quarta-feira, 20 de abril de 2011

Falta carinho, e algo mais

A frase acima é de um petista, com bom trânsito no Palácio do Planalto. Segundo ele, o governo da presidente Dilma Rousseff está precisando dar mais atenção ao Congresso. Diz que nem é necessário atender a todos os pedidos de deputados e senadores governistas. Bastaria, como primeiro passo, distribuir uns afagos, receber no gabinete, conversar, dar uns tapinhas nas costas, dizer como o parlamentar é importante para o governo.
Só isso, acredita esse petista, já aliviaria um bocado a tensão reinante hoje dentro do Congresso. Dado esse primeiro encaminhamento, a conta a ser paga em troca do apoio dos congressistas da base aliada nem precisaria ser tão elevado. Mas, por enquanto, avalia o parlamentar, tem muito deputado e senador se sentindo mero coadjuvante, relegado a segundo plano. Alguns se sentem quase um zero à esquerda.
O clima de insatisfação é tão crescente que já está sobrando para o ministro Antonio Palocci (Casa Civil), classificado até pela oposição como um bom negociador, daqueles em quem é possível confiar. Pois bem, já tem muita gente no Congresso dizendo que nem o Palocci resolve alguns tipos de pedidos. E não são, dizem, pedidos cabeludos, complicados, nada republicanos.
Bem, se já estão começando a reclamar do Palocci, nem é preciso dizer o que andam falando do ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais), oficialmente o articulador político do governo, mas que não desfruta de poder suficiente para resolver as pendências com o Legislativo.
O fato é que a presidente Dilma Rousseff, até aqui, tem demonstrado que realmente não deseja depender muito do Congresso. Daí sua decisão de não assumir as grandes reformas da Constituição. Além disso, sua formação técnica não combina muito com o estilo parlamentar. Por outro lado, dizem alguns assessores, nos poucos encontros que já teve com líderes da base aliada a reação foi muito positiva. Ou seja, bastaria ela intensificar essas reuniões. O problema é convencê-la disso. Talvez acredite ser perda de tempo. Na verdade, na maior parte das vezes realmente é. Mas é assim que funciona o mundo da política.
Por enquanto, Dilma se deu bem na sua curta convivência com o Congresso. Conseguiu aprovar o salário mínimo do jeito que queria, com apoio expressivo de sua base. Mas aliados no Congresso alertam que há um risco de troco no ar. E isso pode acontecer na votação da medida provisória que reajusta a tabela do Imposto de Renda na Fonte em 4,5%. Até petistas estão propondo uma correção maior. Seus líderes no Congresso devem adiar ao máximo a votação do tema.
Até lá, quem sabe, Dilma decide tratar com um pouco mais de carinho sua base aliada e acertar uma nomeação aqui, outra ali, além de resolver a pendência das famosas emendas parlamentares, aquele instrumento usado por deputados e senadores para distribuir verbas para sua base eleitoral. Por sinal, o ministro Luiz Sérgio está empenhado em solucionar de vez essa encrenca. A equipe da presidente Dilma não queria pagar as emendas registradas em contas a pagar pelo ex-presidente Lula. Se honrar uma parte desses compromissos, a paz voltará a reinar. Aí, não vão reclamar nem de falta de carinho. Afinal, o que interessa mesmo estará liberado.

Valdo Cruz

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