Projeto que reduz salários é aprovado na Assembleia Legislativa

Escrito por Anna Maria Salustiano




Os trabalhadores em educação de Pernambuco cruzaram os braços nesta quarta feira (24). O Sintepe chamou e a categoria atendeu a uma assembleia na quadra do IEP, centro do Recife. Passava das 15h quando a assembleia começou. O presidente do sindicato, Heleno Araújo esclareceu aos presentes a proposta enviada pelo Governo do Estado aos profissionais das escolas. Em seguida, a categoria marchou rumo a Assembleia Legislativa para acompanhar de perto a votação do projeto 1507. Apenas oito deputados estaduais votaram contra a proposta que prejudica os profissionais da educação.

O projeto governamental deixa claro, por exemplo, que o professor com 40 horas semanais receberá de janeiro a maio o valor de R$ 1.025,00. A partir de junho, esse profissional passaria a receber R$ 1.045,00 com 20% da gratificação de magistério. Quem tem licenciatura plena com especialização, de janeiro a maio receberá R$1.107,00. Em junho, passa a receber R$ 1.192,15. "Os professores com 10, 20, 30 anos terão perdas salariais. Se aumentar o salário base, a gratificação fica fixa", enfatizou Heleno. É importante fazer uma ressalva, quando os profissionais se aposentarem perderão as gratificações.

Maria de Fátima é professora há 20 anos. Hoje, ela ensina na escola Barros Carvalho, no bairro do Cordeiro. Maria é incisiva "O que a gente quer são salários que possibilitem ter uma qualidade de vida digna". Elisabete Regina reforça o discurso "Esse governo é uma continuação dos outros". Quanto à importância de fazer parte do sindicato em um momento tão delicado, a professora de geografia deixa um recado "Todas às vezes que conquistamos alguma coisa foi por meio de luta. E não é agora que a gente vai desanimar".

Os trabalhadores deixaram a quadra do IEP ao som de uma música que dizia "Governador pague o Piso, é por isso que o professor vive liso..." Ao deixar a escola, os profissionais marcharam até a Assembleia Legislativa (Alepe) para acompanhar de perto a votação. Ao chegar lá, no lugar que muitos governantes dizem ser a casa do povo, vários trabalhadores foram impedidos de ver os deputados estaduais votarem no projeto 1507, que desrespeita os profissionais da educação de Pernambuco.



No Plenário da Alepe, Teresa Leitão começou expondo as razões que a fizeram votar contra a proposta. "A negociação com o Sintepe foi dura. O governo chegou na mesa com três propostas para escolher uma". A respeito do Plano de Cargos e Carreira (PCC) a deputada afirma "Foi fruto de luta e levou 10 anos para ser construído. O Sintepe enviou o documento para esta casa com 21 emendas, desse número, 20 foram incorporadas". O projeto aprovado mexe com o PCC. Segundo a deputada, com o achatamento da carreira, quem está acima do nível médio vai ter perdas nominais de salário.

Em seguida, a deputada Isabel Cristina também foi contra o projeto e enfatizou "É contraditório em Pernambuco ter uma locomotiva e não incluir os trabalhadores em educação". Muitos deputados sequer foram a Plenária dizer o motivo que aprovavam o projeto, quer dizer, nem precisam falar, o silêncio responde. Amanhã (25), às 10h, a Assembleia Legislativa fará uma homenagem aos 20 anos do Sintepe. E na próxima sexta-feira (26), às 14h, terá uma assembleia no IEP. Participem!

Fotos: João Carlos Mazella