segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Candidato sem ideias não é preciso

Há muitos candidatos e quase nenhuma ideia. A menos de um ano da eleição municipal, o cordão de candidatos a prefeito cada vez aumenta mais. Ninguém apresenta inovação, ousadia, projetos estruturantes. Sem sonhos, sem perspectivas.
A discussão dos candidatos e entre eles é sobre coligações, tempos de TV, alianças, captação de vices. Faz parte, mas não pode se sobrepor, nem dar o tom.
Tudo se passa como, ao formar a chapa, a coligação se impusesse diante do eleitor, obrigando-o a uma escolha por exclusão. Um Palmeiras x Corinthians; um Corinthians x São Paulo. Sobra para sociedade optar sem aprofundamento. Tecla um número, para que o outro não ganhe.
Ninguém sequer arrisca tentar seduzir a cidade com ideias novas. Mostrar diferença. Todos na defensiva. Com a mesma roupa cinza.
Diminuir sensivelmente a fila do trânsito, que é absolutamente possível, criar centros de ideias e inovações junto às universidades, tornar São Paulo a "capital do conhecimento" com investimento maciço e ousado em educação em todos os níveis, implantar, de fato, a Logística Reversa, adensar a Barra Funda, levar emprego à Cidade Tiradentes, limpar o Tietê e Pinheiros e outros projetos estruturantes nem pensar.
São propostas "nunca dantes navegadas". Restam para serem apresentadas como factóides em reuniões do tipo "C40 - cidades sustentáveis". São temas para foto de terno azul-marinho em seminários internacionais. Pós-eleitorais.
A ordem é ganhar na retranca.
Projetos estruturantes vão além de resolver o problema específico. Se São Paulo conseguir tornar navegáveis os rios Tietê e Pinheiros, há mudança fenomenal. Ganhamos os rios, e a cidade passa a acreditar que pode vencer qualquer desafio, pois fez algo que as pessoas não acreditavam. E para fazê-lo teve que montar uma organização que será modelo para outras grandes empreitadas. Estrutura-se a hidrovia, a sustentabilidade e revoluciona-se o transporte. Isso passa batido.
A matriz de campanha é arcaica.
Há um cansaço geral dessa política " Velha República". Se fossem permitidas candidaturas independentes, fora dos partidos, acho que teríamos surpresas. Um grito nada rouco de protesto, um "contra a mesmice que aí está". Algo que se aglutinou em torno de Marina Silva na recente eleição presidencial, e que não era propriedade dela.
Era uma reação de cansaço. Um desejo de esperança.
Sobram candidatos, mas falta a sensibilidade.
Para ir além da Taprobana, é preciso mais do que a comum força humana.
Prefeito é preciso. Ter candidatos, sem ideias, não é preciso.

José Luiz Portella

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