Um dado que chama bastante atenção no levantamento é que 41% dos entrevistados afirmaram terem sofrido, no ano anterior à pesquisa,
com problemas relacionados a sua saúde mental, deste, 29% foram
diagnosticados com depressão e 23% com transtornos de ansiedade. As
doenças relacionadas à saúde
mental dos professores são as que mais os afastam da atividade
profissional. Dentre os que tiveram depressão, 57% tiveram que ser
afastados de suas atividades profissionais e, daqueles que tiveram
transtornos de ansiedade, 49% foram afastados da sala de aula.
"O ambiente de trabalho do professor é
um ambiente onde existe violência. Isso acaba gerando o que chamamos de
estresse crônico. O nosso sistema simpático reage a situações
estressantes e nos coloca em estado de alerta. Quando a situação de
estresse passou, o sistema parassimpático é ativado para que o nosso
corpo relaxe. O que estou inferindo aqui é que o professor sofre
situações estressantes diuturnamente, e não possui o tempo para que o
sistema parassimpático funcione e ele possa relaxar", explica Ramani.
Dos profissionais que declararam sofrer
de ansiedade ou pânico, 62% não fazem acompanhamento médico
regularmente. Entre os que afirmaram sofrer de depressão, 59% não tem
acompanhamento médico regular. Para Fábio Santos de Moraes, secretário
geral da Apeoesp, a política do governo estadual colabora para este
quadro.
"A falta de estrutura é gritante. Nós
vivemos uma barbárie. O estado age na consequência e não na causa. Para o
professor não faltar mais o estado limitou o número de vezes que ele
vai ao médico", aponta Moraes.
Obesidade
Outro dado significativo da pesquisa refere-se à taxa de obesidade entre os professores. Dentre os pesquisados,
31,8% dos professores estão em situação de obesidade e 41,2% estão
enquadrados como pré-obesos. Segundo o Ramani, uma das principais causas
para este alto índice de obesidade e pré-obesidade é a não realização
de atividades físicas regulares, 43% dos professores afirmaram que não
realizam nenhuma atividade física.
A pesquisa revelou
ainda que a realização de atividades físicas está relacionada com a
idade do professor. Professores com mais de 50 anos são aqueles que mais
fazem atividades físicas. "É importante ressaltar que nesta faixa
etária estão os professores aposentados, que possuem mais tempo para
realizar atividade física", frisou o Dr.Ramani.
Para Maria Izabel Noronha,
presidenta da Apeoesp, a razão para que muitos professores não façam
atividades físicas está na jornada de trabalho estafante. "Acho que em
relação à atividade física, o fato de a pesquisa apontar
que os professores aposentados fazem mais atividades físicas se
relaciona com a falta de tempo de quem dá aulas. O professor não tem
tempo para cuidar de si", disse.
Encaminhamentos
Após a apresentação dos resultado,
Maria Izabel Noronha afirmou que a Apeoesp vai fazer um grande esforço
para dar força para a publicação da pesquisa,
e assim levar seus números ao conhecimento de toda a categoria. Desta
forma, segundo ela, será possível cobrar do governo do estado ações para
melhorar a saúde do professor da rede estadual de ensino.
"Devemos tirar metas de como queremos
lidar com essa questão do adoecimento dos professores, essa publicação
vai sensibilizar muito para que consigamos expor a situação. Um
candidato, por uma bolinha de papel na cabeça, fez mil raios x, e nós
não conseguimos. E quando conseguimos já passou o tempo", destaca.
"Precisamos fazer com que os números sejam revertidos. Que sejam
pensadas políticas de prevenção e tratamento do professor adoecido."
(APOESP, 12.09.12)
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