sábado, 30 de julho de 2011

Diferenças com Pelé e atritos com Fifa expõem Ricardo Teixeira


Dois meses de trabalho e R$ 30 milhões para mostrar que o Brasil pode organizar uma Copa. Mas, na véspera do Sorteio Preliminar do Mundial de 2014, Comitê Organizador, Fifa e governo federal entraram em atrito.
O evento começa às 15h, no Rio, e definirá grupos das eliminatórias continentais.
Mas duas fagulhas de uma velada disputa de poder em torno da Copa incendiaram o clima até então festivo: um jornalista inglês e Pelé. Nos dois casos, sobrou para Ricardo Teixeira, presidente do COL (comitê local) e da CBF.
Em evento na Marina da Glória, um repórter do "Daily Mail" foi em sua direção e pediu uma entrevista, com colegas ingleses logo atrás.
Ao saber que o jornalista era inglês, Teixeira recusou o pedido. Segundo seus assessores, o cartola citou os escândalos na imprensa britânica e perguntou ao repórter se ele era um dos corruptos, referência ao caso dos grampos telefônicos no país.
Na versão dos ingleses, o insulto foi para todo o grupo.
Joseph Blatter, presidente da Fifa, não gostou do episódio e disse que falaria com Teixeira sobre o tema. "É responsabilidade dele o que ele faz. Não tenho certeza de que isso está no meu espírito de fair play", disse o suíço à agência de notícias Reuters. A declaração irritou o COL.
A Fifa tenta evitar atritos com a imprensa após os escândalos de corrupção na entidade. Antes disso, o próprio Blatter criticava os ingleses.
Ontem, reclamou da reação de Teixeira, ocorrida em pleno palco do sorteio e que levou a crise dos bastidores, literalmente, para o centro do primeiro evento da Copa.
Não bastasse isso, Teixeira ouviu recados de Pelé, o embaixador do Brasil na Copa, recém-nomeado pelo governo. O Rei tinha cargo parecido no COL, também sem salário, o que nos bastidores do comitê é visto como fator que influenciou suas ausências em eventos do Mundial.
"A gente só vai para a festa se tem um convite. Se não tem, não vai. A CBF é quem decide quem será convidado ou não. Se ela convida, estou aqui", afirmou Pelé, que também criticou Teixeira pelo atrito com os ingleses.
O Rei está na lista de convidados desde abril, segundo o COL. Mas havia dito que tinha outro compromisso que o impediria de comparecer.
Mudou de ideia depois de virar representante do governo, que deseja torná-lo uma espécie de marca do Mundial. "A presidente Dilma quer que a cara da Copa seja a do Pelé", disse o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr.
Mas, neste momento, a face da Copa parece estar mais representada por Teixeira.

MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
SÉRGIO RANGEL

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