sábado, 14 de maio de 2011

Tragam a cabeça de Bin Laden

Leio na internet que o governo americano continua deliberando sobre a conveniência de divulgar ou não a foto de Bin Laden morto. “Ela é horrível”, diz um porta-voz.
Não vejo outra resposta a não ser a de que eles têm obrigação de divulgar. A decisão de matar Bin Laden, a qual não me deixa nada infeliz, tem de ser assumida em todas as suas consequências.
Se o resultado foi muito feio, que o mundo inteiro saiba que não é bonito mesmo explodir a cabeça de um homem.
Se a foto diminuir a autoconfiança dos americanos depois de divulgado o sucesso da operação, tanto melhor; contribuirá para arrefecer o senso de irrealidade, de história em quadrinhos, de filme de matinê que acompanha essas ocasiões.
Se será usada pelos adversários como exemplo da “crueldade ianque”, é uma coisa sobre a qual ninguém tem controle. Pode-se imaginar que, não divulgando foto nenhuma, os inimigos dos EUA insistirão na tese de que Bin Laden continua vivo. De resto, os mártires costumam ser bonitos. Não conheço nenhum santo que seja feio. Uma foto monstruosa de Bin Laden morto é melhor do que a foto serena do terrorista posando de sábio numa almofada do deserto.
A tese de que “é contraproducente criar um mártir” nem sempre é verdadeira. Che Guevara, como mártir, inspira e ainda representa muito ódio aos americanos. Mas se tivesse continuado vivo e atuante, certamente teria dado mais trabalho do que centenas de milhares de fotos dele espalhadas pelo mundo.
E é possível que o próprio Cristo tivesse muito menor influência depois de morto, se seus discípulos não viessem com a notícia que ele ressuscitou –e que seu corpo não foi encontrado no túmulo.

Marcelo Coelho

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