segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fundos atrelados ao câmbio têm maior rendimento no setor

Com a escalada do dólar, que chegou ao patamar de R$ 2, a rentabilidade dos fundos cambiais, que buscam acompanhar a variação da moeda estrangeira, registrou a maior alta de toda a indústria de fundos em maio, até o dia 29.
Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Indicados para quem tem compromissos em moeda estrangeira, mas não para ampliar o patrimônio, esses fundos tiveram ganho de 4,46% no período. No mesmo intervalo, o Ibovespa teve queda de 12,48%.
No ano, a variação dos fundos cambiais foi de 6,86% e, em 30 dias, de 5,48% (sempre até 29 de maio). Em março, a rentabilidade foi de 6,43% e em abril, de 4,34%.
Os fundos cambiais compram títulos atrelados ao dólar ou ao euro com juros na moeda estrangeira.
A rentabilidade tenta acompanhar a variação da moeda, mas é influenciada também pela taxa de juros. Por isso, nem sempre ela é idêntica à variação do dólar ou do euro.
"O dólar pode ter tido alta de 10%, e o rendimento ser de somente 2%", diz Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper. "O valor presente do título pode aumentar ou diminuir por causa da mudança na taxa de juros."
A exemplo de outros fundos de investimento, nos cambiais também são cobrados taxa de administração e Imposto de Renda -este, com alíquotas entre 15% e 22,5%.
PROTEÇÃO
De acordo com analistas, o fundo cambial é um tipo de investimento adequado para quem quer fazer uma proteção -ou "hedge"- e manter seu poder de compra na moeda estrangeira.
É adequado, por exemplo, para pessoas que assumiram compromissos futuros naquela moeda, como um plano de pós-graduação ou de carreira no exterior -e não para quem planeja aumentar o patrimônio.
"Geralmente é para um planejamento de longo prazo. Se vou querer estudar fora e começar a poupar, o fundo cambial caberá bem, porque, se fizer essa poupança em reais, sempre vou correr o risco", afirma Eduardo Castro, superintendente-executivo de fundos de investimentos do Santander Asset Management.
Já se o objetivo é uma viagem de curto prazo, segundo Chaia, o fundo pode não ser a melhor opção.
"Se a pessoa vai investir por um ou dois meses, não compensará porque ela vai ser tributada no ganho. Quando você compra dólar, não há essa tributação."
Em maio, até o dia 29, os saques superaram os depósitos em R$ 37,36 milhões, ou seja, a captação líquida ficou negativa.
Segundo os analistas, com o dólar em alta, o ideal é que o investimento já tivesse sido feito. "Quem está entrando agora ou precisa se proteger ou prevê uma piora adicional do ambiente externo", diz Marcelo Pacheco, gerente-executivo de fundos de investimento multimercado e "offshore" do BB DTVM. 

 MARIA PAULA AUTRAN

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