Governadores de seis estados impetram nova ação no STF, afrontando o debate democrático em torno da valorização dos profissionais da educação
Escrito por: CNTE
No mesmo dia em que os movimentos sociais comemoraram a derrubada do
recurso que impedia a tramitação ordinária do PNE no Senado Federal, e
em que a CNTE e a CUT realizaram a 6ª Marcha Nacional em Defesa e
Promoção da Educação Pública, foi publicada no Diário Oficial de
Justiça, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 4.848 contra o
art. 5º da Lei 11.738, que trata da atualização monetária anual do piso
nacional do magistério. Subscrevem a referida ação os governadores dos
Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás,
Piauí e Roraima – os novos "e velhos" Inimigos da Educação, Traidores
da Escola Pública.
A CNTE lamenta, profundamente, a atitude leviana dos governadores que
abdicam do debate democrático em torno da valorização dos profissionais
da educação, para continuar a tumultuar o processo de implementação
integral do piso no país, além de tentar rebaixar os objetivos da Lei
Federal.
Cabe informar que, nesse exato momento, o Congresso Nacional discute
alternativas para a alteração do critério de reajuste do piso do
magistério, mantendo-o porém atrelado à meta 17 do PNE, que prevê
equiparar a remuneração média do magistério à de outros
profissionais – hoje a diferença é de 40%. O mesmo debate pretende
ampliar a complementação da União ao piso, à luz de diretrizes nacionais
para a carreira dos profissionais da educação.
Vale destacar que ao contrário do que alega os Governadores, não é a
União quem dita aleatoriamente o índice de atualização do piso. O
mecanismo associa-se ao Fundeb, que conta com recursos dos estados e
mais a perspectiva de complementação da União ao piso. Portanto, o
mecanismo possui sustentação financeira. Ocorre que, transcorridos 4
anos de vidência da Lei, nenhum ente federado comprovou cabalmente
a incapacidade de pagar o piso. O que se vê Brasil afora são redes
públicas de ensino extremamente desorganizadas, inchadas e com desvios
de dinheiro da educação que tornam o piso impagável na carreira do
magistério.
A nova ADIn dos governadores, além de afrontar a luta dos trabalhadores
e da sociedade por uma educação pública de qualidade e com
profissionais valorizados, despreza a importância do debate cooperativo
entre os entes federados para cumprir as exigências do piso, e por isso a
mesma merece o nosso repúdio. Desde já a CNTE compromete-se a mobilizar
sua base social e a arregimentar todas as formas de lutas para combater
mais essa investida de gestores públicos contra o direito à educação de
qualidade e à valorização de seus profissionais.
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