segunda-feira, 23 de maio de 2011

Paul McCartney faz show de clássicos


Paul McCartney acaba de fazer um verdadeiro show de música clássica na Zona Norte do Rio. Das 33 canções apresentadas nas duas horas e meia de apresentação, o ex-beatle tocou diversos clássicos da música popular universal - de "All my loving" a "Eleanor Rigby" a "Drive my car" ou "Let it be", todas mais velhas que boa parte da plateia presente ao estádio. O formato do show (de arena), feito para encantar as multidões, pode ter sido o mesmo que o astro apresentou em novembro passado em São Paulo e Porto Alegre, e com o qual Sir Paul tem rodado o mundo na turnê "Up and coming tour". Mas edaí? São sempre assim os concertos de música clássica: todos parecidos, mas igualmente únicos.
E o rock'n'roll é a variação clássica mais popular já surgida na história da música. No palco, a liturgia é seguida à risca: do velho baixo Hofner às guitarras Gibson, dos amplificadores Vox e Marshall que fazem o som soar cristalino e potente ao mesmo tempo, tudo é clássico na apresentação de Paul. Até mesmo as explosões pirotécnicas em "Live and let die". Por mais óbvio que pareçam os truques do músico de 68 anos, o efeito é o mesmo para senhores e senhoras de 50, 60 (70?) anos, adolescentes encantados e crianças espantadas com a vibração quase física daquela música. A euforia completa em "Band on the run" ou as lágrimas incontidas em "The long and winding road", só para citar dois momentos de catarse, comprovam isso facilmente.
Mas o show não seria metade do que foi se Paul McCartney não fosse quem é. Sim, ele joga o tempo todo para a plateia. E joga sujo: arranha frases em português ("Ulá Riio, I aí, cariocas, Bua noiti, Brasil!"), estimula corinhos coletivos, faz caretas que o telão de alta definição capta em detalhes e diverte sem pudores seu público. Afinal, ele e sua excelente banda, formada por Rusty Anderson (guitarra), Brian Ray (guitarra e baixo), Abe Laboriel Jr. (bateria) e Paul Wickens (teclados e guitarra), são muito bem pagos para isso.
O que conta, no fim das contas, é o carisma imbatível do homem e a força de suas músicas. Afinal, o cara é um beatle, um velho apaixonado pelo rhythm and blues, com uma quedinha pela distorção - um senhor professor de rock. "Let me roll it", com citação de "Foxy Lady", de Jimi Hendrix, "A day in the life" (com excertos de "Give piece a chance", de John Lennon), "Lady Madonna" e "Day tripper" no bis, até mesmo a farra coletiva que a fraca "Ob-la-di-Ob-la-da" ´promoveu. Paul usou todos os truques que tinha na manga. E o público fez questão de cair em todos eles, sem o menor pudor.
Mesmo assim, houve espaço para surpresas, como o flash mob com balões e um mar de cartazes de "Na na na na" durante os quatro minutos (cronometrados!) de coro em "Hey Jude". "Hey, aquilo foi fantástico", reconheceu o velho roqueiro, já no bis do show. Deve ser por esse tipo de coisa que Paul não larga a estrada: o amor incondicional de 45 mil pessoas deve ter algum poder rejuvenescedor.

Ricardo Calazans

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