quarta-feira, 25 de maio de 2011

Governo Dilma: caindo na real!

Nada como um dia depois do outro, principalmente no meio de uma crise. Enfrentando sua primeira turbulência no centro do poder, o governo Dilma teve de recuar e chamar o velho PMDB de guerra para ajudá-lo a tentar contornar as nuvens carregadas que surgiram no horizonte governista neste início de administração.
Até então escanteado das principais reuniões do Palácio do Planalto, eis que o vice-presidente Michel Temer foi chamado a participar de encontro com líderes governistas em que a presidente Dilma buscou costurar um acordo para votar o Código Florestal. Não só isso: tentou também passar a imagem de que a vida segue normal na Esplanada dos Ministérios, a despeito do inferno astral em que se meteu o ministro Antonio Palocci (Casa Civil).
Peemedebista, Temer começou o governo sendo chamado a participar das reuniões de coordenação do governo. Só que o PMDB achava pouco, queria mais um peemedebista com assento nos encontros semanais da presidente Dilma em que se discutem as principais decisões do governo. Resultado: Dilma praticamente acabou com as reuniões de coordenação e, pelo menos durante um período, sentiu-se livre das pressões peemedebistas.
Depois, foi toureando o partido de Michel Temer, José Sarney, Renan Calheiros e outros, resistindo aos pedidos de cargos encaminhados pelos líderes peemedebistas. Sua equipe costumava proclamar que Dilma estava marcando um novo modo de relacionar com o velho PMDB, não se curvando a todo e qualquer pedido do partido de Temer.
De certa forma, não se pode deixar de reconhecer, trata-se de uma virtude. Se dependesse apenas da vontade de muitos peemedebistas, o governo teria de acatar plenamente a lista de nomeações do partido. O que, diríamos, não seria nada aconselhável. Por outro lado, Dilma foi eleita numa aliança com o PMDB. Queira ou não, o partido de Temer é seu principal aliado e dele depende dentro do Congresso.
Portanto, não atender a todo e qualquer pedido dos peemedebistas é uma virtude. Escantear, porém, o partido é um erro. Enquanto não se vive uma crise, enquanto não se enxerga uma derrota pela frente no Congresso, tudo bem. Mas quando o cenário se torna nada amigável, impossível viver sem seu principal aliado a seu lado.
Em outras palavras, Dilma e sua equipe caíram na real. Chamaram o velho PMDB para ajudar na administração da crise.
Por falar em crise, a avaliação de assessores da presidente Dilma é que o cenário começa a ficar favorável ao ministro Palocci e que, tudo indica, ele vai sobreviver no cargo. Não será, porém, o mesmo. Não terá o mesmo poder do início do governo. Sairá arranhado do episódio do salto de seu patrimônio por conta dos serviços de sua consultoria. A partir de agora, ele vai depender mais dos aliados. E não terá mais a mesma facilidade de dizer "não" aos pedidos de governistas do Congresso. Tudo isso, claro, pode mudar. Depende dos famosos "fatos novos"

Valdo Cruz

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