domingo, 28 de agosto de 2011

Rebeldes avançam para Sirte, cidade natal de Gaddafi


Os rebeldes líbios se aproximavam de Sirte neste domingo e afirmaram estar a apenas 30 km ao oeste e a 100 km ao leste do reduto dos partidários de Muamar Gaddafi. Esles prometem tomar a cidade à força caso as negociações não tenham sucesso, e seus líderes descartaram qualquer possibilidade de diálogo com o líder deposto, a não ser que seja para a sua rendição.
Os inimigos de Gaddafi estão avançando até a cidade de Sirte, que fica no meio da rodovia costeira leste-oeste, mas um comandante afirmou que "libertar" a cidade pode demorar mais de dez dias.
"No leste conquistamos Ben Jawad, a 140 quilômetros de Sirte, e ao oeste outros combatentes rebeldes estão a 30 km desta cidade", declarou Mohamed al-Fortiya, comandante das forças rebeldes que atuam na região.
"Estamos negociando com as tribos da região para que Sirte se renda pacificamente", completou.
No sábado, as forças leais a Kadhafi ainda resistiam em Ben Jawad, depois do bombardeio de rebeldes bloqueados em Ras Lanuf, 20 quilômetros ao leste.
Os rebeldes assumiram na sexta-feira o controle da principal passagem de fronteira com a Tunísia e prosseguiram com o avanço no sábado.
No Cairo, o presidente do conselho executivo (governo) do CNT (Conselho Nacional de Transição, órgão político da rebelião), Mahmud Jibril, liderou pela primeira vez no sábado a delegação líbia em uma reunião extraordinária da Liga Árabe para discutir a situação na Síria e na Líbia.
O número dois da rebelião destacou que o CNT precisa com urgência de ajuda financeira. Ele advertiu que pode existir "instabilidade" no país caso os rebeldes não consigam pagar os salários dos funcionários nem restabelecer os serviços básicos à população.
Os ministros árabes pediram à comunidade internacional a revogação da decisão de bloquear os fundos e os bens do Estado líbio. Também pediram que o CNT tenha permissão para ocupar a vaga da Líbia na ONU e em suas diversas organizações.
Oito dias depois do início da ofensiva militar rebelde contra a capital foram registrados novos incidentes na noite de sábado em Trípoli, onde se ouviram explosões isoladas e rajadas de tiros. Mas não foi possível determinar se eram festejos ou tiroteios.
Os rebeldes anunciaram no sábado controlar "totalmente" o aeroporto internacional de Trípoli, assim como o bairro vizinho que era controlado por forças de Kadhafi.
Em Benghazi, o chefe do CNT, Mustafa Abdel Jalil, pediu uma ajuda humanitária urgente para a capital, onde são necessários "medicamentos, produtos de primeiros auxílios e material de cirurgia", assim como alimentos de primeira necessidade.
Um rebelde celebra a captura do posto de controle em Ras Jdir, na fronteira com a Tunísia, por onde poderia escapar Gaddafi
Em Trípoli, a vida volta aos poucos ao normal e algumas lojas abriram as portas, mas a falta de alimentos e produtos básicos provoca um aumento de preços. A gasolina, por exemplo, custa 20 vezes mais que antes da insurreição e o leite vale o dobro.
Após alguns tiroteios e explosões na capital durante a madrugada, as ruas de Trípoli estavam calmas hoje. A cidade ainda está traumatizada pelas evidências de muitas mortes que ocorreram durante as batalhas da última semana, que tiraram Gaddafi de cena.
Mas alguns moradores se aventuraram ao deixar suas casas para buscar água, alimento e combustível, que são escassos. Na Praça dos Mártires, conhecida como Praça Verde na época de Gaddafi, a polícia reapareceu em uniformes brancos, conduzindo carros em meio a um mar de cápsulas de balas.
"Voltei a trabalhar na sexta-feira. A vida está começando a voltar ao normal", afirmou um policial, Mahmoud al-Majbary, de 49 anos.
Perguntado se os rebeldes estão obedecendo a polícia, ele disse: "Ainda não. Estamos conseguindo isso lentamente. Estamos aqui mais para assegurar para as pessoas que elas estão seguras".
Os líbios continuarão temerosos enquanto o homem que os dominou com suas vontades durante 42 anos permanecer livre.
Gaddafi, de 69 anos, conseguiu escapar de ser preso, talvez tentando liderar uma insurgência contra seus opositores, ainda mal-agrupados sob o CNT (Conselho Nacional de Transição).
"Não está ocorrendo negociação alguma com Gaddafi", afirmou à Reuters Ali Tarhouni, autoridade do CNT para o petróleo e as finanças. "Se ele quiser se entregar, então negociaremos e o capturaremos."
O porta-voz de Gaddafi, Moussa Ibrahim, disse à agência Associated Press que o líder deposto ainda está na Líbia e quer discutir a formação de um governo de transição com o CNT.
Autoridades do conselho dizem que a guerra continuará até que Gaddafi seja morto ou preso e insistem que ele, seu filho Saif al-Islam e seu chefe de inteligência devem ser julgados na Líbia, embora sejam procurados pela Corte Criminal Internacional por crimes contra a humanidade

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

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