sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Balança comercial tem deficit de US$ 4 bi, pior resultado em 20 anos


A balança comercial brasileira apresentou deficit recorde em janeiro, de US$ 4,035 bilhões. Trata-se do pior resultado já registrado num único mês considerando a série histórica iniciada em 1993.
O saldo negativo da balança, que mostra a diferença entre as importações e as exportações brasileiras no período, é três vezes maior que o apurado no mesmo período do ano passado, quando o deficit foi de US$ 1,292 bilhões.
As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (1) pelo Ministério do Desenvolvimento.
O deficit histórico foi impulsionado pelo aumento significativo das importações que, no período, alcançaram US$ 20 bilhões, alta de 14,6% frente a janeiro de 2012. Por outro lado, as exportações apresentaram queda 1,1% para US$ 15,968.
Matéria da Folha do dia 22 de janeiro mostrou que a balança comercial caminhava para o pior resultado mensal da história. Nos 20 primeiros dias de janeiro, o deficit já atingia US$ 2,7 bilhões.
O FATOR PETROBRAS
Segundo o governo, o principal fator para a alta expressiva das importações no período deve-se ao atraso no registro de compras feitas pela Petrobras no ano passado e que só agora começaram a aparecer nos cálculos da balança.
A demora ocorreu por conta de uma mudança nas regras da Receita Federal, que estipulou um prazo maior para a declaração das operações de importação.
Isso fez com que, apenas em janeiro, houvesse um acréscimo de US$ 1,6 bilhão no volume total de importações do país. O montante refere-se a compras realizadas pela estatal no terceiro trimestre de 2012.
Segundo o ministério, há ainda US$ 2,9 bilhões de "estoque" de operações da Petrobras a serem contabilizadas. Elas aparecerão nos cálculos da balança em fevereiro e março.
Segundo a secretária de comércio exterior, Tatiana Prazeres, por conta disso, é possível que o saldo da balança volte a ficar no vermelho nos próximos meses.
Para ela, o deficit registrado em janeiro é "expressivo" em termos absolutos, mas é preciso comparar seu peso a outros resultados negativos já registrados.
"O comércio internacional do país cresceu muito nos últimos anos. Este deficit é equivalente a um quarto do que exportamos no período. O segundo maior deficit [de dezembro de 1996] representou metade das exportações do país naquele mês", afirmou.
IMPORTAÇÕES
As importações de combustíveis e lubrificantes tiveram alta de 55,7% frente ao janeiro de 2012 na média diária. Em seguida, vieram os bens de capital (14,6%) e os bens intermediários (7,9%). As importações da categoria de bens de consumo foram as únicas que apresentaram retração, de 2,1%.
Em janeiro, foram importados US$ 4 bilhões de reais em combustíveis e lubrificantes, frente a US$ 2,6 bilhões em dezembro e em janeiro do ano passado.
EXPORTAÇÕES
A queda exportações no período foi conseqüência principalmente da redução do volume de vendas de produtos básicos, que caíram 5,9% na média diária. Dentre eles, destacam-se petróleo bruto (- 69,5%), algodão em bruto (-46,7%), motores para veículos (-49,7%) e minério de ferro (-27%).
As vendas de semimanufaturados apresentaram aumento de 6,6% em relação a janeiro de 2012, impulsionados pelo comércio de ferro fundido (65%), açúcar (45%) e alumínio (33%).
BALANÇA EM 2012
No ano passado, o superávit da balança comercial, de US$ 19,4 bilhões, foi o mais baixo desde 2002.
Frente a 2011 a queda registrada foi de 34,8%, pela média diária --quando o superavit registrou recorde, ficando em US$ 29,7 bilhões.
O resultado da balança comercial vinha se mantendo positivo, sempre acima dos US$ 20 bilhões, desde 2002 quando o superávit foi de US$ 13,195 bilhões.
As exportações somaram US$ 242,6 bilhões, queda de 5,3% frente a 2011. Até setembro, o governo trabalhava com uma meta de US$ 264 bilhões. Antevendo que o resultado não seria cumprido, resolveu abandoná-la.
As importações, por sua vez, caíram 1,4% de 2011 para 2012.
Segundo o governo, a queda nas exportações foi consequência da crise mundial, da retração de mercados importantes e a multiplicação de barreiras comercias no mundo.

RENATA AGOSTINI

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