sexta-feira, 24 de junho de 2011

Bombeiros do Rio doam sangue em "agradecimento" à população


Setenta e cinco bombeiros foram nesta sexta-feira ao Hemorio, o Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti, para doar sangue. O grupo disse que foi um ato de agradecimento à população do Rio pelo apoio ao movimento da categoria, após a prisão de lideranças que reivindicavam reajuste salarial.
O grupo começou a chegar ao Hemorio às 9h. Segundo o Hemorio, cerca de 35 bombeiros tiveram sangue colhido para doar é necessário atender requisitos relativos à própria saúde e foram recolhidos aproximadamente 15 litros.
Durante a coleta, o grupo colheu assinaturas em um documento de apoio à anistia aos 429 bombeiros que foram presos e denunciados por motim e danos materiais após invasão do quartel central da corporação, no início de junho. Eles estão sendo processados e podem até ser expulsos da corporação.
Dois PMs que também participaram da invasão também podem ser expulsos eles estão sendo submetidos ao conselho de disciplina da corporação que avalia se houve crime militar ou não. Se for comprovada a culpa, um colegiado decidirá pela expulsão dos PMs.
Bombeiros durante protesto na frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Rio na semana passada
Bombeiros durante protesto na frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Rio na semana passada
O Senado já aprovou na quarta-feira (22) anistia aos bombeiros denunciados. Como a decisão foi aprovada em caráter terminativo pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), segue para análise da Câmara --se não houver apresentação de recurso para o projeto ser votado no plenário do Senado.
Pelo texto, fica prevista a anistia aos crimes previstos pelo Código Penal Militar e infrações disciplinares aplicadas aos bombeiros --o que na prática impede que os militares que participaram do motim recebam punições legais.
O perdão criminal e administrativo é a principal reivindicação do grupo, que foi libertado após habeas corpus da Justiça. Os militares realizaram o movimento na defesa de aumento salarial. O piso bruto da categoria é de R$ 1.031.
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), propôs à Assembleia Legislativa do Estado que 30% do valor do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros, arrecadado com a taxa de incêndio, seja usado no pagamento de gratificações. O fundo, que arrecadou R$ 110 milhões em 2010, hoje é destinado à manutenção e aquisição de equipamentos, assistência médica e social e treinamento de pessoal.
Já foi anunciada a antecipação de um reajuste de 5,8%, que antes seria escalonado entre julho e dezembro. Somado aos reajustes de janeiro a junho, representará um aumento de 11,5% neste ano. O piso final, de R$ 1.265, ainda ficará aquém dos R$ 2.000 reivindicados pela categoria.

INVASÃO

No dia 3 de junho, cerca de 3.000 pessoas, entre bombeiros, PMs, mulheres e crianças invadiram o Quartel Central dos Bombeiros, no Centro do Rio. Na manhã seguinte, 429 bombeiros e dois policiais foram presos pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais).
Os bombeiros que participaram da invasão respondem pelos crimes de motim, dano ao aparelhamento militar (carros e mobiliário), dano a estabelecimento (quartel) e inutilização do meio destinado a salvamentos (impedir que carros saíssem para socorro).

FÁBIO GRELLET

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