quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Luz na USP

Ao mesmo tempo em que 58% dos estudantes certificam a presença da PM na USP, 57% dizem que a polícia não aumentou a percepção de segurança, segundo dados da pesquisa Datafolha.
Superada a dúvida sobre a aceitação dos estudantes, é preciso olhar para a essência da questão. A PM entrou na USP para garantir a segurança. Não é o que está acontecendo. Constatei pessoalmente.
Voltei à USP, depois de anos, para dar aulas em curso de especialização na Poli. Fiquei impressionado com a percepção de medo existente. Falta luz no campus. À noite, quem pode, quer parar o carro próximo à unidade que freqüenta para não ter que andar na escuridão.
Algo tão básico à segurança como a iluminação, ela chegou a um ponto de insuficiência inacreditável. Desde quando estudei no curso noturno da FEA, entre 1975 e 1979, já não havia luz. Andar até os limites do estacionamento ou para pegar o ônibus, quando a ponto era distante, dava sensação de insegurança. Hoje, trinta anos depois, continua assim.
Realmente, custa a crer. Além disso, não se vê uma guarda universitária em número suficiente e estruturada, como deveria.
Questões básicas que caberiam à Reitoria foram negligenciadas.
Com esse aval que ganhou da comunidade acadêmica, a PM precisa montar um sistema que funcione. Logo. Pode perder a inibição dos recém-chegados, vencida a síndrome da rejeição com o resultado do Datafolha.
Todavia, deve ter um plano de trabalho que leve em conta as peculiaridades do campus. Penso que não se deve fechar os olhos para nada. A lei, lá dentro, deve ser a mesma de fora. Não faz sentido território com leis seletivas. Está no conceito de nação: "um conjunto de indivíduos que habitam o mesmo território, falam a mesma língua e obedecem às mesmas leis".
Agora, a forma de abordagem deve respeitar as pessoas. Não é a mesma de quando se está à caça de supostos criminosos. É o jeito de fazer; muitas vezes, excessivamente truculento.
A PM que aprendeu a lidar com as pessoas em estádios e sabe diferenciar o torcedor organizado do vândalo comum, tem que saber lidar com os estudantes. Sem privilégios. Contudo, precisa ter um plano de trabalho mais eficaz para atingir o objetivo básico, que é a segurança.
Cabe à Reitoria providenciar logo as medidas de infraestrutura. O importante é discutir a eficiência do sistema. Porque, ter um pouco de medo, todo dia, no lugar onde se vive, é destruir sutilmente as sensações de paz e felicidade.
São Paulo está em busca de uma vida mais feliz. E a USP tem que colocar luz nesse objetivo. Começando pela luz. Literalmente!

José Luiz Portella

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