terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O PIB zero e os fatores Lula/eleição

Saiu o dado tão temido pelo governo. O país andou de lado no terceiro trimestre deste ano. Zero de crescimento. Alguém vai dizer que pelo menos não houve retração. E que o resultado divulgado pelo IBGE é um olhar pelo retrovisor, já passou. Formas de escamotear a notícia negativa.
Fazendo uma leitura do que levou o país a desacelerar tanto assim, claro que a crise internacional em curso tem peso considerável. Não fosse ela o país deveria estar crescendo num ritmo mais satisfatório e não se arrastando neste final de ano.
Mas um olhar mais aprofundado no que aconteceu no Brasil desde o ano passado mostra que estamos pagando certo preço pela farra promovida pelo governo Lula no ano passado. A presidente Dilma jamais vai dizer isso, mesmo porque foi a beneficiada pela equação montada pelo petista, mas no último ano da era Lula o país poderia ter crescido um pouco menos, ter gastado menos e mesmo assim Dilma teria sido eleita.
Resultado desta farra foi que a inflação passou a crescer e crescer. Dilma foi obrigada a assumir apertando o cinto, seu Banco Central teve de subir os juros e seu Ministério da Fazenda começou a desmontar a série de benefícios concedidos no governo Lula para fazer a economia bombar.
Pois bem. A economia realmente bombou em 2010. Cresceu 7,5%. Um patamar que, por enquanto, nossa economia não suporta sem produzir efeitos inflacionários. Daí que, quando veio a piora da crise internacional, Dilma teve de correr atrás do prejuízo. Seu Banco Central começou a reduzir os juros, seu Ministério da Fazenda voltou a produzir pacotes de bondades, mas nesse momento existem alguns limitadores por conta de uma crise internacional cujo desfecho ninguém sabe qual será.
Dentro de sua equipe, por sinal, há quem defenda relaxar um pouco o cinto apertado e gastar mais. Dilma, por enquanto, não considera isso um bom caminho. Costuma repetir que a crise lá fora mostra que a solidez fiscal é fundamental para atravessar os próximos meses de turbulências.
Por fim, é bom destacar, num cenário tão incerto, se o país crescer 3% neste ano não será um dado ruim. Pelo contrário, se fizermos a comparação com as economias europeias, em estado de retração e com risco de recessão prolongada, o Brasil ainda estará bem na foto.
A dúvida fica para 2012. Dilma fará tudo para que o país cresça no seu segundo mandato mais do que no primeiro. De preferência na casa dos 4%. Os 5% divulgados e alardeados pela equipe econômica ficam no campo dos sonhos, coisa de animador de auditório, faz parte do papel dos agentes de governo. Tudo indica, porém, que deve ficar abaixo até dos 4%. Tomara que fique acima de 3%.

Valdo Cruz

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