quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Passageiros de navio poderiam ter se salvado, diz Capitania da Itália



O comandante-geral da Capitania dos Portos da Itália, Marco Brusco, afirmou nesta quinta-feira que todos os passageiros do navio Costa Concordia poderiam ter se salvado caso o capitão Francisco Schettino tivesse dado o sinal de alarme a tempo. A embarcação naufragou na ilha de Giglio, na costa da Toscana, no último dia 13, provocando a morte de 16 pessoas até o momento.
"Se o comandante Schettino não tivesse perdido uma hora preciosa teria saído tudo bem. Todos os botes salva-vidas seriam baixados com tranquilidade com todos os passageiros a bordo. Para completar, o capitão saiu do barco e as ordens que chegavam eram contraditórias", declarou o comandante, em reunião no Senado italiano.
Brusco disse que um dos problemas na saída dos passageiros foi a impossibilidade de baixar os barcos, pois o barco estava muito inclinado para que pudessem descer. O responsável da Capitania foi contundente ao falar que a culpa "é com certeza do comandante", mas perguntou onde estavam os outros oficiais e por que não fizeram nada.
A respeito da manobra de aproximação a Giglio, Brusco afirmou que "as rotas são decididas pelo capitão e ele tem que assumir toda a responsabilidade pela escolha". Ele qualificou o desvio como "extravagante", por ter sido feita quase em ângulo reto e com velocidade elevada.
De acordo com o comandante, a manobra não foi relatada à Capitania dos Portos.
Costa Concordia visto da ilha de Giglio; comandante da Capitania diz que alarme foi acionado muito tarde

DEFESA

Na quarta (25), a defesa de Francesco Schettino, capitão do Costa Concordia, pediu a revogação da prisão domiciliar. Os defensores alegam que o comandante não representa perigo e muito menos "concreta possibilidade" de que possa voltar a se envolver em uma situação semelhante à do naufrágio.
O advogado Bruno Leporatti apresentou um recurso de revisão da sentença e afirmou que o "risco de recorrência não pode ser deduzido somente pela gravidade do fato e nem por uma suposta personalidade negativa do réu".
Segundo ele, "é necessário que para a formação de um juízo de periculosidade social, [a Justiça] recorra a outros elementos concretos, de natureza lógica ou factual, que evidenciem o efetivo perigo".
Leporatti ainda afirmou que "além de ter que definir uma personalidade propensa à imprudência, à negligência, à inobservância das regras, para poder considerar a existência de um perigo real de repetição de conduta negligente é necessário uma concreta possibilidade possa voltar a se envolver em situações semelhantes àquela da infração e que possa ter cometido anteriormente os mesmos erros".
Capitão Francesco Schettino, na sala de comando do navio; defesa pede revogação de prisão domiciliar

MANOBRA

Mais cedo, o jornal "La Repubblica" publicou trechos de uma conversa entre o capitão Francesco Schettino e uma pessoa identificada apenas como Fabrizio. No diálogo, ele compromete um administrador da Costa Cruzeiros, proprietária do navio.
"Fabri, qualquer outra pessoa no meu lugar não seria tão escrupulosa em ir para lá porque eles estavam me pressionando, dizendo vá até lá, vá até lá", disse Schettinno na conversa.
"A rocha estava lá, mas não aparecia nos instrumentos que eu tinha e eu fui até lá para satisfazer o administrador, vá até lá, vá até lá", afirmou.
A conversa aparentemente foi gravada sem o conhecimento de Schettino, enquanto ele era mantido sob custódia após o acidente, e foi postada no site do "La Repubblica". Uma fonte do gabinete da promotoria disse que a transcrição era genuína.
Equipes da Marinha italiana participam de resgate; 16 passageiros ainda estão desaparecidos em navio

RESGATE

O Ministério do Exterior da Alemanha confirmou nesta quarta (25) o reconhecimento de duas turistas do país entre os 16 corpos já encontrados, sem que fornecessem outras informações sobre suas identidades.
As equipes de socorro reiniciaram as buscas no interior do cruzeiro Costa Concordia nesta quarta-feira, depois de uma interrupção das operações por causa do mau tempo, anunciaram as autoridades italianas. Outras 16 pessoas continuam desaparecidas.
As buscas foram retomadas tanto na superfície como na parte submersa do navio, informou Francesca Maffini, porta-voz de Franco Gabrielli, o funcionário do governo italiano nomeado para coordenar toda a complexa operação de resgate.
Na véspera, foram iniciadas as operações preliminares para bombear o combustível que ameaça contaminar a ilha italiana de Giglio.
A equipe técnica da empresa holandesa Smit Salvage, encarregada do bombeamento do combustível, quer estudar todas as possibilidades para extrair de maneira segura as 2.400 toneladas de combustível de dentro dos 23 tanques do navio.

DA EFE, EM ROMA

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