segunda-feira, 26 de março de 2012

A felicidade dos ridículos

Quando há dois anos se propôs no Congresso projeto prevendo que o direito à felicidade fosse incluído na Constituição, alguns políticos, especialmente o senador Cristovam Buarque, viraram motivo de deboche nacional, chamados de ridículos e alvos dos linchadores digitais. E assim a ideia foi desprezada em muitos lugares. Esse caso mostra a importância dos ridículos.
Apesar de debochada, a ideia consegue agora, no Brasil, ganhar status acadêmico o que significa que vai, mais cedo ou mais tarde, virar política pública. A Fundação Getúlio Vargas decidiu criar um índice batizado de Felicidade Interna Bruta, que vai além dos critérios convencionais, que pouco medem sobre como as políticas públicas estão relacionadas à satisfação dos cidadãos.
A ideia da felicidade, como eixo de políticas públicas, foi lançada num movimento (também debochado por muitos intelectuais e formadores de opinião) chamado Mais Feliz. Não bastam só os números frios do crescimento econômico.
Estamos discutindo uma sofisticação de medida de riqueza, além do concreto, abrangendo o subjetivo a sensação de segurança, por exemplo. É uma mudança e tanto do jeito de olhar indicadores econômicos. É aquela letra da música: a gente não quer só emprego.
Não raros são os ridículos, sem medo de serem ridículos, que desafiam o senso comum e anunciam o futuro.
Na era do tempo real, cada vez menos gente tem coragem de desafiar o senso comum, sempre olhando na aprovação imediata.

Gilberto Dimenstein

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