sexta-feira, 1 de março de 2013

Cavalo de Tróia nos sindicatos dos servidores públicos


O povo brasileiro assistiu ao julgamento do chamado mensalão do governo federal, amplamente coberto pela mídia e comemorado pela oposição. Com base na denúncia de compra de votos na reforma de Previdência algumas entidades sindicais levantam a bandeira da anulação da PEC 40/2003. Impossível não ver neste julgamento seu objetivo político, na medida em que o próprio procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reconhece que não havia provas que confirmassem a compra de votos no Congresso Nacional. Ao dispensar provas pelo “domínio do fato”, ao inverter o ônus da prova, ao cercear o direito de defesa (recusa de testemunhos da defesa), ao esmagar a presunção de inocência fere-se a democracia. Dessa forma, a mínima proteção a qualquer trabalhador está questionada.
A quem serve entrar nesse coro do STF?
Impossível também não identificar o lugar que o STF assume depois da grave crise de representação política das elites dominantes deste país que amargam derrotas eleição após eleição. Seria coincidência que o julgamento se deu na semana da eleição, envelopando o horário político do 2º turno? O movimento sindical brasileiro, inclusive e CUT, travou uma grande luta contra a reforma da Previdência em 2003.  Sindicatos de servidores públicos defendem a revogação da reforma por um único e simples motivo: não aceitam a retirada de direitos. A vinculação do julgamento político do STF à luta contra a retirada de direitos serve apenas para colocar um cavalo de tróia dentro do movimento sindical. Sob pretexto de lutar pela "anulação da reforma da previdência", alguns sindicatos de servidores públicos impulsionam um abaixo-assinado feito para mirar num lugar para acertar conscientemente noutro. Ou seja, apoiar o “julgamento de exceção” sob o pretexto de pedir a anulação da reforma da previdência. Para combater a reforma da previdência - como por todas as demais reivindicações - os servidores não têm necessidade de apoiar o ataque do STF à democracia que tem por objetivo destruir o PT, a CUT, para logo depois destruir os sindicatos, os direitos e as conquistas dos trabalhadores.

Escrito por: Simone Goldschmidt, secretária geral da CUT/RS                                      


Nenhum comentário:

Postar um comentário