quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Renda média do ano tem menor crescimento desde 2005, apesar da alta em agosto

Ainda que a taxa de desemprego tenha recuado em agosto e o rendimento subiu pela primeira vez em cinco meses, o mercado de trabalho mostra neste ano um cenário de estagnação diante de uma inflação maior, do consumo mais fraco, da menor oferta de crédito e da confiança de empresários abalada.
A face mais marcante dessa "parada" do mercado de trabalho é a freada brusca da renda, cuja alta de janeiro a agosto ficou em 1,5%. Foi o menor ritmo de expansão desde 2005.
"A inflação maior tem um participação importante na desaceleração do rendimento, bem como o reajuste mais baixo salário mínimo, que serve de referência para uma parcela importante da população ocupada", disse Cimar Azeredo Pereira, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Com a renda crescendo menos, o consumo das famílias dá sinais de esgotamento e é uma das travas do PIB neste ano, que deve crescer num ritmo inferior a 3%, segundo analistas.
O cenário, porém, já foi pior. O rendimento subiu 1,7% de julho para agosto, primeira taxa positiva após cinco meses em retração. "É um primeiro sinal de melhora e pode ser resultado do arrefecimento da inflação em julho e agosto", disse o técnico do IBGE.
Para a LCA, "a recente perda de fôlego da inflação pode contribuir para manter" o crescimento do rendimento ao redor de 1,5% nos próximos meses.
Outro dado que indica uma estagnação do mercado de trabalho é o fim da tendência de queda da taxa de desemprego no acumulado dos oito primeiros meses do ano.
De janeiro a agosto, a taxa média de desemprego ficou em 5,7%, a mesma registrada em igual período de 2012, freando a trajetória de queda contínua dos anos anteriores. Em agosto, porém, o indicador se situou 5,3%, a mais baixa marca desde dezembro.
Segundo Azeredo Pereira, a queda da taxa de desemprego em agosto ocorreu graças à menor procura por trabalho e ao crescimento moderado do número de ocupados (0,4%). Ainda assim, diz, a média de janeiro a agosto mostra uma "estabilidade" da taxa de desemprego.
Já para o professor de economia Márcio Salvato, do Ibmec, é "natural" que a taxa de desemprego desacelere a partir de agosto, quando as fábricas contratam para preparar a produção para o Natal. O preocupante, diz, é que o aumento dos juros não surtiram efeito no mercado de trabalho, que se mantém aquecido apesar de mostra-se estagnado em relação a 2012.
"Se a o mercado de trabalho não esfriar, o BC terá de manter a política de alta dos juros porque o risco de inflação maior se manterá."
Para a LCA, a geração de empregos "mostrou importante arrefecimento entre fevereiro e maio de 2013, mas vem sinalizando alguma recuperação desde julho".
Segundo a consultoria, empresários seguraram contratações no primeiro semestre deste ano porque retiveram trabalhadores no ano passado diante "da dificuldade de obter de mão de obra qualificada" e pelos elevados custos de demissão. Com isso, postergaram contratações.
Os dados mais recentes, no entanto, mostram uma melhora "bastante gradual" na ocupação, sobretudo por conta do setor de serviços.

PEDRO SOARES 

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