quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Strike

Há muitas imagens a serem usadas nessa queda em série de ministérios, ministros, altos assessores e partidos. "Strike", porém, parece perfeita, porque a sensação é de que não sobra pedra sobre pedra.
Caíram Palocci, o homem-forte, Alfredo Nascimento, o longevo, Nelson Jobim, o "insubstituível". Agora Pedro Novais, o do motel, e Wagner Rossi, que se diz sólido como uma rocha, balançam, mas não caem... por enquanto.
As peripécias de Palocci ficaram na conta exclusiva dele, e o PT passou ileso. Com o desmonte dos esquemas dos Transportes, lá se foi o PR. Com o sacolejo na Agricultura, o PMDB ficou pendurado. Agora, quando o Turismo entra na roda, quem estremece é o PT. E o PMDB não apenas empurra a bola para ele, como se diverte.
Afinal, os escândalos não são de agora, são herança do governo anterior. E, no governo anterior, quem mandava no Turismo era o PT... Tanto que o ex-presidente da Embratur, o petista Mário Moyses, é um dos 35 presos.
Nesse empurra-empurra do PMDB para o PT no caso do Turismo, dois personagens se destacam.
O presidente do Senado, José Sarney, lava as mãos e diz que não tem nada a ver com o ministro Pedro Novais. Mas, engraçado, Sarney é do PMDB como o ministro Pedro Novais, maranhense como Pedro Novais e foi eleito pelo Amapá, um dos três Estados atingidos pela operação Voucher da PF (os outros são São Paulo e o DF).
E a vice-presidente do Senado, Marta Suplicy, que foi ministra do Turismo, era chefe, é correligionária e amiga de Moyses, está perplexa e ressabiada, sem saber exatamente como reagir e o que dizer.
Mas o que o Palácio do Planalto (leia-se Dilma, Ideli e Glesi) se indagam é como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, do PT, não sabia, não tinha ideia, não alertou sobre uma operação da PF portanto, sob suas barbas que envolveu 200 policiais, 35 presos e três Estados.
Ministros da Justiça ou são essenciais no campo jurídico ou são hábeis articuladores políticos, mas o pau está comendo em várias frentes e Cardozo, ninguém sabe, ninguém viu. E nem ele sabe, nem vê o que a PF, sob seu comando, está fazendo.
Independência à Polícia Federal, sim, claro. Aplausos à diligência e crescente eficiência, sim, claro. Mas ela faz parte de um ministério, de um governo, de um Estado. Tem, como tudo e todos, de prestar contas, certo?
É assim que Dilma, coitada, está às voltas simultaneamente com crise econômica internacional, crise ética herdada de Lula, partidos aliados em pé de guerra, ministros que só dão problema ou não resolvem problema nenhum.
Vida de presidente não deve ser fácil...

Eliane Cantanhêde

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