollah (Partido de Deus), milícia pró-Síria com muita força política e militar no Líbano.
Relata Joshua W. Walker, pesquisador do Belfer Center da Escola Kennedy da mitológica Harvard University:
"A Turquia em rápido crescimento tornou-se o maior parceiro comercial e a linha da vida para Damasco, tanto econômica como geopoliticamente. Os laços entre os dois países resultaram no estabelecimento de um Conselho de Cooperação Estratégica de Alto Nível, uma zona de livre comércio, um regime de viagens sem necessidade de vistos e vários esforços de mediação nos últimos dois anos".
Walker chega a dizer que "a Síria beneficiou-se mais de sua parceria com a Turquia do que de sua aliança de duas décadas com o Irã".
Um aliado desse calibre hesitaria muito antes de abrir as portas para uma assembleia de rebelados contra o parceiro. A menos que o primeiro-ministro turco Recep Tayyp Erdogan queira fazer valer para Assad a sua observação recentíssima para o líbio Muammar Gaddafi: "Os líderes devem assumir responsabilidades, fazer sacrifícios, escolher o caminho humano e de consciência com vistas a mudar a face, o destino e a imagem destas terras".
Assad terá que oferecer muito mais que anistia e diálogo para se enquadrar no perfil de líder desenhado por seu maior parceiro.

Clóvis Rossi

OMS chama atenção para relação entre o uso de celulares e o desenvolvimento de câncer

RIO - Pela primeira vez desde que estudos começaram a ser feitos, a Organização Mundial da Saúde alertou nesta terça-feira para a existência de uma relação entre o uso de celulares e o desenvolvimento de câncer. A agência agora classifica o uso dos aparelhos na categoria de potencial cancerígeno, a mesma para chumbo e clorofórmio.
Antes do anúncio, a OMS chegou a garantir aos consumidores que nenhum aviso de risco à saúde havia sido estabelecido. Mas uma equipe de 31 cientistas de 14 países tomou a decisão de revisar estudos sobre segurança dos celulares. O grupo descobriu evidências suficientes para classificar a exposição pessoal como "possivelmente cancerígena para humanos".
Isso significa que, até agora, não há pesquisas suficientes para esclarecer se a radiação de celulares é segura, mas há dados o bastante mostrando uma possível relação à qual os consumidores deveriam ficar atentos.
O maior problema que nós temos é que sabemos que fatores ambientais precisam de décadas de exposição até realmente vermos as consequências - disse à CNN Keith Black, neurologista chefe do Cedars-Sinai Medical Center, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
O tipo de radiação emitida por um celular é chamada não ionizante. Não é como um aparelho de Raio-X, mas se parece mais com um forno microondas de muito baixa potência.
O que as microondas de radiação fazem, nos termos mais simplistas, é parecido com o que acontece com a comida no microondas, só que com o nosso cérebro. Então, além de poder acarretar o desenvolvimento de tumores, elas poderiam causar uma série de outros efeitos, como danificar a função de memória cognitiva, já que os lobos de memória temporal ficam onde seguramos nossos celulares - completa Black.
A Agência Europeia de Meio Ambiente solicitou a realização de novos estudos, afirmando que os celulares podem ser um risco à saúde pública como a fumaça, amianto e gasolina com chumbo. O coordenador de um instituto de pesquisa sobre câncer na Universidade de Pittsburg enviou um memorando a todos os funcionários pedindo a eles que limitassem o uso de celulares, devido ao risco de desenvolver câncer.

Agência O Globo

As greves pelo cumprimento do piso salarial do magistério

Em todo país, os trabalhadores da educação básica pública, reunidos na CNTE, têm se mobilizado para fazer valer a lei do piso salarial profissional nacional do magistério (PSPN).
Desde o julgamento final da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4.167) contra a Lei 11.738, diversas greves têm sido deflagradas como resposta da categoria ao desrespeito de muitos gestores à decisão do Supremo Tribunal Federal, que julgou constitucional a vinculação do Piso às carreiras docentes de estados e municípios, inclusive com jornada de trabalho de no mínimo 1/3 (um terço) da composição destinada às atividades extraclasse (hora-atividade).
Após o julgamento da referida ADI, a CNTE realizou, no dia 11 de maio, uma paralisação nacional convocando a categoria para lutar pelo imediato e integral cumprimento do PSPN. Em decorrência dessa mobilização, neste momento, os estados de Santa Catarina, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Amapá encontram-se paralisados.
Já o Espírito Santo, Mato Grosso e Pernambuco contam com datas marcadas para iniciar o movimento paredista, caso os governos locais não avancem nas negociações com os sindicatos. Também dezenas de municípios, em todo país, estão em greve, a exemplo das capitais do Ceará e do Rio Grande do Sul.
Com relação aos desrespeitos à Lei 11.738, os quais os sindicatos da educação não tolerarão - sobretudo depois de vencerem na justiça a ADI movida pelos governadores considerados “Inimigos da Educação, Traidores da Escola Pública” - estão a não vinculação do piso às carreiras docentes (conforme determina o art. 6º da Lei federal), ou mesmo a desestruturação dos planos de carreira, cujo objetivo é o de transformar o piso em teto salarial.
A alteração de jornadas de trabalho - sem discussão com a categoria e desvinculada dos critérios de organização curricular/pedagógica - e a não observância do percentual mínimo da hora-atividade, são outras duas questões bastante corriqueiras em muitas redes de ensino.
Diante do atual cenário, a CNTE entende que o momento é oportuno para aprofundar o debate sobre a qualidade da educação e a valorização de seus profissionais.
Por isso, na reunião de seu Conselho Nacional de Entidades, dias 16 e 17 de junho, a Confederação aprovará um calendário de lutas para o segundo semestre de 2011 com a perspectiva de pressionar a votação, no Congresso Nacional, do “PNE que o Brasil” - ainda neste ano de 2011 - e de ampliar a mobilização em defesa do PSPN, exigindo o cumprimento imediato e integral da Lei 11.738 e a revisão do valor do Piso à luz do art. 5º da norma federal.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO (CNTE)

Confe$$ionário!



Blog de Josias de Souza

Palocci: de transformador a correia de transmissão

Era para ele ser o filtro do governo, o transformador de tensão, aquele que deixaria o Palácio do Planalto mais leve e suave nos contatos com a base de apoio. Virou a correia de transmissão, repassando até com uma voltagem maior toda insatisfação da presidente Dilma Rousseff com seus aliados, em particular o PMDB.
Talvez essa seja uma boa explicação para o que vem acontecendo e atingiu seu ponto mais elevado no relacionamento do governo Dilma com os partidos que formam sua base de apoio no Congresso. Ao repassar o tom belicoso de Dilma contra o PMDB, inclusive a ameaça de demissão de ministros peemedebistas, Palocci só fez agudizar algo que já estava ruim.
A pergunta que se faz é onde foi parar o ministro habilidoso, como sempre foi classificado dentro do Legislativo até pela oposição, aquele que era tido como o melhor interlocutor para as missões mais complicadas de negociações políticas do governo? Onde está o ministro destinado a reduzir o nível de tensão de um Planalto comandado por uma presidente com fama de durona e explosiva?
A crise que o atingiu depois que a Folha revelou a multiplicação de seu patrimônio explica, com certeza, boa parte desse sumiço. Acuado pelo momento de tensão, Palocci parece ter perdido o seu característico ar de tranquilidade e partiu para o ataque. Sobrou para quem estava a seu lado.
As insatisfações da base de apoio com Palocci, porém, começaram antes de ele ficar no centro das turbulências que agitam o governo Dilma. Só não tinham ganhado repercussão e publicidade. Mas já incomodavam peemedebistas, petistas e outros aliados, queixosos da falta de espaço na agenda do ministro da Casa Civil e de seu novo comportamento, arredio e até belicoso, tal como a chefe.
Isso mesmo. Parece que Palocci, em vez de funcionar como um transformador de tensão do governo, acabou refletindo, em certa dose, o estilo Dilma no relacionamento com os aliados. Resultado: gerou um curto circuito nas suas relações com a base aliada. Em especial o PMDB. Logo o partido essencial para ele se livrar das convocações e CPIs no Congresso. Tudo muito estranho.

Valdo Cruz

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Categoria recusa proposta do governo

No último dia 25, os trabalhadores em educação lotaram o auditório Boa Vista em assembleia com intuito de avaliar a proposta apresentada pelo governo na reunião de negociação com o Sintepe. A proposta não melhora a educação, nem tira a condição do professor pernambucano de receber o pior salário do país.
Diferente do crescimento claro da economia a proposta está aquém das necessidades básicas dos seus servidores. Por ela, os professores de nível médio passariam a receber R$ 1.187 e de nível superior R$ 1.198, a partir de junho.
Os demais trabalhadores em educação, igualmente aos outros servidores estaduais, receberiam 4% a partir de setembro. A assembleia concordou com a comissão de negociação e rejeitou a proposta.
Também não querer pagar o retroativo de todos os professores distorce a Lei 11.738, que estabelece o Piso no início da carreira e reajuste em 1º de janeiro. A categoria cobra o cumprimento integral da Lei e exige o retroativo ao conjunto dos professores.
Fórum dos Servidores Estaduais – Na tentativa de esvaziar o ato público convocado pelo Fórum para manhã do dia 27, na Agência Estadual de Tecnologia da Informação (ATI), o governo transferiu o local da reunião de negociação. Esse desrespeito não impediu a realização do ato nem da reunião, pois ao final desse, o Fórum se dirigiu a Pernambuco Participações - PERPART, onde estavam os secretários.
Na negociação, o Governo recusou pagar o vale transporte em pecúnia, aumentar o vale alimentação e propôs “ampliar” o reajuste de 4 para 5% em setembro. O Fórum dos Servidores, coordenado pela CUT, por unanimidade recusou a proposta. Na sexta-feira, dia 03 de junho, haverá nova reunião da Mesa Geral.

Agenda

31/05 - Reunião dos Aposentados, às 15h, no auditório do Sintepe;
02/06 – Assembleia geral, às 9h, no Teatro Boa Vista, ao lado do Colégio Salesiano.

Sintepe

MP destaca controle externo da atividade policial

Carta de Brasília: controle garante direitos humanos

Cerca de 120 promotores e procuradores reunidos em Brasília nos últimos dias 26/5 e 27/5 para debater o controle externo da atividade policial publicaram documento "Carta de Brasília" em que manifestam que esse controle "é essencial para a plena garantia dos direitos humanos".
"Repudiamos qualquer forma de supressão ou redução das prerrogativas do Ministério Público relacionadas ao exercício do controle externo da atividade policial, tais como previstas na Constituição Federal e legislação decorrente", afirma o documento.
Para os signatários da carta, "a supressão ou redução das prerrogativas do Ministério Público relativas ao exercício do controle externo da atividade
policial implica enfraquecimento do Estado Democrático de Direito e prejuízo da defesa dos direitos sociais e individuais indisponíveis".
Segundo o documento, é necessário contato constante entre Ministério Público, cidadão e sociedade civil. É fundamental o acesso a todas as informações sobre a atividade policial, buscando identificar irregularidades, desvios e abusos no poder de polícia, visando, inclusive, maior eficiência das polícias.
“Não há dúvida de que o controle externo da atividade policial é instrumento de garantia dos direitos humanos e os membros do MP têm plena consciência disso", diz o conselheiro Mario Bonsaglia, presidente da Comissão de Sistema Carcerário e Controle Externo da Atividade Policial do CNMP, responsável pela organização do evento.

Eis a íntegra do manifesto:

I Encontro Nacional de Aperfeiçoamento da Atuação do Ministério Público no Controle Externo da Atividade Policial

Carta de Brasília

Os Membros do Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal, do Ministério Público Militar e do Ministério Público Federal, reunidos no I Encontro Nacional de Aperfeiçoamento da Atuação do Ministério Público no Controle Externo da Atividade Policial, nos dias 26 e 27 de maio de 2011, em Brasília/DF, com o objetivo de debater a atuação do Ministério Público Brasileiro no Controle Externo da Atividade Policial, como instrumento de proteção dos Direitos Humanos, e orientar suas ações após reflexões, discussões e deliberações acerca dessa atribuição constitucional, manifestam publicamente o seguinte:

1 – O exercício pelo Ministério Público do controle externo da atividade policial é essencial para a plena garantia dos direitos humanos e, dentre outras formas, concretiza-se:

a- pelo constante contato com o cidadão e com a sociedade civil organizada;

b- pelo acesso a todas as informações sobre a atividade policial, buscando identificar irregularidades, desvios e abuso no poder de polícia, visando, inclusive, a melhoria da sua eficiência;

c- por exigir o absoluto e completo respeito às garantias do indivíduo, atuando no sentido de identificar, apurar e buscar a condenação dos agentes da segurança pública nos casos de prática de corrupção, tortura e homicídios;

d- por se mostrar aberto ao trabalho conjunto com ouvidorias e corregedorias de polícia;

e- pela prevenção e repressão à prática de crimes e outras irregularidades por policiais;

f- pela manutenção da regularidade e da adequação dos procedimentos empregados na execução da atividade policial, bem como a integração das funções do Ministério Público e das Polícias voltadas para a persecução penal e o interesse público.

2 – Repudiamos qualquer forma de supressão ou redução das prerrogativas do Ministério Público relacionadas ao exercício do controle externo da atividade policial, tais como previstas na Constituição Federal e legislação decorrente.

3- Alertamos a sociedade e seus representantes que a supressão ou redução das prerrogativas do Ministério Público relativas ao exercício do controle externo da atividade policial implica enfraquecimento do Estado Democrático de Direito e prejuízo da defesa dos direitos sociais e individuais indisponíveis.

Frederico Vasconcelos

OAB pede afastamento imediato de Palocci da Casa Civil

O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, defendeu nesta segunda-feira (30) o afastamento imediato do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) do cargo. Segundo o presidente da entidade, a medida "soaria muito bem" até que o ministro desse as devidas explicações sobre o crescimento do seu patrimônio nos últimos anos.
Reportagem da Folha mostrou que Palocci multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010, período em que atuou como consultor e exerceu o mandato de deputado federal. A Projeto, empresa do ministro, faturou R$ 20 milhões no ano passado, quando Palocci também chefiou a campanha de Dilma Rousseff à Presidência.
Temer diz a ministros que atritos com Palocci 'ficaram no passado'
Em entrevista divulgada pela assessoria de imprensa da OAB, Cavalcante criticou a decisão da CGU (Controladoria Geral da União) de não abrir uma investigação sobre as denúncias. "O pedido de afastamento é algo que soaria muito bem no âmbito da sociedade; é algo que deixaria o governo Dilma muito mais tranquilo", disse.
O presidente da OAB também disse ser favorável a uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso para investigar as suspeitas sobre o ministro da Casa Civil. "A CPI é um instrumento democrático e que está posto para a sociedade na Constituição. De modo que não tenho qualquer dúvida de que a CPI seria algo que poderia ser utilizado."
O afastamento do ministro do cargo já havia sido defendida por membros da oposição na semana passada.

DEFESA

Palocci entregou na sexta-feira (27) à Procuradoria-Geral da República suas explicações sobre a multiplicação do seu patrimônio nos últimos anos. No período, o ministro comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil.
No entanto, antes mesmo de a Procuradoria-Geral da República se manifestar, o Ministério Público Federal em Brasília antecipou-se e abriu investigação cível sobre o caso. O foco da ação é apurar se a evolução patrimonial do ministro é compatível com os ganhos de sua empresa.
Após a divulgação da sua evolução patrimonial, Palocci afirmou, em nota, que o crescimento está detalhado na declaração de Imposto de Renda e que a Projeto prestou serviços a clientes da iniciativa privada "tendo recolhido sobre a remuneração todos os tributos devidos".

Folha de São Paulo

Professores da rede estadual da Paraíba invadem sede do governo

Cerca de 500 professores da rede estadual da Paraíba invadiram na manhã desta segunda-feira o Palácio da Redenção, sede do governo do Estado, em João Pessoa.
Professores fazem paralisação em 12 Estados
A ação foi uma represália aos cortes nos salários nos contracheques do mês de abril de diversos profissionais. Os professores estaduais iniciaram uma greve há 28 dias, e o governo reagiu determinando o descontou dos dias parados.
Na invasão, os professores ocuparam diversas salas da secretaria e exibiram faixas de protestos na sacada do palácio. Não houve confronto com a polícia.
Segundo o professor Antônio Arruda, presidente do Sintep (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Paraíba), os docentes só sairiam do palácio após o governo apresentar uma "proposta digna".
Os manifestantes, no entanto, deixaram o palácio após o governo aceitar se reunir na tarde de hoje com representantes da categoria. Os professores seguiram para a sede da Assembleia Legislativa, também na capital paraibana, onde aguardam a reunião com representantes do governo.
De acordo com o Sintep, os descontos no salário variaram entre R$ 150 e R$ 1.000. A principal reivindicação dos professores é que o governo do Estado pague o piso nacional da educação R$ 1.187 por 40 horas de trabalho.
Segundos o sindicato, os professores recebem R$ 661 por 30 horas, quando, segundo eles, deveriam ter o rendimento de R$ 890 por essa mesma carga horária. A assessoria jurídica do Sintep-PB estuda acionar a Justiça para que os professores sejam reembolsados.
O secretário de educação, Afonso Scocuglia, negou que o governo não pague o piso nacional para os professores.

LUIZ CARLOS LIMA

Os indignados ganham, o deboche perde

De alguma maneira, dá para dizer que os "indignados", como se auto-denominam os manifestantes que estão tomando praças públicas em número crescente de países europeus, tiveram nesta segunda-feira a sua primeira vitória eleitoral, justo eles que são claramente anti-partidos (mas não anti-política, que fique claro).
Ganharam as prefeituras mais emblemáticas em disputa na Itália, as de Milão e Nápoles. No geral, nas 88 prefeituras em que houve segundo turno domingo e segunda-feira, o governo de Silvio Berlusconi tomou uma surra de dimensões extraordinárias. Ou, posto de outra forma, perdeu o deboche, que é a maneira de governar de Berlusconi, ganhou a indignação.
É preciso no entanto deixar claro que os ganhadores tanto em Milão como em Nápoles não foram candidatos lançados pelos movimentos espontâneos de cidadãos, na maioria jovens, que ocuparam as praças públicas de Portugal, primeiro, da Espanha depois, agora da França e da Grécia.
Os vencedores, na verdade, são produto de uma indignação anterior à presente onda. Tome-se Nápoles: o candidato vencedor, Luigi de Magistris, é um ex-juiz lançado pelo grupo "Itália dos Valores", criado pelo também ex-juiz Antonio di Pietro, um dos responsáveis pela chamada "Operação Mãos Limpas", que fez implodir o sistema partidário italiano nos anos 80/90.
No curso da operação, foram expedidos 2.993 mandados de prisão, envolvendo, entre outros, 438 parlamentares, dos quais quatro haviam sido chefes de governo.
Fica, pois, evidente que motivos para indignação com a política italiana não faltam. Mas ela não havia sido suficiente para dar a Di Pietro e seu grupo político mais que 4,3% dos votos na eleição nacional de 2008, a que conferiu a Berlusconi um terceiro mandato.
Os 65% agora obtidos em Nápoles tornam-se pois uma vitória da acumulação de indignação.
Da mesma forma em Milão, cidade que tem mil títulos para ser simbólica em todos os sentidos: foi lá que nasceu o fascismo, foi lá que nasceu politicamente Berlusconi, é a capital econômica do país, paradigma da modernidade em tantos aspectos.
Sabedor do símbolo que é Milão, Berlusconi jogou tudo na eleição municipal, a ponto de ter sido o cabeça de chapa de seu Povo da Liberdade para o equivalente à Câmara Municipal. Seu partido ficou importantes 10 pontos percentuais atrás de outro representante da indignação, Giuliano Pisapia (pronuncia-se Pisapía), que resolveu enfrentar, sem máquina, o candidato preferido da cúpula do Partido Democrático, o grupo de centro-esquerda que faz uma oposição chocha a Berlusconi.
Ganhou a indicação graças às bases do PD, derrotando os caciques do partido da direita.
"Venceu a Itália da elegância das paixões; isso é o mais importante na política", cantou Nichi (de Nicola) Vendola, governador da Puglia, ex-comunista, criador do SEL (Sinistra, Ecologia, Liberdade; sinistra é esquerda em italiano), uma figura relativamente jovem (53 anos) à qual convém prestar atenção. Pode acabar sendo a materialização, como candidato, da indignação, quando e se Berlusconi ceder ao grito de "demita-se" dado por Pier Luigi Bersani, o líder do PD, assim que os resultados foram anunciados.
Resultados que parecem indicar o começo do fim para o presidente do governo italiano.

Clóvis Rossi

Contra o desamparo aprendido

O desemprego é um terrível flagelo em boa parte do mundo ocidental. Há quase 14 milhões de desempregados nos Estados Unidos, e outros milhões de pessoas estão se virando com empregos de tempo parcial ou em cargos nos quais não utilizam sua capacitação profissional. Em alguns países europeus, a situação é ainda pior: 21% dos trabalhadores espanhóis estão desempregados.
E a situação não está exibindo sinais de melhora rápida. Trata-se de uma tragédia que parece fadada a continuar, e em um mundo racional pôr fim a essa tragédia seria a maior prioridade econômica.
No entanto, algo de estranho ocorreu com o debate político: dos dois lados do Atlântico, surgiu um consenso entre os poderosos de que nada pode ou deve ser feito com relação à situação do emprego. Em lugar da determinação de fazer alguma coisa sobre o sofrimento e o desperdício econômico correntes, o que vemos é uma proliferação de desculpas para a inação, disfarçada por uma retórica de sabedoria e responsabilidade.
Por isso, é preciso que alguém diga o óbvio: inventar motivos para não recolocar os desempregados na força de trabalho não é sábio e nem tampouco responsável. Em lugar disso, é uma grotesca abdicação de responsabilidade.
De que espécie de desculpas estou falando? Bem, considerem o mais recente relatório sobre perspectivas econômicas lançado na semana passada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A OCDE é basicamente uma organização de pesquisa intergovernamental; embora não tenha capacidade direta de determinar políticas, aquilo que ela afirma tende a refletir a sabedoria dominante entre as elites políticas europeias.
E o que a OCDE tem a dizer sobre o elevado desemprego de seus países membros? "O espaço para políticas macroeconômicas que se direcionem a esses complexos desafios está em larga medida esgotado", afirmou o secretário geral da organização, que em lugar disso conclamou os países a "agir estruturalmente" -ou seja, a se concentrarem em reformas de longo prazo que pouco impacto terão sobre a atual situação do emprego.
E como sabemos que não existe espaço para políticas que permitam que os desempregados voltem a trabalhar? O secretário geral não explicou -e o relatório não sugere em momento algum qualquer possível solução para a crise do emprego. Tudo que o texto faz, ao que parece, é enfatizar os riscos de qualquer desvio quanto à ortodoxia econômica.
Quem, aliás, está falando a sério sobre a criação de empregos, nos dias que correm? Não o Partido Republicano, a menos que os apelos rituais por cortes de impostos e desregulamentação sejam computados nesse sentido. E não o governo Obama, que mais ou menos abandonou o assunto 18 meses atrás.
O fato de que ninguém no poder esteja falando sobre empregos não significa, no entanto, que nada possa ser feito.
Tenha em mente que os desempregados não estão desempregados porque não desejam trabalhar ou porque lhes falte a capacitação requerida. Não há coisa alguma de errado com os trabalhadores norte-americanos -lembre-se de que apenas cinco anos atrás o índice de desemprego era inferior a 5%.
O cerne de nosso problema econômico é na verdade a dívida -principalmente a dívida hipotecária- que os domicílios acumularam nos anos da bolha da década passada. Agora que a bolha estourou, a dívida causa arrasto persistente na economia, impedindo qualquer recuperação real no emprego. E assim que você leva em conta que esse excedente de dívida privada é o problema, percebe que existem diversas coisas que poderiam ser feitas a respeito.
Por exemplo, seria possível realizar programas de trabalho coordenados pelo governo, como na época do New Deal, e aproveitar os desempregados para funções úteis como o reparo de estradas -o que também facilitaria, ao elevar a renda disponível, o pagamento das dívidas dos domicílios. Poderíamos conduzir um programa sério de reformulação de contratos hipotecários, para reduzir a dívida dos mutuários que enfrentam problemas para pagar os financiamentos de suas casas. Poderíamos tentar conduzir a inflação de volta aos 4% que prevaleciam no segundo mandato de Ronald Reagan, o que poderia ajudar a reduzir a carga real de dívidas.
Essas são políticas econômicas que poderíamos estar seguindo com o objetivo de reduzir o desemprego. Seriam políticas heterodoxas -mas os problemas econômicos que enfrentamos não são ortodoxos. E aqueles que alertam quanto aos riscos de agir precisam explicar por que esses riscos deveriam nos preocupar mais do que a certeza de sofrimento continuado para uma grande massa de pessoas caso continuemos a nada fazer.
Ao apontar que poderíamos estar fazendo muito mais quanto ao desemprego, reconheço, evidentemente, os obstáculos políticos à adoção de medidas que poderiam funcionar. Nos Estados Unidos, especialmente, qualquer esforço para reduzir o desemprego enfrentará bloqueio da oposição republicana. Mas isso não é motivo para abandonar o debate da questão. Na verdade, relembrando minhas colunas dos últimos 12 meses ou pouco mais, fica claro que eu também pequei: realismo político é necessário, mas não comentei o suficiente sobre o que realmente deveríamos estar fazendo para lidar com nosso problema mais importante.
Na minha visão, as autoridades econômicas estão se deixando arrastar a uma condição de desamparo aprendido com relação à questão do emprego: quanto mais deixam de agir para solucionar o problema, mais se convencem de que não há o que fazer. E aqueles de nós que sabem que isso não procede precisam fazer tudo que podem para romper esse círculo vicioso.

Paul Krugman

Otimismo na velhice

Não surpreende o otimismo com a velhice no Brasil.
Só 17% dos brasileiros, segundo pesquisa mundial feita pelo HSBC, associam a vida de aposentado à ideia de aperto econômico. A média mundial é quase o dobro disso (32%).
Apesar de estar emergindo, o Brasil ainda é um país pobre e sem escolarização.
Segundo o Datafolha, 47% dos brasileiros acima de 16 anos cursaram só o ensino fundamental. Uma parcela quase igual tem renda familiar mensal de até dois salários mínimos, ou menos de R$ 1.100.
Ou seja, quase a metade do país (considerando famílias de quatro pessoas) vive com menos (as vezes bem menos) de R$ 270 ao mês individualmente.
Além disso, o Brasil é um país generoso com seus aposentados. Mesmo os que nunca contribuíram com a Previdência acabam, de alguma forma, se aposentando com um salário mínimo (R$ 545).
O "boom" econômico e de crédito dos últimos anos pode piorar um pouco esse quadro.
O país e as pessoas são tão carentes que não consideram o custo de tomar empréstimos por aqui. Em vez de poupar e pagar por apenas uma geladeira, acabam entrando no crediário caro e pagam por quase duas.
Mesmo na classe média, é comum ver pessoas com carros enormes (financiados ou não) entrando em garagens de prédios modestos.
O Brasil é um dos países com a menor taxa de poupança do mundo. Seja privada ou pública.
No caso do setor privado, poupa pouco porque ainda é muito pobre e há carências enormes por bens e serviços.
No caso do setor público, que fica com quase 40% do PIB em impostos, porque gasta mal, é corrupto e ineficiente.
E, justiça seja feita, porque acaba bancando, no final, os pobres quando se aposentam.
Para quem não viu, segue entrevista com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sobre os problemas da cidade e a criação de seu novo partido, o PSD.

Fernando Canzian

A inteligência jogada no lixo

Barcelona está conseguindo tirar os caminhões de lixo de suas ruas. Isso porque já não existe mais lixo na rua. Tudo entra num sistema subterrâneo de tubo e é desembocado num centro de reciclagem. Esse é mais um exemplo da inteligência jogada no lixo.
A inteligência desenvolvida para lidar com o lixo é uma extraordinária fonte de inventividade humana provocada pelo temor de um colapso ambiental, capaz de colocar em risco a vida humana. Daí a importância do encontro nesta semana, em São Paulo, com os prefeitos das 40 maiores cidades para discutir sustentabilidade.
Aposta-se que os prefeitos e não os presidentes vão liderar as ações contra o aquecimento global, já que as cidades são as maiores responsáveis pelo desbalanceamento ecológico.
Estão surgindo interessantes modelos. Londres está virando a capita mundial do carro elétrico; Nova York distribui incentivos para a implantação de energia solar; Copenhague quer transformar a bicicleta em seu principal veículo de transporte e paga para seus moradores produziram sua própria energia do vento.
Se há um jeito de admirar a inventividade humana, basta olhar as invenções que colocam a inteligência no lixo.

Gilberto Dimenstein

Penas de vida

O que fazer com Ratko Mladic? Boa pergunta. Difícil resposta. O ex-general bósnio foi capturado pela polícia da Sérvia e deve ser agora extraditado para o Tribunal Penal Internacional, em Haia, onde será julgado.
Acusações: genocídio, crimes de guerra e crimes contra a Humanidade. No centro desse rol emérito está a responsabilidade de Mladic pelos acontecimentos em Srebrenica, 16 anos atrás.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) que a Europa não assistia a um massacre assim: mais de 8 mil muçulmanos mortos pelos homens de Mladic e enterrados em valas comuns. As tropas da ONU nem pestanejaram.
Mas repito: o que fazer com Ratko Mladic? Recuando mais de meio século e revisitando os julgamentos de Nuremberg, que puniram com dureza os principais carrascos nazistas, o destino de Mladic seria óbvio: a pena de morte.
O Tribunal Penal de Haia não a aplica, eu sei. Mas a questão que interessa é outra: será que a deveria aplicar para punir os inomináveis crimes de Mladic?
Sou contra a pena capital. E sou contra pelos motivos inversos aos da maioria dos abolicionistas: o problema da pena de morte não está na sua dureza extrema; está, pelo contrário, no fato de ela não ser dura o suficiente.
Essa observação não é apenas uma resposta emocional à natureza de certos crimes; é uma observação que lida com os imperativos de "retribuição" e "restituição" que devem presidir a qualquer sentença judicial.
O filósofo Hugo Adam Bedau, um dos maiores pensadores modernos sobre a matéria, escreveu abundantemente sobre isso: a pena capital nada restitui e nada retribui.
Logicamente, não restitui as vítimas à vida e pouco interessa se falamos de uma, de oito, ou de oito mil. De igual forma, e ainda no plano lógico, só seria sustentável defender a execução do criminoso se o ato trouxesse a sua vítima, ou as suas vítimas, de volta ao reino dos vivos.
Mas, talvez mais importante, a pena de morte nada retribui: a agonia da vítima é única e irrepetível. Nenhuma injeção letal, nenhum enforcamento, nenhuma eletrocução, nenhum pelotão de fuzilamento seria capaz de infligir em Mladic o cúmulo de dor ou agonia das suas vítimas.
Creio, aliás, que a morte de Mladic seria um insulto a elas. Não devem existir saídas fáceis para crimes medonhos.
Sou contra a pena de morte, sim. Mas, para um criminoso como Mladic, sou favorável a uma pena de vida: a condenação ao tédio e à repetição, em espaço confinado, exatamente como Dante imaginou o Inferno.

João Pereira Coutinho

Dilminha e Lulãe!



Blog de Josias de Souza

domingo, 29 de maio de 2011

Anistia a desmatadores no Código Florestal divide senadores


A anistia a desmatadores, um dos temas que mais contraria a presidente Dilma Rousseff na discussão sobre o Código Florestal, divide os senadores que o G1 ouviu entre as últimas quarta (25) e sexta-feira (27).
De 50 senadores, 22 se disseram favoráveis e 20 contrários a anistiar multas aplicadas a produtores rurais que desmataram - oito não responderam a essa questão, uma das trës de enquete aplicada pelo G1.
A anistia é um dos pontos polêmicos da discussão sobre o Código Florestal, aprovado pela Câmara na madrugada da última quarta (25) e que, a partir da próxima semana, deve começar a tramitar no Senado.
Os deputados aprovaram o texto-base do Código Florestal e a emenda 164. O resultado da votação estremeceu as relações entre governo e base aliada. Líderes de PT e PMDB, os dois maiores partidos da base, bateram boca no plenário.
A aprovação da emenda 164 foi o ponto mais polêmico. A emenda abre a possibilidade de os estados definirem as atividades de cultivo em áreas de preservação permanente (APPs), o que o governo não aceita. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), chegou a classificar como "uma vergonha" a aprovação da emenda.

Enquete

Nesta semana, o G1 procurou todos os 81 senadores, para ouvi-los sobre três dos principais pontos polêmicos do Código Florestal: isenção da recomposição da reserva legal para propriedades de até quatro módulos fiscais; emenda 164; e anistia para quem desmatou até 2008.
Cinquenta opinaram (61,7% do total) e outros 17 disseram que não queriam se manifestar sobre estas questões. Três senadores informaram que não responderiam por problemas de saúde e outros dois estão hospitalizados. Nove não deram resposta aos pedidos do G1 para que respondessem à enquete.
Dentre os que não quiseram responder, uma parte argumentou desconhecer o texto, outros disseram que vão esperar a matéria chegar ao Senado e alguns afirmaram que aguardarão orientação do partido.

Emenda 164

A questão apresentada aos senadores sobre a emenda 164 foi: "O sr. é a favor ou contra o governo federal regulamentar por decreto as regras gerais sobre as APPs e a decisão final sobre o que pode ser cultivado ser responsabilidade dos estados (emenda 164)?".
De 50 senadores que opinaram na enquete do G1, 25 se disseram a favor da emenda, 19 afirmaram ser contra e seis não quiseram opinar especificamente sobre esse tema. Na Câmara, a emenda 164 foi aprovada por 273 votos a favor, 182 contra e 2 abstenções - veja como cada deputado votou em relação à emenda e ao texto-base do código.

Anistia a desmatadores

De acordo com a enquete, não há consenso entre os senadores sobre a "anistia" a multas por desmatamento. Nesse caso, os senadores responderam à seguinte questão: "O sr. é a favor ou contra anistiar as multas concedidas até 2008 a quem desmatou, caso o agricultor cumpra o Programa de Regularização Ambiental (PRA)?"
Vinte e dois senadores disseram ser a favor da proposta. Outros vinte opinaram contra, e oito não responderam. O texto aprovado na Câmara estabelece que produtores que desmataram até 2008 podem ter as multas anistiadas se cumprirem o programa.

Isenção a pequenos

O G1 também questionou os parlamentares sobre a exigência de recomposição da reserva legal para pequenos produtores. O projeto aprovado pelos deputados isenta proprietários rurais de até quatro módulos fiscais de recompor áreas de reserva legal.
Sobre os pequenos produtores, os senadores responderam ao seguinte questionamento: "O sr. é a favor ou contra a isenção da recomposição de reserva legal para propriedades de até quatro módulos fiscais?".

Entenda o que a Câmara aprovou

O Código Florestal é a legislação que estipula regras para a preservação ambiental em propriedades rurais. Define o quanto deve ser preservado pelos produtores.
Entre outras regras, prevê dois mecanismos de proteção ao meio ambiente. O primeiro são as chamadas áreas de preservação permanente (APPs), locais como margens de rios, topos de morros e encostas, que são considerados frágeis e devem ter a vegetação original protegida. Há ainda a reserva legal, área de mata nativa que não pode ser desmatada dentro das propriedades rurais.
O texto aprovado pela Câmara isenta pequenos produtores da obrigatoriedade de recompor reserva legal em propriedades de até quatro módulos fiscais – um módulo pode variar de 40 hectares a 100 hectares dependendo da região. O governo era contra a isenção aos pequenos, mas acabou abrindo mão após acordo para que o texto fosse aprovado na Câmara.
Outro ponto de divergência foi sobre o que pode ser cultivado em APPs. O texto-base traz a garantia de que algumas plantações, como cultivo de maçã ou plantio de café, serão consolidadas nas APPs.
No entanto, a definição do que pode ou não pode ser mantido ficou fora do texto. Foram estipuladas as regras por meio de uma emenda ao texto-base, a 164, que foi motivo de discórdias no plenário da Câmara.
O texto aprovado diz que os pequenos produtores que já desmataram suas APPs em margem de rio poderão recompor a área em 15 metros a partir do rio. Os demais devem recompor em 30 metros.
O governo era contra, mas o relator argumentou que a recomposição prejudicaria a atividade dos ribeirinhos que vivem nas margens dos rios. Um acordo prevê que o Senado altere o texto para que haja a recomposição da vegetação de apenas 20% da total da terra para áreas de até quatro módulos fiscais.
O texto-base tem um artigo que trata da anistia para quem desmatou até julho de 2008 - ou seja, todas as multas aplicadas por desmatamento até 2008 serão suspensas caso o produtor faça adesão ao PRA. Se ele cumprir o programa, é anistiado. Se não cumprir, precisa pagar as multas.

Blog de Jamildo

Boca$!



Blog de Josias de Souza

Palocci faturou mais quando teve acesso a dados reservados


O período em que a empresa de consultoria Projeto ganhou mais dinheiro, cerca de R$ 10 milhões, foi quando o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) tinha poder para acessar dados reservados e planos de investimentos do governo federal, informa reportagem de José Ernesto Credendio, Fernanda Odilla e Matheus Leitão na Folha deste domingo (29) (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
A Folha revelou que o ministro multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010, período em que atuou como consultor e exerceu o mandato de deputado federal. A Projeto faturou R$ 20 milhões no ano passado, quando Palocci também chefiou a campanha de Dilma Rousseff à Presidência.
O ministro entregou na sexta-feira (27) à Procuradoria-Geral da República suas explicações sobre a multiplicação do seu patrimônio nos últimos anos. No período, o ministro comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Antes mesmo de a Procuradoria-Geral da República se manifestar, o Ministério Público Federal em Brasília antecipou-se e abriu investigação cível sobre o caso. O foco da ação é apurar se a evolução patrimonial do ministro é compatível com os ganhos de sua empresa.
Após a divulgação da sua evolução patrimonial, Palocci afirmou, em nota, que o crescimento está detalhado na declaração de Imposto de Renda e que a Projeto prestou serviços a clientes da iniciativa privada "tendo recolhido sobre a remuneração todos os tributos devido.

Folha de São Paulo

sábado, 28 de maio de 2011

A explicação de Palocci!



Blog de Josias de Souza

Faturamento de Palocci surpreende, diz governador do PT


Quatro dias após os governadores petistas se reunirem para declarar apoio ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse na sexta-feira (27) crescimento patrimonial do ministro "chama a atenção" e "tumultuou o ambiente político" no país.
Em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, Wagner disse ter se surpreendido com os R$ 20 milhões faturados pela empresa de consultoria de Palocci em 2010.
Conforme a Folha revelou há duas semanas, o ministro multiplicou seu patrimônio por 20 nos em quatro anos e comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil em bairro nobre de São Paulo.
"Se foi ganho dentro de um trabalho normal, é mérito dele, mas chama a atenção, em um ano de consultoria, ganhar R$ 20 milhões. Todo mundo se surpreende, porque é um rendimento muito grande. Chama a atenção, como chamou a atenção o apartamento dele", disse o governador à rádio.
Wagner fez a ressalva de que Palocci, como ex-ministro da Fazenda do governo Lula, tem "formação privilegiada" e que a renda milionária foi obtida enquanto ele estava fora do governo.
Ainda segundo ele, a oposição tenta criar um "ambiente de confusão" em torno do caso.

CAMINHO CURTO

O governador também criticou a demora do ministro em dar explicações sobre sua evolução patrimonial. Wagner disse que, quando há suspeitas, o "melhor caminho é o mais curto".
"Quanto mais demora, [há] mais gente levantando lebre, [há] mais questionamento sendo feito, não é bom para ninguém. Espero que ele rapidamente possa fazê-lo e aí pacifica essas coisas", disse o governador.
Na entrevista concedida à radio, Wagner afirmou ainda que já viu muita gente ser "enxovalhada e [depois] não ser nada provado". Disse também que, "até prova em contrário", tem de estar "solidário" com Palocci.

GRACILIANO ROCHA

Nazista é a mãe!

Está aberta a temporada de caça aos nazistas. Parece filme do Tarantino, mas não é. De repente, e nada menos que quase 70 anos depois de sua aniquilação, o nazismo ressurge na mídia com força inaudita, opondo gente boa como a Barbara Gancia e o Marcelo Coelho, em artigos na Folha, com o comediante Danilo Gentili no meio.
Tudo porque este último resolveu fazer piada sem graça na internet com o metrô de Higienópolis, numa referência aos famigerados trens nazistas que levavam judeus para o extermínio em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Do outro lado do Atlântico, quem se deu mal ao se referir ao nazismo foi o diretor Lars von Trier, que atraiu mereceu execração da chamada inteligência mundial ao também ele fazer piada ainda mais sem graça - disse que é nazista e "entende" Hitler.
No primeiro caso, além de receber o puxão de orelha do Coelho em texto da Folha, Gentili está sendo alvo da ira dos exagerados, que querem ver a suástica pespegada em sua testa.
No segundo caso, o cara foi simplesmente banido para sempre do festival de Cannes.
O nazismo é um mal que foi extirpado da face da terra como ideologia e forma de governo, mas permanece aqui e ali como sentimento de alguns que não conseguem conviver com as diferenças nem tampouco com a democracia. Azar deles, porque é o mundo diferenciado e os regimes democráticos que comandam a atualização e a modernização do planeta ok, os chineses não estão nessa, mas praticam um para-capitalismo que vai no rastro do ocidente.
Não é o caso, diga-se sempre, do cineasta e do comediante. Portanto, o que se vê, como disse, são exageros exageros dos que se consideram engraçadinhos e geniais, quando no máximo praticam o mau gosto e falam besteira em público ou na web, e exageros dos que levam estes caras a sério.
Tanto a piada de Gentili quanto a do cineasta deveriam ter merecido apenas o que deve sempre ser dedicado a toda piada sem graça, idiota, inconveniente, boçal: o desprezo.
Mas como tenho dito aqui, falou besteira, leva paulada mesmo, neste mundo de comunicação ultra-veloz e pessoas hiper-conectadas.
Velocidade e hiper-conexão que frequentemente acabam provocando muito barulho por nada.
Observação do escritor americano Jonathan Franzen que tem tudo a ver e merece reflexão: "Me incomoda essa tendência narcisística na mídia eletrônica. A internet supostamente ia nos levar a entender melhor as pessoas, mas estamos indo para o lado oposto. Estou preocupado com a perda do espaço público. Comunidades on-line não são o mesmo que comunidades."

Você quer ser famoso?

Basta procurar a empresa que vende seguidores no Twitter e fãs no Facebook. Você não precisa ser genial, não precisa ficar postando gatinhos "cuti-cuti", nem cães cegos abandonados, nem mesmo declarar-se nazista para chegar ao estrelato.
Basta comprar os serviços de um desses sites, que prometem a fama instantânea.
Veja que lindo: "O Bigfollow é um sistema para ganhar seguidores no Twitter. Como aumentar seguidores no Twitter? Basta escolher se quer vantagens ou não. Plano Lento: você irá clicar, informar seus dados de login do Twitter, logo seu perfil irá ser seguido por até 30 pessoas, seguindo elas de volta. Plano VIP: muito mais seguidores por dia! Escolha o plano de acordo com o número de seguidores que deseja e após a confirmação do pagamento seu perfil será seguido por milhares de pessoas sem precisar seguir de volta, sem informar senha e nem enviar tweet automático, permanecendo no anonimato. Basta comprar seguidores pro Twitter."
Dez mil seguidores saem por R$ 500 e 50 mil por R$ 5 mil.
Vai lá...

Luiz Caversan

Defender a Marcha da Maconha me faz um criminoso?

Não fumo maconha e conheço perfeitamente os perigos de usar essa droga aliás, também não fumo cigarro. Sou dos que defendem a restrição à publicidade de bebida e sempre criticou o uso de celebridades para vendê-la. Mas acho que as pessoas têm o direito de expressar publicamente suas ideias. Dai não conseguir entender a proibição da Marcha da Maconha e, muito menos ( muitíssimo menos) a manifestação programada para criticar a violência policial.
Há um grupo cada vez mais influente de cientistas, educadores e políticos pelo mundo que defendem a seguinte ideia: liberar as drogas causaria menos danos do que proibi-la. Pelo menos o poder público poderia fiscalizar sua qualidade.
O apoio é ainda maior quando eles falam da maconha que, segundo toneladas de estudos, apesar de todos os riscos, causa menos danos que todas as demais drogas. Inclusive quando comparado ao cigarro e à bebida alcóolica.
Isso significa que, ao defender esse ponto de vista, eu estaria incitando o uso das drogas e este artigo deveria ser proibido?

Gilberto Dimenstein

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ameniza e não muda

O Brasil é um país de alta criatividade em políticas sociais, com saídas para amenizar, não para mudar a realidade. A criatividade começou na escravidão, ao invés de aboli-la recorremos à Lei do Ventre Livre. Os escravos sexagenários, os velhos, eram libertados, um eufemismo para abandonados. Até a Abolição da Escravatura aconteceu sem oferecer educação nem terra para os ex-escravos e seus filhos. A Abolição foi um eufemismo para a expulsão dos escravos das fazendas para as favelas.
Modernamente também temos sido campeões de imaginação para soluções parciais. Como o salário não era suficiente para pagar o transporte do trabalhador até o local de trabalho, ao invés de aumento salarial, criamos o vale-transporte, como se fosse um grande benefício social, quando, na verdade, foi um serviço à economia: garantir a presença do trabalhador na fábrica. A regra é a mesma para o vale-refeição. O salário não era suficiente para assegurar a alimentação mínima de um trabalhador, então a solução foi garantir a alimentação do trabalhador, mesmo que suas famílias continuassem sem comida.
Quando a inflação ficou endêmica, ao invés de combatê-la (só enfrentada em 1994), criou-se a correção monetária, que garantia moeda estável para quem tivesse acesso às artimanhas do mercado financeiro, enquanto o povo continuava com seus salários cada vez mais desvalorizados.
Hoje, quando o país vive um apagão de mão de obra qualificada, corremos para fazer escolas técnicas, esquecendo que sem o ensino fundamental os alunos não terão condições de aproveitar os cursos profissionalizantes.
A Bolsa Escola foi criada para revolucionar a escola. Como isso não foi feito, ela se transformou na Bolsa Família, sendo mais uma das soluções compensatórias agregada ao vale-alimentação e ao vale-gás.
As universidades boas e gratuitas são reservadas para os que podem pagar escolas privadas no ensino básico. No lugar de fazer boas escolas para todos, criamos o ProUni e cotas para negros e índios. O Brasil melhora com essas medidas, mas não enfrenta o problema e acomoda a população, como se agora todos já fossem iguais. Promovem-se benefícios com soluções provisórias, como se elas resolvessem o problema.
A solução adiada seria uma revolução que assegurasse escola de qualidade para todas as crianças, em um programa que se espalharia pelo país, onde todas as escolas fossem federais, como o Colégio Pedro II, as escolas técnicas militares, os colégios de aplicação das universidades.
Quando a desigualdade social força a separação entre pobres e ricos que se estranham, ao invés de superar a desigualdade constroem-se muros em shoppings e condomínios, separando as classes sociais. Para impedir a convivência de classes, impedimos estações de metrô em bairros ricos, o que mostra um total desinteresse desses habitantes pelo transporte público.
Falta professor de Física, retira-se Física do currículo escolar. Os alunos não aprendem, adotamos a progressão automática. O Congresso não funciona, o STF passa a legislar. A população fala português errado, em vez de ensinar o correto a todos legitimamos a fala errada para a parte da população sem acesso à educação. Adotamos dois idiomas: o português dos ricos educados e o português dos pobres sem educação; o português dos condomínios e o português das ruas. Ao invés de combater o preconceito e a desigualdade, legalizamos a desigualdade.
Ao invés de fazer as mudanças da estrutura para construir um sistema social eficiente, equilibrado, integrado e justo, optamos por simples lubrificantes das engrenagens desencontradas da sociedade. Nossas soluções podem até ser criativas, mas são burras e injustas. É a sociedade acomodando suas deficiências. Ao invés de enfrentar e resolver os problemas, nossa criatividade ajusta a sociedade a conviver com eles. E adia e agrava os problemas porque ilude a mente e acomoda a política.

Cristovam Buarque
Senador (PDT-DF)

Nosso maior desafio

Um dos objetivos de médio prazo é chegarmos a 2022 como a 5ª maior economia do mundo. Os avanços do Governo Lula fazem parte do esforço para chegarmos a esse patamar de desenvolvimento, assim como a erradicação da pobreza extrema ao final do Governo Dilma Rousseff.
De fato, na ordem internacional multipolar que se redesenha, o Brasil terá um papel importante, ao lado de China, Índia, Rússia, Indonésia e Coreia do Sul. Essa perspectiva consta dos cenários que o Banco Mundial traçou em seu relatório "Horizontes do Desenvolvimento Mundial 2011 - Multipolaridade: a Nova Economia Mundial".
Há consenso sobre a importância de avançar na Educação. Para se consolidar, diz o estudo, o Brasil precisa "reduzir as lacunas educacionais e garantir acesso à educação".
Para o banco, as seis nações emergentes responderão por mais da metade do crescimento global nos próximos 14 anos, deslocando o eixo da economia e redistribuindo os papeis decisórios. O Governo Lula sempre trabalhou a política externa com essa perspectiva.
Mas é imprescindível reconhecer que, sem fazer da Educação instrumento do desenvolvimento nacional, estimulando a adaptação tecnológica doméstica, a capacidade de inovação e a geração de conhecimento, a partir da universalização e da qualificação da oferta pública educacional, não daremos conta de tamanhos desafios.
Trata-se de uma obrigação do Estado e um compromisso histórico do PT, presente nos pilares erguidos com Lula, de criação do ProUni, reformulação do Enem, construção de 14 universidades, 140 escolas técnicas, fixação do piso nacional para professores e unificação do processo seletivo universitário pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), além da presença federal no Fundeb.
A Educação faz parte também do esforço do Governo Dilma, que foca crianças e adolescentes na definição das políticas públicas: construção de 6.000 creches e 10 mil quadras poliesportivas até 2014; lançamento do Programa Nacional de Combate ao Crack; e Pronatec, que vai combater o desemprego e formar mão de obra para comércio, empresas e indústrias.
São grandes os desafios, que devem ter o apoio de Estados e municípios: criar 4,3 milhões de vagas em creches e pré-escolas, erradicar o analfabetismo, reduzir em 50% da taxa de analfabetismo funcional, criar mais de 5 milhões de matrículas para jovens de 18 a 24 anos na universidade e equiparar o salário médio do professor da rede pública ao de profissionais de outros setores.
Os investimentos em Educação têm como norte ampliar e aprofundar a inclusão social, preparando as novas gerações para atender às exigências de maior qualificação.

CNTE

Flore$ta!



Blog de Josias de Souza

Lula, o escudo

Quando ainda era presidente, Luiz Inácio Lula da Silva cometeu um erro estratégico em relação ao próprio futuro. Deu corda em excesso à versão de que não daria palpites no governo Dilma, de que precisa "desencarnar" da Presidência, de que se dedicaria a retiros de pescaria.
Era uma forma de amenizar críticas a uma eventual tutela sobre o futuro governo. O jornalista João Santana, marqueteiro da campanha petista, insistia na tese de que era preciso eleitoralmente aproveitar a proximidade com Lula, mas também começar a construção do que seria o governo Dilma --aquela ideia meio esquisita de ocupar o espaço de rainha no imaginário dos brasileiros.
Os elogios ao estilo Dilma (administrativo, sereno, pouco loquaz) duraram até a primeira crise do governo, evento que acontece com todos os governos. De repente, as qualidades viraram defeitos. A política é como ela é. E a imprensa também. Por isso, Lula entrou em campo.
Crises precisam ser enfrentadas politicamente. A primeira crise de Dilma veio logo, no seu quinto mês. A primeira de Lula apareceu 14 meses depois, em fevereiro de 2004 (caso Waldomiro).
Registro: Lula e Dilma mantêm encontros frequentes desde quando ela foi eleita. A presidente nunca escondeu que se aconselharia com o antecessor. Daí ser mais do que natural uma parceria.
Dilma chegou ao Palácio do Planalto graças a Lula. Ele continuará forte se ela fizer um bom governo. É equivocada a ideia de que um desastre de Dilma pavimentaria a volta de Lula em 2014. Não seria tão simples assim.
Sempre esteve combinado entre os dois que Lula funcionaria com um escudo político da presidente. Só se surpreende com isso quem apostou erradamente numa rebelião de criatura contra criador. O ex-presidente não veio a Brasília porque quis. Foi chamado. Isso é informação.
Até a semana passada, lia-se que Lula não abrira a boca para defender Palocci, que indicara para chefiar a campanha de Dilma e, depois, ocupar a Casa Civil. Mais um dias, Lula apareceria no noticiário como suspeito da ingênua tese de fogo amigo. Pior: seria retratado como alguém que estaria adorando ver Dilma arder em fogo.
Ora, Lula veio a Brasília para fazer articulações que a presidente não pode fazer e dizer coisas que a presidente não pode dizer.
Há uma avaliação na praça de que ele enfraqueceu Dilma. Existe outra, mais consistente, que aponta que Lula apagou um incêndio de proporções maiores do que se imaginava.
Para o bem e para o mal, os destinos de Dilma e Lula estão atados um ao outro. O mais provável é que, em vez de sumir, o antecessor apareça mais vezes ao lado da sucessora.

Pagando língua

Como Lula reclamava, sem razão, das críticas de Fernando Henrique Cardoso ao seu governo, o petista ficou prisioneiro dessa ideia de que ex-presidentes deveriam se exilar como demonstração de boa conduta em relação aos antecessores.
FHC fez bem ao criticar Lula. Itamar Franco tem sido um senador excelente, o mais articulado da oposição. Sarney nunca abandonou a política profissional. Fernando Collor de Mello cumpriu sua pena e voltou ao palco por voto direto. Animal político, Lula tem o direito de fazer o mesmo.
É salutar que os ex-presidentes façam política, cada qual com suas forças e armas. No caso de Lula, ele acumulou um capital que lhe dá legitimidade para agir como líder político no PT e no país.

Kennedy Alencar

Uma boa ideia contra a burrice

Aproveitando o encontro dos prefeitos das 40 maiores cidades do mundo em São Paulo, gostaria de mostrar mais uma daquelas ideias simples que ajudam a melhorar o ambiente e economizar dinheiro. Chama-se Caronetas, que estimula as empresas a fazerem com que seus funcionários compartilhem o carro ( o detalhamento está no www.catracalivre.com.br).
A empresa se cadastra no site. Sem pagar nada, diga-se. Cria-se então uma comunidade. Os empregados registram suas rotas e, assim, podem compartilhar o carro ou dar uma carona até uma estação de metrô. Menos carro na rua, menos poluição. Quem dá a carona pode rachar a conta. Quem pega a carona, paga muito menos do que o táxi. Ou talvez, em alguns casos, pouco mais do que o ônibus.
O interessante do Caronetas é que é um jeito seguro de compartilhar o carro. Afinal, é possível saber quem é cada pessoa, todos são da mesma empresa.
É um sinal de burrice urbana cada um ir no seu carro, contaminando a cidade, quando poderiam compartilhar o veículo, já que fazem rotas semelhantes.
Ideias assim podem hoje parecer exóticas no Brasil. Mas é apenas uma questão de tempo.
É um jeito de as empresas, que tanto falam em responsabilidade social e ambiental, fazerem sua parte.

Gilberto Dimenstein

Será que desta vez é mesmo diferente?

Os emergentes emergiram de vez. O "novo normal" é ter os investidores despejando rios de dinheiro no Brasil, China, Índia, sempre. Isso não vai mudar tão cedo.
Pelo menos, é o que disseram quase todos os economistas reunidos ontem no seminário do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre fluxos de capital para mercados emergentes, aqui no Rio.
Mas o Brasil, como muitos que tropeçaram feio no passado, é gato escaldado. Há um pesadelo que assombra os países emergentes desde a crise da dívida dos anos 80. Naquela época, quando o então presidente do Fed americano, Paul Volcker, pôs a taxa de juros americana nas alturas, o dinheiro que vinha fluindo para os emergentes fugiu. México, Brasil e outros foram pegos de calças curtas, e o resultado foi um calote com consequências desastrosas.
O medo é o seguinte: os emergentes agora estão com a bola toda, não para de entrar dinheiro estrangeiro, o real se valoriza e se valoriza. Daqui a pouco, os EUA elevam os juros, e a festa acaba. Vem o monstro do "sudden stop", a reversão do fluxo - e vai faltar dinheiro para financiar o déficit em conta-corrente do Brasil.
Luís Pereira, diretor do Banco Central, traduziu bem a sensação: fluxo de capital é como chocolate, é gostoso, dá energia, mas quando é demais, faz mal, até criança sabe.
Joyce Chang, chefe de pesquisa de mercados emergentes do JP Morgan Chase que participou do seminário, acha que a avalanche de capitais estrangeiros veio para ficar. "Esse aumento de investimentos nos emergentes é duradouro, não haverá reversão, esse é o novo normal."
O diferencial de juros entre países ricos e emergentes está muito alto e não deve cair tão cedo. Além disso, a perspectiva de crescimento de emergentes e a saúde fiscal de países como o Brasil é muito superior a de nações avançadas.
Fundos de pensão americanos investem hoje 2,1% de seus recursos em países emergentes. Segundo Chang, eles pretendem aumentar esse porcentual para 7%. Esses fundos têm US$ 3,7 trilhões em recursos mais do que as reservas da China. Desde 11 de março, houve turbulência na Líbia, alta do petróleo, quase estourou o teto da dívida americana mesmo com toda essa instabilidade, os investimentos em emergentes tiveram aumento. Eles são agora "fuga para qualidade" e não mais "investimento especulativo".
"Não estou dizendo que não existem mais ciclos, mas este ciclo (de alta dos emergentes) pode durar 25, 30 anos".
Quando ouvi isso, tive um certo calafrio.
E meu colega Fernando Dantas, repórter especial do Estadão, foi certeiro "Isso está me cheirando a 'This time is different' ". Ele se referia ao livro dos economistas Kenneth rogoff e Carmen Reinhart, que analisa 80 anos de crises econômicas. Todas as vezes aparecia alguém decretando o fim dos ciclos econômicos, "a grande moderação", e pumba, lá vinha a crise de novo.
Talvez, desta vez, seja "a hora em que os emergentes emergiram de vez".Mas será? Será que desta vez é realmente diferente?

Patrícia Campos mello

Modelo de rola

Quando eu era guri...- pronto lá vou eu de novo me autobiografando, dando notícias de mim mesmo a quem não está interessado. Querem saber de uma coisa? Não gostou de um velho a se rememorar, vai em frente, há blogue que não acaba mais neste mundo de Bill Gates e Steve Jobs.
Tendo alienado o leitor em potencial (eu não perdoo), continuo a namorar meu umbigo jovem, lépido e faceiro. Sou autoridade em pouquíssimas coisas, porém imbatível em tudo que diz respeito a meu umbigo. Ele me torna prolixo e sacal. É meu, no entanto, e eu o exibo no centerfold que me der na veneta.
Se o amigo chegou a este parágrafo, parabéns. Como eu, o senhor, senhora ou senhorita não passam de uns tremendos enganadores. Volto, como se fora uma vocação, para meus tenros anos e, insistente, repito: quando eu era guri, queria ser o Humphrey Bogart ou o Heleno de Freitas quando crescesse.
Não consegui, como está mais do que claro. Tentei, sei que o que vale é a intenção e o esforço, mas foi absolutamente impossível. No máximo, a uma certa idade, logo depois da mudança de voz, eu consegui imitar razoavelmente Bogey, como eu e Lauren "Betty" Bacall o chamávamos na intimidade.
Imitar Heleno? Esquece. Totalmente idiota eu não era e em consequência nunca cheguei a tentar. O mais perto que cheguei do homem foi me entupir de Pervitin, sem ser para estudar de noite para o exame, e dar sarrafada em ponta-direita no futebol de praia, coisa que o craque jamais faria, e onde consegui o temeroso apelido de "Terror do Calçadão".
De Bogart, além da imitaçãozinha, fumei desesperadamente, com o cigarro entre polegar e indicador semi-oculto na concha da mão direita, como se protegendo um frágil passarinho. Adquiri também o maneirismo de tirar um inexistente pedacinho de papel de cigarro do lábio inferior e, na sessão das 2 no Metro Copacabana, rir irônico entredentes, o lábio superior como se anestesiado, dos imbecis que, quando crescessem, queriam ser Errol Flynn ou John Wayne.
Tinha um na turma que queria ser Yvonne de Carlo quando atingisse os 18 anos. Claro que não deu (pé). Nem foi ele finalista no baile à fantasia do João Caetano. Acabou ingerindo formicida aos 30 anos. Uma história triste que me leva ao ponto aonde eu - não digo que quisesse, mas que com ele encasquetei, compelido não sei por que demônio - queria chegar.
Olho em torno, pois estou na Inglaterra, e a porção que me sobrou, aqui e agora em 2011, foi este: olhar. E de longe. Com o mínimo de movimentos. Ninguém aqui quer ser fulano ou sicrano quando crescer. Os tolos só falam em adotarem um role model.
Neste Obamal da semana que passou, nunca ouvi tanto a expressão. Acho que, como closure, sobre a qual fiz ponderações igualmente bestas e superficiais, como esta, ainda não chegou no Brasil. Role model é um modelo a seguir, um modelo exemplar, alguém em quem se mirar e assaltar o banco que for necessário para conseguir.
Noel Rosa sacou há séculos: não tem tradução. Escritores dinamarqueses como Hans Christian Andersen e Karen Blixen não conseguiriam uma tradução adequada, se vivos estivessem.
Ainda este ano, na BBC, passou uma tele-série dinamarquesa noir sensacional, The Killing (legendada, claro), onde um político volta e meia falava, em meio a uma língua em que eu não entendia nem pata nem vinas, de role model. Quer dizer, lá a moda chegou, só não conseguiram batizar no idioma deles.
Acho que o mesmo se passa conosco. Nós que, impávidos, aceitamos e usamos como se fosse um espetacular pino ornamental (stud, piercing, pois não?) na orelha, nos lábios ou na língua, bully, bullying, delivery e personal assistant,ainda não temos encerramento nem modelos a seguir. Como Heleno de Freitas, Didi ou Garrincha, somos obrigados a inventar e não, como virou hábito, pegar emprestado dos americanos com a maior naturalidade.
Madame Obama em palestra com alunos e alunas de colégios meio fuleiros, seus olhos vagando por baixo de doridas sobrancelhas pintadas, exaltou as virtudes e vantagens de se ter na vida um role model. O marido, em outro canto da cidade, fez o mesmo. Sem dúvida, um é role model do outro. Ambos juntos a outras "celebridades" como Victoria e David Beckham, Paris Hilton (aquela que urina na rua em pé) e Johnny Depp, que, segundo a Associação de Professores, gozam da exemplar predileção dos jovens.
Essa mútua "role-modelice" presidencial talvez explique a ascensão ao poder do casalzinho. Agora, oferecem-se ao mundo para serem modelos exemplares de atitude e comportamento a se seguir. O mundo árabe, em meio a flores desabrochando ("Primavera Árabe" é os tinflas, gente), observa procurando entender e fica na mesma.
Fecho o círculo e me re-umbigo de novo: hoje, modelo mesmo, desempenhando papel importante em minha vida, só Giselle Bundchen e Naomi Campbell. Mas morro de saudades de quando eu queria ser Heleno ou Bogart quando crescesse e virasse gente.

IVAN LESSA

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Categoria conhece proposta de governo em assembleia


O auditório do Teatro Boa Vista estava lotado na tarde desta quarta-feira (26). Os trabalhadores em educação reuniram-se em massa para ouvir a proposta do governo apresentada na última rodada de negociação. Nela, os professores de nível médio passariam a receber R$ 1.187 e de nível superior R$ 1.198, a partir de junho.
O Sintepe rejeitou a proposta e uma nova rodada de negociação está marcada para o dia 31 de maio, na Secretaria de Administração. A entidade defende que a correção do Piso Nacional do Magistério na grade do Plano de Cargos e Carreira para todos os servidores a partir de junho seja de 13,59% para os professores de nível médio e 18,64% para os de nível superior.
Começada a assembleia, o diretor do sindicato Agripino Pereira repassou alguns informes sobre o Sassepe, entre eles, a mudança da empresa que opera o 0800, agora será em Recife, os investimentos feitos nas enfermarias, ambulatórios e uma das reivindicações dos membros do Serviço de Assistência a Saúde é que a contribuição com o plano seja paritária e não de 72% por parte dos servidores e apenas 28% do governo, como é hoje. O também diretor da entidade, Wilson Macedo falou sobre o São João do sindicato. Este ano a festa será em Caruaru, no dia 17 de junho. Os interessados em participar devem se inscrever até o dia 3 de junho.
A vice presidente, Antonieta Trindade ressaltou o papel do Fórum dos Servidores do Estado, coordenado pela Central Única dos Trabalhadores na participação mensal em reuniões com representantes do governo. "O Fórum repudiou os 4% dado ao conjunto dos servidores e protestou com relação ao projeto de lei dos policiais militares encaminhado a Assembleia Legislativa à revelia das associações que compõem a categoria", sublinhou. A próxima reunião está agendada para o dia 27 de maio.
Terminado os informes, o presidente do Sintepe, Heleno Araújo traçou uma linha histórica do processo de negociação. Segundo o sindicalista, o governo só discutiu o eixo salarial sobre as receitas e despesas do Estado no dia 30 de abril e na ocasião, deixou claro que os R$ 71,5 milhões serviriam para pagamento referente ao Piso. Na primeira reunião, os governistas reconheceram não ser possível atender as reivindicações dos servidores, no segundo momento, as propostas foram avaliadas e discutidas. Na última reunião, a comissão do Sintepe apresentou contra proposta a ser solucionada em 31 de maio.
Nas reuniões específicas além da questão salarial, o sindicato reforçou a cobrança pelo início da negociação sobre as condições adequadas de trabalho e gestão democrática, cobrados na pauta de reivindicações.
Estavam abertas as inscrições para os presentes explicitarem seus pontos de vista. Os ânimos se alteraram um pouco, mas "nada que não fosse compreensível", como definiu o diretor do Sintepe, Fernando Melo. O professor José Mariano destacou que o governo aumenta dias letivos sobrecarregando os trabalhadores e frisa "Não é por causa das ameaças que ficaremos parados. Não aceitamos 4% de aumento, nem manobra em cima de um fictício Piso". O educador sugeriu uma moção de apoio aos Estados em greve.
Professora de Camaragibe, Maria Albênia participou da última negociação e fez questão de mencionar como "O governo é frio ao apresentar números que não mudam em nada a qualidade de vida do professor". A educadora defendeu propostas como: o vale transporte deve ser dado em dinheiro porque o trabalhador decide como vai à escola, faixas, cartazes de denúncias devem estar presentes nas próximas assembleias e outdoors denunciando o pior salário do país precisam estar nas ruas.
O diretor do Sintepe, Paulo Rocha defendeu unidade entre a categoria porque a Campanha Salarial não vai ser fácil. É preciso ter claro que "a briga é com Eduardo e vamos à luta. Só sairemos dela de forma vitoriosa", bradou. A secretária geral da entidade, Valéria Silva também deixou um recado ao pedir um foco no que é importante para categoria e finalizou dizendo que "temos que ter muita unidade para não perder o bonde da história".
O também dirigente do sindicato, Fernando Melo deixou claro a necessidade de numa assembleia ou em qualquer outro lugar, os trabalhadores em educação se pautarem pelos princípios e que o momento é pertinente para avaliação. Para o professor Valdênio Carvalho, membro da atual diretoria, se houver vitória nos encaminhamentos, todos os trabalhadores ganharão, e pediu aos presentes discernimento. "Vamos trazer propostas que unifiquem. Devemos acompanhar a agenda do governador, de um lado eles e do outro, nós com faixas que recebemos o pior salário do Brasil".
Para finalizar mais uma assembleia, a votação. A categoria aprovou que o processo de negociação vai continuar; no próximo dia 27 haverá um ato público, às 8h, em frente a Agência Estadual de Tecnologia da Informação (ATI), em frente a Casa da Cultura, dia 31 de maio é a Mesa de Negociação Específica e dia 2 de junho, a próxima assembleia, no Teatro Boa Vista, às 9h.

Sintepe

Saia justa!



Blog de Josias de Souza

Mas afinal, o que querem as mulheres?

Excluídas as distinções anatômicas, homens e mulheres são iguais? Passamos a maior parte dos anos 60 e 70 tentando nos convencer de que sim. Nessas duas décadas, vigorou o paradigma segundo o qual todas as diferenças comportamentais entre os sexos eram fruto da educação.
A mais célebre vítima da teoria da neutralidade dos gêneros foi David Reimer. Ele nasceu em 1965 como um garoto saudável. Mas, depois que teve seu pênis destruído numa canhestra operação para corrigir uma fimose, seus pais procuraram o então papa dos estudos sobre sexualidade, John Money, do Hospital Johns Hopkins, que os convenceu de que o que de melhor poderiam fazer pelo menino era submetê-lo a uma cirurgia para extração dos testículos e educá-lo como mulher. Foi um desastre. Apesar dos estímulos sociais e das injeções de hormônios femininos, ele jamais se sentiu como uma garota. Era frequentemente importunado por seus colegas de escola, em Winnipeg (Canadá). Aos 13, já sofria de depressão severa, com ideações suicidas. Aos 14, depois que seus pais lhe revelaram sua verdadeira história, ele decidiu viver como homem. Trocou os hormônios femininos por masculinos e fez uma mastectomia (retirada dos seios) e uma faloplastia (construção de pênis). Casou-se. Mas a depressão nunca o abandonou. Suicidou-se em 2004.
O caso só ficou conhecido porque, em 1977, o sexologista Milton Diamond o convenceu a tornar pública sua história, para evitar que outras crianças fossem submetidas ao mesmo tratamento. Os detalhes estão no livro "As Nature Made Him: The Boy Who Was Raised as a Girl" (como a natureza o fez: o menino que foi criado como menina).
Pela teoria da neutralidade, meninos brincam com carrinhos e armas e meninas optam por bonecas apenas porque são estimulados por seus pais a fazê-lo. Hoje, sabemos que essas preferências são inatas e têm base biológica. Uma elegante prova disso é que chimpanzés selvagens machos também gostam de brincar com paus como se fossem clavas, já as fêmeas carregam os mesmos pedaços de pau para cima e para baixo como se fossem filhotes.
E a coisa vai muito além das escolhas de brinquedos. Após algumas décadas de pesquisas mais acuradas que as de Money, acumulam-se evidências de que as diferenças de gênero afetam também a cognição, as preferências e a própria noção de propósito da vida. Isso, evidentemente, tem implicações profundas sobre a educação, o mercado de trabalho e o feminismo.
Parte da dificuldade está no tabu que ainda cerca o tema, mesmo nos meios acadêmicos. Vale lembrar que uma das razões para a demissão de Larry Summers da reitoria de Harvard, em 2006, foi ele ter sugerido que o baixo número de mulheres em certos ramos da ciência poderia dever-se a diferenças naturais entre os sexos.
Mas, gostemos ou não, hoje sabemos que os níveis de exposição pré-natal a hormônios sexuais afetam a forma como o cérebro de meninos e meninas se organiza. Algumas características tipicamente masculinas relevantes para a educação são a propensão a correr riscos, que abarca a agressividade e o gosto pela competição, e a facilidade para relacionar-se com objetos e sistemas. Já as meninas se destacam pela maior disciplina e a capacidade de empatia, que inclui o forte interesse por pessoas.
Nesses casos, as diferenças são marcantes. Pesquisa com crianças entre 10 e 23 meses mostrou que meninos contam histórias agressivas 87% do tempo, contra 17% de meninas. Entre 9 e 10 anos, garotos passam 50% de seu tempo livre em brincadeiras competitivas, contra apenas 1% das garotas.
Vale aqui o alerta de que esses achados são apenas médias, as quais dizem muito pouco a respeito de indivíduos reais. Lembre-se de que, na média, a humanidade tem um testículo e um seio.
Na educação, os números não dão margem a dúvida: os garotos estão perdendo feio para as garotas na performance educacional.
Hoje, nos EUA, meninos têm três vezes mais probabilidade do que meninas de precisar de aulas de recuperação e duas vezes mais de ser reprovados. A chance de eles abandonarem a escola é 30% maior.
Em 30 países avaliados pela OCDE, as meninas se saem muito melhor do que os meninos em leitura e escrita, e já os alcançam em matemática, área em que eles lideravam incontestavelmente até o início dos anos 80.
Em todos os países do mundo, exceto a África subsaariana, há mais mulheres que homens cursando a educação superior. Nos EUA, correm rumores, nunca admitidos oficialmente, de que as principais universidades facilitam a entrada de homens, para que a proporção de alunas não exceda 60%.
Nos últimos anos, surgiram vários livros explorando as diferenças entre gêneros e propondo soluções mais ou menos milagrosas para resolver o que identifiquem como "o problema".
Um bom exemplar é "Why Gender Matters" (por que o gênero importa), do médico Leonard Sax, no qual o autor faz uma defesa entusiasmada da separação por sexo nas escolas. Não desenvolvo muito o tema porque ele foi objeto de um texto que escrevi algumas semanas atrás para a edição impressa da Folha. O que tenho a dizer é que, embora o título traga alguns "insights" interessantes, ele incorre no grave pecado de ser uma obra militante. Sax, que segue a agenda conservadora, não hesita muito antes de exagerar no peso das evidências científicas, desde que isso sustente sua tese.
Bem mais equilibrado é "The Sexual Paradox" (o paradoxo sexual), da psicóloga Susan Pinker. Para ela, o sexo masculino é mais extremo do que o feminino. Isso se materializa na maior proporção tanto de gênios como de retardados entre os homens. Eles também têm (na média) um leque menor de interesses, aos quais se dedicam de corpo e alma. Em seu grau superlativo, a mente masculina seria a de um autista.
Já elas são menos extremas e mais empáticas. Embora Pinker não o afirme, outros autores propõem que o superlativo da mente feminina seja a esquizofrenia. É o excesso de empatia que leva uma pessoa a conversar de igual para igual com uma geladeira.
Embora não tenham sido detectadas diferenças cognitivas que as tornem menos proficientes em ciências e matemáticas, elas quando podem preferem abraçar profissões que lidem com pessoas (em oposição a objetos e sistemas). É por isso que hoje quase dominam as carreiras médicas, enquanto permanecem minoritárias na engenharia e na física, para não mencionar as oficinas mecânicas.
Ainda mais interessante, nos países hiperdesenvolvidos, onde elas gozam de maior liberdade para escolher, esse "gap" é maior do que nas nações em desenvolvimento, onde elas são muitas vezes obrigadas a exercer ofícios que não são os de seus sonhos. É isso que explica uma proporção maior de engenheiras na Turquia e na Bulgária do que na Dinamarca e na Suécia.
Só quem chegou perto do 50-50 foi a extinta União Soviética, e isso porque lá eram as profissões que escolhiam as pessoas e não o contrário.
Além disso, por operarem com múltiplos interesses, as mulheres não se prendem tanto à carreira. Trocam sem muita hesitação uma posição de comando para ficar mais tempo com a família. Essa é uma das razões por que muitas mulheres sacrificam trajetórias promissoras e a perspectiva de chegar ao comando de empresas em favor de horários mais flexíveis. É esse desejo, mais do que a discriminação que explica a persistente diferença salarial entre homens e mulheres, pelo menos nos países desenvolvidos, onde já não se registram casos muito acintosos de preconceito.
Para Pinker, as mulheres seriam mais felizes se reconhecessem as diferenças biológicas entre os gêneros e parassem de tentar imitar os homens, buscando sem culpa o que realmente querem. É isso que ela propõe como o novo feminismo.

Hélio Schwartsman

O caminho dos Rios

São Paulo cresce sempre baseada nas suas potencialidades, no que tem de bom, mas acaba fazendo com que a infraestrutura freie o seu próprio desenvolvimento.
Está numa partida onde joga contra si própria.
Este jogo é antigo. E um exemplo é a canalização dos nossos rios, que ano após ano volta a ser discutida e foi responsável pela grande prioridade da cidade: os carros.
Prestes Maia, conhecido por ser um grande prefeito em função de suas obras, teve quem o contestasse e, se os esforços tivessem se unido em prol de um plano integrado de urbanização, talvez o rumo dessa história tivesse sido outro.
O problema da nossa cidade foi ter dado ao carro uma preponderância que, quando em contato com outros meios de transporte, entra em choque.
Quando se decide implantar um Corredor de Ônibus, como o Diadema-Brooklin, prontamente surgem as reclamações. Como pegar uma pista inteira e jogá-la para o ônibus? É como se tivessem tirado uma coisa que é do carro por direito.
Hoje, não estamos mais no tempo de Prestes Maia. Hoje, não há o entendimento de que o carro precisa de uma restrição, até para evitar que tenhamos pedágios. E normalmente, o difícil é entender coisas que você não viu, mas uma afirmação é certa: Quanto mais espaço, mais carros.
Em Londres, por exemplo, em algumas ruas não é permitido automóvel. O fato de não ser uma cidade feita para carros, permite que a população de quase 8 milhões de pessoas viva bem sem as grandes vias como temos aqui.
Uma mudança precisa acontecer, priorizando o transporte público ao invés do individual e não só da parte do governo, mas na mudança de postura de cada um.
Para discutir como os nossos rios foram os protagonistas de toda essa história, passo a palavra para a Bióloga, Luisa Haddad.

ENTRE RIOS

Está disponível na internet um filme interessante que tenta nos mostrar que, apesar de não vermos mais, São Paulo se desenvolveu em função dos seus Rios. O vídeo aborda como o fato de não os termos respeitado, se tornou um dos principais motivos para os problemas que enfrentamos hoje, como congestionamentos e enchentes.
Através de depoimentos, fotos e fatos, recompõe o cenário da cidade antes da urbanização, desvendando a origem e os reais interesses de ações como a retificação, canalização e destruição das áreas de várzea. Passo a passo vai percorrendo a história e mostrando como a mudança de cenário foi acontecendo.
Os rios, que antes eram a base, passaram a se tornar barreiras para o crescimento da cidade. E assim foram da liberdade para o cano. Pagaram a conta das reformas urbanas, se tornando motivos de divergências políticas entre Prestes Maia e Saturnino de Brito.
Enquanto Saturnino defendia que todos os rios deveriam ter um lago, uma várzea para conter as águas nos períodos de cheia, Prestes Maia apresentou o seu plano de avenidas, sonegando informações sobre a necessidade de se ter outros meios de transporte (ferrovias e hidrovias) integrados às ruas. O resultado foi que o carro se tornou a peça chave no discurso de modernização.
Para a construção das avenidas, os sinais da natureza, como áreas alagadiças e úmidas, foram ignorados. Para cada nova obra viária, nova canalização e o espaço das águas se tornou o espaço dos carros.
O vídeo tenta mostrar como chegamos até aqui e o que precisa mudar para que consigamos sair desse ciclo vicioso de obras, onde os investimentos emergenciais são sempre tão pontuais, que não permitem que a cidade tenha um planejamento urbano de longo prazo. Precisamos de uma nova geração de profissionais que terão como foco, um novo planejamento do espaço urbano. Citando Peter Drucker: "O planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro de decisões presentes".
A retificação dos rios causa um aumento da velocidade do fluxo, que inicialmente era a intenção: levar o lixo e o esgoto para longe mais rápido; e a canalização é a tentativa de esconder a sujeira e conter uma força da natureza. A água procura onde se infiltrar, para onde correr. Se o solo não é permeável ou não apresenta espaços que ela possa ocupar, ela vai tomar a cidade.
E parece que só assim para que os rios sejam lembrados. Precisamos de calçadas verdes, de reservatórios, de solo para absorver essa água. A política fragmentada que temos hoje, leva a uma série de consequências e nós, os cidadãos e a cidade, pagamos um preço alto.
Estima-se que o Brasil perca 6 bilhões por ano nas enchentes. Quanto mais terá que ser gasto para que se entenda que é o esgoto que precisa ser canalizado e não os rios? A instalação de interceptores para impedirem que o esgoto caia nas águas dos córregos e rios é uma medida urgente. Não se trata de discurso ambientalista, isso é investimento em saneamento.
Propostas de revitalização dos rios já são realidade no mundo. Neles, busca-se restaurar suas margens, limpar suas águas para que a sua função ecológica seja reestabelecida. A ideia é que os rios deixem o papel que lhes foi dado de escoamento de água e esgoto e assumam sua responsabilidade ambiental original, seguindo o seu caminho naturalmente.
Luisa Haddad é bióloga, formada pela Universidade Estadual Paulista. Sua vivência está baseada na multiplicidade de ambientes. Atuou em comunidades indígenas de Roraima e morou no Pantanal. Hoje é habitante da cidade de São Paulo e consultora em sustentabilidade.

José Luiz Portella

Zuckerberg, o oráculo, fala

Como pergunta o Twitter: "What°s happening?"
Saiba vendo a entrevista de Mark Zuckerberg, 27, fundador e controlador do Facebook, para Maurice Lévy, 69, CEO da Publicis, um dos maiores grupos de propaganda do mundo.
O vídeo da entrevista em sua íntegra está em www.eg8forum.com/en/videos/, o site oficial do e-G8, um fórum sobre o mundo digital que antecedeu o encontro de cúpula do G-8 na França.
A conversação opôs desde o começo, de forma brutal, o velho mundo da publicidade com o novo mundo da, do... ainda não sabemos, mas ver Zuckerberg ajuda a pensar.
A velha propaganda está tão ameaçada pelo Facebook. Basta sentir a reverência do venerável Lévy com Zuckerberg, que aos 27 anos é hoje o homem mais importante da propaganda sem nunca ter sido um homem da propaganda.
Para Zuckerberg, o oráculo, vivemos num mundo mais aberto e conectado onde as pessoas compartilharão cada vez mais coisas, opiniões, sentimentos com amigos e parentes. Compartilhar é a chave. Compartilhar com os amigos e a família é um desejo universal, diz, de todas as culturas e regiões de um mundo onde quase 10% da população estão conectados pelo Facebook. Essa conexão permite que as pessoas tenham voz e sejam ouvidas, o que forma uma apreciação melhor das coisas e ao final permite que os bons prevaleçam, tornando o mundo muito melhor.
Zuckerberg diz ainda que o Facebook já mudou a indústria de games e mudará nada menos que todas as mídias. Como o consumo de mídia é naturalmente compartilhado, ele migrará para plataformas sociais como a do Facebook: filmes, músicas, livros, notícias, tudo será consumido em plataformas de relacionamentos sociais como o Facebook.
Compartilho a seguir, por tópicos, algumas ideias do oráculo de Palo Alto, mas você precisa vê-lo disparando seus pensamentos com a velocidade de um superchip para entendê-los melhor.


REALIDADE

O Facebook está baseado na realidade. As pessoas no Facebook são o que elas são no seu dia a dia. Há valor em sites onde se pode assumir identidades falsas, mas o valor do Facebook vem do fato de mostrar a realidade das pessoas. A opinião dada no Facebook tem valor porque ela está atrelada a uma pessoa real, que responde por suas opiniões perante seus próximos.

PROPAGANDA

"Eu estou no ramo da propaganda, é assim que ganhamos dinheiro", diz Zuckerberg como se isso fosse um pequeno detalhe do que faz.

"O meu também", retruca Lévy.

"Lados diferentes da, lados diferentes da...", balbucia Zuckerberg.

Lévy corta: "Eu sei, eu sei, estamos agora ficando muito pequenos comparados a você."
Zuckerman conta conversa com produtor de cinema que lhe revelou em tom de queixa que agora não se pode mais fazer dinheiro com filmes ruins. Antes, com um bom marketing, você garantia uma boa estreia e duas, três semanas de exibição do seu filme ruim. Agora, no primeiro dia de exibição, ou muitas vezes antes mesmo da estreia, já há uma opinião formada sobre o filme na web. Se for ruim, não importa o marketing mais eficiente, ninguém vai, lamentou o produtor. "Mas essa é a beleza da coisa", enfatiza Zuckerman. "Bons filmes devem ser capazes de fazer mais dinheiro, filmes ruins, não". A propaganda não vai mais conseguir vender produtos se eles forem ruins. Ao menos não com a mesma facilidade.

"Um mundo onde melhores produtos e melhores ideias prevaleçam, é isso que estamos construindo", diz.

Zuckerberg numa hora faz pergunta retórica a Lévy como se ainda precisasse provar sua superioridade: o que é mais eficiente, a propaganda que você mostra às pessoas dos produtos de uma empresa ou eu dizendo aos meus amigos que aquele produto é bom? Lévy teve de concordar com ele.

PRIVACIDADE

Pessoas escolhem seus próprios limites de exposição pública: alguns compartilham muito, outros preferem ver o que os outros compartilham. Cada vez vão achar um balanço novo entre o que mostrar e não mostrar. E isso está evoluindo muito rapidamente. As pessoas estão começando a entender melhor o que é compartilhar e tendem a revelar mais de si depois desse entendimento.

O BEM PREVALECE

Graças à internet, que permite compartilhar tudo com todos, as opiniões corretas prevalecerão, os melhores produtos prevalecerão, e o Facebook é prova disso.
Zuckerberg conta que quando o site de relacionamento MySpace tinha 100 milhões de usuários e o Facebook, 10 milhões, o Yahoo ofereceu a ele U$ 1 bilhão pelo seu site. Aos 22 anos, Zuckerberg disse não a um cheque de US$ 1 bilhão, e todos acharam que ele era louco (ele é louco!). Mas ele estava seguro que tinha um produto melhor que o MySpace e, demonstrando sua tese, o Facebook prevaleceu. E vale hoje, com seus mais de 500 milhões de usuários, sei lá, US$ 50 bilhões foi o última estimativa, mas velha de meses.

TENDÊNCIAS DA WEB

A capacidade de compartilhar qualquer coisa com quem quiser é a grande tendência da web hoje e ainda por muito tempo. A indústria dos games viu como isso é transformador. As empresas que passaram a desenvolver games para redes sociais ultrapassaram rapidamente as que fazem games para consoles individuais. Os games são atividades muito sociais, assim como as mídias em geral, que serão os próximos passos da dominação do Facebook e das redes sociais.
Compartilhar o que você compra (dados do cartão de crédito) pode ser muito interessante para seus amigos. Compartilhar a sua localização já é uma tendência muito forte, as pessoas querem saber quem está por perto delas.
Essa tendência dominante de compartilhar ainda está mais perto do começo do que do fim. Ainda vai mudar e evoluir muito.

MÍDIA DOMINADA

Músicas, filmes, TV, notícias, livros, todas as coisas que gostamos de compartilhar e conversar com os amigos serão dominadas por empresas operando em plataformas de redes de relacionamento social como o Facebook. Todas essas mídias mudarão completamente em até cinco anos (fala como se isso fosse um prazo longo). O Facebook não será uma empresa de música ou das outras mídias, mas elas rodarão na plataforma do site.

DESIGN SOCIAL

Lévy faz finalmente uma pergunta elogiada por Zuckerberg: "O que é a parte mais importante do seu DNA, a da tecnologia ou a do social?"
Zuckerman diz que ambas, que as pessoas e empresas podem compreender só uma ou duas coisas muito bem. Lembra que estudou tecnologia e psicologia na universidade e que o Facebook é isso: a tecnologia e o social.
Os funcionários do Facebook usam o termo "social design" para descrever o que fazem. Criar e estruturar coisas ligadas às nossas experiências sociais é diferente de outros designs. Por exemplo, como construir sua lista de amigos no Facebook. É um design muito diferente do habitual. Dizer não a um pedido de amigo pode ser muito mais estressante do que recusar um produto, há uma outra pessoa do outro lado. Por isso o Facebook trocou o "aceito" ou "não aceito" um amigo por "aceito" ou "não aceito agora", o que é um não aceito disfarçado, mas que faz as pessoas se sentirem melhor ao rejeitar o pedido. Isso é "social design".

O PODER DAS FACES

O Facebook tem imagens dos rostos das pessoas em toda parte. "O que aprendi estudando psicologia", afirma, "é que as pessoas tem parte grande do cérebro que serve só para identificar rostos, aprende-se muito olhando os rostos das pessoas".

REVOLUÇÕES NO MUNDO ÁRABE

As revoltas árabes são sintomas de algo maior, as pessoas agora podem se comunicar e compartilhar suas opiniões, isso não e só Facebook, mas é a internet. Quando as pessoas conseguem expressar suas opiniões, coisas muito boas acontecem só porque as vozes das pessoas são mais ouvidas.
Seria muito arrogante a qualquer empresa de tecnologia reivindicar papel relevante nas revoltas árabes, diz. O Facebook não foi nem necessário nem suficiente para as revoltas, mas sim o sentimento das pessoas que queriam mudanças em seus países.

REBOBINANDO O MUNDO

"Estamos rebobinando o mundo", resume. Primeiro as pessoas começaram a compartilhar suas coisas, depois as empresas entraram na onda, depois virá a política, a relação com os governantes e os governos é a próxima fronteira nos sites de relacionamento. Páginas dos líderes políticos no Facebook interagem com as redes sociais, tornam essa troca pela primeira vez muito próxima, relevante e abrangente. Mas não é o Facebook, é a internet, lembra sempre.
Resumi aqui alguns pensamentos de Zuckerberg. Repito, veja a entrevista toda. E depois compartilhe com seus amigos. O bem prevalecerá. O oráculo falou. Amém.

Sérgio malbergier