quarta-feira, 13 de julho de 2011

Augusta: a rua do futuro

Não conheço em nenhum lugar do mundo uma única região que reúna em tão pouco espaço tantas tribos diferentes como Baixo Augusta. É a face do que pode ser uma cidade contemporânea, baseada na diversidade e na criatividade. Estou convencido que ali, nessa mistura caótica, está se fazendo o melhor cartão postal de São Paulo. Daí a importância simbólica de dois fatos.
A comunidade tanto lutou que conseguiu extrair da prefeitura a promessa que de um terreno com reserva de mata atlântica virasse parque --ali onde já foi o colégio Equipe (o DNA do ambiente do Baixo Augusta). O próprio prefeito Gilberto Kassab me disse que, apesar dos projetos imobiliários privados, vai ceder ao movimento pelo parque.
No local onde era um inferninho (Quilt), o poder público se comprometeu em ter uma praça, que será a entrada do teatro Cultura Artística, em fase de recuperação depois de destruído pelo fogo. A ideia é que a praça tenha espetáculos abertos e gratuitos de música erudita, conectada à praça Roosevelt, que conta com a proximidade com os grupos teatrais de vanguarda e que se vinculam à revitalização da paisagem urbana como Os Satyros e Parlapatões.
Aposto que, com as obras concluídas, ali será a grande praça da cultura do Brasil, mostrando o que existe de novo, como se fosse uma casa de espetáculo sem muros.
Parecem coisas pequenas. Mas nada mais contemporâneo do que a revolução do local. Nada mais contemporâneo do que usar a arte para criar ambientes democráticos e criativos no espaço público.
É a visão de que o bom da cidade, apesar de seu estresse, é o aprendizado pela convivência.

Gilberto Dimenstein

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