domingo, 26 de agosto de 2012

Para Thomaz Bastos, o voto de Lewandowski representa uma ‘vitória da tese do caixa dois’

Ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos compunha a plateia do STF no instante em que Ricardo Lewandowski leu o pedaço do seu voto em que inocentou o réu João Paulo Cunha de todos os crimes que lhe foram imputados. Enxergou na peça do revisor do processo do mensalão uma “vitória da tese do caixa dois” de campanha.
Advogado do réu Roberto Salgado, ex-vice-presidente do Banco Rural, Thomaz Bastos avalia que a posição de Lewandowski, oposta à do relator Joaquim Barbosa, estabelece no Supremo “uma nova corrente de pensamento e debate, que pode abrir caminho para novas estratégias de defesa e até absolvição de outros réus.”
Deve-se o otimismo do advogado ao fato de Lewandowski ter digerido a tese segundo a qual a valeriana de R$ 50 mil que molhou a mão de João Paulo foi dinheiro provido pelo PT para o custeio de uma pesquisa, não propina. Thomaz Bastos esquivou-se de prever quantos ministros seguirão o relator e quantos ecoarão o revisor. Porém…
Acha que pelo menos deixou-se de lado “o pensamento único, que é o da acusação, que foi encampado pelo relator” Joaquim Barbosa. Celebra o fato de que agora “há divergência, discussão”. Avalia que “o julgamento e a opinião pública só têm a ganhar.”
Thomaz Bastos reiterou seu ponto de vista sobre o escândalo que eletrificou o primeiro reinado de Lula. Para ele, o mensalão não existiu. Deu a entender que o grosso da população dá de ombros para o veredicto do Supremo: “Não é coisa muito importante. O mensalão está importando pouco aos brasileiros.”
A julgar pelo que disse o doutor, ao menos um brasileiro acompanha o vaivém do STF com vivo interesse: Lula. “Ele me telefona para perguntar como está, como será o cronograma, quem irá votar…” Natural. Dependendo do que decidirem, os ministros do Supremo podem empurar para dentro do verbete da encilopédia dedicado à Era Lula uma nódoa indelével.

Josias de Souza

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