sexta-feira, 25 de maio de 2012

O tamanho dos sonhos

Ray Kurzweil e Peter Diamandis fundaram a Universidade da Singularidade. Ela recebeu destaque na matéria de Carole Caldwalladr, na Ilustríssima, com o título de "Think Tank".
Um amigo, Carlos Figueiredo, que acompanha entusiasmado o assunto, já havia falado sobre a proposta.
A Universidade da Singularidade é uma instituição futurista que deseja formar líderes para que a humanidade atinja sonhos e, mais que sonhos comuns, utopias. Ela mira no mundo pós-escassez e busca resolver problemas como o da falta de água potável no planeta e chegar a limites bem mais ousados, como "a máquina ter consciência de si". A possibilidade de robôs terem noção da própria existência.
A ousadia não tem limites. Inspira-se na Lei de Moore (Gordon Moore da Intel) que afirma que a potência de computação dobra a cada 18 ou 24 meses. Isso foi em 1965. A previsão se manteve por 50 anos. A ideia é: o potencial da computação cresce exponencialmente. Empresas do porte da Google e a NASA apoiam a Universidade.
Há um curso-padrão de dez semanas tão disputado, que obrigou a criação de minicursos executivos. Um sucesso. No maior estilo Vale do Silício.
Não sei se ela vai atingir seus objetivos mais arrojados, mas se resolver a questão da água potável, já está muito bom.
O que me chama mais a atenção é a ousadia, a determinação, a vontade de achar soluções.
Lá eles acreditam em encontrar uma nova singularidade do porte do Big Bang, da Vida Consciente, no Homem Transcendente, que faz sentido para eles.
Aqui, não temos nenhum centro de pesquisas e inovações tecnológicas pensando na solução dos problemas para as nossas cidades, especialmente para São Paulo. Faz sentido para o homem cotidiano, que poderia ter uma vida melhor.
Pesquisadores, estudantes, técnicos de empresas, cidadãos interessados não se sentam junto a uma bancada, num prédio ao lado de uma universidade, somando competências para resolverem as questões do trânsito, das enchentes, da falta de emprego na periferia, da despoluição dos rios Tietê e Pinheiros.
Chegar à mobilidade ideal possível. A apropriação da cidade de forma plena, propiciando às gerações contemporâneas a satisfação que a tecnologia já conquistou.
Também não se discutem caminhos para questões que afetam a alma e causam tanta inquietação às pessoas, apontadas pela Escola da Vida, de Alain de Botton. Problemas de hoje, do lugar onde vivemos. Que nos afligem.
O tamanho dos nossos sonhos depende da coragem que temos de persegui-los. De usar nosso cérebro para alcançá-los.
A Universidade da Singularidade para São Paulo seria a Universidade da Cidade. Um centro de estudos à margem do rio Pinheiros, ao lado da USP, somando todas as nossas inteligências, nosso empreendedorismo, para fazer os paulistanos aproveitarem mais a vida que levam.
Simples assim. Tão difícil de fazer.
A ficha ainda não caiu.

 José Luiz Portella Pereira

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