sábado, 28 de maio de 2011

Nazista é a mãe!

Está aberta a temporada de caça aos nazistas. Parece filme do Tarantino, mas não é. De repente, e nada menos que quase 70 anos depois de sua aniquilação, o nazismo ressurge na mídia com força inaudita, opondo gente boa como a Barbara Gancia e o Marcelo Coelho, em artigos na Folha, com o comediante Danilo Gentili no meio.
Tudo porque este último resolveu fazer piada sem graça na internet com o metrô de Higienópolis, numa referência aos famigerados trens nazistas que levavam judeus para o extermínio em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Do outro lado do Atlântico, quem se deu mal ao se referir ao nazismo foi o diretor Lars von Trier, que atraiu mereceu execração da chamada inteligência mundial ao também ele fazer piada ainda mais sem graça - disse que é nazista e "entende" Hitler.
No primeiro caso, além de receber o puxão de orelha do Coelho em texto da Folha, Gentili está sendo alvo da ira dos exagerados, que querem ver a suástica pespegada em sua testa.
No segundo caso, o cara foi simplesmente banido para sempre do festival de Cannes.
O nazismo é um mal que foi extirpado da face da terra como ideologia e forma de governo, mas permanece aqui e ali como sentimento de alguns que não conseguem conviver com as diferenças nem tampouco com a democracia. Azar deles, porque é o mundo diferenciado e os regimes democráticos que comandam a atualização e a modernização do planeta ok, os chineses não estão nessa, mas praticam um para-capitalismo que vai no rastro do ocidente.
Não é o caso, diga-se sempre, do cineasta e do comediante. Portanto, o que se vê, como disse, são exageros exageros dos que se consideram engraçadinhos e geniais, quando no máximo praticam o mau gosto e falam besteira em público ou na web, e exageros dos que levam estes caras a sério.
Tanto a piada de Gentili quanto a do cineasta deveriam ter merecido apenas o que deve sempre ser dedicado a toda piada sem graça, idiota, inconveniente, boçal: o desprezo.
Mas como tenho dito aqui, falou besteira, leva paulada mesmo, neste mundo de comunicação ultra-veloz e pessoas hiper-conectadas.
Velocidade e hiper-conexão que frequentemente acabam provocando muito barulho por nada.
Observação do escritor americano Jonathan Franzen que tem tudo a ver e merece reflexão: "Me incomoda essa tendência narcisística na mídia eletrônica. A internet supostamente ia nos levar a entender melhor as pessoas, mas estamos indo para o lado oposto. Estou preocupado com a perda do espaço público. Comunidades on-line não são o mesmo que comunidades."

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Luiz Caversan

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