terça-feira, 21 de junho de 2011

Regra ou exceção?

Não é que, de repente, Dilma Rousseff passou a respirar política. Desde a queda de Antonio Palocci, a presidente dedicou mais tempo em sua agenda para contatos com aliados do que nos primeiros cinco meses de governo.
Não exatamente por ter tomado gosto pela coisa, mas diante da necessidade de debelar sua primeira crise política, responsável pela queda de seu então principal ministro.
Quem esteve com ela nos últimos dias notou mudanças no estilo presidencial. Um governador disse ter ficado impressionado, palavras dele, com o fato de Dilma não ter alterado o tom de voz em nenhum momento. Nada de broncas. Pelo contrário, estava bem humorada e fazendo brincadeiras com os presentes.
No café da manhã com 16 governadores do Norte e Nordeste, o aliado diz que a presidente chamou o jogo para si, conduziu toda reunião e mostrou total disposição para o diálogo. Uma surpresa agradável, segundo os presentes.
A despeito dessa dedicação repentina ao tema, Dilma Rousseff ainda não conseguiu desanuviar o clima no Congresso para o governo. Segue tenso, em alguns ambientes chega ser quase intragável.
Motivo: ela ainda não resolveu as pendências que tanto incomodam sua base aliada, distribuição de cargos e liberações de verbas de emendas parlamentares.
Segundo um aliado, Dilma terá de diminuir seu grau de desconforto com o assunto, tapar o nariz e fazer mais ou menos como seus antecessores. "Ela tem todo direito de não gostar, também não gosto, mas é inexorável", diz ele.
O segredo, aponta, é você comandar o processo e não deixar que as crises o levem a ceder. O custo é menor e fica mais controlável. Infelizmente, o governador tem razão. A politicalha brasileira se acostumou com as benesses do Estado provedor de cargos e verbas.
Uma solução seria cortar cada vez mais cargos sujeitos a indicação política. Só que o PT, no poder, só fez aumentar o número das famosas boquinhas. Daí que não adianta reclamar. Se tem para eles, os outros também querem.
A dúvida é se o novo comportamento presidencial, mais aberto aos contatos políticos, será uma regra daqui para a frente ou foi apenas fruto de um momento de exceção, pautado pela necessidade de reverter o cenário adverso para o governo.

Valdo Cruz

Nenhum comentário:

Postar um comentário