sexta-feira, 22 de julho de 2011

Nova diplomacia, novos nomes

Está começando a movimentação no Itamaraty para promover as primeiras alterações nas embaixadas brasileiras da gestão Dilma Rousseff/Antônio Patriota. Como você sabe, Patriota mexeu apenas no seu próprio gabinete, mas não alterou o quadro de embaixadores legado por Celso Amorim.
Natural que tenha sido assim: a política externa foi um dos pontos fortes da gestão Lula, por mais que tenha havido críticas internamente a alguns aspectos dela. Mas ninguém, que eu conheça, nega que a posição internacional do Brasil saiu reforçada. Além disso, ninguém nega que, vista do exterior, a diplomacia brasileira recebeu mais aplausos do que vaias - e os embaixadores, como é óbvio, são o primeiro rosto do Brasil lá fora.
Agora, no entanto, é hora de mexer, até para adaptar o Itamaraty ao estilo Dilma, que praticamente sepultou a diplomacia presidencial, praticada com gosto e mesmo algum excesso por seu antecessor e padrinho. Note-se, a propósito, que Patriota manteve o ritmo de Amorim. Viaja constantemente e está sempre onde deve estar, por definição, o ministro de Relações Exteriores (no exterior, óbvio).
Só que tem menos acompanhamento da mídia porque não está com Dilma, e o presidente, em qualquer lugar do mundo, atrai mais holofotes do que seus ministros.
Se o estilo Dilma é mais discreto, cresce, também por definição, o papel dos embaixadores, especialmente daqueles que ocupam os principais postos. Em sendo assim, há sinais animadores em relação à principal embaixada, a de Washington.
Fala-se em Roberto Azevêdo, hoje representante do Brasil em Genebra, junto às Nações Unidas. Aliás, há dois embaixadores em Genebra. A outra é a mulher dele, Maria Nazareth Farani de Azevêdo. Ele cuida das questões econômico-comerciais, ela das demais, entra elas direitos humanos.
Teve, de resto, papel fundamental na recente tomada de posição do Brasil, no Conselho de Direitos Humanos, em favor da designação de um relator especial para investigador o Irã.
Já Roberto é um craque em temas comerciais. Sua participação nos contenciosos que o Brasil provocou na Organização Mundial do Comércio contra os Estados Unidos foi tão discreta, como é de seu jeito, como decisiva.
Removê-lo agora para Washington faria todo o sentido porque foi ele também que idealizou movimento brasileiro recentíssimo, o de provocar a discussão da chamada guerra cambial (a excessiva desvalorização do dólar e do iuan chinês) na OMC, um tema que teoricamente não faz parte da agenda do comércio. Mas a OMC aceitou a discussão.
Em Washington, se for de fato indicado, Azevêdo estará, portanto, na principal trincheira de debate a esse respeito - tema fundamental para a economia brasileira, como insiste, uma e outra vez, o ministro Guido Mantega.

Clóvis Rossi

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