segunda-feira, 7 de março de 2011

Cinco

Semana passada foi a vez do Pedro fazer aniversário. Cinco anos. Caramba, como voa! Como no caso do João, também não deu para fazer grandes comemorações. Bolinho na escola com os amiguinhos e dois jantares, sim, dois, em lugares escolhidos pelo aniversariante: um mexicano apenas em companhia dos pais e do irmão e uma pizzaria com a ilustríssima presença de um número maior de familiares e amigos. Uma mesa comprida, cheia de gente num lugar lotado de outras mesas compridas e cheias de gente. Mas ele pouco ligou pra isso. Passou a noite ao lado do Mig, seu fiel amigo, brincando com uns bonequinhos e colando figurinhas. Só se distraiu quando os garçons entraram em fila cantando parabéns e trazendo o bolo com a velinha. No fim, quando perguntei se tinha gostado, ele foi direto: "Sim!" Especialmente do bolo, feito em casa: cenoura com cobertura de chocolate! Outra acertada decisão do aniversariante.
Diferentemente do João, que já vai entrando na pré-adolescência, o Pedro ainda é uma criança 100% do tempo. E, a julgar pela determinação que ele efetuou (e efetua) suas escolhas, uma criança bastante decidida. Lá em casa, brincamos que ele é um legítimo italianinho, daqueles meio enfezados, que não leva desaforo pra casa e, quando contrariado, checa a empacar por um longo tempo até ceder. Sobretudo se o que estiver em discussão for a roupa que ele deve vestir ou o sapato que irá calçar. Nesse campo, não importa em nada a minha opinião ou mesmo a da Mãe. Se ele encanar que vai vestir uma camiseta azul com uma calça verde, chapéu branco e chuteiras, não há muito o que fazer. Ele fatalmente irá sair à rua vestido dessa maneira. Gostemos ou não.
Essa sua determinação por vezes o mete em encrencas, principalmente quando ele parte para resolver alguma diferença no braço. E aí, quando acontece, não tem jeito. Precisamos intervir e, dependendo da situação, colocá-lo de castigo até que ele compreenda que não é com pancada que se resolve as coisas. Às vezes acho que funciona, por um tempo. Não é que ele seja um garoto encrenqueiro, que vive se enfiando em confusão. Longe disso. É apenas às vezes e, na maioria delas, com o João, que, convenhamos, adora irritá-lo. E aí, eu o compreendo: afinal de contas de que serve um irmãozinho caçula senão para ser irritado? E, do lado do Pedro, apesar dos seus revides furiosos, posso afirmar, sem dúvida, que ele também adora ser provocado, ou, involuntariamente, ser o centro e o foco das atenções do irmão mais velho. É assim que funciona, todos nós sabemos.
Quando digo que o Pedro ainda é 100% criança, também me refiro ao seu físico. Seus músculos ainda não ganharam contornos definidos. Ainda é um garotinho, com as perninhas roliças, uma pequena barriguinha e as mãos pequenas. Todas as manhãs, o ouço correr em disparada pelo corredor. Ouço, não vejo, mas sei, pelos passos que é ele. São passadas curtas, aceleradas, quase pulinhos. Muito diferente dos passos mais pesados do João. São os sons da infância, que irão nos acompanhar para sempre. Assim como o choro, os gritos, os abraços. Cada um tem o seu e, nós, pais, sempre sabemos a quem eles pertencem.
Suas reações ainda são sinceras, e eu tento sempre me lembrar disso. Quando voltamos juntos da escola, por exemplo, logo que o encontro na saída, já sei como foi o seu dia. Se está cansado demais da aula de natação ou de capoeira, sem forças até para falar, se aprendeu algo estimulante e não para de contar histórias sobre os seus amiguinhos ou ainda se foi contrariado e simplesmente não tem nenhuma intenção de abrir a boca, indo em completo silêncio até em casa. Cada dia é de um jeito, e nós nos entendemos muito bem.
Mas o que mais me fascina nessa fase da vida, é a sua imensa, enorme, gigante vontade de dar e receber carinho. Algo que pouco a pouco, sabemos todos, vai se diluindo ao longo tempo. Aos cinco anos, o Pedro adora ser carregado no colo eu adoro carregá-lo e jogá-lo na cama. Se está pesado, claro que está! Mas e daí? Faço tudo para senti-lo enroscar em meu pescoço como o um coala, jogar a cabeça para trás e desatar a dar aquela risada aberta, gostosa, capaz de fazer todo o resto ao nosso redor simplesmente desaparecer. Sim, é isso! É esse riso que traduz toda sua inocência e sinceridade. Algo que sei que tenho de aproveitar ao máximo, cada segundo, de rir junto e me derreter toda vez que ele ainda me chama de "papai".

Luiz Rivoiro

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