terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Nem o Serra...

"Nem o Serra faria assim. Nem ele colocaria tanto paulista em seu ministério." O comentário é de um aliado da presidente eleita, Dilma Rousseff, insatisfeito com o predomínio paulista na relação de nomes até agora anunciados oficialmente e entre os dados como certos no governo da petista.
Para evitar "curto-circuito" na relação com a futura presidente, o aliado pediu que seu nome não fosse identificado. Mas ele faz as contas: dos seis ministros anunciados oficialmente até aqui, cinco são paulistas e petistas. Todos ocupando os principais cargos do governo. Antonio Palocci (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e José Eduardo Cardozo (Justiça).
Sem falar em outros que estão na fila apenas aguardando a oficialização: Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), Fernando Haddad (Educação) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Na avaliação do aliado de Dilma, que fez intensa campanha pela eleição da petista, trata-se, por enquanto, de um verdadeiro paulistério, que nem o candidato tucano, José Serra, teria de coragem de montar.
Como Serra não ganhou a eleição, é difícil dizer se ele realmente não faria algo parecido. A frase do apoiador de Dilma demonstra, porém, como a montagem da primeira equipe da presidente eleita está gerando insatisfação entre os que integram a sua base de apoio.
ESTRANHO, MUITO ESTRANHO
De um integrante da equipe de transição sobre os movimentos do PMDB nos últimos dias: "Eles estão estranhamente muito na deles. Pararam de fazer barulho e aceitaram a oferta da Dilma, mesmo perdendo ministérios mais importantes em troca de outros nem tanto assim". O receio é que o PMDB esteja armando algo nos bastidores para mostrar, mais à frente, a importância do partido no Congresso. Dono da maior bancada no Senado e da segunda na Câmara, sem os votos peemedebistas a presidente eleita não consegue aprovar seus projetos mais importantes no Legislativo.
O PMDB pode cobrar a fatura quando for feita a distribuição de cargos nas estatais. Até aqui, porém, Dilma tem emitido sinais de que, no caso de algumas empresas federais, não tem a intenção de nomear políticos para as principais diretorias. A conferir. Afinal, uma coisa é o desejo da presidente. Outra é a realidade de ser obrigada a montar uma base aliada no Congresso.
E O PP VAI FICANDO...
Quando Dilma começou a montar sua equipe, todos diziam que o PP perderia o comando do Ministério das Cidades. Afinal, o partido ficou neutro na disputa presidencial, não apoiou a petista. Em outras palavras, não podia reclamar. E Cidades entrou na lista de ministérios a serem oferecidos aos peemedebistas. Só que conversa daqui, conversa dali, aos poucos a equipe de Dilma foi notando que não pode dispensar o apoio do PP. E, agora, tudo indica que a pasta das Cidades ficará mesmo com os pepistas. Presidente do partido, Francisco Dornelles fez chegar aos ouvidos da presidente eleita o peso dos senadores e deputados do PP dentro do Congresso. Ao mesmo tempo, o partido fechou acordo com o PMDB da Câmara em torno da eleição da presidência da Câmara. Com isso, fez os peemedebistas desistirem da pasta das Cidades. Diríamos que teve gente no PP fazendo mágica. Até aqui, pelo menos.

Valdo Cruz

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