terça-feira, 12 de março de 2013

O conclave


RIO DE JANEIRO - Começa hoje o conclave que vai eleger o sucessor do papa renunciante.
Muito se escreveu sobre o Colégio dos Cardeais que, em poucos dias e sem campanha eleitoral explícita, elege o líder espiritual de 1,2 bilhão de católicos. Um líder que não vai beneficiar o urânio para fabricar armas nucleares, mas que, assim mesmo e ao longo do tempo, teve influência nem sempre positiva na história da humanidade.
Quando um cardeal polonês foi eleito papa, em outubro de 1978, o filósofo marxista Leszek Kolakowski declarou que "estava aberta a primeira brecha na partilha do mundo feita em Yalta" pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial: Roosevelt, Stálin e Churchill. Não deu outra: pouco depois, mesmo sem tropas e divisões, numa conspiração entre o presidente Ronald Reagan, dos Estados Unidos, à qual não faltaram o know-how da CIA, e da rede universal de informações que o Vaticano mantém, a União Soviética deixou de existir.
No conclave de outubro de 1978, porém, era impossível imaginar o fim da Guerra Fria entre as duas potências mundiais. Os cardeais então reunidos na capela Sistina ainda estavam traumatizados pelo súbito falecimento de João Paulo 1º, que teve um pontificado de apenas 33 dias e cuja morte causa suspeição até hoje.
Um conclave longo parece improvável. Os cardeais estão todos na terceira idade, alguns são provenientes de países altamente industrializados, habituados ao conforto e à tecnologia do nosso tempo.
Não ficarão muito tempo em regime de clausura, sem informações, sem contatos com o mundo exterior, obrigados a se comportar como na mocidade, quando viviam em seminários, em comunidades de colégio interno, cumprindo horários rígidos de dormir, comer, rezar e trabalhar. 

Carlos Heitor Cony

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