segunda-feira, 25 de abril de 2011

Das vantagens de ser fora-da-lei

A guerra na Líbia está se transformando em uma demonstração clássica de que o crime compensa. Ou de que há vantagens em ser um fora-da-lei, como é visivelmente --e há muitíssimos anos, o caso do coronel Muammar Gaddafi.
Gaddafi bombardeia sem a menor misericórdia a cidade de Misrata, a única na Tripolitania, a região central, que está precariamente em mãos dos rebeldes.
Já as potências ocidentais, apesar de terem um mandato legal para preservar vidas na Líbia, ficam com as mãos amarradas porque, primeiro, não podem pôr tropas em solo líbio e, segundo, qualquer tentativa de bombardear as tropas que cercam Misrata e que acabe atingindo civis provocaria uma enorme onda de repúdio.
É essa, claro, a vantagem da democracia. Nenhum governante pode fazer o que bem entender sem prestar contas à opinião pública. Ditaduras, ao contrário, fazem o que bem entender. Em vez de prestar contas, matam. Simples, assim.
Prefiro, como é óbvio, o modelo democrático. Mas deveria haver uma fórmula que permita às democracias anular a possibilidade de atuação à margem da lei - e da civilização - das ditaduras, de toda e qualquer ditadura.
Enquanto não há, corre-se o risco de se assistir na Líbia à derrota da civilização. OK, você pode até dizer que países civilizados também cometem barbaridades. Tem razão. Mas onde é que você prefere viver, em países nos quais a norma é a barbárie, como na Líbia, ou naqueles em que a barbárie é a exceção?

Clóvis Rossi

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