Depois de mais de 70 dias de greve, o governo federal apresentou em 24
de julho uma segunda versão da proposta aos docentes das Instituições
Federais de Ensino (IFES) sem mudanças significativas em relação à
anterior apresentada no dia 13 como “definitiva” e rejeitada pelas
assembleias e por todas as entidades do setor.
A proposta modifica a projeção de reajustes, ampliando de R$ 3,9
bilhões para R$ 4,2 bilhões em três anos. Questões polêmicas como
critérios para promoções e acesso a classe de titular e diretrizes de
avaliação de desempenho o governo propõe negociar em Grupo de
Trabalhos.
Em resumo, a nova proposta:
a) Continua sem garantir aumento, pois faz apenas projeções
(2013-2015), ainda atingindo a minoria da categoria; ela eleva de 12%
para 25% o reajuste mínimo nos salários, mas mantém sua divisão em 3
parcelas (40% em março de 2013; 30% em março 2014 e 30% em março de
2015), o que na prática dá um reajuste de 10% em 2013 e de 7,5% em 2014 e
2015, sem repor na 1ª parcela as perdas dos últimos 2 anos, que chegam a
12%, sendo que as duas outras fixariam desde já um índice sem relação
com a inflação (que é medida ano a ano);
b) Não retira o critério de desempenho acadêmico para progressão a
ser regulamentado pelo Grupo de Trabalho composto pelo MEC, ANDIFES e
sindicatos que aceitem assinar o acordo, ferindo a autonomia
universitária;
c) Mantém a distorção entre regimes de trabalho (20 horas, 40 horas e Dedicação exclusiva);
d) Não estabelece Piso Salarial da Carreira;
e) Remete ao GT a questão da paridade entre ativos e aposentados.
Unidade é fundamental para avançar
Concretamente, as 3 entidades nacionais que negociam com o governo
neste setor não são filiadas à CUT: o Andes-SN e o Sinasefe (escolas
técnicas) são filiados à Conlutas, enquanto a Federação Pró-IFES não é
filiada a qualquer central, ainda que na sua base existam sindicatos ou
associações de docentes filiadas à CUT, outros à CTB ou sem filiação.
Nesse quadro, a constituição de um Comando Geral de Greve com delegados
eleitos em assembleias nas Universidades, integrando as entidades
nacionais que apoiam o movimento, é chave para que possa arrancar melhor
proposta do governo federal.
Ocorre que, em 27 de julho, apareceu neste site da CUT uma matéria intitulada “Proifes-Federação decide pela aprovação da contraproposta apresentada pelo governo”, ilustrada com bandeiras da CUT (o que já é um equívoco, por não se tratar de uma entidade filiada à nossa central).
Na leitura da matéria fica claro que se trata de um indicativo da
direção (conselho) da referida entidade, encaminhado para consulta às
bases, que ainda está em curso. Em relação a essa consulta, o método
causa estranheza: plebiscito para os professores e “consulta eletrônica”
para as entidades filiadas à Federação Pró-IFES, e não, como é o método
tradicional do movimento sindical, assembleias dos docentes nas
Universidades, as quais inclusive não têm qualquer dificuldade de
realização, já que feitas nos locais de trabalho.
Somos de opinião que não há qualquer razão para a CUT aparecer
associada a este tipo de encaminhamento por parte de uma entidade não
filiada que pode, infelizmente, ser um fator de divisão num movimento
grevista tão forte como o que ocorre nas Universidades federais.
Neste 31 de julho, a CUT, que corretamente emitiu Nota oficial
repudiando o decreto governamental 7777 que prevê a substituição dos
servidores federais em greve por estaduais e municipais, estará ao lado
dos grevistas num Dia Nacional de Luta que cobra propostas concretas às
reivindicações dos distintos setores. Este sim é o papel de nossa
central!
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