sábado, 21 de maio de 2011

Indignação de um professor com a cortina de fumaça contra o MEC

"Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!"
(Paulo Freire)

Começo este e-mail com o sempre citado, mas pouco seguido, educador Paulo Freire não para passar um ar de credibilidade ou seriedade intelectual, mas para chamar à razão para o cavalo de batalha que estão fazendo contra o MEC, não devido ao livro obscuro escolhido para "des"ensinar a norma culta de nosso vernáculo, e sim sobre a intolerância sobre a tal "Cartilha Gay".
Desde os anos oitenta que os valores relativos a educação/ escolas mudou significativamente, desde então a escola era não somente responsáveis pelo ensino formal, mas também pelo doméstico, uma vez que cada vez mais ausentes os pais passaram a delegar a escola a responsabilidade de ensinar o que deveria ser aprendido em casa; passou a ser culpa da escola comportamentos violentos, o bullying, a falta de respeito generalizada... mas os pais esquecem que aprenderam como se deve respeitar mais velhos, professores... como ser sociável, em suas casas com seus pais. Então por que deveria a escola ensinar agora?
Bem, o dano já estava feito, as escolas acataram esta nova responsabilidade, "somos aqueles que ensinaremos cidadania, responsabilidade civil, respeito as leis", seremos os pais destes futuros cidadões! Porém o tiro acaba por sair pela culatra, nossos professores não são preparados para serem "pais e mães" destes alunos, principalmente dos alunos adolescentes que já possuem um caráter formado (ou em final de formação), e muitas vezes já viciados ou corrompidos pela total falta de limites parentais.
Agora o MEC resolveu, como "pais", conversar sobre sexualidade com seus "filhos", mas o que aconteceu a partir dessa decisão? Os pais ausentes e a massa pseudo religiosa ficou indignada, levantaram as vozes dizendo coisas como: "isso é um abuso do governo", "Somos nós que devemos falar isso com nossos filhos", "isso poderá influenciar os jovens".
Agora os filhos lhes pertence e não mais a escola, abuso do governo? mas ele teve o aval de vocês desde os anos 80 para cuidar da educação informal (doméstica); Sim jovens são mais facilmente influenciados, mas orientação sexual não cabe no rol de coisas que podem ser imputadas sob influência externa, é algo interno do ser humano ser ou não ser homosexual, ou heterosexual ou mesmo qualquercoisasexual.
Esta discussão sobre a "Cartilha Gay" parece uma cortina de fumaça para distrair as atenções do que realmente interessa na educação no Brasil, coisas como a falta de merenda por que o dinheiro foi usurpado para fins pessoais (uma diretora foi exonerada por apontar para onde o dinheiro foi - isso é absurdo), livros didáticos que ao invés de normatizar a língua em nosso pais continental, mostra que falar errado é possível e adequado, provas do ENEM que em nada são seguras e confiáveis.
Faço minhas as palavras do cronista da Rede Globo Alexandre Garcia: "quem é nivelado por baixo, tem uma vida nivelada por baixo".
Não sejamos cegados por esta discussão sobre sexualidade e sim olhemos o descaso para com a área que escolhemos para nós - A EDUCAÇÃO!
Vamos nos unir ao poder judiciário que repensou e aprovou a união homoafetiva, mostrando que pensar que homosexualidade é pernicioso é preconceito e por isso a educação deve também trabalhar sobre o tema, mas com um acompanhamento, auxílio e colaboração direta e ativa dos pais que desejarem rever seu papel de educador.

Atenciosamente
Daniel Manso

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