sexta-feira, 15 de julho de 2011

A diáspora conta suas razões

A propósito da coluna anterior sobre o contínuo êxodo de brasileiros para o exterior, em especial para os Estados Unidos, recebi um punhado de comentários via e-mail, além daqueles que você pode consultar ao pé da coluna.
Quase todos apontavam como uma das principais causas para a migração de brasileiros a falta de segurança. Acho que foi o único ponto em comum em toda a correspondência, pelo que registro aqui a unanimidade, até por falta de espaço para me alongar em todos os demais motivos.
Mas vale a pena, acima de tudo, resgatar um instantâneo do cotidiano de Mauro Pires Moraes, que vive no exterior, especificamente em Old Saybrook, Connecticut.

Escreve ele:

"Sou gaúcho e trabalhei em Minas Gerais como professor universitário. Decidimos vir para os EUA depois de algum tempo de doutorado. Minha esposa preferia os EUA à Minas. Planejamos voltar uma vez que tenhamos cidadania americana. Assim nossa filha pode manter algumas facilidades de escolha caso queira sair do Brasil no futuro.
Nossa volta será mais romântica e associada aos laços familiares do que à condições de vida. Não se pode nem comparar a condição de vida se ganhasse o mesmo valor em reais nos dois lugares, o que não é o caso, pois a remuneração aqui é melhor. Aqui não pago escola (pelo menos até o segundo grau), pago 4,5% de juros de minha casa que está com valor muito próximo daquela que tinha no Brasil, pago 0% de juros para comprar o meu carro (em 36 meses), sendo o valor dele 1/3 do que pagaria no Brasil.
Minha televisão custou R$ 1.500 aqui. No Brasil, pagaria R$ 5.500. Até o mito de que a comida é mais cara também já foi por água abaixo: pago carne de primeira US$2,69/lb (US$5,97/kg ou R$9,60), a cerveja custa U$1,20, porque não é a mais popular.
Tênis Reebok ou Nike: US$ 50 a US$ 70. Não tenho ideia de quanto pagaria no Brasil. Viajamos todos os anos ao Brasil e, no último fevereiro, percebi que, com o meu salário de professor universitário, que não é pouco comparado com o que a maioria ganha, teria que baixar muito minha qualidade de vida".
É evidente que a vida para um profissional de nível superior é mais fácil, se comparada à que pode levar quem tem apenas educação básica ou pouco mais. Mas a comparação de preços vale para qualquer um. Quem não pode pagar uma TV de R$ 1.500 (ou seu equivalente em dólares) compra uma mais barata, mas sempre gastará menos do que em equivalente compra no Brasil, a julgar pelo depoimento do Mauro.

Clóvis Rossi

Nenhum comentário:

Postar um comentário