segunda-feira, 16 de maio de 2011

Prisão de chefe do FMI agrava incerteza sobre crise da zona do euro


A prisão do diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, por abuso sexual ampliou as incertezas sobre a crise da dívida da zona do euro, derrubando o euro para o menor valor em sete semanas e pressionando as bolsas de valores nesta segunda-feira.
Embora haja poucos indícios de que as atividades do FMI serão prejudicadas, a detenção ocorreu quase na véspera de uma série de novas negociações sobre como lidar com a crise do bloco monetário europeu.
Strauss-Kahn que também era um potencial candidato à Presidência francesa deveria reunir-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, no domingo, e juntar-se ao encontro de ministros das Finanças da zona do euro nesta segunda-feira para discutir os problemas europeus.
O euro chegou a US$ 1,4048, menor nível desde 30 de março, registrando queda de 6% desde o pico em 17 meses alcançado há duas semanas.
A acusação contra Strauss-Kahn também aumenta o humor geral de aversão a risco, pressionando o mercado de ações. As bolsas de valores da Europa atingiram o menor patamar em mais de uma semana, de olho na reunião de ministros da zona do euro.
No entanto, um porta-voz da Comissão Europeia afirmou hoje que a detenção de Strauss-Kahn não deve afetar os planos de ajuda financeira para os países da Eurozona, dos quais o organismo com sede em Washington participa.
"Temos plena confiança de que haverá uma continuidade nas operações e na tomada de decisões no FMI", disse o porta-voz, referindo-se à prisão de Strauss-Kahn em Nova York.
O escândalo "não deve ter nenhum impacto sobre os programas de ajuda para Grécia, Irlanda e Portugal", acrescentou, antes de uma reunião da Eurozona em Bruxelas sobre a crise da dívida soberana da qual o diretor do FMI deveria participar.

PRISÃO

O diretor-geral, de 62 anos, foi detido no último sábado (14) no aeroporto John Fitzgerald Kennedy (JFK), de Nova York, quando pretendia embarcar para a França, seu país natal.
O funcionário do FMI é acusado pelo governo norte-americano de agressão sexual, retenção ilegal e tentativa de estupro de uma camareira nova iorquina de 32 anos.
Segundo a funcionária do Sofitel, ela entrou no quarto para fazer a limpeza do local, que pensava estar vazio, quando foi atacada por Strauss-Kahn, que acabava de sair nu do chuveiro.
No entanto, seus advogados alegam que ele deixou o hotel uma hora antes da suposta agressão sexual. De acordo com a rádio francesa RMC, a versão será usada como álibi pelos advogados do economista francês, que será julgado hoje em Nova York.
Segundo fontes judiciais, é muito provável que Strauss-Kahn seja liberado após o pagamento de uma fiança "que pode ser milionária". Estima-se também que ele seja proibido de deixar do país.

MULHER E INOCÊNCIA

Nesse domingo, a jornalista Anne Sinclair, mulher de Strauss-Kahn, afirmou não acreditar "nem um só segundo" nas acusações feitas contra seu marido.
Ela afirmou, em uma breve nota emitida à imprensa francesa, ter certeza de que 'sua inocência será confirmada' e pediu 'decência e discrição' sobre o assunto.
Também no início do domingo seu advogado baseado em Washington afirmou que Strauss-Kahn nega todas as acusações. "Ele vai se declarar inocente", disse Taylor.

HISTÓRICO

Não é a primeira vez que Strauss-Kahn se vê envolvido em polêmicas deste tipo. Em 2008, pouco depois de assumir o comando do FMI, ele assumiu ter tido um caso com uma funcionária do organismo, a economista Piroska Nagy, casada com um ex-presidente do Banco Central argentino.
Na época, Strauss-Kahn admitiu "um erro de julgamento" por conta do caso.
Ainda que não tenha anunciado a sua candidatura, Strauss-Kahn, que é membro do Partido Socialista francês, aparece nas pesquisas como o principal rival do atual presidente Nicolas Sarkozy nas eleições à Presidência da França, marcadas para abril do ano que vem.
Números divulgados no início de maio apontam que o chefe do FMI, que ainda não confirmou se vai concorrer, teria 23% dos votos no primeiro turno contra 17% para a líder da extrema-direita Marine Le Pen e 16% para Sarkozy.
O próprio apoio de Sarkozy para a sua candidatura ao FMI foi visto como uma manobra para afastá-lo da corrida presidencial.

Folha de São Paulo

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