segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Falta contraditório no governo

Desde a saída de Antonio Palocci Filho da Casa Civil, o que aconteceu em 7 de junho, acentuou-se uma característica do governo Dilma que contrasta com a gestão Lula: a ausência de contraditório nas reuniões entre presidente, ministros e demais auxiliares.
Como já é sabido e visto por todos, há diferenças entre Dilma e Lula que vão além do estilo pessoal.
Lula é um político da negociação em torno da mesa, de raiz sindical. Dificilmente erra quem aposta que ele adotará uma solução moderada, um meio-termo entre as diversas consultas que faz até tomar uma decisão.
Esse estilo, de ouvir diferentes opiniões e tirar a média, sugere um caminho mais seguro e mais sábio. No geral, erra-se menos. Mas também se ousa menos.
Por exemplo, há críticas fundadas de que o governo Lula perdeu uma chance de ouro de reduzir os juros básicos da economia na crise 2008-2009. Não fez isso porque tirou a média entre as opiniões do então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que continua na mesma posição no atual governo.
Dilma tem mais certezas do que Lula. Numa reunião com auxiliares ou aliados, por exemplo, esse traço de personalidade fica evidente ao tomar partido de uma diretriz administrativa.
A política de juros continua a ser um bom exemplo dessa distinção entre Lula e Dilma. A presidente avalia que é hora de reduzir a taxa básica, a Selic. Inexiste contraditório no governo sobre o tema. O Banco Central está alinhado com a Fazenda, ainda que um pouco a contragosto. Mas está.
Ao fugir do meio-termo de Lula, Dilma se arrisca mais. Se estiver certa, o resultado será mais eficaz do que no governo do antecessor. Se estiver errada, o prejuízo será maior.

Aposta

Uma maior tolerância com a inflação é outra decisão política da administração Dilma que difere da anterior.

Alerta

Lula fez um alerta ao governo Dilma. Disse que achava um erro o discurso de que o Brasil sofreria com a atual crise. Na visão dele, o mercado e a imprensa já se encarregam de falar isso. Ele aconselhou a atual administração a bater na tecla de que o Brasil está preparado para enfrentar mais um mergulho planetário numa crise econômica. O pessimismo oficial, avalia Lula, tira ânimo dos empresários para investir e das famílias para consumir.

Opinião

Henrique Meirelles tem dito que discorda da última decisão do Banco Central de reduzir os juros.

Correção de rumo

O discurso de Dilma na sexta (30/09) de condução responsável da economia teve o objetivo de acalmar o mercado. Merece crédito a política de tentar tirar do Brasil o campeonato mundial de juros altos, mas a forma como essa política vinha sendo comunicada pela Fazenda e pelo Banco Central gerou desconfiança no mercado e até entre aliados políticos do governo. Dilma falou para corrigir sua política de comunicação.

Em busca de um discurso

O seminário que o PSDB fará no Rio no final de outubro terá três destaques. Os tucanos insistirão no discurso de que a melhora do Brasil só aconteceu porque eles construíram a base com o Plano Real.
Os outros dois destaques serão a tentativa de construir, no médio prazo, uma proposta concreta de salto de qualidade na saúde e na educação. Por exemplo, uma forma de gerenciar melhor a verba, o que teria acontecido na gestão Serra na Saúde durante o governo FHC.
Outro ponto: depois de universalizar o acesso ao ensino, na época em que Paulo Renato foi ministro da Educação de FHC, o PSDB pretende apresentar propostas para dar qualidade à escola pública.

kennedy Alencar

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