domingo, 12 de junho de 2011

Cardiologistas comprovam: existe amor em SP

É impossível ser feliz sozinho.
Quando questionados sobre o que tira seu o sono, a grande maioria dos cidadãos paulistanos responderia: trânsito, saúde e educação.
Como o trânsito sempre está presente nas colunas e recentemente também falamos de educação com a pesquisa do PwC e algumas iniciativas do C40, hoje o assunto é saúde.
E em dia dos namorados, falemos de coração.
As doenças cardiovasculares são responsáveis de 30 a 40% das causas de morte, muito mais que câncer, Aids e morte violenta juntas.
A média de mortalidade pós-infarto considerada aceita mundialmente nos melhores hospitais, é de 7% a 8%.
Em alguns hospitais públicos de SP tínhamos uma média acima de 15% e, às vezes, até 35%. Vidas sendo desperdiçadas. O estágio atual da medicina permite salvá-las.
Mas por que se desperdiçavam vidas?

Foram levantados 3 pontos principais como causas:

1. Ida tardia do paciente ao hospital;

2. Diagnóstico inadequado no hospital, dentro do tempo necessário;

3. O não tratamento com trombolítico na emergência --que é a droga que ajuda a abrir as artérias em casos emergenciais, como no caso de infarto.

Partindo dessas informações, a Sociedade de Cardiologia do Estado de SP (Socesp) juntou-se à Secretaria de Saúde da Prefeitura e do Estado e, com o apoio das empresas que produzem os trombolíticos, foi feita uma parceria visando interferir neste quadro onde era possível.
A ida rápida ao hospital, só pode ser feita melhorando o diálogo com os pacientes. Melhorando a comunicação e a informação.
Para agir rapidamente nos outros 2 pontos, foi estabelecido um plano de avaliação e reciclagem dos médicos e enfermeiras desses hospitais.
O projeto foi realizado em 5 hospitais: Hospital do Tatuapé, Hospital Ermelino Matarazzo, Hospital de Pirituba, Hospital do Jabaquara, todos vinculados à Prefeitura de São Paulo, e Hospital Geral de Pedreira, que é do Estado.
Foram realizados palestras e treinamentos para o diagnóstico correto dentro do tempo necessário e a aplicação adequada do trombolítico na emergência, se indicado.
Com a ajuda da telemetria, que é capaz de transmitir o eletrocardiograma via telefonia celular, por exemplo, o exame realizado no paciente, na ambulância ou no hospital, é transmitido via internet e analisado pela equipe do Hospital São Paulo, que atua em parceria com a Universidade. O laudo retorna para o hospital de origem. Todo esse processo dura, em média, 10 minutos.
Simultaneamente, realizou-se a substituição de trombolíticos mais antigos por mais novos, que fazem efeito em até 4 segundos, enquanto os antigos demoravam 30 minutos e necessitavam de acompanhamento médico. Os novos têm ação direta na veia. Além disso, há uma remoção rápida do paciente para o Hospital São Paulo para realização do cateterismo em até 24 horas.
Em 2010 foram 80 vidas salvas nos 5 hospitais. A redução das taxas de mortalidade nos hospitais que receberam treinamento foi de 28,8% a 44,6%.
Expandindo-se isso a todos os hospitais públicos com índices acima da média, pode-se chegar a 700 pessoas salvas por ano.
No Brasil inteiro, em modelo ideal, chegaríamos a 30 mil.
Uma parceria entre Sociedade de Cardiologia + Governo + Empresas + Universidades, que é o modelo que temos pregado para as políticas da cidade e que foi apresentado na C40: união de instituições públicas e privadas com a presença da inteligência acadêmica produzida.
Todos juntos para salvar vidas.
São Paulo tem ilhas de excelência e experiências esporádicas desse tipo. Cabe transformar as ilhas em continente e experiências em prática constante.
Ao contrário do que diz a música: existe sim amor em SP.

José Luiz Portella

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