Ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos compunha a
plateia do STF no instante em que Ricardo Lewandowski leu o pedaço do
seu voto em que inocentou o réu João Paulo Cunha de todos os crimes que
lhe foram imputados. Enxergou na peça do revisor do processo do mensalão
uma “vitória da tese do caixa dois” de campanha.
Advogado do réu Roberto Salgado, ex-vice-presidente do Banco Rural,
Thomaz Bastos avalia que a posição de Lewandowski, oposta à do relator
Joaquim Barbosa, estabelece no Supremo “uma nova corrente de pensamento e
debate, que pode abrir caminho para novas estratégias de defesa e até
absolvição de outros réus.”
Deve-se o otimismo do advogado ao fato de Lewandowski ter digerido a tese segundo a qual a valeriana
de R$ 50 mil que molhou a mão de João Paulo foi dinheiro provido pelo
PT para o custeio de uma pesquisa, não propina. Thomaz Bastos
esquivou-se de prever quantos ministros seguirão o relator e quantos
ecoarão o revisor. Porém…
Acha que pelo menos deixou-se de lado “o pensamento único, que é o da
acusação, que foi encampado pelo relator” Joaquim Barbosa. Celebra o
fato de que agora “há divergência, discussão”. Avalia que “o julgamento e
a opinião pública só têm a ganhar.”
Thomaz Bastos reiterou seu ponto de vista sobre o escândalo que
eletrificou o primeiro reinado de Lula. Para ele, o mensalão não
existiu. Deu a entender que o grosso da população dá de ombros para o
veredicto do Supremo: “Não é coisa muito importante. O mensalão está
importando pouco aos brasileiros.”
A julgar pelo que disse o doutor, ao menos um brasileiro acompanha o
vaivém do STF com vivo interesse: Lula. “Ele me telefona para perguntar
como está, como será o cronograma, quem irá votar…” Natural. Dependendo
do que decidirem, os ministros do Supremo podem empurar para dentro do
verbete da encilopédia dedicado à Era Lula uma nódoa indelével.
Josias de Souza
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