quinta-feira, 10 de março de 2011

A hora do Brasil

Navegamos por um novo mundo multipolar no qual as alianças, por isso mesmo, são ainda mais cruciais.
O Brasil está no lado ganhador no mundo pós-colapso financeiro. Nossa diplomacia precisa receber atenção e investimentos para aproveitarmos esta oportunidade sem precedentes de ganhar força e projeção global.
Nossas credenciais geoeconômicas e geopolíticas são impressionantes: uma das maiores democracias do mundo, uma das maiores economias do mundo, dominante na América do Sul, dominante em mercados-chave como alimentos, energia e minérios, com desenvolvimento inclusivo, mercado interno explodindo, inestimáveis reservas ambientais, mercado financeiro sofisticado, Estado de Direito em consolidação, estabilidade política, sem conflitos relevantes com outros países...
É uma lista de atributos invejável que deve nos garantir uma posição muito mais forte no grande jogo das nações do que a que conseguimos até aqui.
O abandono pelo dilmismo do terceiro-mundismo anacrônico da Era Lula é apenas um primeiro passo para uma diplomacia maior, resultante desse novo país que o mundo quer ver e ouvir.
E a revolta no mundo árabe é desses eventos seminais de grandeza planetária onde a nova voz do Brasil pode e deve sobressair.
Desta vez, ao contrário do triste histórico da diplomacia lulista, não corremos para apoiar o ditador de turno que massacra opositores, mas ajudamos a aprovar resoluções na ONU condenando o regime de Gaddafi.
Ainda estamos longe de vermos a diplomacia moral dominando as relações entre as nações, mas é animador ver como a revolta árabe por liberdade e democracia ganhou simpatia global.
Se o mundo árabe de fato caminhar para a democracia, mexerá terra suficiente para abalar o que restar das ditaduras que ainda mancham o planeta: dos vizinhos africanos ao sul do Saara aos distantes pós-comunistas asiáticos.
Foi sintomático o pavor do regime chinês com micro-manifestações convocadas por redes sociais na web para apoiar a democracia.
O mundo será melhor quanto menos ditaduras existirem, e em poucos meses sob Dilma, que sentiu uma ditadura na pele, o Brasil parece ter mudado dramaticamente de defensor de ditadores a promotor da democracia. Finalmente.
O terceiro-mundismo lulista ao menos aumentou a superfície de nossa diplomacia e fortaleceu laços Sul-Sul. É hora de valorizarmos também nossos tradicionais aliados ocidentais.
Se ao bloco democrático de EUA, Europa, Japão e Austrália o Brasil juntar a sua voz, o coro da democracia soará muito mais forte e afinado no concerto das nações.
O Brasil é a melhor ponte entre o Norte e o Sul porque pode se colocar nos dois lugares e ser ouvido por ambos. É uma posição nobre a valorosa, para a qual devemos rumar.
Chegou a hora do Brasil no cenário global.

Sérgio Malbergier

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