sábado, 21 de maio de 2011

Comissão da Verdade vem aí

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, fechou um acordo com tucanos e democratas para aprovar no Congresso Nacional a criação da Comissão da Verdade . A costura tem aval da presidente Dilma Rousseff e da ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário.
Em tramitação no Congresso, o artigo 2º do projeto de lei prevê o seguinte: "A Comissão Nacional da Verdade, composta de forma pluralista, será integrada por sete membros, designados pelo Presidente da República, entre brasileiros de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados com a defesa da democracia e institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos."
Jobim acertou com a oposição que a Câmara e o Senado indicarão dois integrantes de cada Casa do Congresso. Ao Executivo, restarão três indicações. Essa comissão terá o objetivo de dar uma resposta final e oficial sobre as circunstâncias das mortes e desaparecimentos políticos na ditadura de 1964 --um necessário acerto de contas com a história.
A ideia é fazer nomeações que atendam aos militares e aos familiares de mortos e desaparecidos políticos. Trocando em miúdos: um nome ligado à famílias, outro com trânsito no meio militar e um terceiro "neutro".
Criada a comissão, ela terá prazo de dois anos para concluir o relatório final, como prevê o projeto de lei.
A articulação com a oposição esvazia resistências da própria base do governo à proposta do Executivo. A inclusão do DEM nas tratativas ajuda a amenizar receios militares, pois o partido é descendente direto das siglas que sustentaram a ditadura de 64: Arena e, depois, PDS.
O acordo viabilizado por Jobim é uma boa notícia para o país, que merece conhecer a verdade sobre um dos períodos mais tristes de sua história.

Lambança futebolística

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, agiu corretamente ao negar R$ 350 milhões dos contribuintes paulistas para a construção do futuro estádio do Corinthians, o Itaquerão, na zona leste da capital paulista.
É mais do que legítimo que os corintianos construam o seu estádio, mas não devem fazê-lo às custas do poder público em grau maior do que está sendo feito.
Afinal, o governo paulista já se comprometeu a investir R$ 350 milhões em benfeitorias ao redor do futuro estádio. É um alto investimento que beneficiará os proprietários de terrenos e construções nas proximidades. Seria interessante saber quem são esses sortudos.
Há outra discussão: esses R$ 350 milhões seriam mais bem aplicados em outras prioridades da zona leste? É realmente em torno do futuro estádio que deva ser investida tamanha quantia?
Essa história está muito mal contada. Circula a versão de que a tentativa de ampliar o preço do estádio para R$ 1 bilhão se deve a exigências da Fifa e da empreiteira, a Odebrecht. Há controvérsias.
Outra versão dá conta de que o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, esse moderno, honesto e zeloso dirigente de futebol que é um modelo para todo o país, estava dando corda à ideia de turbinar o seu estádio. Afinal, amigo de tanta gente poderosa, achou que poderia arrancar R$ 350 milhões além dos incentivos fiscais que já obteve do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e de outros R$ 350 milhões que os paulistas vão colocar no entorno do Itaquerão. Mas, como reza o dito popular, esperteza demais acaba por engolir o dono.

Melhor alternativa

O Morumbi foi vetado para abrir a Copa do Mundo por uma articulação do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Na época, pensava-se no Piritubão (estádio na zona oeste da capital paulista). Por razões políticas e econômicas, acabaram chegando ao Itaquerão.
Os investimentos para melhorar a infraestrutura urbana em torno do Morumbi seriam menores do que os R$ 350 milhões que o governo paulista gastará em volta do Itaquerão.
Curiosidade: a Fifa aprovou estádios para a Copa da África do Sul que tinham mais problemas do que o Morumbi. É uma pena que a baixa política tenha vencido essa batalha.

Kennedy Alencar

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