sábado, 14 de maio de 2011

Extrusando a monorrosca: aventuras na feira de plásticos


Por razões que não vêm ao caso, passei os últimos quatro dias na Brasil Plast, uma gigantesca feira de empresas de plásticos realizada no Anhembi.
Para quem não conhece o Anhembi, é uma caixa de concreto do tamanho de uma pequena cidade. O interior é decorado com stands, que mais parecem prédios. Quanto maior e mais poderosa a empresa, maior o stand.
Para um ignorante em polímeros como eu, andar pela Brasil Plast foi uma revelação. Parecia outro país.
A começar pelo idioma: era comum ouvir pessoas falando em “masterbatches”, “Fifo – first in, first out”, “gelcoats” e “tecidos não-tecidos”.
O setor tem publicações especializadas, como a “Plástico Moderno”, uma revista muito bem feita. Pena que o ignoramus aqui não entendeu patavinas das reportagens.
Li, com interesse, uma matéria sobre uma extrusora monorrosca que está revolucionando o mercado. Outra reportagem trazia um furo: a dupla rosca para PVC agora tem degasagem simples. Uau.
Na verdade, o estranho na Brasil Plast era eu. A única pessoa dentro do Anhembi que não sabia que o mundo é dos polímeros.
“Plástico. Impossível viver sem ele!”, diz o slogan do evento. Não é exagero. Nesses quatro dias, descobri que, basicamente, TUDO é feito de plástico. Até o interior das caixas cartonadas de leite longa vida levam polietileno.
Ouvi histórias incríveis:
Um visionário descobriu uma maneira de extrair água de coco diretamente para caixas cartonadas, abrindo um novo mercado para os plantadores de coco de todo o país.
Conheci um gênio que montou um império fabricando lacres para embalagens de pão.
E que tal o papel couchê feito inteiramente de lixo plástico?
Aliás, a sustentabilidade é o tema mais comentado em toda feira. O “must” da indústria parece ser o plástico verde, feito da cana de açúcar.
O que mais me impressionou na Brasil Plast foi descobrir os verdadeiros impérios industriais construídos à base de produtos em que nós, simples mortais, não conseguimos enxergar valor de mercado.
Por exemplo: em minha visão estreita, nunca pensei no tamanho do mercado de tampinhas de pasta de dente, ou de botões de camisa. São produtos que passam despercebidos por nosso radar, mas que são fundamentais para a cadeia produtiva e fizeram a fortuna e sucesso de muita gente.
A Brasil Plast termina hoje. Ainda dá tempo de passar pelo Anhembi e aprender alguma coisa. Afinal, como pude passar tanto tempo sem saber a utilidade de um durômetro?
P.S.: Ode ao Avaí
Ontem foram os cearenses; hoje, os catarinenses. De norte a sul, o Brasil é só alegria

André Barcinske

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