Escrevo estas linhas quando Neymar e cia dão os primeiros passos no
gramado de Wembley na disputa pelo ouro olímpico. E nem bem chego ao fim
do primeiro parágrafo, eis que o time brasileiro toma o primeiro gol do
México.
Tem muito jogo pela frente, a jornada do Brasil na Olimpíada foi
brilhante, com três gols assinalados por partida, para qualquer time do
mundo seria uma honra estar disputando a final em Londres, mas para o
time brasileiro não, é ganhar ou ganhar. Duas pratas "ninguém aguenta
mais", ouvi outro dia dizer um comentarista, que aliás disse que apesar
de o Brasil fazer três gols em todas as vitórias ainda precisava
"melhorar muito".
Já começou amarelando, tem gente dizendo nas redes sociais. Assim como
xingaram a atleta do judô que errou e perdeu, assim como pegaram no pé
das meninas do vôlei, assim como tiram sarro das corredoras nacionais,
assim como, sempre, em situações como esta, a chamada torcida brasileira
assume uma espécie de complexo de rotweiller (ao contrário do nosso
clássico complexo de vira-latas, assinalado pelo Nelson Rodrigues, em
que sempre éramos os coitadinhos): chegar em primeiro é nada mais que
uma obrigação, ponto.
É assim, sempre foi e assim será quando os jogos forem realizados no
país daqui a quatro anos: o espírito de porco de boa parte da torcida
brasileira vai dar o tom brasileiro, nenhum esforço pode ser reconhecido
a não ser que se ganhe sempre.
E ainda assim, quando ganha, se ganha, se ganhar sempre, se o time de
Neymar e cia. ainda virar o jogo e levar o ouro, não terá feito mais do
que sua obrigação...
Luiz Caversan
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