quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cadê o meu, pergunta o PMDB?

Presidente eleita, Dilma Rousseff começa a enfrentar sua maior dor de cabeça na montagem de sua equipe ministerial. Definir o espaço do PMDB em seu futuro governo. Os peemedebistas estão inquietos e desconfiados. Até aqui, ouviu mais falar em perdas do que em ganhos ministeriais. Sua fatia de poder cairia de seis para três pastas. Diante das primeiras reações contrárias, subiu para quatro, mas mesmo assim abaixo de todas as expectativas peemedebistas.
Uma equação totalmente desfavorável para quem decidiu se aliar formalmente ao PT, indicar o vice da chapa e entregar um belo tempo de TV para Dilma Rousseff. Tanto que as queixas foram encaminhadas aos ouvidos da presidente eleita, que agendou reunião com seu vice, Michel Temer, presidente do PMDB e da Câmara dos Deputados. Reunião realizada na Granja do Torto, na companhia do presidente do Senado, José Sarney, e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
O primeiro passo de Dilma para tentar acomodar e acalmar o PMDB foi dado. A presidente eleita indicou que desistiu de colocar um nome de referência técnica, altamente qualificado, no Ministério da Saúde. Com isso, abandona, pelo menos até aqui, a ideia de retirar a pasta do rateio político. E aceita pôr no comando da pasta um peemedebista ligado ao governador Sérgio Cabral (RJ).
Com isso, espera baixar a temperatura interna dentro do próprio PMDB. Cabral resiste à nomeação de Moreira Franco para o Ministério das Cidades, uma indicação do vice Michel Temer. Deve mudar de posição emplacando na Saúde um nome ligado a ele. Nome que ele já até anunciou como futuro ministro da Saúde, Sérgio Côrtes, seu secretário de Saúde. Fez o anúncio antes mesmo de a presidente eleita oficializar o nome. Cabral deve saber o risco que corre ao dar tal passo.
Afinal, na equipe de transição, o que se diz é que Côrtes é realmente o nome mais provável para a Saúde, mas terá de sobreviver ao sereno para emplacar. Traduzindo. Se não surgirem novas acusações na imprensa contra ele que possam comprometer seu caminho, vira realmente ministro da Saúde.
Na reunião com Dilma, o PMDB recebeu a garantia de que terá o comando das pastas da Agricultura e de Minas e Energia. Sonha e tem a promessa de comandar o Ministério das Cidades. O detalhe, até agora, é que os senadores peemedebistas teriam de assumir Moreira Franco como indicação deles, sendo que ele é muito mais ligado a Temer.
Ficou acertado, pelo menos do lado de Dilma, que o partido perderá o Ministério da Integração Nacional e o das Comunicações. O primeiro vai para o PSB. O segundo, para Paulo Bernardo, atual ministro das Comunicações. Manterá um que ele não contabiliza como seu, Defesa, com a manutenção de Nelson Jobim no posto.
Essa, porém, é a apenas a primeira das batalhas. A guerra vai prosseguir. A proposta veio de Dilma. O PMDB ainda tem de aceitar. Depois de definidos os ministérios, há ainda toda distribuição das presidências e diretorias das principais estatais. O PMDB comanda uma boa parte do setor elétrico, manda na Transpetro, ocupa os Correios e tem na sua esfera de poder a Funasa, entre tantos outros cargos. Essa segunda batalha não ganha tanto destaque na mídia, mas é encarada pelos parlamentares, muitas vezes, como mais importante do que muito ministério pelo poder de fogo nas suas regiões.
Ou seja, o tempo é curto, falta apenas um mês para a posse de Dilma Rousseff, e ela tem pela frente muitos obstáculos para transpor.

Valdo Cruz

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