Os últimos relatórios da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico - OCDE e da Organização Internacional do
Trabalho - OIT sobre investimentos educacionais, reforçam os
contrassensos denunciados pela CNTE acerca de medidas em curso no
Brasil, a exemplo da que sugere congelar o piso salarial nacional dos
professores, seja através da aprovação do PL 3.776/2008, na Câmara dos
Deputados, seja por meio do julgamento da nova ação direta de
inconstitucionalidade movida por seis governadores de estados contra a
lei do piso da categoria.
Ambas as análises internacionais revelam que os/as professores/as das
redes públicas de educação básica do Brasil estão entre os
profissionais com pior remuneração no mundo, percebendo quase 1/3 da
renda de seus colegas europeus. Os cálculos da OCDE e da OIT também
corroboram outros estudos e pesquisas nacionais, que mostram os
profissionais da educação nas piores colocações em termos remuneratórios
no país.
Outro dado chocante: os ganhos anuais dos/as professores/as das
escolas públicas estão abaixo da renda per capita do país, e quanto mais
anos de trabalho na rede de ensino e maior a qualificação profissional
do/a professor/a, menor é sua renda em comparação a outros profissionais
da iniciativa privada e do setor público. Ou seja: tudo conspira para
uma evasão em massa do magistério!
A Pnad 2010 mostrou que a diferença entre a remuneração dos docentes
em relação a outras categorias do país aumentou em relação a 2009, ano
em que a atualização do piso salarial do magistério ficou próxima da
inflação (7,86% contra 6,46%). Não obstante, o achatamento das carreiras
profissionais, nos estados e municípios, tem impedido que a média
remuneratória do magistério cresça em relação às demais profissões,
sobretudo quando analisado o tempo de serviço (profissionais de nível
superior com quinze anos de trabalho no magistério percebem remuneração
abaixo da metade de outras categorias profissionais com mesmo nível de
formação e tempo de serviço equivalente).
Diante desse tenebroso cenário, a OIT recomenda aos governos do
Brasil (Federal, Estaduais, Distrital e Municipais) que valorizem o
magistério, especialmente através de melhores salários, de condições de
trabalho adequadas e de formação inicial e continuada de qualidade e
gratuita. Em suma: o diagnóstico externo sobre a educação brasileira
legitima a agenda social interna pela aplicação de 10% do PIB na
educação, que é essencial para implantar a política de Custo Aluno
Qualidade e para elevar a renda do magistério à luz da meta 17 do PNE.
Historicamente, em nosso país, estudantes e professores têm sido
vítimas de um sistema educacional precário, que nega o direito à
educação de qualidade por meio de fortes contenções orçamentárias, mas
que, por outro lado, cobra resultados de “primeiro mundo” num patamar de
investimento por aluno (per capita) que é 5 vezes menor que a média
europeia. Um enorme contrassenso!!!
Esperamos que as advertências internacionais sobre a necessidade de
se valorizar o magistério, e os demais profissionais da educação, ecoem
no Executivo, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, para
que todos eles cumpram com suas prerrogativas de defender uma política
publica da mais alta importância para a promoção da cidadania e para o
crescimento sustentável e inclusivo. Ao Executivo, reivindica-se a
execução de políticas emanadas nas conferências de educação; ao
Congresso, caberá aprovar o PNE e o mecanismo que mantenha ganho real ao
piso salarial nacional do magistério; e, ao STF, espera-se a rejeição
integral da Adin 4.848, que visa, anacronicamente, anular a valorização
da categoria de forma equânime no país.
CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
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