domingo, 2 de janeiro de 2011

Aquele abraço!

Depois de 15 anos e três meses, chegou a hora de mudar. Em 2011, terei mais compromissos com a RedeTV!, o que dificulta a dedicação diária à cobertura dos bastidores do poder de que a Folha precisa. É meu último dia no jornal impresso. Mas, a partir de março, deverei voltar a escrever aqui na Folha.com, semanalmente. Há ainda um livro sobre o governo Lula que preciso terminar e que será lançado pelo Publifolha.
Despedidas normalmente são embaraçosas, meio tristes. Há muitos amigos a agradecer, como Eliane Cantanhêde, Fernando Rodrigues, Marcelo Beraba, Eleonora de Lucena, Rogério Gentile, Valdo Cruz, Melchíades Filho, Cleusa Turra, Fernando de Barros e Silva, Lula Marques, Fernando Canzian, Carlos Eduardo Alves, Emanuel Néri, Maurício Puls, Márcio Diniz, dona Iracy, dona Olinda, Alba, Chiquinho, Pelópidas, Keli, Renata, Cláudio, Diógenes, Elza, Pureza, Bolinha, Léo.
Devo algumas palavras ao diretor de Redação, Otavio Frias Filho. Ele me ofereceu as melhores oportunidades profissionais de minha carreira.
Como voluntário, cobri as guerras do Kosovo e do Afeganistão, experiências que me mudaram para melhor --pelo menos, gosto de pensar assim. Antes de viajar para a antiga Iugoslávia, em 1999, Otavio me deu o sábio conselho de não ser furado "literalmente". No sentido figurado, tão caro aos jornalistas, tudo bem levar uns furos. Nas duas partidas para a guerra, ele conseguiu providenciar um seguro de vida que não deixaria minha família na mão, o que traz algum conforto quando o bicho pega.
Otavio me escalou para editar durante quatro anos a coluna Painel, um espaço nobre e sujeito a pressões de todos os lados. Ele não aceitou as pressões. Em 2000, o jornal me destacou para cobrir o final do governo FHC. Vieram os anos Lula, que não foram fáceis, mas foram gratificantes.
Trabalhei na Folha por três vezes desde 1990. A primeira durou até o final de 1992, quando fui morar em Londres para aprender inglês, viver a vida e encontrar a felicidade. Voltei em 1994, por um período curto. Saí da Folha para trabalhar no PT, na campanha presidencial de Lula, outra experiência que me mudou para melhor também gosto de pensar assim. No novo retorno, em 1995, cobri polícia durante seis meses até ser escalado para o delicioso, complexo e traiçoeiro mundo do jornalismo político e econômico.
Em todas essas passagens, o mais importante foi Otavio demonstrar confiança quando ela precisava ser demonstrada. Sou muito grato a ele por isso. Tive liberdade editorial, com o direito fundamental de discordar e de poder deixar claro os meus pontos de vista. Tive condições de trabalho com as quais todos os jornalistas sonham. Só guardo boas lembranças da Folha. Levo o jornal no coração. Ele é parte da minha vida, da minha estrada.
Por último, um agradecimento aos leitores. Procurei apresentar a vocês a leitura dos fatos mais honesta, imparcial e dedicada que pude obter.
Como diz a música, aquele abraço!

Kennedy Alencar

Nenhum comentário:

Postar um comentário